A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DA ÉTICA DE ARISTÓTELES - J PAVIANI (original) (raw)

A ÉTICA NA TEOLOGIA DO PSEUDO-ARISTÓTELES

A Teologia do Pseudo-Aristóteles insere-se no grande contexto da filosofia neoplatônica, e, de modo especial, como desenvolvida e apresentada pela filosofia árabe -a falsafa -profundamente marcada no se seu aristotelismo pela leitura neoplatônica. Assim sendo, a inspiração básica de sua ética deve ser procurada neste ambiente neoplatônico. Porém, não é suficiente somente acentuar esta base neoplatônica. A pergunta, que neste estudo se tenta responder é a seguinte: a Teologia acrescenta algo à visão ética apresentada no neoplatonismo, e em que consiste esta possível atribuição especial. Uma análise da metafísica e da antropologia da Teologia ajudará nesta tarefa.

CARÁTER, AÇÃO E DISCURSO NA POÉTICA DE ARISTÓTELES

2020

Uma das grandes questões que a Poética levanta é: como produzir o caráter em poesia? A produção do caráter não é a simples manifestação de algumas qualidades da personagem. Mas é o modo pelo qual se percebe que uma personagem possui tal ou qual qualidade. A técnica de produção é diferente do produto. As ferramentas são variadas e nem todas estão no corpo da obra. Todavia, a reflexão de Aristóteles demonstra que mais importante do que criar uma personagem, é demonstrar como isso é possível. Ainda que o foco da argumentação aristotélica não fosse a produção de caracteres, ele explicita como é possível a sua produção. Para o filósofo, a manifestação do caráter dá-se através de duas categorias principais: a ação e o discurso.

ESTÉTICA EM ARISTÓTELES *João de Oliveira

Phoînix, 2009

Resumo: Este artigo tem o objetivo de fornecer uma visão panorâmica das principais contribuições de Aristóteles no campo da estética. Contrariamente ao que se convencionou dizer nos manuais de estética, o pensamento aristotélico relativo à beleza não se concentra unicamente na Poética e na Retórica. Suas ideias sobre a arte e a própria beleza integram-se num plano maior, que parte da Biologia e converge para a Teologia. E fato é que as ideias de Aristóteles no campo da Estética e da própria Filosofia em geral, “se não resolvem todos os problemas, ao menos deixaram para nós um mundo mais compreensível do que era antes dele”, como diz o filósofo W. T. Stace. Palavras-chave: Aristóteles, estética, história, filosofia, arte.

SOBRE O CONCEITO DE CATARSE NA POÉTICA DE ARISTÓTELES

A palavra catarse significa purgação ou purificação. Na antiga medicina, essa purificação poderia ser feita por vômito, evacuação de fezes, urina e suor, bem como através de sangria. É daí que deriva o vocábulo purgante, medicamento utilizado para limpeza interior ou desintoxicação do organismo – purgante = aquilo que purga, purifica, limpa. O termo catarse é de origem grega, κάθαρσις (kátharsis), sendo usado com o sentido etimológico de purificar, purgar ou limpar. Do mesmo radical grego origina-se a palavra καθαρό (katharó; em português, cátaro), que significa puro. Cátaro (katharó) é alguém que passou por uma catarse (kátharsis), isto é, um processo de purificação. No seu primeiro método psicoterápico, J. Breuer e S. Freud designaram por catarse a rememoração de uma situação traumática que liberaria o afeto " esquecido " e este restituiria ao sujeito a mobilidade de suas emoções. Freud uniu estreitamente a noção de catarse à prática da hipnose. Na obra intitulada Poética (1993, p. 37), Aristóteles (384-322 a.C.) apresenta a sua noção de catarse. Segundo ele, a tragédia descreve em forma dramática, não-narrativa, incidentes que suscitam piedade e temor; desse modo, consegue-se a catarse (purificação) dessas paixões. Para ele, a música também produz uma catarse. No entanto, o conceito aristotélico de catarse apresenta alguma novidade, que o faz diferente do dos seus precedentes. A arte havia sido censurada fortemente por Platão, porque é imitação de coisas fenomênicas, isto é, mimese. Por seu turno, as realidades fenomênicas não passam de imitações imperfeitas dos eternos paradigmas do mundo das ideias. Desse modo, a arte se torna cópia de cópia, aparência de aparência, extenuando o verdadeiro a ponto de fazê-lo desaparecer.

SOBRE O LIVRO V DO ÉTICA A NICÔMACO DE ARISTÓTELES

RESUMO: O objetivo do presente trabalho é esclarecer o conceito de justiça em Aristóteles, no livro Ética a Nicômaco. Buscou-se esclarecer as duas formas de justiça de forma geral e as três formas da justiça especial. Cada exemplo foi detalhado e exemplificado para que os conceitos expostos pelo filósofo se tornassem mais acessíveis. Além disto foram abordados os conceitos de meio-termo, dialética aristótelica aplicada ao conceito de justiça, bem como as formas de proporção que viabilizam a aplicação da justiça. ABSTRACT: This review aims to clarify the Concept of Justice in Aristotle. According him there are two forms of General Justice and three special forms of Justice. Examples were detailed and exposed to show Aristotle in a more didactic fashion. Besides were approached the concepts of middle-term, dialectics, applied to the Concept of Justice with the forms of proportionality that enable enforcement of Justice.

A DISTINÇÃO ENTRE PRAXIS E POIÊSIS EM ARISTÓTELES

A distinção entre praxis e poiêsis serve, nos capítulos IV e V do Livro VI da Ética a Nicômaco, para separar a arte, que constitui a competência ou o domínio na ordem da "produção" 1 , e a "prudência", excelência da ação, ou ao menos excelência dianoética da ação (pois a qualidade da ação depende também da qualidade do êthos). Esta distinção é levada a um grau de contraste que não é regularmente seguido no conjunto do corpus e é expressa segundo fórmulas cuja justificação não é patente. Entretanto, nós temos o sentimento de que o esboço que se segue pode ser mantido como ponto de partida com o qual todos os exegetas concordarão, reconhecendo, evidentemente, que ocorre a Aristóteles desviar-se em um ponto ou outro, mas em contextos, bem entendido, onde se pode de antemão dizer que um certo grau de imprecisão não atrapalha o raciocínio.

TEORIA DA PERCEPÇÃO SEGUNDO ARISTÓTELES

RESUMO O texto examina a relação entre conhecimento e percepção segundo Protágoras, Platão e Aristóteles, com o objetivo de mostrar o que é a percepção segundo o paradigma sofístico e o platônico e, por fim, qual é o lugar da tese aristotélica sobre a percepção diante desses dois paradigmas. Como resultado da investigação, temos que, para Aristóteles, diferentemente de Protágoras, a sensação não é responsável por todos os julgamentos, nem por discriminar todos objetos cognoscíveis; também para Aristóteles e diferentemente de Platão, o extremo oposto não é verdadeiro, a saber, que a sensação não discrimina seus próprios objetos. O texto, deste modo, pretende elucidar como o ser é conhecido pela percepção segundo Aristóteles, tratando assim de um ponto extremamente controverso, a saber: como a sensação discrimina seus próprios objetos sem a intervenção do pensamento, se tal discriminação resume-se apenas em processos fisiológicos ou é também uma atividade da alma e, se é também uma atividade da alma, em que sentido a alteração física ocorrida no corpo, conjuntamente com uma certa atividade da alma, constituem a percepção. ABSTRACT The text investigates the relation between knowledge and perception according to Protagoras, Plato and Aristotle with the objective to show what is perception according to the sofistic and to the platonic paradigm and, finally, what is the place of the aristotelian thesis of perception in relation to these two paradigms. As a result of the investigation, we conclude that, for Aristotle, and differently from Protagoras, the perception is not responsable for all judgments, neither is responsable to discriminate all cognitive objects. Furthermore, for Aristotle and differently from Plato, the extreme opposite is not true, i.e., that perception does not discriminate its own objects. Knowledge and perception, therefore, must not be absolutely identical or distinct, neither the being is absolutely being perceived, neither the being perceived is absolutely indeterminated. In this way, the text intends to clarify how perception knows the being according to Aristotle by treating a very controversial point: how perception discriminates its own objects without the thought's intervention, if this discrimination is strictly a physiological process or is also an activity of the soul, and if it is also an activity of the soul, in which way the body's physical alteration conjoined with a certain activity of the soul constitute perception.