História e temporalidade: abordagens teóricas para esudos de religiões (original) (raw)

História como Contextualidade e Apatia Teológica

2007

Resumo: A partir de questionamentos historiográficos, este ensaio procura refletir a epistemologia teológica cristã através dos tempos. Assim, evidencia-se a distancia que o pensamento cristão oficial foi estabelecendo frente à realidade da vivência cristã. Tal panorama histórico do desenvolvimento teológico visa perguntar pelos desafios e pela relevância teológica atual, apontando, que apesar das determinações da história humana, a teologia não pode sucumbir a essas, mas tem o compromisso com um projeto de esperança.

Entre historia das ciências e das religiões: o problema da temporalidade histórica em Febvre e Koyré no entreguerras

Resumo Os textos publicados por Lucien Febvre no entreguerras em defesa de uma história da ciência não mostram apenas o interesse dos Annales em prospectar e fundar novos campos de estudo, mas como, por meio desses textos, buscou-se estabelecer uma nova definição do que deveria ser a própria história. Paralelamente a esse esforço, Alexandre Koyré redigia seus primeiros estudos que seriam mais tarde considerados como marcos fundadores da moderna história do pensamento científico. Embora oriundos de fileiras intelectuais distintas, ambos formulavam o mesmo tipo de problema, voltavam-se contra os mesmos conceitos e opunham-se à mesma tradição historiográfica. No núcleo dessa problematização encontrava-se uma crítica ao modo como a temporalidade dessa história havia sido definida e a constatação de que ela precisava ser reformada para que a história não fosse falsificada. Que Febvre e Koyré chegassem à história das ciências via história das religiões ou do misticismo nos mostra que era preciso articular de uma nova maneira a relação entre credulidade e racionalidade e definir o tipo de temporalidade histórica que poderia albergar esse novo modo de articulá-las. Abstract Lucien Febvre's interwar texts in defense of a history of science reveal the Annales School's interest in prospecting and founding new fields of study and how an effort was in course to establish a new definition of what history itself should be. Parallel to those efforts, Alexandre Koyré was writing his first works, later to be considered foundation stones of the modern history of scientific thought. Albeit stemming from distinct intellectual ranks, both were formulating the same kind of problem and taking a stance in opposition to the same concepts and historiographic tradition. At the heart of their delineation of the problem was a critique of how history had defined temporality and their finding that it needed to be reformed so that history itself should not be falsified. Febvre and Koyré's arrival at a history of science via a history of religions or of mysticism shows us how necessary it was to articulate the relationship between credulity and rationality in a new way and to define the kind of historical temporality that could accommodate this new mode of articulating them.

A História do Tempo Presente e os estudos de religião no Brasil: breve reflexão sobre a questão

Plura, Revista de Estudos da Religião, 2022

Para Joana Bahia pela parceria e acolhimento e a seus orientandos Resumo: Este texto procura estabelecer uma relação entre os estudos sobre religião no Brasil e a chamada História do Tempo Presente. Ele parte de algumas pesquisas sobre História e religião desenvolvidas na Pós-Graduação, onde essa relação parece se configurar. A partir daí, discorre sobre as características e debates pertinentes à História do Tempo Presente. Depois, passa a uma tipologia das principais correntes historiográficas da religião. Em seguida, realiza um breve experimento de cruzamentos possíveis entre o enfoque do tempo presente e as historiografias da religião. Por fim, conclui retomando as pesquisas citadas e ampliando o debate para as abordagens do protestantismo/evangélicos, religiões afrobrasileiras, espiritualidades new age e presença pública das religiões, onde estas podem se beneficiar da interlocução com a História do Tempo Presente.

Religião, tempo e memória: interfaces para o estudo da História do Tempo Presente

Revista Tempo e Argumento, 2021

Este artigo reflete sobre as religiões e religiosidades como problemáticas concernentes aos estudos históricos a partir de conceitos e categorias da História do Tempo Presente. Para tanto, parte da constatação da presença da religião em nosso presente e da ampliação dessa presença, particularmente, no campo político contemporâneo. Apresenta, a título introdutório, um breve panorama dos estudos sobre as religiões e religiosidades, ressaltando elementos etimológicos e epistemológicos que demarcam o campo em questão. Além disso, disserta sobre o lugar da memória na conformação das religiões –mais especificamente, das denominações de cunho cristão –a partir das ferramentas analíticas propostas por Danièle Hervieu-Léger. E, por fim, problematiza a reflexão sobre a memória mediante uma breve análise de dados referentes à conversão religiosa no Brasil, referentes igualmente às denominações de cunho cristão, durante os últimos 20 anos.

A abordagem histórica nos estudos de religião: ambiguidades estruturais e desafios contemporâneos

Reflexão, 2018

A interação entre História e Religião é antiga e, apesar dessa quase obviedade, tal constatação sempre envolveu os intérpretes dessas relações em debates inacabados e fortemente marcados pela falta de consenso, os quais, ainda hoje – e sobretudo hoje –, revelam-se atuais. Isso porque a complexidade instaurada na configuração das religiões e formas de religiosidade contemporâneas tem evidenciado o esgotamento dos modelos tradicionais de estudo sobre o tema, os quais, tributários de uma concepção ocidental e ocidentalizante, cunhada entre os séculos XIX e XX, enfatizaram o caráter institucional, congregacional, normativo, ilusório e socializador das religiões (SIQUEIRA; LIMA, 2003).

HISTÓRIA DAS RELIGIÕES: CONCEITOS E DEBATES NA ERA CONTEMPORÂNEA

História Questões & Debates, 2012

O objetivo deste texto é discutir conceitos que contribuam para a delimitação de um campo de estudos da História das Religiões na era contemporânea, bem como possíveis abordagens e objetos de pesquisas sob uma perspectiva cultural. No início dos estudos de religião, no século XIX, houve a preocupação de estabelecer qual a relação entre religião e sociedade, em determinar as delimitações entre sagrado e profano; entre os aspectos racional e irracional da religião; entre suas expressões públicas e privadas. Atualmente, privilegia-se o diálogo entre essas fronteiras antagônicas e entre expressões religiosas individuais/coletivas e instâncias sociais diversas. Ao campo histórico cabe o trabalho de analisá-las, a fim de produzir um conhecimento que estimule uma visão mais ampla sobre a religião enquanto fenômeno demasiadamente humano, que permita promover diálogos e entendimentos em nossa sociedade contemporânea, tão cindida por intolerâncias, violências e preconceitos.