Resenha da nova tradução do De rerum natura, de Lucrécio (original) (raw)

O renovado interesse pela leitura dos clássicos no Brasil, ainda que marcado pelo consumo de um público específico e não tão amplo quanto se desejaria, pode ser atestado, sem maiores contestações, pelo crescimento recente de tal nicho em nosso mercado editorial, e me refiro aqui especificamente aos textos produzidos por autores pertencentes ao período histórico que se convencionou chamar de Antiguidade clássica greco-latina. Um exemplo bastante ilustrativo disso são as novas traduções dos poemas homéricos, que vêm ganhando destaque nestas primeiras décadas do século XXI, no Brasil e em Portugal, fazendo da poesia do mítico rapsodo grego que, não obstante o prestígio, gozava até bem pouco tempo de uma parca difusão cultural, por meio de traduções, na língua portuguesa, um dos produtos mais acessíveis de nosso mercado livreiro. Tais traduções, o que é mais interessante, tem por principal mérito revelar, cada uma ao seu modo, facetas novas do velho aedo, que vão desde os aspectos propriamente poéticos e artísticos de sua criação até questões de ordem rigorosamente filológica que envolvem a composição dos seus poemas.