Elogio da Loucura - Roterdã, Erasmo de (original) (raw)

Erasmo de Roterdã

INTRODUÇÃO O Reformador não é o homem que enxerga que a reforma é necessária; nem mesmo o homem que, em devida época ou fora dela, prega a necessidade da reforma; o verdadeiro reformador é o homem que a realiza. (GILSON citado em DOLMAN, p. 8) Escrever sobre Erasmo de Roterdã. Podemos ficar anos neste intento. Ainda assim a tarefa ficará incompleta. A densidade de seu pensamento e principalmente de seus interesses demonstram a necessidade de uma delimitação da abordagem da obra deste pensador. Desta maneira preferimos organizar o trabalho primeiro situando Erasmo dentro de um tempo e espaço. Para atingirmos esta finalidade colocamos uma pequeníssima biografia, que, lança apenas bases para que compreendamos sobre a época a qual estamos falando. Em seguida descrevemos a cronologia completa de seus trabalhos para que os interessados na obra do holandês possam se aprofundar. Logo após termos dado uma leve impressão de onde se situa Erasmo na história aproximamo-nos do nosso interesse principal. A abordagem da filosofia do holandês. Nesta parte, vamos destacar as correntes filosóficas que se destacam no pensamento deste homem. Levaremos em consideração, para esta empresa, a obra do holandês como um todo. Ainda assim, nosso olhar se deterá principalmente sobre os textos: O Elogio da Loucura, A Educação de um Príncipe Cristão, O Manual do Cristão Militante e O Protesto da Paz. Faremos ainda um esforço para relacionar o pensamento do teólogo holandês com a atualidade. Verificaremos seus nexos e distanciamentos. Assim faremos uma aproximação da Fé de Erasmo com as Filosofias da Libertação que temos pungentes na contemporaneidade. Calma. Sejam pacientes conosco. Exercitem as suas capacidades de alteridade! Pois ainda não nos demos por satisfeitos. Vamos demonstrar a transvaloração que Erasmo procura fazer. Para que nosso intento seja exitoso trouxemos diversas figuras para que verifiquemos, subjetivamente, do que estamos falando. Finalizamos com nossa conclusão a respeito do que vimos e produzimos em Erasmo de Roterdã. Ainda assim não desejamos que as idéias que lançamos sejam conclusivas. Muito antes pelo contrario. Pretendemos distribuir o desconforto que vai fazer com que a busca pelo conhecimento da obra do autor seja intensificado, na espreita por outros olhares possíveis e que não, apenas, os dos autores desta obra. 1. BIOGRAFIA DE ERASMO DE ROTERDÃ Como já tivemos oportunidade de perceber em outros escritos que versam sobre personalidades da idade média, e não diferentemente em Erasmo de Roterdã, não existe consenso sobre nascimento e infância.

Elogio da Loucura - Erasmo de Roterda.pdf

ÍNDICE NotíciaBiográfica ELOGIODALOUCURA ErasmoaTomásMore DeclamaçãodeErasmodeRotterdam Notas NOTÍCIA BIOGRÁFICA FILHO de Geraldo Elia e de Margarida Zerembergen, nasceu Erasmo no dia 27 de outubro de 1465, na cidade de Rotterdam. 0 seu primitivo nome de Geraldo, herdado do pai, traduziu-o ele, mais tarde em latim e em grego, tornando-se célebre com o de Desidério Erasmo. Seu pai, em virtude da perseguição da família de Margarida, por não ter o casal recebido a bênção da Igreja, fora constrangido a refugiar-se em Roma. Em seguida desesperado com a falsa notícia da morte de Margarida, entrou num convento e fez-se padre. Ao saber, porém, que Margarida ainda vivia, voltou à Alemanha e recuperou a sua felicidade, passando a viver em companhia da esposa e do filho. Aos onze anos de idade, Erasmo já lia perfeitamente Horácio e Terêncio. Tendo perdido os pais ainda muito jovem, o seu tutor internou-o no convento de Stein, onde Erasmo, desgostoso,v entregou-sev apaixonadamentei aos estudos. Tinha apenas vinte anos quando escreveu sua primeira obra: O Desprezo do Mundo. Em seguida publicou um discurso intitulado O Bem da Paz. Esses dois trabalhos logo se tornaram muito conhecidos e celebrizaram o seu autor. 0 bispo de Cambrai mandou chamar Erasmo e o teve em sua companhia. Seguiu ele, depois para Paris e entrou no colégio de Montegu, mas aí se deu tão mal com a alimentação que a sua saúde ficou seriamente prejudicada. Regressando à Holanda, teve a proteção da marquesa de Nassau, Ana de Brosselen. A fidalga castelhana forneceu-lhe recursos para as suas viagens. Erasmo foi, então, para a Inglaterra onde esteve em companhia de Lord Montjoy e, que mandara chamá-lo. Daí, partiu ele para a Itália, onde se doutorou pela Universidade de Bolonha. Na Itália, Erasmo travou relações com os homens mais famosos da época. Conheceu cardeais e papas, entre estes Júlio II. Esteve em seguida, em Veneza, com Aldo Manuzio; depois, em Pádua, onde foi preceptor do filho bastardo de James Stuart; mais tarde tornou à inglaterra, onde teve em Thomas More um dos seus melhores amigos. O Elogio da Loucura (Encomium Moriae), que ora editamos, foi publicado em Paris em 1509. É uma sátira extraordinariamente interessante, na qual os potentados da época e sobretudo os homens da Igreja são impiedosamente escalpelados pela ironia incomparável do grande escritor. Sempre inquieto e insatisfeito, percorreu Erasmo vários países, até se instalar definitivamente na Basiléia, onde morreu aos setentas anos de idade, no dia 11 de julho de 1536. ELOGIO DA LOUCURA ERASMO de ROTTERDAM ERASMO A THOMAS MORE, SAÚDE.

Elogios apimentados modernos Erasmo de Roterda e o Elogio da Loucura (1509)

2014

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apontar análises e interpretações acerca da obra O Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdã. Tal obra, publicada em 1509, possibilita não apenas observar, através de uma interpretação do autor, uma leitura sobre a sociedade do período, mas também traços característicos do humanismo, do renascimento e da cultura do humor. A obra O Elogio da Loucura é escrita em forma de um monólogo realizado pela personagem " Loucura " , ali equivalente ao que poderíamos interpretar como uma das principais forças do universo, se não a principal (uma espécie de personificação da Loucura como deusa), e esta irá interpretar a sociedade segundo sua visão. Mesmo que para muitas pessoas a obra possa ser lida em um caráter extremamente fascinante de literatura apenas para o divertimento, já que Erasmo utiliza a ironia como estratégia ao longo do texto, ela também permite observar traços de uma perspectiva de criticas ao pensamento dogmático da Igreja Católica e das práticas culturais. A obra de Erasmo de Roterdã representará, deste modo, uma fonte de inspiração para o estilo literário utópico.

Elogio da Loucura

ACHANDO-ME, dias atrás, de regresso da Itália à Inglaterra, a fim de não gastar todo o tempo da viagem em insípidas fábulas, preferi recrear-me, ora volvendo o espírito aos nossos comuns estudos, ora recordando os doutíssimos e ao mesmo tempo dulcíssimos amigos que deixara ao partir. E foste tu, meu caro More, o primeiro a aparecer aos meus olhos, pois que malgrado tanta distância, eu via e falava contigo com o mesmo prazer que costumava ter em tua presença e que juro não ter experimentado maior em minha vida. Não desejando, naquele intervalo, passar por indolente, e não me parecendo as circunstâncias adequadas aos pensamentos sérios, julguei conveniente divertir-me com um elogio da Loucura. Porque essa inspiração? (1)-perguntar-me-ás. Pelo seguinte: a princípio, dominou-me essa fantasia por causa do teu gentil sobrenome, tão parecido com a Mória (2) quanto realmente estás longe dela e, decerto, ainda mais longe do conceito que em geral dela se faz. Em seguida, lisonjeou-me a idéia de que essa engenhosa pilhéria pudesse merecer a tua aprovação, se é verdade que divertimentos tão artificiais, não me parecendo plebeus, naturalmente, nem de todo insulsos, te possam deleitar (3), permitindo que, como um novo Demócrito, observes e ridicularizes os acontecimentos da vida humana. Mas, assim como, pela excelência do gênio e de talentos, estás acima da maioria dos homens, assim também, pela rara suavidade do costume e pela singular afabilidade, sabes e gostas, sempre e em toda parte, de habituar-te a todos e a todos parecer amável e grato. Por conseguinte, gostarás agora, não só de aceitar de bom grado esta minha pequena arenga, como um presente do teu bom amigo, mas também de colocá-la sob o teu patrocínio, como coisa sagrada para ti e, na verdade, mais tua do que minha. Já prevejo que não faltarão detratores para insurgir-se contra ela, acusando-a de frivolidade indigna de um teólogo, de sátira indecente para a moderação cristã, em suma, clamando e cacarejando contra o fato de eu ter ressuscitado a antiga comédia (4) e, qual novo Luciano (5), ter magoado a todos sem piedade. Mas, os que se desgostarem com a ligeireza do argumento e com o seu ridículo devem ficar avisados de que não sou eu o seu autor, pois que com o seu uso se familiarizaram numerosos grandes homens. Com efeito, muitos séculos antes, Homero escreveu a sua Batraquiomaquia, Virgílio cantou o mosquito e a amoreira, e Ovídio a nogueira; Polícrates chegou a fazer o elogio de Busiris, mais tarde impugnado e corrigido por Isócrates; Glauco enalteceu a injustiça, o filósofo Favorino louvou Tersites e a febre quartã; Sinésio a calvície e Luciano a mosca parasita; finalmente, Sêneca ridicularizou a apoteose de Cláudio, Plutarco escreveu o diálogo do grilo com Ulisses, Luciano e Apuleio falaram do burro; e um tal Grunnio Corocotta fez o testamento do porco, citado por São Jerônimo. Saibam, pois, esses censores que também, para divertir-me, já joguei xadrez e montei em cavalo de pau (6), como um menino. Na verdade, haverá maior

Elogio da Loucura por Campos de Carvalho

Viso: Cadernos de estética aplicada, 2011

Elogio da Loucura por Campos de Carvalho Em 1972, o autor Campos de Carvalho publica uma série de crônicas no Pasquim, reunidas e lançadas em um pequeno livro, trinta anos mais tarde. Em uma delas, apresenta-se uma espécie de dialética da loucura e da normalidade que, de alguma forma, pode ser aproximada de certas ideias contidas tanto em O Mito de Sísifo, de Camus, quanto em O Nascimento da Tragédia, de Nietzsche. O presente artigo propõe uma interpretação dessa crônica literária, sob a luz das referidas filosofias.

Erasmo De Roterdam e a Educação Humanista Cristã

Revista de Filosofia Aurora, 2007

Erasm is concerned about the prince's education and writes De Ratione Studdi (A Plan of Study)-a plan of study for fourteen-and fifteen-year-olds. Knowing Latin, Greek and Hebrew is central to good education. Greek and Latin authors design a curriculum for the prince's studies: philosophy, moral, religion and natural sciences. Erasm, humanistic and Christian, also writes Declamatio de Pueris Statim ac Liberaliter Instituendis (Decaration of Permanent Education of Children with Benevolence) to teach two-and three-year-olds. This work proposes a liberal education, with tenderness and grace, blended with joy and varied things. The preceptor must know to respect children, their nature and potential.

O Epicurismo De Erasmo

Revista de Filosofia Aurora, 2007

Erasmus is an author whom we may call ironist, since his main characteristic is humour. His Colloquies are an unending source of witticisms and comic and satiric scenes. Erasmus was unwilling to submit to torture on account of his religious convictions and rejected the offer by Luther to be converted to Lutheranism. In this paper, we shall discuss these matters, relating them to some of Epicure´s teachings.

Da loucura do elogio de Erasmo

No presente artigo fazemos uma análise do elogio que Erasmo faz da Loucura no contexto das várias atividades desenvolvidas pelo Projeto de Extensão Filosofarte (dança, recitais de música, poesia e teatro), no sentido de pensar a relação entre loucura e lucidez. Nesse sentido, Erasmo nos convida a repensar essa relação nos dando uma perspectiva nova sobre o que vem a ser a loucura.

Sobre o crivo de Eratóstenes-Legendre

Our aim in this work is to make a study about the sieve method. The motivation lies in the intent of applying this idea in a particular situation. We splitted the study into three parts. The Ąrst part deals with deĄnitions and basic concepts. In the second we present the principle of inclusion-exclusion while being something well known deserves special mention given its importance as a tool in our work. In the third and Ąnal part, we make a historical contextualization and a description of the evolution of the sieve Eratosthenes-Legendre ideas. The choice of sieve, among many others, has been made taking into account two points. The Ąrst is that the Eratosthenes-Legendre sieve is the simplest among the sieves studied the theory of sieves. The second point is related to the fact that this sieve provide the general idea of combinatorial sieve, since the more sophisticated sieves are extensions of its basic ideas.