Violência Colonial em Frantz Fanon, James Baldwin e Spike Lee (original) (raw)
Related papers
Violência Civilizacional e Colonial no Olhar de Frantz Fanon e Sigmund Freud
Resumo: O presente estudo visa discutir a violência na sua relação com o nascimento da civilização e projeto colonial no pensamento de Freud e Fanon. Na obra freudiana, a violência foi abordada a partir das obras: Futuro de uma Ilusão, O Mal-Estar na Civilização, Por Que a Guerra? e Reflexões para os Tempos de Guerra e Morte. E no pensamento fanoniano a partir de Os Condenados da Terra, mais concretamente no capítulo dedicado à violência. A discussão da obra dos autores foi dividida em três momentos. Primeiramente foi discutido o modo como a construção da civilização europeia e a cultura ocidental têm sido marcadas pela violência aos grupos étnicos externos ao Ocidente. No segundo momento, discorre sobre a violência colonial, articulada com a raça, em que a obra de Fanon teve o seu foco principal. Discute-se ainda, por fim, a "contraviolência" e a violência como meio de se subjetivar diante da subjetividade rechaçada.
Frantz Fanon e a alienação do negro e do branco no sistema colonial
ABPN, 2017
Resumo: A partir da leitura de Pele negra, máscaras brancas proponho neste artigo refletir sobre as ideias de Frantz Fanon acerca do racismo colonial e da alienação e desalienação do negro e do branco. O objetivo é recuperar alguns de seus aportes mais importantes para a compreensão do racismo colonial a partir de sua teoria da alienação. Fanon apresenta a alienação como uma etapa prévia à escravidão e ao colonialismo necessária para a manutenção da exploração econômica e analisa as condutas identitárias de " vergonha de si " como resultado da dominação colonial. Fanon descreve com precisão o impacto do racismo e do colonialismo e seus efeitos destrutivos mostrando como os mecanismos de alienação determinam as relações entre negros e brancos e reproduzem as hierarquias que regem essas relações. Para Fanon, os comportamentos dos negros e colonizados são o resultado de uma relação colonial desigual e violenta. A desigualdade colonial coloca o dominado em uma situação nevrótica que se traduz por uma negrofobia ou arabefobia. Para sair dessa situação, Fanon argumenta que a solução não está em um discurso moral, não basta dizer que o colonialismo, o racismo e seus efeitos são ruins. É necessária uma operação muita mais profunda que tem, para Fanon, uma relação com sua militância. Retomar o pensamento de Fanon e reconhecer a relevância e atualidade de suas contribuições, mesmo depois de mais de 50 anos após sua morte, é fundamental para podermos realocar a luta contra toda forma de dominação na continuidade da luta contra o colonialismo em uma época em que a identidade racial e o racismo mais que provaram sua capacidade de persistir no tempo e no espaço.
Texto da apresentação do grupo "Fanon e a questão colonial", do projeto de pesquisa "Clínicas da Transformação" do Laboratório de Teoria Social Filosofia e Psicanálise da USP.
Corp(o)ralidade Fanoniana: Legado Colonial & Insurgências Anti-Racistas
Gramática das Corporeidades Afrodiaspóricas: Perspectivas Etnográficas, 2020
O artigo "Corp(o)ralidade Fanoniana" compõe o livro "Gramática das Corporeidades Afrodiaspóricas", organizado por Julio Tavares, com contracapa de André Lepecki e prefácio de Leda Maria Martins. O artigo aborda a gramática do corpo no pensamento decolonial do pensador martinicano Frantz Fanon. Escutando a oralidade corporalizada na obra biográfica-existencial de Fanon, articula-se aqui o seu marco teórico centrado na relação corpo-racialidade em quatro pontos: i) corpo-colônia; ii) corpo-objeto; iii) corpo- insurgente; e iv) corpo-decolonial.
O colonialismo que contamina toda nossa realidade, ou a incômoda atualidade de Frantz Fanon
Tudo pode ser explicado ao povo, desde que se queira realmente que ele compreenda (Fanon, Os condenados da Terra) 1 No dia 6 de dezembro completaram--se exatamente 50 anos do falecimento de Frantz Fanon. Também neste ano (2011) celebra--se o cinqüentenário da publicação de seu livro mais importante e famoso, "Os condenados da Terra", que lhe rendeu uma celebridade mundial póstuma impressionante, durante todo o restante da década de 60 e boa parte dos anos 70 do século passado.
Perspectivas cruzadas: colonialismo, trauma e linguagem em Frantz Fanon e Grada Kilomba
Revista Vernáculo
O presente artigo busca levantar algumas temáticas comunitárias entre o intelectual martinicano Frantz Fanon e a intelectual portuguesa Grada Kilomba.A princípio, vamos expor, brevemente, a trajetória de ambos, autor e autora. Em seguida, analisar a dimensão do colonialismo e do trauma em suas produções. Ademais, a questão da linguagem, no aspecto da sujeição e reorientação. Com isso, suas contribuições para pensar e repensar esses elementos em seus respectivos contextos, mas também, angariando recursos para a compreensão das problemáticas raciais no tempo presente e seus desdobramentos em outras conceitualizações. Por fim, esperamos contribuir para um exercício de descolonização do conhecimento, colocando os seus limites disciplinares em campo.
Notas sobre colonialidade e violência nas obras de Pierre Clastres e Walter Mignolo
2020
A ideia do presente texto é discutir como Pierre Clastres e Walter Mignolo caracterizam a violência física e simbólica da colonialidade moderna a partir das noções de etnocídio e epistemicídio. Entendidos como dispositivos de controle do corpo e dos saberes nos processos de colonização, especialmente no caso da América Latina, veremos como os dois conceitos contribuem para a compreensão da experiência que, ao longo dos séculos de "processo civilizador", serviu como alicerce fundamental à propagação de uma violência que, naturalmente, é física, mas também simbólica, capaz de garantir o controle de expressões culturais diversas e a dominação e submissão das cosmovisões ameríndias e afro-diaspóricas à epistemologia canônica ocidental.
Frantz Fanon: capitalismo, racismo e a sociogênese do colonialismo, 2018
Resumo: A análise de Frantz Fanon sobre o colonialismo abrange tanto o impacto do mundo social sobre a emergência dos sentidos e identidades humanas quanto às situações individuais e coletivas de ressignificação histórica do mundo. Entretanto, esta abordagem foi recebida de maneira não consensual pela literatura especializada pendendo para apreensões que ora enfatizam os seus aspectos macro-políticos e/ou econômicos ora os aspectos subjetivos/psíquicos e/ou culturais de sua reflexão. Em contraste crítico a esta polarização, este artigo retoma o conceito fanoniano de "sociogenia" e o identifica como base estruturante de sua proposta teórica. Não obstante, argu-menta que este enquadramento aponta para a determinação reflexiva entre capitalismo, colonialismo e racismo e, sobretudo, para a possibi-lidade histórica de uma práxis anticolonial emancipadora que abranja tanto os aspectos objetivos quanto os subjetivos da existência humana. Para embasar tal posição, vale-se de trechos diversos produzidos pelo autor ao longo de sua trajetória teórica.
Frantz Fanon e Criminologia Crítica: pensar o Estado, o direito e a punição desde a colonialidade
REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS CRIMINAIS, 2017
O trabalho pretende apresentar uma perspectiva crítica em relação aos discursos dos juristas sobre o Estado, o direito e a punição, levando-se em consideração o colonialismo como evento constitutivo da modernidade. Para tanto, a obra de Frantz Fanon será apresentada como uma possibilidade de compreensão ampla e profunda do mundo colonial, bem como das suas consequências no presente, sobretudo no que se refere ao racismo e à produção da raça pelo sistema penal. Em um segundo momento, será descrita a narrativa hegemônica sobre o surgimento do direito moderno como mecanismo para se evitar a guerra. Finalmente, com o aporte fanoniano, serão perquiridos os silêncios e ocultamentos nesta narrativa e como eles estão atrelados à reprodução da colonialidade na teoria e na prática do direito penal e da criminologia.