Em nome dos valiosos testemunhos de nossas caras tradições: a “invenção” da cidade monumento e a polêmica patrimonialização da Rua da Ladeira – Rio Pardo (RS) / In the Name of Valuable Testimonies of our Prized Traditions: The ‘invention’ of the heritage (original) (raw)
Related papers
Revista de Direito Urbanístico, Cidade e Alteridade, 2015
O artigo tem por objetivo analisar os dados da judicialização das questões que envolvem o patrimônio cultural na cidade de São Luís, questionando se o Judiciário é a arena adequada para tratar da temática. Primeiramente, apresenta-se como se deu a emergência do discurso patrimonial na cidade e depois questiona os atuais problemas a partir dos dados contidos nos processos judiciais. Dessa maneira, o trabalho elenca 03 (três) fatores que levam dão causa à atual judicialização da política patrimonial aplicada ao Centro Histórico de São Luís, a saber: a) preservação não se exaure e não se limita ao tombamento; b) o mito da associação discursiva entre patrimônio e desenvolvimento; c) sobre a necessidade de entender que São Luís não está fora da dinâmica conflitiva das demais cidades e que há a ausência de diálogo com a sociedade civil. PALAVRAS-CHAVE: Patrimônio cultural; Judiciário; Análise de dados. RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo analizar los datos de la judicialización de las cuestiones relacionadas con el patrimonio cultural en la ciudad de São Luís, cuestionando si el Poder Judicial es el ámbito adecuado para abordar la cuestión. En primer lugar, se presenta cómo fue la emergencia del discurso de lo patrimonio en la ciudad y, después, cuestiona los problemas actuales considerando los datos contenidos en los procedimientos judiciales. De esta manera, el trabajo enumera tres factores que conducen a la judicialización de la actual política de lo patrimonio aplicada al Centro Histórico de São Luís: a) la conservación no se agota y no se limita a lo instituto de la preservación; b) el mito de la asociación discursiva entre el patrimonio y el desarrollo; c) sobre la necesidad de entender que São Luís no está fuera de la dinámica conflictiva de otras ciudades y que hay una falta de diálogo con la sociedad civil.
Centro Histórico de Rio Pardo: lembranças esquecidas ou esquecidas lembranças?
Ágora, 2016
A cidade de Rio Pardo / RS / Brasil mantém até hoje, diversos e significativos registros materiais do passado que, muito mais que simples edificações – sobreviventes ao impetuoso tempo, são marcos que contemporanizam informações, regem relações sociais e (re)escrevem a história e a identidade local. E, portanto, busca-se (re)discutir, partindo da constatação e representação da mídia impressa regional, se os 200 anos da cidade de Rio Pardo e seus imóveis considerados como monumentos, estão impactando autoridades e população ao ponto do desejo de salvaguardá-los. Recorrendo-se para tanto, as constatações da mídia, encontrou-se, referenciados ao patrimônio cultural material da cidade de Rio Pardo, uma dicotomia de ações que por hora referenciam um processo dialógico entre os diversos atores sociais do município/região/estado que, em consonância buscam a salvaguarda e preservação deste, por hora denuncia o total descaso e negligência com a referida proteção.
O artigo discute aspectos do ensino de questões relativas à preservação do patrimônio cultural nos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil por meio da formulação didática adotada na disciplina de Técnicas Retrospectivas-Teoria, ministrada no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paulista, Campus Ribeirão Preto, apresentando o desdobramento imediato, bem como a abertura de possibilidades de pesquisas, de um exercício de prospecção e inventário de conjunto urbano do município. Ao longo deste artigo apresentaremos os caminhos e procedimentos adotados nesta pesquisa, além das discussões sucessivamente levadas da sala de aula para o campo e do campo para a sala de aula, ressaltando a oportunidade de conhecimento, participação e discussão em uma situação real que abrange o processo de reconfiguração da malha urbana e da ambiência construtiva, estilística e paisagística da cidade.
Rodeio: patrimônio cultural ou tradição inventada?
Resumo: Recentemente, foi promulgada a lei 13.364/16, já sob o governo do presidente não eleito Michel Temer, reconhecendo o rodeio e a vaquejada, entre outras práticas - tais como bulldog, team penning e work penning - como manifestação cultural nacional e patrimônio cultural imaterial. Esta lei foi promulgada pouco tempo depois de o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional a vaquejada, por configurar prática de maus-tratos aos animais, na mesma esteira da inconstitucionalidade da farra do boi. Esta lei assume peculiar significado corolário no contexto político brasileiro – pós-golpe de 2016 – quando a bancada ruralista escancarou seu poder no Congresso Nacional e no campo, através de leis acintosamente contrárias ao meio ambiente. O reconhecimento como manifestação artístico-cultural e patrimônio cultural imaterial das práticas descritas na referida lei reflete a relação de poder político do capital na determinação das relações sociais culturais a partir da forma-mercadoria. Basta lembrar que os rodeios, também reconhecido por lei como esporte, geram lucro maior que os jogos do campeonato brasileiro de futebol. Utilizando-se de pesquisa qualitativa, bibliográfica e literatura integrativa, objetiva-se investigar se os rodeios são uma tradição cultural que se reinventa para garantir sua continuidade ou se trata de uma tradição inventada, conforme conceito proposto por Eric Hobsbawm, que busca criar artificialmente hábitos e manifestações artísticas, atribuindo-lhes um passado não existente. Conclui-se, provisoriamente, que os rodeios e suas práticas conexas, apesar de legalmente declarados patrimônios imateriais nacionais, em sua versão contemporânea mostram-se como mercadoria, artificialmente criada e desligada da cultura tradicional caipira e do sertanejo, como também em dissintonia com a proteção ambiental. Desta forma, o presente trabalho relaciona-se com o Grupo de Trabalho - Festejos, rituais e a salvaguarda de direitos culturais – por investigar se o poder transformador dos festejos e rituais culturais busca realmente salvaguardar seus sistemas simbólicos particulares ou busca proteger interesses econômicos alheios à tradição cultural
Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro , 2018
The purpose of this article is to discuss urban history and preservation policies in XV Novembro Square, in Rio de Janeiro. Based on documentary sources and interviews, the article traces and discusses the urban history of XV de Novembro Square, with a specific focus on cultural heritage actions, and seeks to understand the relationship between preservation and transformation from the 1930s through the 1980s, when the Square was attributed value for its role as both a historical document and cultural catalyst. Over the course of the 20th century, XV de Novembro Square in Rio de Janeiro appears to define the history of preservation policies in Brazil, which began by placing value on isolated colonial-era monuments, moved towards a concept of land use management that made several concessions to the real estate market and led to several changes in the Square’s physical setting, and ultimately underwent a paradigm shift with the management of preservation policies at the local level and the listing of the urban ensemble by the National Historic and Artistic Heritage Institute (Iphan).
Valorização patrimonial das inscrições romanas de Idanha-a-Velha
VALETE VOS VIATORES: Travelling through Latin inscriptions across the Roman Empire, 2022
Abstract: The Roman epigraphic collection of Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova, Castelo Branco) is one of the most outstanding in the ancient province of Lusitania, mostly due to the high number of pieces it contains, more than two hundred. When the Roman city receded due the construction of the late imperial wall, many inscriptions, along with multiple architectural elements, were reused as building material. The first accounts of local Roman epigraphy date from the 16th century, at a time when the urban walls were starting to ruin. The attention given to the antiquities of Idanha-a-Velha has grown progressively since then, and its inscriptions have always guaranteed a relevant position in the interest of scholars and experts. However, it was only in the first half of the 20th century that a systematic interest in local epigraphic evidence was established, following its inclusion in volume II of the Corpus Inscriptionum Latinarum and within the existing initiatives to build national and regional museum projects that would receive the Idanha-a-Velha inscriptions. In the late 1920s, the first attempt to promote local inscriptions emerged with the gathering of a significant collection in the 17th century chapel of São Sebastião, which became the so-called Museu Lapidar Igeditano. From then on, there were other initiatives to promote this heritage, including the gathering of inscriptions inside the church of Santa Maria (cathedral), the incorporation of specimens that had been sent to the museums of Lisbon and Castelo Branco, and the intensification of their study. In the 1990s, the need to allocate the building to other purposes required the search for a new strategy to continue promoting this collection of inscriptions, which included the creation of a new structure, the Arquivo Epigráfico, where an illustrative sample, of different nature and typology, was displayed. Some of this epigraphic collection is now part of a new museological concept, linked to digitalization and virtual exhibition, an initiative provided by the Valete vos viatores project. Therefore, this chapter aims to present a summary of the history of the Roman epigraphy collection from Idanha-a-Velha and the different contexts and stages inherent to its valorization. Keywords: Roman Epigraphy; Management of Cultural Heritage; Museum Exhibition; Social Impact; Ciuitas Igaeditanorum. Resumo: O conjunto epigráfico de época romana associado a Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova, Castelo Branco) é um dos mais destacados da antiga província da Lusitânia, desde logo pelo elevado número de peças que agrega, acima das duas centenas. A retração da cidade romana com a edificação da muralha baixo-imperial ditou que muitas inscrições, a par de múltiplos elementos arquitetónicos, tivessem como novo destino essa estrutura defensiva, empregues como material de construção. As primeiras notícias sobre a epigrafia romana local remontam ao século XVI, precisamente a uma fase em que os muros urbanos conheciam alguma degradação. A atenção às antiguidades de Idanha-a-Velha cresceu progressivamente desde então, tendo as suas inscrições garantido sempre um relevante posicionamento no interesse de eruditos e académicos. Não obstante, apenas na primeira metade do século XX se estabelece um sistemático interesse pela epigrafia idanhense, na sequência do seu elenco no volume II do Corpus Inscriptionum Latinarum e dentro da dinâmica de construção de projetos museológicos de âmbito nacional e regional recetores de inscrições romanas. Os finais da década de 20 vêem o aparecimento da primeira iniciativa de valorização local das inscrições com a reunião de um significativo acervo na capela seiscentista de São Sebastião, que passou a constituir o designado Museu Lapidar Igeditano. A partir daí assistir-se-á a outras iniciativas de valorização, que passam pela reunião das inscrições no interior da igreja de Santa Maria (sé catedral), incluindo espécimes que haviam sido encaminhados para os museus de Lisboa e Castelo Branco, e pela intensificação do seu estudo. Já nos anos 90, a necessidade de reafectação deste edifício a outros fins implica a busca de uma nova estratégia de valorização desse acervo de inscrições, que passa pela criação de um novo edifício, o Arquivo Epigráfico,no qual se exibe uma parcela ilustrativa do conjunto, de diversa natureza e tipologia. Uma parte deste espólio epigráfico integra hoje um novo conceito em termos de valorização museológica, vinculado à digitalização e à exibição virtual, iniciativa proporcionada pelo projeto Valete vos viatores. O presente capítulo tem, assim, o objetivo de apresentar uma síntese do historial da coleção de epigrafia romana de Idanha-a-Velha e dos diferentes contextos e etapas inerentes à sua valorização. Palavras-Chave: Epigrafia romana; Ativação patrimonial; Valorização museológica; Impacto social; Ciuitas Igaeditanorum.
Descoberto da Piedade: lugar de memória, lugar de história
Introdução O centenário " Descoberto " ou " Descoberto da Piedade " , antigo arraial que deu origem a atual Porangatu, em meados do século XX foi praticamente abandonado, pois com a chegada da Rodovia BR 153 a maioria das famílias pioneiras se mudaram para suas proximidades, vendendo seus imóveis para famílias recém-chegadas e sem vinculo afetivo com a história local. Logo o Centro Histórico passou a ser considerado um bairro de periferia e muitas casas sofreram alterações em suas características originais, outras se tornaram ruínas pela falta de cuidados e manutenção e algumas foram demolidas para dar lugar a construções mais modernas. Hoje restam poucas casas que não sofreram modificações. Constata-se, também, que devido à ausência de documentos escritos sobre a fundação do Descoberto ou sobre a produção do ouro nesta mina, coloca-se em dúvida a versão oral centenária de que sua origem remonta ao período da mineração aurífera no século XVIII. Há uma tendência de considerar suas origens a partir das fazendas existentes na região. Questiona-se ainda, a versão oral de uma corrente migratória para o Descoberto no período da Guerra do Paraguai, fugindo do recrutamento obrigatório para tal Guerra. Há, também, vagas informações sobre a existência de um aldeamento indígena dos padres Jesuítas neste local.