Estudos de teologia e ciências da religião (Atena Editora) (original) (raw)

A solução de colossais problemas, representados pela constante marginalização da sociedade civil, excluída dos benefícios do crescimento econômico, demanda o contributo de princípios éticos e religiosos, visto que a hegemonia científica não logrou equacioná-los. O incremento da concentração da riqueza para pequenos grupos, aumentando, destarte, as disparidades sociais; a exacerbada dependência exógena, expressa pela ampliação dos índices de desnacionalização, de economia e pela crescente subordinação tecnológica, exige a celebração de um novo pacto social, que permita às nações oprimidas enfrentar os reptos. A religiosidade, em primeiro lugar, deve convergir para um fim bem definido - a justiça social. Conquanto a religião, mormente. colime preparar o humano para comunhão com a transcendência, ademais de orientá-lo sobre a existência metafísica, jamais pode deixar de lado seu compromisso com a igualdade material e efetiva entre os membros da humanidade. Urge que religião, no que se refere à vida social, acentue sua presença não apenas por meio do influxo sobre a família e sobre as pessoas, conscientizando sobre a premência da hegemonia do mais nobres propensões, nomeadamente a solidariedade, o espírito fraterno e a libertação. Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fiéis leigos e sacerdotais. Estes, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública. Não podem, pois, abdicar da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum. Por conseguinte, é missão dos fiéis leigos configurar corretamente a vida social, respeitando a sua legítima autonomia e cooperando, segundo a respectiva competência e sob própria responsabilidade, com os outros cidadãos. A finalidade da fé deveria consistir no desenvolvimento, o crescimento do homem sob todos os seus aspectos. O indivíduo, em relação com outros, aumenta suas próprias capacidades. Em suma, o essencial para a humanização e socialização do homem. De outro lado, pode-se dizer que se trata de um procedimento que dura a vida inteira, e que não se limita à simples continuidade, mas considera a possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se revigora e o homem faz a história. Todavia, a fé deve configurar elemento importante para o aprimoramento da vida social, porquanto demanda visão de conjunto, isto é, nunca analisa o problema de maneira parcial, mas sempre sob uma perspectiva que relacione cada aspecto com os demais. Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos