Letras e memória - impressões autobiográficas (original) (raw)

ESPELHOS IMPRESSOS: autobiografias e diários, representação e memória

Littera on Line, 2010

Autobiografias são frequentemente comparadas a espelhos. O autor da imagem é, no caso, o mesmo iluminador que manuseia luzes de cores e intensidades diversas, e pode forjar também certos detalhes na imagem, que se revelarão na figura que ele prepara para aparecer, ou mesmo, ocultar. Em face do reconhecimento destes detalhes, é oportuno examinar o caminho que o eu escrito fez para que, assim, melhor sejam identificadas as feições de sua forma. A discussão sobre a gênese da autobiografia é tema controverso. Percebe-se que é relevante a observação do momento em que o indivíduo instaura a escrita de si, em forma de narração. Há um propósito contundente por trás de todo ato narrativo. Tomar a própria vida, ou detalhes dela, como assunto de uma narração, é o motivo de ser da autobiografia.

Autobiografia: relação fantasmática entre as escritas do eu e as escritas de si

2015

This paper, by means of the Sartrian autobiographic project, whose literary production proposes us several manners of “self-writing”, highlights debates on singularity and alterity, the self and the other, the “bio” and the “graph”, to exam how the scriptural trajectory of this project allows us to revisit the nuances that mark out the problematic identity of the writer.

Narrativas (Auto) Biográficas, Memória e Docência

Cadernos Cajuína, 2019

Este artigo tem por objetivo desenvolver uma reflexão sobre as narrativas (auto) biográficas no âmbito da formação e do desenvolvimento profissional de professores, além da sua aplicação na pesquisa em educação. Para subsidiar a análise, apoiamo-nos em Souza (2008), Passeggi (2010), Josso (2010), Clandinin; Connelly (2015), Oliveira (2011), Morinã (2017), Ferrarotti (2010), Bolívar; Domingo; Fernández (2001), Larrosa (2002), Nóvoa; Finger (2010), Zabalza (2004), dentre outros. Os dados salientam que narrativas potencializam a história de vida de professores, como campo de saber e conhecimento. Logo, a experiência narrada é compreendida pelos interlocutores como um texto vivo, simbólico e autoformativo.

Memória e esquecimento: notas a lápis sobre a escrita da história

Revista Limiar, 2020

Resumo: este ensaio busca explorar a relação entre a memória e o esquecimento a partir do registro do pensamento de Paul Ricoeur. Com este objetivo, o percurso trilhado segue os vestígios deixados por Jeanne-Marie Gagnebin. Considera, para isso, necessário problematizar o lugar da escrita histórica e da narrativa como elementos constitutivos do próprio processo da história. Ricoeur elege, então, Platão e Nietzsche como aliados. Apesar do improvável encontro, ambos os autores parecem se reunir em suas críticas, respectivamente, ao registro escrito e ao caráter cientificista da historiografia do século XIX. A tessitura proposta acaba por exigir a reabilitação prudente do esquecimento em consonância com a política da justa memória.

PODER E MEMÓRIA NO LIVRO, INCIDENTES DA VIDA DE UMA ESCRAVA

Resumo A identidade, oralidade, memória e tradição estão presentes no livro Incidentes da vida de uma escrava de Harriet Jacobs. O livro tinha como objetivo denunciar a escravidão, fazer um combate histórico. Ao contar suas memórias Harriet de forma sutil acaba por revelar todas as representações simbólicas criadas para a manutenção da escravidão. Este artigo procura analisar esse percurso simbólico que está intimamente ligado ao poder de transformarem seres humanos em escravos e seu combate através da construção de uma nova narrativa contra a escravidão. Abstract Identity, orality, memory and tradition are present in the book Incidents in the life of a slave Harriet Jacobs. The book was intended to denounce slavery, to a combat history. In telling their memories of Harriet subtly turns out all symbolic representations created for the maintenance of slavery. This article analyzes the symbolic walk which is closely connected to the power to transform human beings into slaves and their struggle through the construction of a new narrative against slavery. Introdução A História nada mais é do que a construção de uma narrativa sobre os fatos passados. Há que ser levado em consideração os fatores subjetivos, pois a nossa visão sobre os acontecimentos muda a cada momento. O objeto está sempre plasmado pela individualidade, cultura, costumes, trajetória de vida, e experiências do observador. A

Memoriais autobiográficos no viés da Complexidade

2020

Com o presente estudo bibliográfico, de viés qualitativo, objetivamos propor um conceito de “memorial autobiográfico” que sirva às questões pertinentes aos processos complexos de auto-(trans)formação docente. Propomo-nos a refletir sobre concepções de “narrativa” e “autonarrativa”, e sua interlocução com o conceito de “memorial autobiográfico” na perspectiva do Pensamento Complexo. Metodologicamente, a partir de questões norteadoras, propomos três ideias referentes ao memorial autobiográfico de escrita docente: 1) este, enquanto instrumento de subjetivação, ressignifica continuamente, por ser atravessado por lacunas de sentido; 2) da constituição da narrativa e do memorial emerge o autor-narrador e, assim, o educador se auto-(trans)forma, sofisticando seu fazer docente; 3) a escrita de si não se encerra em uma perspectiva linear, precisando ser vista como processo complexo contínuo.

Memória e Autobiografia na Composição da Cena

Anais ABRACE, 2011

Nesta comunicação apresentarei as questões norteadoras de minha tese de doutorado, na qual refleti sobre a importância da memória pessoal e coletiva para a criação artística. Para tanto, parti de minhas experiências como atrizperformer-pesquisadora-docente, centrando a observação em processos que trabalham na intersecção entre vida e arte, entre memória e ficção para a composição da cena. A memória é aqui pensada em sua relação estreita com experiência, autobiografia e criação na contemporaneidade. Por isso, direcionei meu olhar para artistas contemporâneos que trabalham com a memória pessoal como procedimento artístico. Vejo o trabalho criativo a partir da memória pessoal como procedimentos que colaboram para outras possibilidades dramatúrgicas e coreográficas que tentam criar contradiscursos à lógica dominante.

" HISTORIADORES DE SI " : MEMÓRIA E NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA

Resumo: Nosso interesse se desenvolve em torno da escrita autobiográfica. Este trabalho levanta questões teóricas necessárias ao campo historiográfico acerca do " historiador de si mesmo " , termo cunhado por Pierre Nora quando fala de um processo " psicologização da memória ". Levamos em consideração em como o sujeito autobiógrafo articula enquanto elemento essencial á sua narrativa autobiográfica uma relação com a memória. Quando faz usos do passado, quando " escreve " a si mesmo do passado por sua narrativa, não deixa de manter uma relação com uma noção temporal ficcional na qual articula temporalmente suas experiências narrativas a ponto de se fazer compreensível diante de outros. A escrita autobiográfica está ponderada na relação como passado na experiência de narrar a própria experiência pela relação entre memória, um " si mesmo " e narrativa. Palavras-chave: autobiografia; memória; narrativa. Abstract: Our interest is developed around the autobiographical writing. This work raises theoretical questions necessary to historiography about the "historian of himself," a term coined by Pierre Nora when he speaks of a process "memory psychologizing." We take into account how the subject autobiographer articulated as an essential element to his autobiographical narrative a relationship with the memory. When you use the past, when "write" yourself from the past by his narrative, does not cease to maintain a relationship with a fictional temporal notion in which temporally articulates his narrative experiences about to make understandable before others. Autobiographical writing is weighted in relation to past experience to narrate their experience in the relationship between memory, one "himself" and narrative.

Memória, narrativas e pesquisa autobiográfica

2003

O presente texto trata da pesquisa autobiografica com destaque para as narrativas como um de seus instrumentos de coleta de informacoes, bem como para a memoria como elemento basilar de pesquisa desta natureza. Estabelece a tese de que a memoria do narrador (reconstrutiva da significacao de suas vivencias) e os instrumentos de analise e interpretacao do pesquisador sao elementos que se imbricam e complementam para melhor compreensao de dimensoes da realidade pesquisada, tanto na perspectiva pessoal/social do narrador, como na perspectiva contextual da qual essa individualidade e produto/produtora. Palavras-chave: pesquisa autobiografica, memoria, narrativas. Abstract This paper deals with auto-biographical research giving prominence to narratives as one of its tools of collection of information as well as it detaches the memory as a fundamental element in research of this kind. it establishes the thesis for which memory from one who tells his history (reconstructive of one's exp...

Memória, traço e escrita

Trivium: Estudos Interdisciplinares, 2018

Resumo O artigo explora as relações entre a escrita e a memória com o objetivo de evidenciar a importância da hipótese freudiana acerca do traço unário na constituição da memória. Freud mostrou a existência, na memória, de uma "escrita psíquica", que seriam a marcas ou traços deixados no psiquismo pelas palavras ouvidas, por imagens percebidas, que constituem o conjunto de experiências vividas. Lacan, seguindo o rastro de Freud, elaborou o conceito de letra com o objetivo de evidenciar a presença no psiquismo de uma marca que sustenta a relação do sujeito com o desejo.