São Paulo na visão classi[ci]sta de Prestes Maia (original) (raw)

"São Paulo não pode parar": Propostas de cidade de Francisco Prestes Maia e Robert Moses

O famoso lema ademarista, forjado como slogan para o estado de São Paulo, foi, e continua sendo, retomado como mote da capital. A cidade de São Paulo começou a crescer aceleradamente no final do século XIX e, desde então, não parou mais. Por conta disso, o poder público se vê cotidianamente às voltas com o problema do crescimento da metrópole. Inclusive, é parte central da retórica política apresentar soluções grandiosas para os problemas derivados desse crescimento. A proposta deste trabalho é analisar duas dessas soluções: o Plano de Avenidas, de Prestes Maia; e o Programa de Melhoramentos Públicos, de Robert Moses. Ambas as propostas condizem com o lema "São Paulo não pode parar" (e ambas foram implementadas sob governos de Ademar de Barros). O objetivo, no entanto, não é avaliar essas políticas urbanas. Em vez disso, o que se quer aqui é analisar a produção das representações hegemônicas da metrópole e de seu futuro, encarnadas nas propostas de Prestes Maia e Moses. Para tanto, esses dois personagens são encarados como intelectuais, e seus discursos enquanto peças retóricas e argumentativas. A pretensão do artigo é oferecer uma análise das estratégias textuais usadas por ambos para sedimentar seus pontos de vista. Além disso, pretende-­se comparar como essas estratégias contrastavam com as de representações alternativas, que também estavam presentes nos debates sobre São Paulo, mas que não conseguiram se impor com uma força equivalente a das perspectivas hegemônicas.

Prestes Maia e Le Corbusier: bases teóricas compartilhadas, visões distintas para São Paulo

O artigo aborda como as referências da urbanística europeia, datadas da virada do século XIX para o XX, são interpretadas e incorporadas no momento de enfrentamento dos problemas emergentes do primeiro grande período de urbanização da cidade de São Paulo. Esta abordagem é realizada através da análise e comparação dos planos da engenharia sanitarista realizados no começo do século XX com o plano esboçado por Le Corbusier para a cidade, datado de 1929. Assim, será ladeado um conjunto de planos urbanísticos realizados por técnicos locais, desde a proposta do engenheiro Bianchi Bertoldi de retificação dos rios Tietê e Tamanduateí durante a gestão do presidente da Província, em 1887, até o estudo de Ulhôa Cintra e Prestes Maia com o plano esboçado pelo arquiteto Le Corbusier por ocasião de sua visita à cidade. O trabalho pretende expor como algumas teorias que compõem o ideário internacional reverberam com especificidades e alterações de seus significados originais tanto na produção teórica e prática dos engenheiros locais quanto nos estudos de Le Corbusier. Também será exposto como a percepção que o suíço realiza do sítio e da geografia de São Paulo abre formas de compreensão também originais e radicais dessas teorias. Em síntese, a análise comparativa entre os planos da engenharia paulista, sobretudo o Plano de Avenidas de Prestes Maia com o plano do suíço Le Corbusier, nos fornece insumos para sublinhar como cada uma dessas vertentes interpretou os tratados urbanísticos da virada do século XIX ao XX, precisando as formas de apropriação e incorporação desses trabalhos teóricos.

Francisco Prestes Maia e o projeto urbano para Panorama, 1945-1949

along the ridge between Peixe and Aguapeí rivers, have been determined the urbanization process of the Alta Paulista in the state of São Paulo between the 1940s and 1950s. Knowing the future extension of the railroad tracks towards the rio Paraná, real estate colonizing companies founded and built new towns in the region as a speculative measure inserted in an agrarian structure. In this process, roads were opened integrating the most distant regions; as well as commercial activities in wood exploitation, encouraging smallholder agriculture, and urban and rural allotment. In the same context, we found that the public power, the Federal Government and the State of São Paulo, from the beginning of the 20th century to the 1950s, articulated planning actions that sought to boost economic development, regional integration and occupation of the extreme west of São Paulo, including the Alta Paulista and the rio Paraná Valley, through cartographic surveys, development of navigation and commercial activities along the rio Paraná basin, as well as concessions for the expansion of railroad tracks to its margin and the opening of roads; Such actions are accentuated in the Estado Novo and gain new contours with the creation of the CIBPU-Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, in the early 1950s. In 1945, a real estate company in Campinas, Sociedade Imobiliária Panorama Ltda., linked to the capitals of landowners and politicians of the inland of São Paulo, acquired the land on the border of Alta Paulista with the rio Paraná, the São Marcos Evangelista farm, and proposed on it the foundation of a new intermodal city that would integrate the existing river port on the rio Paraná "Porto das Marrecas" with the future railroad tracks and terminal of ferrovia Paulista. Between 1946 and 1947, the engineer and architect Francisco Prestes Maia, former mayor of São Paulo and urban planner consecrated by the "Plano de Avenidas", "Plano de Melhoramentos Urbanos para Campinas", and sympathizer in that context of the Estado Novo, will be responsible for the development of the urban project of that city, which already had a name, Panorama, being for this urban planner his first and only experience of a new city. In this period, besides Panorama, 26 new towns, most of them the result of the entrepreneurial action of real estate companies that settled in Alta Paulista. This master's thesis is about the urban project for the new Panorama's intermodal city. We will present this project highlighting its urban plans, the "Relatório de Estudo e Projeto" (Study and Project Report), "Memorial Descritivo" (descriptive memorial), and sketches, both manuscripts by Francisco Prestes Maia and primary documents. We will see that while we have a process of urbanization of a region, in the emergence of a network of new towns and communication and transportation infrastructures, we also have the development of Urbanism as a disciplinary field and professional practice with the participation of Francisco Prestes Maia designing a new city, an exclusive historical fact in the trajectory of the urbanist, as well as the process of urbanization of that region, since the project for Panorama, in dialogue with the main international urbanism currents of that period, was technically and theoretically ahead of the other contemporary urban experiences in Alta Paulista. Our historical delimitation goes back to 1941, the year in which the railroad tracks of the São Paulo's Railway reached the city of Tupã in 1949, when we verified the first alterations in the original project of Francisco Prestes Maia undertaken by the board of the real estate company. Our geographical cutoff is Alta Paulista, specifically the city of Panorama. We highlight in all this process the dialogue of Urbanization in the formation of a network of towns, and Urbanism, as a field of knowledge and professional practice, with the combined action of three main protagonists: The public power through decrees, plans and concessions that made possible the occupation of the extreme west of São Paulo and the Alta Paulista; the action of companies and real estate companies that saw in the subdivision of those lands an alternative to raise profits, and the participation of Francisco Prestes Maia as urbanist in the urban project for Panorama.

São Paulo em Perspectiva

O objetivo deste artigo é analisar a visão dos coronéis da Polícia Militar do Estado de São Paulo que participaram da direção da Comissão Estadual de Polícia Comunitária acerca do policiamento comunitário e da sua importância para a prevenção do crime.

Parque e a cidade na obra de Prestes Maia

Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2013

Este texto discute o papel do parque público na produção prática e teórica de Prestes Maia (1986-1965, bem como as alterações em suas concepções de modernidade urbana ao longo de sua trajetória profissional. Rever atuações específicas em momentos diferenciados de sua carreira permite compreender certos deslocamentos conceituais e de práticas urbanísticas, especificamente em direção a uma maior apropriação do legado cidade-jardim e reelaboração de determinadas teorias urbanísticas modernas. Este trabalho conta com o apoio do Programa AlBan, Programa de bolsas de alto nível da União européia para a América Latina, bolsa nº E04D035734BR.

A disputa pela moradia na região central de São Paulo: uma análise das ocupações Prestes Maia, Mauá e Cambridge

Neste trabalho investigamos a atuação dos movimentos sociais de moradia que disputam o espaço central da cidade de São Paulo para produção de habitação de interesse social (HIS). Para isso apresentamos o processo de alteração espacial ocorrido na região central. Os movimentos pesquisados são: Frente de Luta pela Moradia (FLM), Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC) e Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ), estes movimentos se destacam por sua capacidade de articulação política e quantidade de imóveis ocupados na região central. Aprofundamos este trabalho em três ocupações, Prestes Maia com 478 famílias, Mauá com 248 famílias e a ocupação hotel Cambridge com 171 famílias, ao todo vivem nestes espaços 897 famílias. Buscamos compreender estas disputas através das ocupações que ocorreram durante o período de 2002 a 2012. Nestas ocupações se dão as dinâmicas de organização e luta pelo espaço urbano central, se tornando espaços de luta e esperança para a classe trabalhadora de menor renda que integram estes movimentos. Estas ocupações na região central da cidade se tornaram espaços de resistência em meio ao concreto da indiferença causada pela renda da terra. Espaços de luta, pois, para eles: "Quem não luta, está morto!".

A São Paulo de Mário, Flusser e Person: leituras de uma metrópole defasada

II Seminário Internacional Espaços Narrados: as línguas na construção dos territórios ibero-americanos, 2019

Este artigo volta-se para a investigação do modo como as linguagens literária e cinematográfica interpretam a paisagem urbana e constroem distintas imagens da cidade. Para isto, parte-se da hipótese de que tanto a literatura quanto o cinema traduzem a imagem da cidade como pele da cultura e, sobretudo, como vínculo social. Em outros termos, o que se propõe é o estudo dessa narrativa da espacialidade urbana, construída pelos diferentes usos que o cidadão faz do espaço público enquanto dele se apropria. Afinal, é dentro do contexto da urbe que a paisagem urbana se faz visível como elemento constitutivo e originador da imagem da cidade, construída por múltiplas percepções e identidades socioculturais. Nosso objetivo é abordar as aproximações entre a imagem da cidade e suas respectivas representações produzidas pelo cinema e pela literatura, partindo, para tanto, de uma análise empírica de duas obras ambientadas na cidade de São Paulo – o longa-metragem “São Paulo, Sociedade Anônima” (1965), de Luiz Sergio Person, e o romance “Macunaíma: o herói se nenhum caráter” (1928), de Mário de Andrade –, com especial enfoque para a capacidade das linguagens cinematográfica e literária de configurar-se enquanto propagadoras das diversas dimensões comunicativas do espaço e de suas singularidades enquanto lugares da cultura. Para a análise e interpretação dessas distintas espacialidades construídas pelo cinema, pela literatura e pelo próprio espaço urbano, recorremos metodologicamente a uma abordagem fisiognômica (BOLLE, 1994) da metrópole paulistana, ou seja, a “uma espécie de especulação das imagens” da cidade, por meio da qual “é possível ler a mentalidade de uma época”, a exemplo do que intentava Walter Benjamin, em seu livro das “Passagens”. Voltamo-nos ainda para as observações acerca das cidades brasileiras – São Paulo, em especial – registradas pelo filósofo tcheco Vilém Flusser, em seu livro “Fenomenologia do brasileiro: em busca de um novo homem”, e analisadas por Barbara Freitag-Rouanet (2000), no texto “A cidade brasileira como espaço cultural”.

FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOSSOCIOLOGIA DA JUVENTUDE PETER GABRIEL MOLINARI SCHWEIKERT RESISTÊNCIA À PROFILAXIA MATERNA

A presente dissertação pretende analisar criticamente a recorrente prática adotada pelas maternidades públicas consistente na retenção e institucionalização de recém-nascidos, em razão do uso de drogas por suas mães, bem como o consequente decreto de perda do poder familiar destas e o encaminhamento das crianças para famílias substitutas, por adoção. A abordagem será multidisciplinar e congregará argumentos jurídicos, sociológicos e psicanalíticos para desconstruir e deslegitimar as intervenções do Estado fundadas no estigma da mulher usuária de drogas, supostamente incapaz de cuidar dos próprios filhos. Ao final, serão propostas alternativas para a prática ora questionada, mediante articulação e reestruturação de toda a rede de defesa, promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente.

Percepções sociofonéticas do (-R) em São Paulo

This study investigates how listeners' social characteristics and the social meanings of linguistic variants impact how acoustic differences are assigned to pairs formed between five variants of post-vocalic (-r): (i) trill with three tongue hits, (ii) trill with two tongue hits, (iii) tap, (iv) alveolar approximant and (v) retroflex. In sociolinguistic interviews (MENDES; OUSHIRO, 2012), Paulistanos (people born and raised in the city of São Paulo) comment on two "degrees of retroflexion" of post-vocalic (-r) in Paulistano speech: one that is perceived as "stronger" (which corresponds to the retroflex), typical of the state's countryside, and one that is perceived as "weaker" (the alveolar approximant). These two variants, on their turn, are opposed to the tap, the prototypical Paulistano variant. These evaluations reveal that speakers seem to perceive quite subtle phonetic differences and, at the same time, to associate social meanings to them. In order to measure how salient these acoustic subtleties are to different groups of speakers, a sociophonetic experiment was developed (CAMPBELL