EDUCADORES: PEREGRINOS DE ESPERANÇA - Arquidiocese de Vitória (original) (raw)
Realiza-se em Vitória nos dias 15 a 17 de novembro o XXII ENAPE (Encontro Nacional da Pastoral da Educação), promovido pela CNBB através da Comissão Episcopal Cultura e Educação, reunindo educadores do Brasil inteiro presencialmente e através da plataforma do YouTube.
Assumindo o chamado do Papa Francisco para celebrar e vivenciar um Jubileu da Esperança em 2025, os educadores têm consciência do lugar em que trabalham todos os dias letivos e sabem como o campo educativo carece de esperança de novos horizontes. Sabem que seus “braços são feitos para abraçar horizontes” como diz Mia Couto em um de seus poemas, mas a realidade se mostra hostil, num contexto de sociedade polarizada.
A polarização vem destruindo nossas ações comuns e minando a força de nossos dons e carismas. Tem hora que parece não estarmos na mesma escola e até na mesma Igreja. Pesquisas mostram que a grande maioria das pessoas não está disposta a morar ou trabalhar perto de quem pensa diferente.
A teologia da prosperidade e do domínio, desenvolvida pelo campo pentecostal, vai fortalecendo ainda mais a perspectiva individualista,enfraquecendo a dinâmica central da fé cristã que é a formação de comunidade. A cultura católica vai se transformando rumo a um caminho que muitas vezes é estranho ao Evangelho.
Um novo Ethos vai impregnando a cultura brasileira, fortalecendo o individualismo religioso e promovendo seu afastamento do aspecto fundamental da fé cristã que é a formação de comunidade. Então, coloca-se para cada educador católico a questão: como ser protagonista da ação evangelizadora? Como ser agente de transformação mediante os valores éticos e morais cristãos?
O pensador Boaventura de Souza Santos nos chama a atenção para um caminho de esperança ao enunciar que o “princípio de comunidade é capaz de instaurar uma dialética positiva com participação, solidariedade, capacidade emancipatória e um potencial afetivo para o futuro”. Sabemos que há uma crise da vivência como comunhão e isso somente será superado enquanto nos colocamos como comunidade. Por esse motivo, a sabedoria africana nos adverte que “para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”.
Ao propor o caminho como “peregrinos de esperança”, a Igreja nos convoca,através do Magistério do Papa Francisco, para fazermos um Pacto Educativo Global (lançado em 2020) que ultrapassa nações, igrejas, religiões e governos. Acredita que a educação seja capaz de criar fraternidade ao investir na perspectiva do encontro, do diálogo entre culturas, religiões e gerações.
Além desse movimento, a Igreja nos indica o caminho sinodal para a Pastoral da Educação. Na verdade, ninguém tem receita pronta para superar essa realidade tão difícil. Por isso, juntos podemos buscar novos rumos. O caminho da Pastoral da Educação no novo milênio é a caminhada sinodal. Somente assim seremos capazes de alargar horizontes, a tenda, e ampliar o olhar. Juntos fortalecemos a esperança e somente assim podemos ter certeza que ela não nos engana.
Dom Júlio Akamine, Arcebispo de Sorocaba – SP, dizia em 2018 para as pessoas que atuam na pastoral da educação que “sem uma grande esperança – grande esperança de busca e de encontrar a Verdade que é Cristo – a educação se limitará a treinar meros cumpridores de tarefas para os mercados já decididos pelos que detêm o poder econômico para tal”.
Como peregrinos de esperança e missionários da educação, os educadores são chamados a estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem, capaz de ensinar e aprender junto, sendo mediadores e facilitadores do processo educativo. Através de seu trabalho, o ato de educar dirige-se para um humanismo solidário para construir uma civilização do amor. Através de seu testemunho o mundo conhecerá o motivo da maior e única esperança, Jesus Cristo.
Edebrande Cavalieri