Imagens da loucura Research Papers (original) (raw)

Capítulo do livro "Representações e visibilidades na história cultural : imagens, imaginários, memórias", organizado por Miriam de Souza Rossini, Cláudio de Sá Machado Júnior, Nádia Maria Weber Santos; publicado pela EDIPUCRS,... more

Capítulo do livro "Representações e visibilidades na história cultural : imagens, imaginários, memórias", organizado por Miriam de Souza Rossini, Cláudio de Sá Machado Júnior, Nádia Maria Weber Santos; publicado pela EDIPUCRS, 2015.
Este artigo discute memória na sua relação com alguns aspectos do estatuto das imagens, para a História Cultural, a partir de imagens fotográficas tomadas em manicômios, na década de 1950, em Porto Alegre/Brasil e Túnis/Tunísia, retiradas de duas fontes específicas: Jornal Diário de Notícias de Porto Alegre, de 22 de março de 1951 e do livro L´asile aux Fous, fotografias de Roger Camar da década de 1950, organizado por Philippe Artières e Jean-François Laé . Discutir-se-á “imagens da loucura” (“imagens apesar de tudo”) em manicômios, dando relevo a aspectos da memória (cultural e social) e do imaginário que as mesmas engendram, construídos em torno deste fenômeno social, a loucura, que atravessa as épocas e os lugares.
O aporte teórico trazido para a reflexão sobre imagem, fotografia, representação, imaginário e memória, é discutido, principalmente, a partir de alguns textos: o livro Imagens apesar de tudo (2012), do historiador da arte e filósofo Didi-Huberman (e com ele, Walter Benjamin e Aby Warburg); imaginário e Memória Cultural, na obra Espaços da recordação – formas e transformações da Memória Cultural (2011), de Aleida Assmann; o texto Imagem, memória e sensibilidades: territórios do historiador (2008) e o livro História & História Cultural (2003), ambos da historiadora gaúcha Sandra Jatahy Pesavento.
Parte-se de algumas reflexões preliminares sobre as imagens, discutidas no decorrer do artigo: imagens são simbólicas “apesar de tudo” e se transformam na relação com o olhar no tempo; imagens [fotográficas] são “instantes de verdade”, testemunhos do passado, que se perpetuam ali, no gesto/processo de fotografar; imagens são rastros e traços deixados no tempo, constituindo-se em órgãos de memória social e cultural; imagens são de uma complexidade problemática e contraditória.