Goiânia Research Papers - Academia.edu (original) (raw)

O Bastardo da Rua 45 é um romance ficcional do autor goiano Caio Fernando Cuellar, escrito entre setembro de 2010 e fevereiro de 2011; e lançado originalmente em novembro de 2012 pela Editora Kelps. O livro narrado em terceira pessoa... more

O Bastardo da Rua 45 é um romance ficcional do autor goiano Caio Fernando Cuellar, escrito entre setembro de 2010 e fevereiro de 2011; e lançado originalmente em novembro de 2012 pela Editora Kelps. O livro narrado em terceira pessoa conta a história de um garoto cujos pais o renegaram e o entregaram a sua avó materna, para que dele cuidasse. Por terem apenas catorze anos, os jovens pais não poderiam arcar com as consequências dessa gravidez indesejada. Ao decorrer da narrativa, o garoto sofre abusos sexuais, sem que ninguém da família descobrisse. Com esse trauma intenso em sua vida, Atellar cresce e o livro o acompanha, mostrando os desdobramentos dessa desgraça à qual, aos poucos, fora submetido. Os dezoito capítulos do livro remetem alternadamente a tempos diferentes da vida das personagens, de modo que o leitor tem a impressão de que está montando um quebra-cabeças. Isso possibilita a construção de jogos inferenciais, em que é possível prever o desfecho de algumas unidades narrativas, aguçando-se o desejo de ler sempre mais uma página para confirmar ou não as previsões feitas. Conteúdo e expressão encontram-se, portanto, no texto e, juntos, revelam pormenores da personalidade atribulada de Atellar, personagem principal do romance. O livro é uma tatuagem nacional, com presença de referências a cantores como Elis Regina, Chico Buarque, Cazuza e Renato Russo. Narrado em Curitiba e Goiânia, na primeira fase do romance, posteriormente em Genebra, na Suíça, o livro faz um intertexto com Brasil e Europa, criando uma identidade nacional ao mostrar seus personagens que, mesmo fora de seu país de origem, não perdem sua raiz como língua, costumes e pensamentos. Morando com sua avó Dolores, Atellar sofre abusos sexuais. Com a morte da vó, ele vai morar com Pádulla, grande amigo da senhora. Pádulla era rico, viúvo e sem filhos. Por essa razão, comprometeu-se a cuidar do menino como se fosse seu próprio filho, deixando, posteriormente, todos seus bens a ele. Ao decorrer do texto, Atellar se forma em Medicina, pela UFPR, e vai fazer suas especializações em Genebra, conhecendo o Duda e Amélie, irmãos, filhos de Joana, prima de Pádulla (um amor de infância). A história se segue e, no capítulo 17, Atellar volta ao Brasil, após um acontecimento fatal. O fim do capítulo 17 é o início do capítulo 1, dando a ideia de continuidade à narrativa. Assim, movimento temporal, conhecimento de mundo, intertexto, metaforização aliam-se a abandono, abuso sexual, morte, acolhimento, amor, sexo, reflexão sobre a vida, amizade, mistério, drama, humor e, juntos, compõem o mobiliário do romance. Nasce, assim, um herói nacional: Atellar, que não é nem vilão e nem mocinho. É apenas mais uma vítima da vida, do mundo. Rejeitado pelos pais, adotado por seu molestador. Atellar mostra ao mundo que, mesmo com o coração destroçado, mesmo com os erros tatuados na cara, é possível começar de novo e mudar a tristeza, deixando o sol nascer dentro de si