Monastic Architecture Research Papers - Academia.edu (original) (raw)
O Convento de Cristo situa-se na contiguidade ocidental do castelo de Tomar, fundado pelos cavaleiros da Ordem do Templo, em 1160. Após a extinção daquela Ordem, em 1312, o rei D. Dinis criou a nova Ordem dos Cavaleiros de... more
O Convento de Cristo situa-se na contiguidade ocidental do castelo de Tomar, fundado pelos cavaleiros da Ordem do Templo, em 1160.
Após a extinção daquela Ordem, em 1312, o rei D. Dinis criou a nova Ordem dos Cavaleiros de Cristo, de âmbito nacional, e integrou-a na Ordem Cisterciense. Mais tarde, em 1357, os monges-cavaleiros fixaram a sua sede no castelo de Tomar. As instalações foram adaptadas e ampliadas para o efeito, merecendo destaque as obras devidas ao infante D. Henrique, a partir de 1417, e ao rei D. Manuel, depois de 1510.
O grandioso complexo monástico actual, com oito claustros de várias épocas e estilos, está fortemente marcado pelas obras realizadas por D. João III, nos meados do século XVI, a que se seguiram outras ampliações até ao século XVIII.
Os mestres-de-obras mais conhecidos são Diogo de Arruda, João de Castilho e Diogo de Torralva.
Com o banimento da Ordem de Cristo, em 1789, e a exclaustração das ordens religiosas no País, em 1834, o edifício ficou parcialmente afecto a hospital militar e a outros serviços públicos.
O monumento, pela sua arquitectura dominante e singular, de grande significado cultural e estético, foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO, em 1983.
Do ponto de vista hidráulico, há a referir que até aos finais do século XVI, o abastecimento de água ao complexo arquitectónico era feito a partir de uma nascente existente na alcáçova e das cisternas dos claustros. Com o crescimento da comunidade religiosa, e dada a insuficiência de água, iniciou-se a construção de um aqueduto. A captação principal localiza-se a cerca de 5,00 km para noroeste, no sítio designado por Nascente do Cano. Os trabalhos decorreram entre 1593 e cerca de 1620, sob a orientação dos mestres-de-obras Filipe Terzio, até 1597, e Pedro Fernando de Torres, que concluiu o empreendimento.
A rede adutora é subterrânea ou elevada nalguns trechos, para vencer os vales. Dos trechos levantados, compostos por cerca de 100 arcos, merece relevância o do vale dos Pegões, pela sua altura e imponente arcaria dupla.
O aqueduto alcança o edifício conventual no alçado sul, onde descarrega para um depósito junto ao lavabo do dormitório. Daqui, a água potável é distribuída para o chafariz do claustro principal e outras dependências necessitadas.
Uma rede de águas usadas e pluviais passa sob o bloco das latrinas e descarrega os efluentes no exterior.
Há a referir, ainda, o sistema de irrigação das hortas da cerca, alimentado a partir do próprio aqueduto e de outras fontes. Estas estruturas remontam aos séculos XVI e XVII.
Completam o nosso estudo alguns dados técnicos sobre esta complexa rede hídrica, que reclama uma investigação pluridisciplinar mais aprofundada.