Economia Política Research Papers - Academia.edu (original) (raw)
Conceitos-chave: o papel da economia de mercado inglesa na expansão de manufaturas e na urbanização; a consolidação de um mercado interno integrado, voltado ao consumo de manufaturas nacionais; o domínio ultramarino de posições... more
Conceitos-chave: o papel da economia de mercado inglesa na expansão de manufaturas e na urbanização; a consolidação de um mercado interno integrado, voltado ao consumo de manufaturas nacionais; o domínio ultramarino de posições estratégicas e a formação de novos mercados consumidores; o comércio internacional como centelha da revolução industrial. O comércio nacional inglês, por sua intensa "internacionalização" (presença de produtos importados de domínios coloniais na Ásia, África e América), integrou profundamente todas as áreas da sociedade, inclusive o campo, numa economia de mercado monetizada. Sem autossuficiência regional, uma vez que a maioria dos bens comercializados era produto de importações-o chá, o tabaco, o açúcar-, as aldeias estavam imersas no sistema de compra e venda a dinheiro , mesmo as regiões rurais. Além disso, as terras cultiváveis estavam concentradas nas mãos de poucos proprietários, que as arrendavam para o campesinado comum e estabeleciam sistemas de parceria , desencadeando um "sistema monetário muito complexo de receitas e vendas". Os trabalhadores rurais transformavam-se gradualmente em artesãos manufatureiros, isto é, especializados em produtos não agriculturais, de modo que as vilas industrializavam-se pouco a pouco. Quanto maior a especialização produtiva nas aldeias, mais interligados tornavam-se os comércios regionais, já que uma área necessitava prover para a outra a fim de garantir a variedade de recursos. A integração regional favorecia a economia nacional. Durante a consolidação de um mercado interno que atendesse às demandas do sistema produtivo, nota-se o protecionismo econômico inglês em defesa dos industriais, proprietários de terras e de manufaturas e produtores agrícolas responsáveis pelas atividades de exportação do comércio britânico. O fortalecimento de mercados nacionais exigiu a proibição, por exemplo, da importação de tecidos estrangeiros, para que houvesse exclusividade na demanda de manufatura nacional. De acordo com Hobsbawm, a revolução industrial inglesa foi marcada por um crescimento econômico autossustentável , tornado possível pela revolução tecnológica dos meios de produção e pela transformação econômica e social. Havia uma divisão na produção mundial quando da ascensão industrial europeia, que intensificava a dicotomia entre uma parte "dependente" e uma parte "desenvolvida" do mundo, e a Inglaterra ligava-se a ambas. A parte dependente consistia em territórios coloniais, como eram as colônias inglesas na Ásia e na América, enquanto a parte desenvolvida era composta por Estados da Europa Central, com que a Inglaterra estabelecia relações comerciais e acordos de troca. Havia um sistema de intensos "fluxos econômicos" de comércio, pagamentos internacionais, transferências de capital etc., que se determinava assim: uma parte do mundo produzia commodities agriculturais/matérias-primas para a exportação e outra parte era urbanizada, comercial e intrinsecamente burguesa. Por conta do fluxo constante a partir das regiões "dependentes" para os polos desenvolvidos, a Europa estava em crescimento acelerado a despeito de suas crises.