DIÁLOGOS COM UM XAMÃ NA CIDADE: Estratégias de uma etnografia sobre o uso da jurema em rituais neoxamânicos durante a pandemia da Covid-19 (original) (raw)

O Xamanismo Urbano Com Yatamalo: Prática Xamânica No Contexto Urbano e Concepções Arcaicas

Diversidade Religiosa, 2012

Resumo: O objetivo desta pesquisa etnográfica é analisar o xamanismo urbano fazendo um contraponto através das teorias de Mircea Eliade e Czaplicka. Com base na observação participante e no suporte teórico dos autores, foi realizada uma entrevista focalizada em uma xamã urbana com mais de vinte anos nesta prática. Fizeram-se recortes da entrevista, que basearam uma análise sobre como as práticas xamânicas se traduzem em um contexto urbano, compreendendo o xamanismo enquanto uma expressão cultural que dialoga com vários campos, com destaque para os diversos tipos de medicina através de ritos e processos de cura.

Experimentos etnográficos em redes e varandas: a religião em tempos de pandemia

Cadernos de Campo, 2020

Neste artigo, com foco em experimentos etnográficos relacionados à religião em tempos de COVID-19, compartilhamos reflexões preliminares sobre arranjos e conciliações que produzem a religião vivida. Foram dois os contextos de obtenção do material apresentado: de um lado, as redes sociais e aplicativos de mensagens, recursos previamente utilizados em pesquisas etnográficas realizadas em Curitiba e no Rio de Janeiro, e, de outro, as varandas em um condomínio no subúrbio carioca. Em comum aos campos de pesquisa das três autoras destaca-se a multiplicação de práticas e a intensificação de celebrações religiosas durante a pandemia. Os experimentos demonstram, assim, possibilidades de continuidade das pesquisas antropológicas na pandemia e evidenciam que a religião próxima ao cotidiano, além de fornecer imagens e metáforas para as advertências quanto aos potenciais riscos à saúde causadas pela COVID-19, também tem sido frequentemente mobilizada a favor da organização da experiência coletiva de quarentena, regulando horários, ativando redes de solidariedade, evocando lembranças sobre as comunidades de fé, criando licenças para escapar da rigidez do isolamento e buscando estabelecer uma ética em nome do bem comum.

Caminhos da visibilidade: a ascensão do culto a jurema no campo religioso de Recife

Afro-Ásia, 2013

Neste artigo discutimos a ascensão da jurema no campo religioso de Recife - PE. Esta religiosidade tem origem indígena e está, muitas vezes, presente nos terreiros de candomblé, xangô e umbanda. A visibilidade que a jurema tem no cenário religioso atual é vislumbrada a partir da confluência de dois rituais, o Kipupa e a Caminhada dos Terreiros de Pernambuco. Tomamos estes dois momentos como eventos que envolvem questões relacionadas à religião, à política, à tradição, à etnicidade e questões de identidade. Numa tentativa de perseguir a rede latouriana, podemos perceber disputas entre campos de poder distintos que envolvem não só as comunidades religiosas, mas que se estendem às instituições governamentais e a todo conjunto social. A mediação entre as formas culturais e políticas será um espaço privilegiado para a compreensão de como se dá a ascensão da jurema no campo religioso pernambucano.

DIAGNÓSTICO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE IRACEMA

Panorama Cultural de Roraima, 2016

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Do Converso ao Xamã: Religiosidade Yanomami em Claudia Andujar

Anais do XXXVIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte: Arte e Erotismo: prazer e transgressão na história da arte, 2019

Este artigo visa a refletir sobre tensões religiosas no povo yanomami a partir de fotografias de Claudia Andujar. A primeira sequência de imagens analisada, retirada do fotofilme Povo da Lua, Povo do Sangue, de Marcello Tassara, mostra criticamente aspectos da presença do cristianismo entre os Yanomami na década de 1970. A discussão será embasada em reflexões de Walter Mignolo (2003) sobre o cristianismo como projeto global e os ameríndios como “conversos”. Em seguida, será analisada uma fotografia da série Sonhos (1974-2003), na qual a artista busca materializar visões xamânicas provocadas pelo alucinógeno yãkoana. O depoimento do xamã yanomami Davi Kopenawa no livro A queda do céu (2015) balizará a análise da imagem escolhida.

Presença indígena na história: reflexões em torno da Igreja de São Domingos Gusmão (Niterói, Rio de Janeiro)

Revista Nordestina de História do Brasil

O artigo aborda a história da Igreja de São Domingos Gusmão, localizada no atual bairro de São Domingos, município de Niterói, Rio de Janeiro. O templo – atualmente tombado pela Prefeitura de Niterói – remonta ao século XVII, e dará ensejo para refletirmos sobre a presença indígena na história. A origem da igreja envolve uma mulher indígena, hoje pouco conhecida: Violante do Céu Soares e Souza. Violante era descendente do líder temiminó Araribóia, bem mais conhecido na história fluminense. Ao abordar esse caso, tenho como objetivo evidenciar a participação fundamental de homens e mulheres indígenas na história. Tal objetivo justifica-se pelo fato de que, tradicionalmente, pessoas e povos indígenas foram desconsiderados ou subestimados enquanto sujeitos históricos.

Homens, deuses e santos no ritual da festa – religiosidade do Ticumbi e a arte de curar como expressões de territorialidades da cultura afro-brasileira na Vila de Itaúnas, ES.

Este artigo é parte do II Curso de Formação de Professores do Vale do Mucuri, ocorrido em 25 e 26 de novembro de 2009, referente ao tema: relações étnico-raciais e o ensino da história e cultura da África e afro-brasileira, promovido pelo NEAB/UFVJM. Para tanto visa suscitar o debate sobre a diversidade organizacional da vida social, cultural, político, religiosa, outras cosmovisões de mundo presentes na realidade brasileira. Num encontro entre alteridades, é possível promover uma reflexão crítica para o entendimento sobre territorialidades e identidades culturais em suas diferentes expressões do estar-nomundo do humano – religiosidade e arte de curar.

Analogias rituais no campo religioso brasileiro: Um caso pentecostal e afro-brasileiro na periferia de Juiz de Fora (Ritual analogies in the Brazilian religious field: A Pentecostal and Afro-Brazilian case in the outskirts of Juiz de Fora)

Analogias rituais no campo religioso brasileiro: Um caso pentecostal e afro-brasileiro na periferia de Juiz de Fora (Ritual analogies in the Brazilian religious field: A Pentecostal and Afro-Brazilian case in the outskirts of Juiz de Fora), 2016

1. Geralmente nascidas e/ou implantadas nas áreas pobres das cidades onde, por questões de ordem sociopolítico-econômica, a paisagem urbana é mais decadente, as religiões de grande adesão popular desenham no espaço geográfico as linhas que tramam a configuração religioso-cultural da sociedade. Dentre esses universos de fé, pentecostalismos e religiões de matriz afro (cada núcleo de crenças com suas riquezas simbólicas particulares, embora culturalmente entretecidas) escrevem, nos corpos e nas experiências de seus adeptos, o sentido de vida e existência que lhes animam os dias. É isso que abordaremos brevemente, aqui: a experiência mística que os religiosos vivem no próprio corpo, nesses dois grupos sociais. Pela presente reflexão, visamos também compartilhar alguns pontos de uma etnografia em curso (2015~), recuperando alguns momentos da pesquisa de campo empreendida entre os anos de 2012 e 2013 no mestrado, ocasião em que observamos que as formas expressivas recorrentes em alguns pentecostalismos – especialmente os mais periféricos – revelam o corpo como fronteira semântica (sobretudo durante o cântico coletivo de canções específicas, os corinhos de fogo), locus da experiência religiosa, espaço onde os sentidos seriam afetados pelo sagrado e, a prática ritual, legitimada na sinestesia do grupo. Os paralelos cênicos e experienciais entre certos pentecostalismos e as religiões afro-brasileiras, sobretudo o candomblé e a umbanda, também irrigam as intenções desta breve análise. Palavras-chave: Etnografia religiosa. Expressão gestual. Pentecostalismo. Corinhos de fogo. Religiões afro-brasileiras. 2. Born and/or established in the poor areas where, due to socio-political and economic matters, the urban landscape is more decadent, the religions of big popular adherence design in the geographic space the lines that weave the cultural-religious configuration of society. Among these universes of faith, several Pentecostalisms and religions from African matrix write, through the bodies and the experiences of their believers, the meaning of life and existence that animate their days. That's what we'll briefly analyse here: the mystical experience that these people live in their own bodies, in these two religious groups. Through this brief analysis, we also want to share some points of an ethnography in progress (2015~), recovering some data from our fieldwork, undertaken between the years 2012 and 2013 during the Master degree, moment in which we observed that the expressive gestures of the believers, recurrent in some Pentecostalisms