Narrative Space Research Papers - Academia.edu (original) (raw)

A dimensão espacial da narrativa. O espaço na mímese e na diegese. O conceito de universo diegético. O espaço como cenário e como personagem das narrativas. O espaço narrativo em diferentes mídias. A construção transmidiática do espaço... more

A dimensão espacial da narrativa. O espaço na mímese e na diegese. O conceito de universo diegético. O espaço como cenário e como personagem das narrativas. O espaço narrativo em diferentes mídias. A construção transmidiática do espaço narrativo. Narrativas e espaço imersivo. Espaço narrativo e cultura participativa.

Na tradição dos estudos estabelecida sobre formatos de ficção seriada televisiva, os aspectos mais negligenciados dessa exploração são aqueles designados pelos dois termos desse sintagma, a saber “ficção” e “série”: como sintoma de algo que não é exclusivo aos fenômenos desse segmento específico, mas igualmente o da atenção reduzida da pesquisa em comunicação à reflexão sobre formas narrativas, em geral, aquilo que se designa “ficção seriada” é explorado aspectos externos à sua natureza “ficcional” (de configuração discursiva de um “mundo possível”, construído através de padrões narrativos) e de “ordenação seriada” (de escansão continuada desses universos textuais, através de construções seqüenciais de acontecimentos).

Ao invés disto, a pesquisa nesse campo dedica-se muito mais à caracterização dos temas gerais da representação discursiva de universos narrativos (associados a questões de contextualização histórica, caracterização de eventos, espaços sociais de interação, problemas de identidade, dentre outros), à caracterização das distintas cadeias produtivas que definem a organização do trabalho e a atribuição de capitais de prestígio associados a autoria (para distingui-la, por exemplo, daquilo que ocorre em outros universos audiovisuais, como o do cinema, por exemplo), ou ainda aos diferentes modos de organização das comunidades de gosto e de recepção que são auxiliares nos processos de legitimação e de fidelização das obras seriadas.

No percurso que propomos para a exploração desse universo ficcional seriado, arbitramos a categoria do “estilo” como nosso ponto de entrada no fenômeno, por razões variadas: em primeiro lugar, ele nos permite – por sua relativa polissemia – problematizar de modo produtivo as diferentes estratégias através das quais o problema da “autoria” pode ser atribuído, especialmente no caso de formatos audiovisuais mediáticos (especialmente aqueles nos quais a complexidade das cadeias produtivas de base e as tensões aí estabelecidas tornam difícil restituir o problema da “intenção da obra” a uma instancia pontual de sua gestão).

Em face dessa variável da categoria do “estilo”, é necessário conceber uma espécie de deslocamento do centro ao qual se pode reclamar o problema da intencionalidade da obra (ou de sua “poética”) do âmbito do “autor” (como figura subjetiva) para o da “obra” (como dispositivo textual): do ponto de vista dos procedimentos de análise, esta mesma categoria do “estilo” nos permite salientar a complexidade das operações mais regulares da produção intencional do sentido (mais uma vez, quando referidas à “obra” e não a uma “intentio auctoris”), a partir do exame das singularidades audiovisuais dessas operações de sentido, um aspecto que tanto a história da arte quanto certos ramos das teorias do cinema não nos eximem de explorar.

Objetivos: Exploraremos a variedade de questões que circundam os processos de construção de mundos narrativos em formatos seriados de ficção televisiva, como um aspecto componente dos processos de sedimentação de marcas estilísticas nesse universo de produtos culturais. Examinaremos a noção de “mundos possíveis”, na relação que faz com preceitos da construção narrativa: estabeleceremos assim a relativa autonomia dos universos ficcionais, com respeito a possíveis mundos de referência que antecedem o discurso narrativo (mundos empíricos, históricos, sociais, profissionais, etc.).

Na base dessa hipotética autonomia dos mundos possíveis, aplicaremos nosso olhar sobre as operações que ocorrem nos universos ficcionais e em seus componentes: considerando os universos nos quais as obras seriadas são encenadas (locais de trabalho, espaços domésticos, paisagens naturais ou urbanas), com seus mobiliários próprios (objetos, instrumentos, personagens) e as questões narrativas oriundas dos modelos de ação privilegiados por cada um desses mundos ficcionais (relativas às regras de cada um de seus gêneros, ou de valores associados às mesmas), avaliaremos o estatuto propriamente narrativo das operações de construção de mundos possíveis em obras seriadas de ficção televisiva