Youth Civic Engagement Research Papers (original) (raw)
No programa Jovens em Acção desta semana (Quarta-feira), conversamos sobre "Como Reintegrar os Jovens Desmobilizados do Serviço Militar?", um tema pertinente para o estabelecimento de uma paz sustentável e duradoura no nosso País, visto... more
No programa Jovens em Acção desta semana (Quarta-feira), conversamos sobre "Como Reintegrar os Jovens Desmobilizados do Serviço Militar?", um tema pertinente para o estabelecimento de uma paz sustentável e duradoura no nosso País, visto que muitos jovens desmobilizados, pela falta de oportunidades, são obrigados a se afiliar às fileiras de grupos armados e/ou insurgentes, tornando-se assim uma ameaça para a sociedade. Na ocasião, Victor Fazenda, representante do Parlamento Juvenil, referiu que o serviço militar obrigatório é por natureza patriótico, pelo que todos jovens devem orgulhar-se de servir à pátria. Contudo, ele salientou que o processo de desmobilização e reintegração dos jovens do serviço militar tem sido incompleto e ineficaz, pelo que os jovens desmilitarizados, geralmente, não conseguem explorar as oportunidades existentes na sociedade após o seu regresso da vida militar. "O jovem, muitas vezes, é forçado a entrar no serviço militar, mas também é forçado a sair. Temos jovens que são treinados no serviço militar, ganham habilidades, mas após regressarem à vida civil não há um acompanhamento dos mesmos, facto que causa frustração para muitos jovens". Além disso, Fazenda sublinhou que "o jovem não constitui uma ameaça para a sociedade, porém tem sido vítima de um problema já existente na sociedade, da estruturação do serviço militar e da sociedade. Maior parte dos jovens desmobilizados são negligenciados por não terem relações com as lideranças das FDS". Para ele, deve-se garantir a continuidade de uma vida digna dos jovens após a vida militar. "É necessário explorar todas as possibilidades de criação de oportunidades para os jovens após a vida militar. Para além de serem integrados à PRM, os jovens precisam de ser treinados para a vida civil após a vida militar, e criar-se centros de formação técnico-profissional para que os jovens adquiram outras habilidades". Falando da situação militar de insurgência em Cabo Delgado, Fazenda disse que o que se quer é que a guerra acabe. Além disso, deve-se criar oportunidades de emprego para os jovens desmobilizados e civis que se juntam às fileiras dos insurgentes naquela parte do País. Segundo ele, Moçambique deve envolver outros actores para terminar a guerra, como a SADC, a União África, bem como as Nações Unidas, que tem como maior inimigo o terrorismo. Igualmente, é preciso que haja abertura para que as informações sobre a situação de guerra e dos deslocados de Cabo Delgado cheguem a todos. Em conclusão, Fazenda sublinhou a necessidade de se repensar no Estado Moçambicano, acabar a guerra e estabelecer a paz. Por sua vez, Omardine Omar, Jornalista e Pesquisador, salientou que desde à criação da lei do Serviço Militar Obrigatório, em 2007, o processo de recrutamento dos jovens não tem obedecido a muitos critérios. Assim, muitos jovens que ingressam ao SMO fazem-no pela necessidade de busca de oportunidades de trabalho para resolver as suas necessidades básicas. Omar referiu, ainda, que "muitos jovens, após regressarem do SMO, por não terem oportunidades e devido enquadramento de trabalho, são aliciados para a juntarem às fileiras dos grupos de insurgentes". Ele referiu um caso de três jovens ora desmobilizados na categoria de Comando, que foram recrutados, na província de Tete, para se juntarem ao grupo de insurgentes em Cabo Delgado, como apenas um dos exemplos desta triste realidade.