Desastres Socioambientais Research Papers - Academia.edu (original) (raw)
No dia 5 de novembro de 2015, a barragem do Fundão (localizada no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana-MG), destinada ao armazenamento de rejeitos de mineração da empresa Samarco (constituída pelas acionistas Vale e a... more
No dia 5 de novembro de 2015, a barragem do Fundão (localizada no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana-MG), destinada ao armazenamento de rejeitos de mineração da empresa Samarco (constituída pelas acionistas Vale e a anglo-australiana BHP Billiton) se rompeu, lançando uma avalanche de cerca de 62 milhões de metros cúbicos de "lama"-formada por partículas de solo e minérios de ferro, combinados com arsênio, chumbo, mercúrio, manganês, cádmio, cobre e zinco-sobre o vale do Rio Doce e sua população. Foi a maior tragédia provocada por barragens de rejeitos de atividades mineradoras no mundo. Desde então, o conflito que se desenha coloca, de um lado, duas empresas dentre as maiores mineradoras do mundo, que contam com o apoio e incentivos dos Estados Nacionais nos territórios onde se instalam; e de outro, milhares de pessoas e centenas de comunidades que teciam suas vidas na convivência com o Rio Doce. Comunidades urbanas e rurais; cidades e vilarejos; agricultores, ribeirinhos, pescadores, indígenas e quilombolas que viviam do rio e com o rio. Rio que lhes representava não só a principal fonte de água, como também de alimento, de renda, de lazer, de vida. Para esses, a natureza é mãe, principal progenitora, capaz de suprir todas as formas de vida, Pacha Mamma. Para as empresas mineradoras, a natureza apropriada e transformada em mercadoria significa a possibilidade de acumulação desigual de riquezas; essência mesma do capital. Neste sentido, ambos os usos do espaço e da natureza revelam matrizes de racionalidade divergentes que se concretizam em suas formas de territorialidade.