Exposições De Arte Research Papers (original) (raw)
A proposta deste trabalho é analisar a museografia de duas exposições realizadas em Porto Alegre: “Zorávia Bettiol: a mais simples complexidade”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, MARGS, de 18 de abril a 20 de maio de... more
A proposta deste trabalho é analisar a museografia de duas exposições realizadas em Porto Alegre: “Zorávia Bettiol: a mais simples complexidade”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, MARGS, de 18 de abril a 20 de maio de 2007; e “O Grão da Imagem: uma viagem pela poética de Vera Chaves Barcellos”, no Santander Cultural, de 06 de maio a 29 de julho de 2007. Ambas com características retrospectivas da trajetória das artistas.
A escolha desses dois estudos de caso objetiva uma amostragem de como a museografia em exposições de arte vem sendo realizada na cidade. Inicialmente desenvolveremos conceitos de museologia, linguagem, espaço museográfico e público freqüentador. Posteriormente será apresentado um panorama das instituições, e analisadas as exposições à luz de um visitante hipotético, em cujo percurso se buscará discutir questões museográficas específicas.
Para falar de museografia no cenário atual é primordial partirmos para uma definição de termos, e, principalmente, do que é considerado como tal. Muitas denominações têm soado como similares neste campo de estudo, com termos e classificações que carecem de uma melhor definição. Para os menos atentos, museografia, montagem de exposições, expografia, cenografia, e até mesmo museologia são considerados sinônimos, remetem ao mesmo tipo de atuação. Por exemplo, em uma exposição de arte, ou não, estas atividades se tocam, e em alguns aspectos se justapõem, o que é diferente de museologia, um conceito mais abrangente. Diferenças estas que serão analisadas mais profundamente ao longo do trabalho.
Esta confusão conceitual pode ser devida à função complexa e mutável da museografia, um termo que é registrado por poucos dicionários 1. Em linhas gerais, podemos entendê-la como um campo de estudo que abrange uma série de conhecimentos que vão muito além da atividade eminentemente prática de montagem de exposição, englobando desde a conservação das obras, passando pela exibição das coleções, e até mesmo, em um sentido mais amplo, como intermediadora entre curadoria, instituição, artista e público. Para estas atividades uma série de conhecimentos é necessária, dentre eles o estudo sobre o objeto que será exposto e seu contexto, o conhecimento do espaço expositivo, o domínio técnico de recursos para as exposições, o contato com o público, entre outros. A exposição neste contexto é a materialização de uma série de condicionantes museográficos, é a aplicação destes conhecimentos a serviço dos objetos expostos.
De um modo genérico, a partir dos anos 1990 o campo artístico vem passando por uma série de transformações - cuja análise detalhada escapa aos objetivos e limites deste estudo - que contribuíram para uma maior diversificação e profissionalização no âmbito das exposições, envolvendo atuação de curadores, produtores culturais, museógrafos, designers gráficos, mediadores, entre outros profissionais. Em Porto Alegre, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, entre 1996 e 1998, foi alvo de uma grande reforma que o capacitou para receber exposições de nível internacional, o Santander Cultural foi inaugurado em 2001 mantendo essa mesma característica, e a Bienal do Mercosul segue neste ano para sua sexta edição cada vez mais consolidada.
Para o estudo museográfico proposto foram escolhidas exposições ocorridas nessas duas instituições citadas, o MARGS e o Santader Cultural, que, além das já mencionadas condições técnicas, são duas das instituições consideradas mais atuantes no período, contando também com investimento regular em exposições com curadoria e museografia. Outra importante característica que deve ser ressaltada nestas instituições é referente à administração, a primeira delas gerida pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a segunda por uma instituição financeira privada, um dado que será observado atentamente quando das avaliações.