Grutas Research Papers - Academia.edu (original) (raw)

A gruta natural do Correio-Mor, cerca de 1 Km WSW de Loures foi identificada em 1974, no decurso de lavra de pedreira que explorava os calcários duros do Cretácico - Cenomaniano superior (ZBYSZEWSKI, 1964). Nos escombros desta primeira,... more

A gruta natural do Correio-Mor, cerca de 1 Km WSW de Loures foi identificada em 1974, no decurso de lavra de pedreira que explorava os calcários duros do Cretácico - Cenomaniano superior (ZBYSZEWSKI, 1964). Nos escombros desta primeira, embora fortuita, destruição, recolheu o Arq. F. Berger uma placa de xisto gravada, cerâmicas e uma lâmina de sílex. As explosões haviam provocado o desmonte da parede oriental da gruta, seccionada longitudinalmente, mas conservando o enchimento arqueológico junto da parede ocidental. Contactado o Dr. José Norton, pelo referido arquitecto, foi decidido explorar o que restava do depósito arqueológico, sob a direcção de O. da Veiga Ferreira; no decurso de tais trabalhos de emergência, efectuados por O. da Veiga Ferreira, M. Leitão, J. Norton e C. T. North, regularizou-se o corte posto a descoberto pelas explosões e prolongou-se o mesmo até ao chão primitivo da cavidade; porém, novas explosões, efectuadas após o início de tais trabalhos, e sem o conhecimento dos referidos arqueólogos, vieram prejudicar o curso dos mesmos, deste modo limitados a um retalho do depósito que se conservou no sector mais próximo da presumível entrada, voltada para Sul, correspondente a cerca de dez por cento do seu volume inicial. O corte realizado permitiu identificar uma sequência cultural de larga diacronia, representada na base por artefactos líticos mustierenses e na parte superior por fragmentos cerâmicos da Idade do Ferro e posteriores (FERREIRA & LEITÃO, s/d, p. 138). Contudo, a larga maioria dos materiais proveio de recolhas superficiais, nos taludes das terras desmontadas pelas explosões. Desta forma, foram determinantes as suas características tipológicas na respectiva classificação crono-cultural. Neste caso estão os nove exemplares das Fig. 4 e 5, para os quais não se conhece proveniência exacta. Os restantes cinco foram recolhidos em sector restrito, in situ, (L/0,4 - 0,8) e na camada correspondente à Idade do Bronze (cf FERREIRA & LEITÃO, s/d, p. 138).
Trata-se de exemplares exibindo a bem conhecida decoração designada por "ornatos brunidos", que os situa, inquestionavelmente, no Bronze Final, constituindo conjunto homogéneo, de evidente interesse para o conhecimento da presença humana no decurso da referida etapa cultural, na região de Lisboa.