Variação e o estatuto de variedades do português (original) (raw)

Concordância nominal e verbal: contribuições para o debate sobre o estatuto da variação em três variedades urbanas do português

Alfa : Revista de Linguística (São José do Rio Preto), 2012

Focalizam-se a concordância nominal de número e a concordância verbal de terceira pessoa do plural em variedades urbanas do Português Europeu, do Português do Brasil e do Português de São Tomé, com base na fala de indivíduos de níveis fundamental, médio e superior de instrução, distribuídos, ainda, por três faixas etárias e sexo. Com o objetivo de descrever as referidas variedades, o trabalho avalia as motivações de natureza estrutural e social segundo os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968). Os resultados das diferentes análises, desenvolvidas no âmbito do Projeto Estudo comparado dos padrões de concordância em variedades africanas, brasileiras e europeias do Português, sugerem que, embora as três variedades manifestem tendência à adoção da regra de concordância tanto no Sintagma Nominal quanto no Sintagma Verbal, a concordância apresenta estatuto diferenciado. No Português Europeu, os dados revelam um comportamento que não pode ser consider...

Variação e desvio em estruturas comparativas do português

XXX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Textos Selecionados (pp. 403-417). Porto: Associação Portuguesa de Linguística, 2015

In this paper, a group of relatively anomalous comparative constructions found in corpora of newspaper texts is studied from a syntactic and semantic perspective. These illustrate the fact that comparatives exhibit a high degree of variation in the standard variety of European Portuguese. Assuming the hypothesis that comparatives are a special type of relative clauses, and taking into account the grammatical properties of (the relevant) quantifiers, clitics and anaphoric expressions, an explanation is proposed as to why some marginal structures are more frequent-and better accepted-than others. Two major classes of comparative constructions are considered: those that include explicit anaphoric elements (in three kinds of environments), and those-arguably non-sentential in nature-that directly refer to degrees.

A Variação ou ~ oi em Portugal Continental

Dissertação orientada pela Prof.ª Doutora Esperança Cardeira MESTRADO EM LINGUÍSTICA 2013 2 3 4 RESUMO Esta dissertação estuda a variação dos ditongos decrescentes ou e oi em Portugal continental. A motivação teórica baseia-se no texto de Luís Filipe Lindley Cintra: «Os ditongos decrescentes ou e ei: esquema de um estudo sincrónico e diacrónico» (1983: 35-54). Neste texto, Cintra supõe que a área de predominância do ditongo oi em Portugal continental seja a área de passagem de [ow] a [o], e desta forma, o maior uso de oi poderá ser um esforço de "diferenciação vocálica". A investigação, de natureza fonético-fonológica, visa delimitar as áreas linguísticas onde o ditongo [oj] tem maior uso, embora possa alternar em algumas palavras com o ditongo [ow] ou o monotongo [o] sempre em posição inicial e medial de palavra (cf. ouro ~ oiro; touro ~ toiro), como também determinar os factores linguísticos e extra-linguísticos subjacentes à variação dos ditongos e à predominância de oi em algumas áreas. Revemos os trabalhos, teorias e explicações de diversos autores sobre este tema (Leite de Vasconcelos, Paiva Bóleo, Azevedo Maia, E. B. Williams, entre outros). A orientação metodológica fundamenta-se nos princípios gerais da Geografia Linguística, tendo como material de estudo e apoio os dados do Atlas Linguístico da Península Ibérica; o Atlas Linguarum Europae; e o Atlas Linguístico-Etnográfico de Portugal e da Galiza. A partir destes foi constituído um corpus de 20 palavras integrando os ditongos [ow] e [oj], palavras obtidas a partir das respostas em formato fonético de 503 informantes, em 228 pontos de inquérito distribuídos pelos 18 distritos portugueses.

Fonologia do português: quando duas variedades divergem

Revista da ABRALIN, 2020

Vigário apresenta diferenças fonológicas entre o português brasileiro (PB) e o europeu (PE) na forma de dez tópicos relacionados a processos nos níveis lexical e pós-lexical. De modo geral, a autora mostra que o português europeu apresenta processos produtivos nos níveis mais altos da hierarquia prosódica, e não em constituintes menores, como o segmento ou a sílaba. Por esse motivo, temos um grande número de reduções vocálicas em posições átonas, por exemplo. Enquanto isso, os processos do português brasileiro ocupam-se, em geral, com os níveis mais baixos da hierarquia, os quais são puramente fonológicos. Exemplos são o preenchimento de posições vazias para boa-formação silábica ou o menor número de reduções vocálicas em relação ao PE. Embora as duas variedades apresentem semelhanças em relação à fonologia lexical, em níveis mais precoces, elas exibem perfis fonológicos distintos em relação à fonologia pós-lexical.

Construções relativas nas variedades do português: uma interpretação discursivo-funcional

Filologia e Linguística Portuguesa, 2013

Resumo: Este trabalho examina as construções relativas nas variedades lusófonas, partindo do princípio de que o português dispõe de um conjunto de estratégias de relativização que são reconhecidas na tipologia linguística como construções que definem grupos aparentados de línguas. Postula-se que essas diferentes estratégias, quando empregadas pelo mesmo sistema linguístico, não constituem realmente variantes de uma mesma variável sintática, mas escolhas reais do falante diante da necessidade de exercer diferentes funções discursivas e sociais.

Considerações sobre os conceitos de língua e variedade: uma discussão com base no galego

2017

Este artigo tem como objetivo apresentar discussão acerca das diferenças entre os conceitos de línguae variedade, notadamente a respeito de como o conceito de línguase constrói, a partir de que necessidades e com que objetivos.Essa discussão torna-se imperativa uma vez que partimos, em nossa pesquisa, dos usos do galego, do português europeu (PE) e do português brasileiro (PB), os considerando variedades de uma língua que convencionamos chamar de galego-português. Inserida em dois projetos maiores (a. Galego e Português Brasileiro: história, variação e mudançae b. Linguagem em uso, cognição e gramática: cooperação acadêmica Brasil-Portugal), a pesquisa tem como um de seus objetivos inserir o galegoem um quadro comparativo até então preferencialmente formado de pesquisas com basena comparação entre PB e PE --, ampliando, dessa forma, o escopo comparativo até o momento utilizado na explicação de traços próprios do PB.Iniciamos nossas palavras pela definição de línguaconsiderada pela Linguística Descritiva, seus elementos constitutivos e funções. Em seguida, elencamos três problemas advindos desse posicionamento estrutural, tendo por base a comparação entre o galego, o PB e o PE: o problema quantitativo, o histórico e o político. A discussão proposta nos levou a concluir que o debate em torno dos conceitos de línguae variedade está marcado pelas próprias representações de linguistas que se propõem a realizar tal discussão. Reforçamos, portanto, a necessidade de se ter a consciência de que, como linguísticas, sempre estamos nos posicionando politicamente -- mesmo quando ignoramos esse fato --, atitude que, a nosso ver, é essencial à análise linguística.