Lutas sociais, hegemonia e democratização no planejamento e na gestão (original) (raw)
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Hegemonia, estratégia socialista e democracia radical
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2016
Há razoável consenso dentro da literatura especializada quanto à importância da promoção da democracia enquanto fundamento da política externa dos Estados Unidos, especialmente após o final da Guerra Fria. Em um momento histórico em que não havia inimigos a serem contidos e dissuadidos, a ideia de promover democracia emerge já no governo George H. Bush (1989-1993) como um tema caro nas relações internacionais do país, permanece durante a presidência do democrata Bill Clinton (1993-2001) com a doutrina de engajamento e ampliação, ganha novos contornos na administração republicana de George W. Bush (2001-2008), sobretudo à luz dos impactos dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, e alcança, enfim, o período do democrata Barack Obama (2008-2016). 1 Trata-se, inegavelmente, de discussão complexa que suscita controvérsias. Em meio a um debate riquíssimo, análises variaram, por exemplo, desde aquelas cuja meta era avaliar em perspectiva histórica a importância da promoção da democracia para os Estados Unidos (Cox, Lynch e Bouchet, 2013) até outras interessadas em compreender seus fundamentos estratégicos e ideológicos (Cox, Ikenberry e Inoguchi, 2000; Castro Santos, 2010; Castro Santos e Tavares, 2013). Há também autores que associaram a promoção da democracia no plano internacional à tradição liberal norte-americana (Monten, 2005; Ikenberry, 2000) e outros que avançaram o argumento de que tal estratégia estaria subordinada a interesses geopolíticos e econômicos (Robinson, 1996).
A práxis da resistência e a hegemonia da organização
Organizações & Sociedade, 2008
Resumo ste texto tem dois objetivos: o primeiro é prosseguir em um esforço coletivo de enfrentamento dos procedimentos de exclusão que marcam o campo dos estudos organizacionais. Ao tomar como tema de pesquisa os movimentos sociais, assumimos os riscos de 'rechaço' e 'isolamento', constantemente rememorados pelo 'silêncio da razão'. O segundo propósito é contribuir para tornar visível parte da multiplicidade de mundos organizacionais negada pela hegemonia da organização. O termo hegemonia se refere, aqui, a um alinhamento do discurso político que produz um significado social específico: a definição de organização a partir de um enfoque sistêmico estrutural como objeto formalizado. Para que possamos nos envolver nessa tarefa, precisamos nos expor a outras possibilidades: tanto aquelas já presentes em nosso campo disciplinar e que adotam uma abordagem processual do organizar, quanto por fertilização a partir do engajamento com outros campos disciplinares. Nesse sentido, fazemos uma breve revisão teórica sobre o tema da resistência no que se refere à apropriação do conhecimento, e registramos algumas produções feitas por acadêmicos ativistas ou por ativistas sem inserção na academia, ambos construindo conhecimento na sua práxis de intelectuais orgânicos.
Hegemonia e políticas sociais no Brasil: contribuições ao debate sobre vinculação orçamentária
Revista Katálysis
Resumo Este artigo tem por objetivo evidenciar como a vinculação orçamentária para as políticas sociais facilita ou dificulta o atendimento aos interesses da burguesia e suas frações, destacando como ilustração as diferenças entre a política educacional, com vinculação orçamentária, e a política habitacional, que não possui tal obrigatoriedade. Para isso, trabalham-se os pressupostos com relação ao Estado e seu papel na garantia das condições de produção e na manutenção da hegemonia burguesa, especialmente a partir da destinação do fundo público às distintas frações da burguesia. Em seguida, são apresentadas as diferentes visões acerca da vinculação orçamentária e os financiamentos das políticas sociais, para posteriormente apresentar os dados sistematizados a partir do orçamento público e do Demonstrativo de Gastos Tributários (renúncias tributárias) entre os anos de 2003 e 2015, buscando evidenciar o espaço para a reprodução do capital nas políticas de educação e habitação, ainda ...
Frações de classe, hegemonia e política externa
Revista de Estudos Internacionais, 2015
Neste artigo apresentamos a teoria poulantziana de classes e frações de classe, mais especificamente o conceito de bloco no poder, como instrumento para as análises de política externa. Dialogamos diretamente com três abordagens do campo de estudo de análise de política externa: o jogos de dois níveis de Robert Putnam, o modelo de mudança em política externa de Charles Hermann e os modelos de interação da política burocrática de Graham Allison. Propusemos uma tipologia de análise que levasse em conta a relação entre a fração hegemônica no seio do bloco no poder e a relação desta fração com o capital externo como determinante na posição política do Estado em determinada conjuntura histórica. Palavras-chaves: Bloco no poder. Fração de classe. Política externa.
Comunicação, hegemonia e contra hegemonia
Estudos De Sociologia, 2006
que a emissora pode negociar no mercado de publicidade. O autor ainda formula, como contribuição para análise e regulação do audiovisual, três modelos para o estudo de casos concretos. O livro termina discutindo os prováveis desdobramentos da Indústria Cultural no futuro próximo, principalmente com relação à televisão, além da discussão sobre a situação do audiovisual brasileiro.
A realidade é maior do que o sonho: gestão democrática e direito à cidade
Trabalho de conclusão de curso de graduação, 2012
Examinar as transformações no significado de reforma urbana no Brasil é o objetivo deste trabalho. A análise histórica empreendida retrocede no tempo até o ingresso tardio do país no rol das nações industriais, no final do século XIX, quando as maiores cidades começam a apresentar problemas caracteristicamente urbanos. Em virtude do amadurecimento do conceito no decorrer do século XX, ele se apresenta na Assembleia Constituinte de 1987 sustentado sobre uma tríade: a função social da cidade e da propriedade, a regularização de assentamentos informais e a gestão democrática da cidade. Por conta desse desdobramento, delimitou-se o tema na gestão democrática da cidade, dimensão que se relaciona com o que é central na cidadania, a participação. Eventos históricos significativos são analisados para auxiliar na compreensão do caminho percorrido pelas reivindicações relativas ao tema. No fim do século XIX e início do século XX, as lutas urbanas concentravam-se basicamente em torno de direitos individuais. A maior delas, a Revolta da Vacina, em 1904, chegou a atingir dimensões trágicas. Na primeira metade do século XX, a questão urbana adquire importância gradativamente, até assumir um papel central para o regime militar, com a criação do Banco Nacional de Habitação, em 1964. Apesar dos pesados investimentos feitos por meio do banco, os problemas urbanos se intensificaram, principalmente nas grandes cidades, e reivindicações de caráter coletivo tomaram força no período. Com o fim do regime militar, a participação popular converge na Emenda Popular da Reforma Urbana, que recebeu 131 mil assinaturas. Pela primeira vez, a questão urbana ganhou status constitucional. A consolidação legal, no entanto, só veio com o Estatuto da Cidade, de 2001, que regulamentou os arts. 182 e 183 da Constituição.
Estado, Hegemonia e Democracia No Brasil
ENCONTROS COM A FILOSOFIA - ISSN 2317-6628, 2018
Resumo Neste artigo analisaremos a interligação entre Estado, hegemonia e democracia no Brasil, objetivando problematizar a desconstrução do Estado democrático de direito frente à onda conservadora que paira no Brasil no contexto atual. A contrarreforma da Constituição Federal de 1988, tem se efetivado, dentre outros aspectos, em medidas de desconstrução de direitos sociais. As pautas políticas fortemente conservadoras levam-nos a acreditar que, realmente, vivenciamos um estado de exceção, expresso mediante aprofundamento da ofensiva contra a classe trabalhadora e tende a se apresentar como o paradigma de governo dominante na política contemporânea. Nossa intenção é de examinar as formas utilizadas pelo governo brasileiro no enfrentamento da crise econômica e política, as quais buscam aniquilar as lutas sociais da classe trabalhadora na perspectiva de manter e aprofundar a hegemonia da classe dominante.
Movimento LGBT, participação política e hegemonia
2016
This dissertation analyzes the connection between the LGBT movement (Lesbians, Gays, Bisexuals and Transgenders) and the Federal Government mediated by the structure of political participation focused on the National Council Against the Discrimination of LGBTs and on the LGBT National Conferences. Therefore, this text, based on the Marxist theoretical approach, analyzes issues concerning gender and sexuality studies typical of poststructuralism and of the queer theory. By articulating some essential concepts of these theoretical approaches within the issue of totality, typical of Marxism and of Antônio Gramsci's Integral or Extended State matters, the LGBT movement is considered a process of subject formation "for itself". Throughout the development of this subject, he or she starts to act in our society's political arena under the logic of partnership and cooperation along with the State. Thus, the aim of this study is to evaluate if this connection between the LGBT movement and the government, via the participation of the movement in institutional environments that act like hegemonic sets, is, in fact, characterized by the active consensus of LGBT leaderships that worked along with the group who ruled the country between 2003 and 2016, forming itself in a relationship of hegemony. The methodology adopted used qualiquantitative analysis, taking as its base the publications of ABGLT, specially the ones that deal with the concept of Advocacy, interviews with artists who are in important positions regarding the participative structure analyzed in this dissertation, as well as the achievement of census with participants of the V ABGLT National Congress, which constituted a data bank for statistical analysis. The results of this study show that the process of the institutionalization of the movement, stronger due to its acting in participative environments, incise in its relationship to the government, thus alienating the logic of conflict from the group's acting field. These participative environments act like a means of organization, mobilization and definition of agendas, canalizing to themselves as well as neutralizing insatisfaction or criticism that might come from the LGBT population regarding the actions before the State. The transition between civil and political society environments mark the transformation of the movement's leaderships as well as its intellectuals. Under these conditions, the government carried out its political hegemony over the LGBT movement via the participative environments created within the State.
Aliança estratégica ou estratégia hegemônica? Conservadorismo entre os desfavorecidos
Educação & Sociedade, 2003
Este artigo analisa um fenômeno em plena expansão - o crescimento de sentimentos aparentemente conservadores entre grupos desprivilegiados. Um excelente exemplo desse tipo de fatos é o apoio estratégico a políticas neoliberais e neoconservadoras por parte de um grupo ativista afro-americano chamado de Black Alliance for Educational Options (BAEO - Aliança Negra para Opções Educativas). No cerne do meu estudo está uma preocupação com tudo o que está em jogo, para nós, caso formas direitistas de multiculturalismo consigam redefinir qual conhecimento e o conhecimento de quem tem mais valor e o que nossas políticas sociais e educacionais deveriam fazer. Afirmo que independentemente da posição de cada um quanto à sensatez das ações estratégicas da BAEO, este caso como um todo fornece um exemplo crucial da política de desarticulação e rearticulação e da maneira como movimentos sociais e alianças se formam e re-formam a partir das condições ideológicas e materiais da vida cotidiana, e das ...