Gaston Bachelard e Michel Foucault: A Linguagem, O Tempo Eo Espaço (original) (raw)

Foucault, Borges e a Experiência Da Linguagem

2008

Não raro ao longo da sua obra, em muitos de seus ditos e escritos, Foucault faz referência à literatura, ao problema da linguagem e a noção de ficção. Notória é a declaração sobre seu próprio trabalho: [...] as pessoas que me lêem, em particular aquelas que apreciam o que eu faço, me dizem sempre rindo: "No fundo você sabe bem que o que você diz não é senão ficção". Eu respondo sempre: "Claro, não há problema que isto seja outra coisa senão ficções" (Foucault, 1994, p.44). Assim, a experimentação da leitura de Borges, pelas lentes de Foucault, torna-se objeto deste ensaio conduzindo-o para além das fronteiras estabelecidas entre a filosofia e a literatura, deslizando por sobre a superfície da linguagem. Tal empreitada não corresponde senão aquela esboçada pelo paralelo entre esses dois autores, experienciado na forma especulativa de uma hipótese que, a pretexto do significado do riso em Foucault, aponta para o paradoxo da linguagem em Borges. Ensaio mental de uma...

Entre dois modos de ser da linguagem – o homem da modernidade de Foucault

Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 2020

Um comentário sobre o desenvolvimento do conceito de homem conforme a articulação elaborada por Michel Foucault em “As Palavras e as Coisas”. Tal conceito encontra suas condições de possibilidade nas transformações de ordem epistemológica e ontológica às quais a linguagem foi submetida, e que levaram à transição do paradigma classificatório e da mathêsis do classicismo para o paradigma da modernidade por volta do fim do século XVIII. A relação do homem com a finitude é determinante do modus operandi moderno de produção de saber sobre o mundo e sobre si, em particular no tangente à produção específica das ciências humanas como a biologia, a filologia e a economia. O autor indica que a diretriz intencional do saber moderno, e, por conseguinte, do homem moderno, é ainda no sentido de uma mesmificação daquilo que é Outro e, por isso mesmo, fonte de angústia. Esta tarefa é engendrada na modernidade sob um modo próprio que a distingue da apreensão representacional clássica. Ao mesmo tempo...

Gaston Bachelard e Paulo Freire

2020

Neuropsicopedagogo com estudos em linguagem e neuroeducação hoje é mestrando em Educação pela Universidade Ibirapuera de SP na área de pesquisa de educação, subjetividade e inclusão. Tem Aperfeiçoamento em Educação Especial na UFF e Aperfeiçoamento em educação, pobreza e desigualdade social pela UFSCAR

Diálogos entre Michel Foucault e Byung-Chul Han

Revista Opinião Filosófica, 2021

O presente artigo, procura analisar minuciosamente o panóptismo de Michel Foucault atrelado a psicopolítica do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han enquanto dispositivos de vigilância. As discussões elaboradas por Foucault em relação à sociedade disciplinar, efectivadas nos espaços panópticos de vigilância, lançam luz sobre os jogos de força configurados no trama social. Para Michel Foucault, existe um tipo de poder que se exerce sobre os indivíduos através da vigilância contínua, o que acaba por exercer um controle tendo em vista o castigo ou a recompensa, fenômeno este que é concebido por este filósofo como panóptismo. O resultado deste tipo de poder é a tendência de transformação do indivíduo naquilo em que o poder político e social espera dele a partir de certos requisitos normativos. Enquanto para Byung-Chul Han os meios de controlo e sujeição exercidos mediante o emprego das tecnologias digitais de comunicação representam a capacidade de interferir no nível pré-cognitivo, mistu...

Foucault, a história e a linguagem em As palavras e as coisas

O presente trabalho investiga o conceito de linguagem em As palavras e as coisas, de Michel Foucault. Buscamos atender às diferentes conjunturas presentes na obra, desde as considerações gerais do prefácio, acerca das noções de "epistémê" e "ordem", até as especificidades de cada época estudada pelo filósofo, com seus respectivos princípios. No Renascimento, o trabalho de Foucault encontra amparo no princípio da semelhança; na época clássica, na representação; e, na modernidade, na história. Além de considerar a linguagem em cada uma dessas diferentes conjunturas, trata-se de esclarecê-la à luz de suas próprias modalidades, como o comentário, o nome e o discurso e à luz dos desafios epistemológicos que com ela são tramados. Finalmente, buscamos esclarecer a relação entre a linguagem e o anúncio foucaultiano de que o fim do homem pode estar próximo.

Linguagem poética e clínica fenomenológica existencial: aproximações a partir de Gaston Bachelard

PHENOMENOLOGICAL STUDIES - Revista da Abordagem Gestáltica, 2012

MArcus tulio cAldAs KArl Heinz eFKen cArMeM lúciA brito tAvAres bArreto Resumo: A clínica fenomenológica existencial posiciona-se criticamente a uma modalidade de linguagem concebida por critérios, categorias ou conceitos. Este artigo consiste numa reflexão teórica, com o objetivo de apresentar a imaginação poética como via de linguagem articulada com a dimensão compreensiva, própria desta abordagem psicológica. Compreendemos a linguagem como gesto significador, de acordo com Merleau-Ponty e em oposição às concepções intelectualistas ou empiristas. A "imaginação criadora" de Bachelard distingue-se da referência usual de imaginação como subproduto da memória. A imaginação poética, segundo a concepção de Bachelard é uma possibilidade de linguagem por meio da qual se vive plenamente o sentido de algo que vem ao nosso encontro. Sua vivência permite que nós nos apropriemos de significados extremamente ricos e que dizem respeito ao mundo que está ao nosso redor. Palavras-chave: Linguagem; Significação; Imaginação poética; Clínica fenomenológica existencial. Resumen: La clínica fenomenológica existencial toma de modo crítico a una modalidad de lenguaje concebido por criterios, categorías o conceptos. Este artículo se propone una investigación teórica, con el objetivo de presentar la imaginación poética como una posibilidad de lenguaje articulado con la dimensión comprensiva, típico de este enfoque psicológico. Comprendemos el lenguaje como gesto significante de acuerdo con Merleau-Ponty y en oposición a los conceptos empiristas o intelectualistas. La "imaginación creativa" de Bachelard se distingue de la referencia corriente que considera a la imaginación como un subproducto de la memoria. La imaginación poética de acuerdo con la concepción de Bachelard es una posibilidad del lenguaje por el cual es posible vivir en plenitud el sentido de nuestra existencia con las cosas del mundo. En resumen la experiencia de la imaginación poética nos permite apoderarse de significados muy profundos que se relacionan con el mundo que nos rodea.

As Ideias De Gaston Bachelard e De Ludwik Fleck

Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação (RESAFE), 1969

Este ensaio tem a intenção de trazer uma discussão sobre os pressupostos epistemológicos de Bachelard e Fleck, dois referenciais teóricos hoje muito utilizados em teses e pesquisas em Educação, Filosofia e Ensino. Estaremos argumentando que as duas referências têm interessantes convergências epistemológicas e que podem ser potencialmente úteis para pensar a educação científica.