A Herança De Hume Ao Pensamento Teórico De Kant (original) (raw)

Hume e Kant a respeito do inato

2004

Descartes, Locke e Leibniz, o seculo XVII investiga a genese do conhecimento, surgindo entao a chamada polemica do inatismo. Outro sera o ponto de vista do seculo seguinte, com o Iluminismo, aqui representado por seus dois maiores expoentes, Hume e Kant. Para o primeiro nao ha nada de inato no homem e o que antes fora assim julgado e somente a lembranca de uma impressao sensivel, unica fonte de conhecimento. Ja para Kant, que num primeiro momento aborda ainda o binomio “inato” / “adquirido”, nao cabe mais a busca da origem ultima das representacoes elementares, mas sim o estabelecimento dos limites do conhecimento. Palavras-chave: inato;natural;impressoes;ideias;aquisicao

Kant e o Despertar do Sono Dogmático: algumas considerações sobre a influência de Hume sobre o pensamento de Kant

Cogitationes, 2011

A influência de Hume sobre o pensamento de Kant tornou-se um tema controverso, principalmente, devido à discussão engendrada pelas duas principais linhas de interpretação sobre o assunto. De um lado, estão os autores que argumentam a favor da hipótese de que o despertar por Hume aconteceu durante 1760. Do outro, encontram-se aqueles que acreditam que a influência determinante de Hume só aconteceu após 1770. O objetivo deste artigo é apresentar a posição destas duas correntes interpretativas e destacar algumas considerações sobre o tema a partir delas.

Hume sob nova perspectiva

Filosofia do século XVIII (Coleção XVII Encontro Anpof), 2017

Considerando o conteúdo deste texto, seu título é amplo demais, porque poderiam abrigar-se sob ele muitas outras propostas além daquela a que nos dispomos. O que pretendemos é, na verdade, bem mais restrito do que o nome do trabalho sugere: queremos, através da exposição e da análise de três teses em disputa no debate sobre o realismo cético de Hume, avançar um pouco em direção à compreensão desta discussão. Tentaremos explicitar as relações que se impõem entre estas teses a fim de determinar as possíveis variações das posições em disputa e identificar com precisão o que está em jogo neste debate.

Sobre as Resenhas de Kant às Ideias para uma filosofia da história da humanidade, de Herder

Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade, 2013

Resumo: Pretende-se, neste ensaio, propor uma leitura das Resenhas escritas, por Kant, às Ideias para uma filosofia da história da humanidade, de Herder. A partir de algumas das principais objeções que Kant dirige a essa obra, ser--nos-á possível compreender as diferenças mais fundamentais entre os projetos filosóficos dos dois autores. Veremos, então, que, ao contrário do que pensava Kant (cuja leitura das Ideias é, de fato, muito pouco generosa), Herder também contribuiu, à sua maneira, para uma reconsideração da metafísica.

Algumas notas sobre a dedução transcendental das categorias como resposta de Kant a Hume

2013

O objetivo deste artigo é identificar um ponto nuclear quanto às diferenças entre as teorias do conhecimento de Hume e Kant. Sugiro que Kant seja lido, não contra Hume, como um filósofo que teria procurado refutar seus procedimentos para justificativa de crenças, mas como um filósofo que teria procurado fundar o princípio subjacente a tais procedimentos. Com base em uma análise do propósito das oito regras humeanas que nos permitem saber quando objetos estão em relação de causa e efeito, sugiro que Hume poderia ser um confiabilista. A seguir, argumento que o confiabilismo em questão apenas adiaria o problema relativo à justificativa do princípio da indução ou princípio da uniformidade da natureza. Na sequência, apresento, em linhas gerais, a dedução transcendental dos conceitos puros do entendimento como uma tentativa kantiana de justificativa do princípio da uniformidade.

Kant e a sua Crítica a Hutcheson e à Doutrina do Sentimento Moral na Década de 1770

Revista Portuguesa de Filosofia, 2018

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Origem da acepçao do Dogamtismo em Kant

Problemata Revista Internacional De Filosofia, 2011

Resumo: O objetivo deste trabalho é averiguar a origem do conceito de dogmatismo atribuído por Kant à filosofia do Iluminismo, sobretudo àquela de origem leibniziana. A idéia é que, já nos textos do período pré-crítico encontramos inúmeros elementos que fazem de Kant um pensador original, antes mesmo do surgimento da Crítica da Razão Pura. Observando as críticas que Kant faz a Mendelssohn e a Eberhard, vislumbra-se aqui um percurso do pensamento kantiano, que procura seguir de perto as indicações do próprio Kant, na medida em que ele mesmo menciona uma mudança não apenas na história da razão pura, mas também em seu próprio pensamento, a saber: houve um período dogmático, um outro cético e finalmente o percurso final com a crítica. Com isso é possível contestar a idéia muito corrente, de que houve no pensamento kantiano este período cético, ocasionado pela leitura de Hume.

Identidade pessoal em Hume e em Kant

Superior (CAPES), pela concessão de uma bolsa de estudos, sem a qual a realização deste trabalho não seria possível. Aos meus amigos Henrique, André, Arthur, Enoque e Eric, pela calorosa amizade e pelas agradáveis conversas, algumas das quais visando maldizer os méritos da filosofia. Aos colegas do grupo de estudos Hume/Kant, Sidéia, Gabriel, Bruno e Gustavo, pelos debates proveitosos acerca dos textos desses dois autores. A meus pais, Valdeci Romildo Peixoto e Rozenilda Maria Rodrigues Peixoto, bem como a toda minha família, pelo carinho e pelo incentivo permanente à minha formação acadêmica. E, finalmente, a meu orientador, Prof. Dr. Marcos César Seneda, pelo rigor exigido, pela paciente orientação, pelas inúmeras leituras e correções desta dissertação; a ele devo o auxílio por atravessar as passagens controversas de Hume, por um lado, e pouco lineares de Kant, por outro lado. "Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo" (PESSOA, 2012, p. 290). "O que chamam verdade é um erro insuficientemente vivido, ainda não esvaziado, mas que não demorará a envelhecer, um erro novo, e que espera comprometer sua novidade" (CIORAN, 2011, p. 183). Em seu poema "A ideia", Augusto dos Anjos (2011, p. 95) escreve uma hipótese acerca da origem de nossas ideias: De onde ela vem?! De que matéria bruta Vem essa luz que sobre as nebulosas Cai de incógnitas criptas misteriosas Como as estalactites duma gruta?! Vem da psicogenética e alta luta Do feixe de moléculas nervosas, Que, em desintegrações maravilhosas, Delibera, e depois, quer e executa! Vem do encéfalo absconso que a constringe, Chega em seguida às cordas da laringe, Tísica, tênue, mínima, raquítica... Quebra a força centrípeta que a amarra, Mas, de repente, e quase morta, esbarra No molambo da língua paralítica! Se, talvez forçadamente, fossemos tentar extrair, partindo desse poema, uma teoria do eu como fonte das ideias, perceberíamos então que o eu aqui estaria intimamente ligado a atributos corporais. A faculdade de produção de uma ideia, se assim se pode dizer, seria nesse eu intermediada por um "feixe de moléculas nervosas", não sendo, então, totalmente intelectual e pura, mas sim material e perecível. A ideia, por sua vez, obrigada a defrontarse constantemente com obstáculos físicos, desgasta-se e, no momento de sua comunicação, já perdeu grande parte de sua força inicial. Enquanto corpo, então, o eu dá origem à ideia, mas ao mesmo tempo a corrói. Eis o modo como Augusto dos Anjos pode ter entendido nossa subjetividade. Isso que, descompromissadamente e de modo bastante superficial e sem rigor, fizemos com o poema de Augusto dos Anjos, faremos também, de modo mais aprofundado e com o rigor exigido em uma pesquisa de mestrado, com os textos (em prosa) de Hume e de Kant. Explicaremos (ou tentaremos explicar) o que esses dois autores pensaram a respeito do que seja o eu. Como, de modo geral, há várias facetas do eu, por exemplo, o eu enquanto móbil de ações morais, enquanto elemento ativo na política, enquanto consciência de si próprio, enquanto fonte de inspiração poética, enquanto sujeito de conhecimento etc., não é exagero afirmar que a tarefa de investigar o eu, mesmo limitado a apenas dois autores clássicos, é