Lenguaje Corporal Research Papers - Academia.edu (original) (raw)

Filosofia cinza é filosofia do corpo insurgido no mundo, filosofia da escrita, da melancolia. Uma filosofia do abandono, reflexão do corpo presente, do corpo partido, sepultado e oculto. Filosofia que exala o choro da desesperança,... more

Filosofia cinza é filosofia do corpo insurgido no mundo, filosofia da escrita, da melancolia.
Uma filosofia do abandono, reflexão do corpo presente, do corpo partido, sepultado e oculto. Filosofia que exala o choro da desesperança, expondo a longa trajetória da negação do corpo na filosofia e na História.
Foi justamente no absurdo dessa ausência, desse abandono do corpo que tem-se pautado a reflexão de nossas vidas e de nossa civilização. A culpabilidade, a punição sobre o corpo, as cruxificações religiosas. Uma obliteração da nossa percepção da vulnerabilidade de nossas limitações enquanto corpo, que se revoltando contra a natureza, mascarou a merreca da vida, e das limitadas condições para sua manifestação.
Filosofia que exalta o corpo e todas as coisas que caracterizam o humano o carnat, a carne, o sangue. O humano encarnado.
O corpo é a única ponte sobre o abismo da existência. Cinza é a cor da terra humana, da distancia entre pai e filho, ente o filho e a mãe, cinza é a cor do abandono. Mas cinza também é a cor da religação. Mais que uma filosofia, Cinza é uma categoria de tempo-espaço pouco observada. Uma espacialidade constituída de pequenos pontos que, a cada ponto que se fragmenta, gera novos espaços intermediários, tão ou mais extensos que os anteriores, onde se situam os conceitos antigos e novos, entre o branco e o preto, entre o incluído e o excluído, entre o dentro e fora. Cinza é o espaço intermediário, o grande espaço da existência.
A lógica da fragmentação da matéria diz que exatamente a cada fragmentação gera-se um novo espaço que é sempre espaço da criação, da reconjugação, dos desdobramentos da matéria. Cinza
Como filosofia o cinza é ponte, é cola, conecta pensamentos e figuras através do artificio da incisão, da perfuração. Sua função é eviscerar as superfícies, ainda que as expensas das incisões expostas, das cicatrizes.
Aponta aos buracos, os cortes como lugar da criação, por onde tudo entra, tudo sai. Mas esse buraco não é o nada. O buraco é a vida, o recipiente da existência. "O lugar do corpo é o lugar do espírito: a película fina de sua superfície é o fundo grosso de seu abismo"
Filosofia Cinza derrete muito da filosofia clássica, reenvia a garnde “Razão” sem perdão ao corpo, lugar de onde nunca deveria ter saído. Filosofia cinza é uma filosofia da exclusão, da representação dos excluídos, do corpo carne como única representação do espoliado, difere-se do corpo escrita, do corpo figura, fotografia. Representação não desfiável, ou dobrável, mas instantânea.
O corpo é sempre político, seu valor como inumerável é sempre o esquecido.
Marcia Tiburi mostra o corpo na sua verdade de fantasma, ser da solidão, enterrado na filosofia, e ao precipitar-se como pó sobre o pensamento leva o leitor a reflexão de seu próprio corpo como escrita, como representação