Princeps Research Papers - Academia.edu (original) (raw)

Uma análise sobre a documentação pliniana e, mais especificamente, do Panegírico de Trajano de Plínio, o Jovem, para quem está familiarizado com o tema, pode parecer o mais do mesmo. As Cartas, de Plínio, o Jovem e o Panegírico de Trajano, peça atribuída ao senador romano em agradecimento à sua indicação como cônsul sufecto (para os meses de setembro e outubro), lida ao Senado Romano no ano 100 E.C., têm sido, reiteradamente, objeto de estudos retóricos, linguísticos, religiosos, políticos e históricos. No entanto, a atual proposta pretende analisar o texto laudatório na sua contraposição discursiva. Muito se estudou sobre a proposta de Plínio, o Jovem em relação à homenagem prestada ao Imperador Trajano. Na presente abordagem, pretende-se analisar o anti-herói, o contraponto de Trajano e a construção das resistências políticas presentes no Panegírico. Para tanto, é necessário identificar a natureza do texto para sua posterior abordagem discursiva. Questionar-se-á, inicialmente se o texto é um panegírico ou um texto laudatório retórico. Por sua natureza, os Panegíricos eram discursos comuns no âmbito da antigüidade como um todo. O nome pelo qual são chamados pertence à linguagem da retórica grega, sendo designado originalmente como um habitual complemento das assembleias solenes, fundamentado pela oratória e retórica.(...) Tendo a laudatio, sob a forma de elogios aos imperadores, como uma de suas principais características, os discursos panegirísticos procuravam fundamentar a política imperial, transformando-se em eficientes instrumentos propagandísticos, o que remete a um aumento considerável do número de produções deste tipo em um curto intervalo de tempo, sendo estes discursos considerados como obrigatórios após algum acontecimento ou atitude "gloriosa" por parte do imperador. (FRANCHI, 2007, p. 100-101)