A constituição da angústia em Sartre: do patológico ao ontológico (original) (raw)
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Ética, liberdade e angústia em Sartre: a possível construção do nós
Resumo Este artigo pretende lançar luz sobre a angústia ética anunciada por Jean-Paul Sartre em sua obra O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Ali buscaremos as bases de uma reflexão que nos permita pensar a liberdade humana a partir do engajamento e do comprometimento com o outro e com a situação. Neste sentido, traremos à tona a discussão acerca da responsabilidade que, na intenção de reformular a realidade, consolide a ultrapassagem dos valores de violência e de subjugação do outro. A grande força deste artigo é tensionar o debate de descentralização do sujeito rumo à construção de um horizonte humano, isto é, do nós. Palavras-chave: ética, liberdade, responsabilidade, descentralidade, nós Résumé Cet article a pour objectif de mettre en lumière l'angoisse éthique annoncée par Jean-Paul Sartre dans son ouvrage L'être et le rien: un essai sur l'ontologie phénoménologique. Nous y chercherons les bases d'une réflexion nous permettant de penser à la liberté de l'homme par rapport à l'engagement et à l'engagement envers l'autre et la situation. En ce sens, nous aborderons le débat sur la responsabilité qui, dans le but de reformuler la réalité, consolidera le dépassement des valeurs de violence et d'assujettissement de l'autre. La grande force de cet article est d'accentuer le débat sur la décentralisation du sujet vers la construction d'un horizon humain, c'est-à-dire des noeuds. Mots-clés: éthique, liberté, responsabilité, décentralisation du sujet, nous Artigo recebido em 20.12.2018. Aprovado em 05.02.2019 Mestre em Filosofia pela FAJE-Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Doutorando em Ciências Sociais pela PUC Minas. Professor do Departamento de Filosofia da PUC Minas.
Søren Kierkegaard: uma fenomenologia da angústia
2011
Em O Conceito de Angústia (1844) de S. Kierkegaard, a existência humana se mostraconstitutivamente assinalada por múltiplas formas de angústia: a angústia da liberdadeou do nada, que o indivíduo experimenta quando decide escolher a si mesmo; a angústiado mal ou da fraqueza; a angústia do bem ou da obstinação; a angústia da sexualidade; aangústia do amanhã; a angústia do finito. Somente esta última, porém, é propedêuticaem relação ao salto da fé. Nas suas outras formas, ao contrário, a angústia, por sertambém o sintoma mais evidente da liberdade do homem (que experimenta angústia nomomento da escolha justamente porque é livre), se apresenta como um fatorpredisponente ao pecado. A liberdade que se encontra nas rédeas da angústia, de fatoinduz o indivíduo a agarrar-se ao finito, ao temporal, mais do que ao Infinito, ao Eternoe, portanto, a pecar, já que o pecado é tradicionalmente aversio a deo et conversio adcreaturam
Fenomenologia e psicopatologia em Sartre: "irreal normal" e "irreal patológico"
Revista TRANS/FORM/AÇÃO, 2019
Resumo: Este artigo pretende investigar a maneira pela qual o filósofo francês Jean-Paul Sartre en-quadra, em sua psicologia fenomenológica da imaginação, a problemática acerca do irreal normal e do irreal patológico. Estruturando psicofenomenologicamente a atividade da consciência imaginante, será possível ver que a imagem (consciência imaginante) difere radicalmente da percepção (consciência perceptiva), mas ambas permanecem, contudo, consciência intencional. Nessa toada, cabe a indaga-ção: se toda consciência imaginante é consciência intencional (o que significa, igualmente, que ela é consciência de si mesma), como enquadrar as experiências alucinatórias? Abstract: The aim of the present article is to investigate how the French philosopher Jean-Paul Sartre understood, in his phenomenological psychology of the imagination, the problematic of the “normal unreal” and the “pathological unreal”. By psycho-phenomenologically structuring the activity of the imaginative consciousness, we can see that the image (imaginative consciousness) differs radically from perception (perceptive consciousness), but both remain intentional consciousness. In this context, it is necessary to ask the following question: if all imaginative consciousness is intentional consciousness (which also means that it is self-consciousness), how can we frame hallucinatory experiences?
Compreensão daseinsanalítica da angústia Ressonâncias e dissonâncias entre Heidegger e Boss
Antes de iniciarmos a discussão proposta por este texto, é importante apresentar, mesmo que brevemente, os dois autores que aqui serão colocados em confrontação: Martin Heidegger e Medard Boss. Heidegger (1889-1976, filósofo alemão, a partir do método fenomenológico desenvolvido por seu mestre Husserl, propõe que o tema fundamental da filosofia é resgatar a questão sobre o sentido do ser, podemos dizer que seu projeto filosófico, empreendido na obra Ser e tempo, foi fazer uma ontologia fundamental, sendo o primeiro passo a analítica existencial do ser-aí (HEIDEGGER, 2015). Tendo por arcabouço teórico o pensamento heideggeriano, Medard Boss (1903 -1990), psicólogo e psiquiatra suíço, propõe uma teoria psicológica. A esta teoria denomina de Daseinsanalyse e busca pessoalmente com Heidegger fundamentar seu pensamento clínico, o que resultou na obra publicada com o nome de Seminários de Zollikon (HEIDEGGER, 2001).
A primeira concepção freudiana de angústia: uma revisão crítica
Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 2004
Analisa-se a primeira década de produção teórica freudiana, com o intuito de circunscrever a primeira concepção metapsicológica de angústia. A angústia é referida a uma psicopatologia particular, a neurose de angústia, sendo esta tomada como modelo para a primeira teoria sobre a angústia. Discute-se o mecanismo que articula excesso energético e insuficiência de elaboração psíquica, além das ambigüidades na teoria dos representantes psíquicos. O objetivo é mostrar que um contraponto à teoria da representação psíquica pode ser traçado desde as origens da metapsicologia, apontando alguns desdobramentos para investigações posteriores sobre o movimento do pensamento freudiano.
Um percurso pela angústia na obra de Freud
DOXA: REVISTA BRASILEIRA DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO, 2020
Este artigo apresenta um trajeto pelos principais textos de Sigmund Freud que têm como tema central a angústia. Desde o início de sua obra, este era um assunto abordado por Freud. Incialmente, a angústia aparecia relacionada diretamente às neuroses atuais, ponto de partida para uma primeira teoria da angústia, em que esta era considerada resultado de uma excitação sexual não descarregada. Com o passar dos anos, as abordagens em relação à angústia se modificam, culminando em uma segunda teoria da angústia, apresentada no famoso texto "Inibição, Sintoma e Angústia", de 1926. O objetivo deste trabalho, é expor em revisão bibliográfica, o percurso feito por Freud a respeito das teorias sobre a angústia e os principais conceitos que se articulam a ela. PALAVRAS-CHAVE: Angústia. Sigmund Freud. Sexual. RESUMEN: Este artículo presenta un recorrido por los principales textos de Sigmund Freud cuyo tema central es la angustia. Desde el inicio de su obra, este fue un tema abordado por Freud. Inicialmente, la angustia ha aparecido directamente relacionada con las neurosis actuales, punto de partida para una primera teoría de la angustia, en la que se consideraba el resultado de una excitación sexual no descargada. A lo largo de los años, los enfoques de la angustia han cambiado, culminando en una segunda teoría de la angustia, presentada en el famoso texto "Inhibición, síntoma y angustia", de 1926. El objetivo de este trabajo es exponer la revisión bibliográfica, el camino recorrido por Freud en cuanto a las teorías sobre la angustia y los principales conceptos que se vinculan a ella.
A angústia em Kierkegaard, Heidegger e Sartre – sobre o que a ciência não pode objetificar
Revista Ética e Filosofia Política, 2020
Em nosso tempo, a perspectiva naturalista ganhou uma enorme notoriedade. No entanto, ao eliminar a liberdade, o naturalista fica refém de um tratamento da angústia como ansiedade, qualificando-a exclusivamente pelas manifestações fisiológicas e comportamentais, deformando-a em seu significado mais profundo. O que a ciência não pode objetificar, ou seja, que resiste a ser tratado unicamente em sua dimensão objetiva – sem que seja corrompida a sua significação – é o que se pretende abordar neste artigo. Coloca-se em relevo, em três itens, a problematização do conceito de angústia na tradição da filosofia existencial, com base nas obras de Kierkegaard, Heidegger e Sartre. A filosofia existencial nasce influenciada pelo romantismo em Kierkegaard, como um questionamento e uma resistência à filosofia especulativa, instaurando um novo ponto de partida: o singular da vivência e o tempo vivido. Mais tarde, ela se transforma em Heidegger no paradigma ontológico da fenomenologia hermenêutica, ...
Revista Ética e Filosofia Política, 2018
Pretendemos mostrar nesse artigo o método escolhido por Sartre, em O ser e o nada, para tratar de duas regiões distintas que se unem de fato – que é partir da síntese, do modo como no concreto a relação já está dada, sem que, no entanto, essa união de fato signifique uma indistinção de direito entre as regiões. Por isso, se se deve partir da síntese, esta não faz com que Para-si e Em-si se identifiquem e se tornem irreconhecíveis em suas particularidades. O método utilizado por Sartre em sua proposta de ontologia fenomenológica permite compreender como se dá a relação entre mundo e consciência, objetivo e subjetivo, de modo que a união de fato aponte ao mesmo tempo para um lugar distinto de cada elemento, tendo o primeiro uma primazia da existência, e o segundo, uma primazia do sentido – e com ambos convivendo em um difícil, instável e tenso equilíbrio.