Voluntary Simplicity Research Papers - Academia.edu (original) (raw)

O presente artigo trata da importante relação entre economia, sustentabilidade e mercado de moda no Brasil. De modo geral, com a atual crise econômica e ambiental mundial, configurada por escassez de matéria-prima, entende-se que o conceito de economia, como um sistema aberto, está interligado ao meio ambiente, compondo um sistema único no qual são destacados concomitantemente aspectos econômico, ecológico e social. Em paralelo à participação econômica, inevitavelmente, a indústria da moda apresenta-se, hoje, como geradora de impactos ambientais, sendo necessário repensar os conceitos de consumo, refletindo sobre os hábitos e estilos de vida, e considerando que diariamente surge, no mercado, uma infinidade de produtos que causam impactos ambientais e sociais. Assim, para se atingir o progresso de uma sociedade ou se chegar a altos níveis de desenvolvimento econômico e social de um país, é preciso observar sua capacidade ambiental e as suas demandas de mercado, além de considerar o surgimento de novos valores, práticas e questionamentos referente às atitudes pessoais e corporativas, o que inclui repensar a cadeia sustentável da moda através da compra e consumo conscientes. Observa-se que a indústria da moda vai muito além das passarelas, desfiles e da vestimenta em si, podendo ser interpretada como um fenômeno sociocultural, uma vez que revela muito sobre história, cultura e sociedade, e se apresenta com importante participação econômica no cenário nacional e mundial. Segundo a Abit (2018), a indústria têxtil é o segundo maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas (juntos). É também o segundo maior gerador do primeiro emprego no país, apresentando-se, atualmente, como o quarto maior parque produtivo de confecção do mundo. Ela é a segunda maior atividade econômica do mundo e a segunda indústria que mais emprega e tem encadeamentos nas relações sociais. Reduzi-la à esfera da estética seria subestimar seu poder, uma vez que apresenta implicações nas esferas específicas da economia, da cultura da formação social e individual contemporâneas. Assim, observa-se que a moda faz parte do mundo econômico, o problema é que ela é a segunda indústria mais poluente. Além disso, como cerca de sete bilhões de pessoas utilizam a mesma fonte de recursos, renováveis e não renováveis, nas últimas três décadas, foi consumido um terço dos recursos naturais disponíveis, fato a partir do qual se deduz que no futuro não haverá recursos disponíveis para todos. Outro aspecto observado foi que, em 2015, grandes marcas mundiais registraram os piores resultados comerciais da história, porém, não se sabe ao certo, as prováveis causas, se devido à evolução da consciência dos consumidores ou diante da crise econômica que assolou o mercado mundial. De qualquer forma, a mudança do consumo está evidente, pois a banalização da moda contribui para a mudança no comportamento do consumidor (CARVALHAL, 2016). Diante disso, considera-se que a partir de uma análise da moda é possível refletir e conhecer mais a fundo a sociedade como um todo, o que torna evidente a necessidade de um estudo acadêmico e científico mais profundo sobre a sustentabilidade no mercado de moda, uma vez que o consumo em excesso encontra-se diretamente relacionado à moda. 2 O MARKETING ATUAL E O CONSUMO DE MODA Com o advento da nova ordem econômica mundial e o desenvolvimento do mundo digital, percebeu-se que, cada vez mais, os clientes ou consumidores vêm se preocupando, 1