Decision to Use the Atomic Bomb Research Papers (original) (raw)

Desde a década de 1970 o debate sobre o revisionismo assola os historiadores, principalmente sobre temas que envolvem a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente sobre o Holocausto. Um tema, não menos importante, tem gerado diversas... more

Desde a década de 1970 o debate sobre o revisionismo assola os historiadores, principalmente sobre temas que envolvem a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente sobre o Holocausto. Um tema, não menos importante, tem gerado diversas complicações teóricas e historiográficas, sobre outra questão que envolve a Segunda Guerra Mundial: as bombas atômicas jogadas em Hiroshima e Nagasaki em 1945. Diversos intelectuais se dedicaram a estudar tal fenômeno, muitos destes tiveram sua atenção voltada para discutir os motivos pelos quais as bombas foram lançadas, incipientes estudos se preocuparam de como as vítimas, a radiação e reconstrução do Japão (aliada a invasão estadunidense no país de 1945-1952) impactaram o imaginário social do século XX e XXI. Nesta perspectiva, este trabalho busca discutir e problematizar as formas como o pensamento histórico se organiza para legitimar um discurso que carrega um viés político muito forte. Pretendendo compreender como o uso de artifícios da “ciência histórica” são possíveis de serem usados para pretextos variados, como denunciar autores ditos “revisionistas”, porém, muitas vezes aderido um discurso completamente antiético e ofensivo aos Direitos Humanos. Para isso, trataremos do debate (e suas repercussões) travado, desde a década de 1970, entre o historiador estadunidense Robert Maddox e o economista político Gar Alperovitz. Maddox aponta severas críticas ao que chamou de “revisionismo de esquerda” sobre as bombas atômicas. Direcionado a desconstruir a obra de Alperovitz, acusa-o de falsário por ignorar fontes que seriam contraditórios a sua tese: de que a bomba foi lançada para intimidar a URSS. Maddox é veemente em afirmar que a bomba cumpre a função de obrigar um Japão, que ainda colocava muitas pessoas em risco, a se render. O autor recorre a dados estimativos de baixas que o exército estadunidense teria no caso de uma invasão ao Japão. Na tentativa de estreitar este debate, temos como objetivo entender como os autores se utilizam das fontes e do discurso historiográfico para legitimar a sua versão da história, que necessariamente envolve questões políticas e identitárias envolvendo a construção de um inimigo e a justificação para o uso de armas de destruição em massa. Com o intuito de compreender as formas como o discurso histórico acadêmico cria, através de uma crítica “cientificista” da história, elementos capazes de denunciarem uma obra acusando-a de revisionismo (num sentido pejorativo), porém nem sempre comprometidos com a “verdade” e/ou a ética, mas enfatizando apenas a denúncia. Utilizando como referenciais teóricos autores como: Armitage (2014), Certeau (2010), Cezar (2012), Dower (2000), Ferro (1986), Friedlander (2007), Rousso (1994), Vidal-Naquet (1993) entre outros.