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Jacques Derrida nos convida a refletir sobre a Universidade Incondicional que não existe, mas pode ser inventada como um lugar de resistência e crítica, com a capacidade desafiadora de transformar questões apropriadas por saberes... more

Jacques Derrida nos convida a refletir sobre a Universidade Incondicional que não existe, mas pode ser inventada como um lugar de resistência e crítica, com a capacidade desafiadora de transformar questões apropriadas por saberes dogmáticos e se opor a um grande número de poderes que limitam o horizonte democrático.
Essa universidade heterogênea e frágil, independente e perturbadora, em permanente desconstrução e renascimento, só poderá ser engendrada se contar com aqueles que professam a condição instável de não se conformar, e de resistir cotidianamente aos poderes que a sitiam.
Derrida explora os fundamentos da universidade incondicional na busca da verdade não acabada, que está por vir e seu valor, referindo-se ao direito primordial de dizer tudo, publicamente, de publicar, ainda que seja sob a forma de ficção ou experimentação.
A universidade incondicional se constitui por trabalhos que gestam acontecimentos, zombam do performativo dogmático, reverberam, desconstroem e abrem espaços para o debate, para a dúvida, a dissidência, muito além do saber e saber fazer, lançando-se no campo do que está por definir.
Orientada por esses compromissos e munida desses instrumentos, a universidade tem obstáculos a enfrentar entre eles a soberania e seus avatares: “A desconstrução do conceito de soberania incondicional é sem dúvida necessária e está em curso, pois trata-se de uma herança de uma teologia que mal acabou de ser secularizada.”(DERRIDA, 2003, p. 22).
O fio condutor da desconstrução da soberania, segundo Derrida, atravessa “performativos jurídicos”, ou “produções performativas do direito (direito do homem, conceito do crime contra a humanidade)” para substituí-los pela invenção, o dom, o perdão, a hospitalidade a justiça, a amizade (DERRIDA, 2003, p. 73). Derrida afirma que esses “motivos” estão no centro de suas publicações e seminários dos últimos quinze anos de sua jornada filosófica. (DERRIDA, 2003, p. 78).
O dom, a amizade, o perdão, a justiça e a hospitalidade põem em questão o humano, o homem, a humanidade, o humanismo. A hospitalidade sem limitações vem orientada pela ideia que o humano que chega é diferente do outro que o recebe em sua terra. É estranho, estrangeiro, mas mesmo assim humano, que espera a hospitalidade incondicional e se depara com a hospitalidade condicionada, obturada pelo performativo jurídico do direito humanitário, do direito internacional, seus conceitos e instrumentos jurídicos e burocráticos dos Estados.