A participação das línguas africanas na formação do Português Brasileiro (original) (raw)

O papel das línguas africanas na formação do português brasileiro: (mais) pistas para uma nova agenda de pesquisa

2008

This paper addresses the question of the role of African languages in the evolution of Portuguese in Brazil. It shows how recent work on Portuguese spoken as second language in Africa, and its comparison with the syntax of Bantu languages, gives empirical evidence that supports the thesis of the influence of these languages on Brazilian Portuguese, since this language displays the same characteristics. It argues that these analyses provide leads to study the historical development of Portuguese in Brazil and in Africa, using texts written in this language by Africans. Finally, it raises arguments against the hypothesis of linguistic drift to explain the evolution of Brazilian Portuguese.

O papel das línguas africanas na emergência da gramática do português brasileiro

Palavras-chave: português brasileiro, português africano, línguas bantas, contato linguístico, mudança gramatical This paper argues that African languages spoken by the slaves brought to Brazil played a significant role in the emergence of some of the grammatical properties of Brazilian Portuguese. Exploring mentalist assumptions, the study deals with morpho-syntactic parallelisms between Brazilian and African Portuguese, as well as between such Portuguese varieties and Bantu languages, in order to propose that the acquisition of Portuguese as second language by Africans produced two types of changes: (i) changes linked to the transfer of syntactic properties from their native languages to emerging Portuguese varieties in Brazil, and (ii) changes linked to grammatical restructuring triggered by difficulties in learning morpho-syntactic features of Portuguese.

A INFLUENCIA DE LINGUAS AFRICANAS NO PORTUGUES BRASILEIRO DA AFRICA

Do século XVI ao século XIX, o tráfico transatlântico trouxe em cativeiro para o Brasil quatro a cinco milhões de falantes africanos originários de duas regiões da África subsaariana: a região banto, situada ao longo da extensão sul da linha do equador, e a região oeste-africana ou "sudanesa", que abrange territórios que vão do Senegal à Nigéria.A região banto compreende um grupo de 300 línguas muito semelhantes, faladas em 21 países: Camarões, Chade, República Centro-Africana, Guiné Equatorial, Gabão, Ango-la, Namíbia, República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), República Democrática doCongo (RDC ou Congo-Kinshasa), do Sul. Entre elas, as de maior número de falantes no Brasil foram o quicongo, o quimbundo e o umbundo. O quicongo é falado na República Popular do Congo, na República Democrá-tica do Congo e no norte de Angola.

A linguística brasileira e a influência de línguas africanas no português do Brasil

Entrepalavras, 2017

Este artigo trata da evolução do pensamento da Linguística acerca do papel de línguas africanas na configuração da variedade brasileira da língua portuguesa. Analisa duas fases, dos anos 1950 a 1980 (SILVA NETO, 1986; SILVA NETO, 1988; CÂMARA JR., 1976) e desde os anos 1990, com a retomada dos estudos históricos e a ênfase dada ao português brasileiro como objeto de investigação (LUCCHESI, 2000; LUCCHESI, BAXTER, RIBEIRO, 2009; PESSOA DE CASTRO, 2009; PETTER, 2009). Concluiu-se que há posicionamentos distintos, conforme avançam as pesquisas sobre o português americano, cada vez mais destituídas de preconceito linguístico-cultural, ficando patente a maior percepção desta influência, nos últimos 30 anos, com a coleta de dados em áreas do português popular brasileiro e a sua reinterpretação, à luz da teoria do contato intercomunitário, com os fenômenos de interferência estendendo-se à gramática, quando, em um primeiro momento, acreditava-se restringir-se ao léxico.

O ensino sobre o papel de línguas africanas no português em materiais didáticos do PNLD 2020

Cadernos de Linguística, 2021

Uma série de estudos tem atribuído algumas construções gramaticais do português brasileiro ao resultado do contato linguístico com línguas africanas. Ocorre que, sendo heranças desse contato, esses usos linguísticos são parte da cultura afro-brasileira e, por isso, atendem aos requisitos da lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena no país. Ao mesmo tempo, essas construções gramaticais constituem variantes da língua, o que faz com que sejam objeto do estudo de variação linguística, preconizado pela Base Nacional Comum Curricular para o ensino brasileiro. Ou seja, por serem variantes linguísticas e parte de uma herança cultural africana, esse conteúdo deveria estar contemplado no ensino. Destarte, o objetivo desta pesquisa é analisar as quatro coleções do Programa Nacional do Livro e do Material Didático mais escolhidas no Brasil para verificar se o contato linguístico do português com línguas africanas tem sido abordado. Assumiremos duas frentes: uma, descritiva, analisará o corpus segundo três linhas da Linguística de Contato: 1. Crioulização; 2. Derivação imprópria e 3. Ecologia linguística, além de um contraponto que nega o papel do contato, para verificar se conhecimentos produzidos por tais abordagens aparecem por uma via explícita ou por uma via implícita nos materiais. A outra frente analisará a forma como são tratados esses conteúdos segundo três conceitos: 1. O livro como representação; 2. Dispositivo de racialidade e 3. Epistemicídio.

Um estudo de percepção acerca do léxico de línguas africanas no português brasileiro

TRAÇOS DE LINGUAGEM - REVISTA DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS

A língua é parte fundamental da sociedade e, nela, é possível demarcar culturas e, também, racismo. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é identificar crenças e atitudes linguísticas acerca de itens lexicais de línguas africanas no Português Brasileiro, a fim de observar se eles seriam alvo de avaliação menos positiva, quando comparado a palavras de origem vernacular. A fundamentação teórica está calcada em Eckert (2012), Cardoso (2014), Labov (2001) e Petter (2008) e em pesquisas sobre racismo linguístico, como as de Leite (1947), Almeida (2019) e Nascimento (2019). Foi adotada a metodologia da Terceira Onda da Sociolinguística para a coleta de dados, que consistiu na aplicação de dois testes de percepção, formulados a partir de estímulos linguísticos e aplicados a um grupo de 12 participantes. Constatou-se que tais juízes, que responderam ao questionário, falantes de Português Brasileiro, avaliam de forma negativa os itens lexicais advindos de línguas africanas empregados no tes...

Línguas africanas e a estrutura V+NEG no português do Brasil e d’Angola

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, 2011

Linguistic research in Brazil shows that the variety of Portuguese spoken in the state of Bahia has a type of final negation that is absent in European Portuguese. Using historical facts and comparing Brazilian Portuguese data with data from the Portuguese of Angola, in this study we attempt to prove the hypotheses that African languages have contributed to the great similarities between these two variants.