Leitura em Língua Estrangeira Research Papers (original) (raw)
Situado no âmbito da Linguística Aplicada, este estudo apresenta nossa investigação acerca das opiniões de alunos do Ensino Fundamental II sobre o seu progresso na aprendizagem da Língua Inglesa na escola pública. Fazemos um resumo... more
Situado no âmbito da Linguística Aplicada, este estudo apresenta nossa investigação acerca das opiniões de alunos do Ensino Fundamental II sobre o seu progresso na aprendizagem da Língua Inglesa na escola pública. Fazemos um resumo sócio-histórico do ensino dessa língua no Brasil, seguido pelo debate sócio-cognitivo estabelecido na pesquisa sobre a aprendizagem de Língua Estrangeira. Em seguida, discutimos o papel da metacognição e das estratégias de aprendizagem na formação de aprendizes autônomos e a proposta pedagógica dos multiletramentos para um ensino situado de línguas na escola. Utilizando instrumentos de pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo característicos da Metodologia “Q”, realizamos nove grupos focais com alunos entre o 6º e o 9º anos de uma escola da prefeitura de Valinhos, SP. Das falas desses alunos e da leitura de artigos da área obtivemos opiniões, na forma de 120 assertivas, das quais selecionamos 49, formando a Amostra “Q”. Em seguida, 26 alunos participaram da Distribuição “Q” mediada pelo software FLASHQ Offline v.1.0, em que comunicaram seu maior ou menor grau de concordância com as ideias das assertivas. Utilizando o software de domínio público PQ Method v.2.3.1, fizemos uma análise estatística e fatorial que gerou quatro perfis diferentes de alunos. O perfil um, denominado Os Falantes é composto por sete participantes que associam sua percepção de progresso na aprendizagem com sua capacidade de falar o inglês com precisão linguística. Para esses alunos, a aula de inglês da escola é considerada “fraca”. O segundo perfil, chamado Os Escritores é formado por seis participantes cuja percepção de progresso na aprendizagem de inglês está associada a sua capacidade de produção escrita da língua e acham que, ainda que seja “fraco”, o ensino de inglês não deve ser retirado dos currículos da escola pública. O perfil três, com cinco participantes, foi nomeado Os Leitores, uma vez que seus integrantes percebem na capacidade de ler em inglês um fator para a identificação do progresso de sua aprendizagem. Eles dissociam a ideia de progressão da concepção de tornar-se um falante sob os moldes de um nativo idealizado. Finalmente, Os Ouvintes, com cinco participantes, representam sua percepção de progresso através da capacidade de compreender oralmente o inglês. Para eles, progredir na aprendizagem dessa língua os tornará aptos a trabalhar com pessoas que a falem, assim como compreender o que ouvem hoje, por exemplo, na televisão.Há, entre os perfis, consenso quanto à importância do conhecimento gramatical para a produção escrita da língua; e quanto à irrelevância do uso do CD (encarte do livro didático) para memorização de vocabulário. Todos discordam ainda que um visitante de outro país tivesse que aprender português, percebendo como “dever” do brasileiro capacitar-se para o uso do inglês. Os dados apontam para a caracterização de um aluno tradicional (especialmente nos três primeiros perfis), fruto de um ensino que privilegia uma visão sistêmica e descontextualizada da língua, bem distante da proposta de ensino de língua estrangeira oferecida nos documentos vigentes.