Área Tematica do Trabalho Educação e Cultura CORPOREIDADE NA ESCOLA -REFLEXÕES A PARTIR DE ALGUNS CONCEITOS EM GRAMSCI (original) (raw)

Ao analisar o papel da escola na sexualidade detectamos a objetificação do corpo que se atualiza enquanto objeto de consumo dentro dos múltiplos sistemas de opressão e suas articulações de classe, gênero e cor na corporeidade. A partir desses elementos, refletimos sobre a temática da hegemonia cultural e sociedade civil. Estes, por seu turno, foram conceitos caros produzidos pelo teórico italiano Antônio Gramsci em meio às mudanças do modo de produção de sua época, ou seja, no americanismo e no fordismo. Para Gramsci, a educação é parte integrante da cultura por meio da qual, os intelectuais organizam a teia de crenças e as relações sociais institucionais. Entretanto, no limite, ela é determinada pelas condições materiais concretas da sociedade que organizam a produção e, ao mesmo tempo, se reproduzem, transformando a sociedade e a si próprios. Logo, ele apontava para uma educação hegemônica que se prestava a exercer uma direção moral e intelectual na sociedade, sem antes mesmo tomar as rédeas do poder econômico e político. Desta maneira, a dimensão cultural da educação propiciaria um programa educativo permanente à classe trabalhadora e aos professores da educação infantil até aos da universidade, que lhes permitam desenvolver atividades científicas e tecnologicamente avançadas, no processo produtivo de seus trabalhos profissionais. Essas atividades forneceria uma filosofia ética, política e prática de uma verdadeira “filosofia da práxis” que ofereceria dignidade aos sujeitos e oposição as ideologias autoritárias. (GRAMSCI, 1993). Ao inverso disso, afirmamos que o espaço escolar durante o processo de desenvolvimento educacional circunscreveria a ordem hegemônica masculina na cultura. O espaço escolar é oligárquico nos seus fins, capacitando apenas uma elite intelectual como dirigente, no intuito de conservar a ordem social estabelecida para melhor exercer seu domínio sobre a maioria analfabeta subjugada, perpetuando assim, a função conservadora, elitista e instrumental da educação. Diante dos fatos aqui observados e na pesquisa ainda em desenvolivmento, se faz necessário analisar as contribuições da psicanálise a prática docente através de um curso de formação continuada ofertando atividades extensionistas para profissionais da educação básica. Como metodologia construímos uma proposta que resultou num curso de formação em “Sexualidades, Gênero e Educação: As Contribuições da Psicanálise para a Prática Docente” no Programa de Pós-graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEDuc - UFRRJ). Inicialmente, o Laboratório de Estudos de Gênero, Educação e Sexualidades (LEGESEX-UFRRJ) sob coordenação do Prof. Dr. Jonas Alves da Silva acolheu a proposta e efetivou o curso. Iniciamos em cinco módulos através da plataforma digital Youtube. Profissionais da Educação e da Psicanálise formavam a equipe. Os dados recolhidos, ainda estão sob análise, mas já é possivel antever que o discurso hegemônico sobre sexualidades na escola, se atulaizou enquanto objeto de consumo, em múltiplos sistemas de opressão, que não possibilitaram novas formas expressivas de sentir, pensar e agir, mas validavam o anseio de desenvolver uma educação mais autônoma e emancipatória. Portanto, a pluriversalidade na formação continuada implica a necessidade de estudar as afinidades, as divergências, as complementaridades e as contradições existentes nos diversos saberes. Além disso, articula-se como funcionam os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da sociedade, maximizando a eficácia das lutas de resistência contra a opressão.