Na Garagem: Di Grassi vence estreia da Fórmula E após acidente dramático em Pequim | Notícia de Fórmula E | Grande Prêmio (original) (raw)
A expectativa era grande nos meses que se antecederam àquele dia 13 de setembro de 2014, dez anos atrás. Afinal, o mundo da velocidade passava a contar, pela primeira vez, com uma categoria de monopostos totalmente elétricos. A organização da Fórmula E se deu em tempo relativamente curto, pouco mais de um ano, entre a declaração de intenção, a produção dos carros e calendário, além da ida à pista. Em Pequim, era hora de tornar em realidade toda a teoria. O resultado foi uma corrida de desfecho memorável.
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Um calendário que viajava o mundo abria direto no Extremo Oriente, às margens do famoso estádio Ninho do Pássaro, com 40 carros à disposição. Segundo o regulamento, cada equipe tinha de contar com quatro carros – dois por piloto, ambos usados ao longo da corrida por uma questão de autonomia das baterias. Carros e bateria padronizados, sim, mas era uma pedida alta demais que tudo aquilo funcionasse perfeitamente na primeira tentativa.
O desfecho daquela corrida, da maneira como foi e com os olhos por cima, abriu o caminho para que a Fórmula E superasse as dúvidas quanto a ser possível um destino diferente das categorias de monoposto que a FIA chancelara nos anos anteriores, como a já insolvente A1GP. Uma década depois, categoria segue a trajetória.
O pódio da primeira corrida da história da Fórmula E: Di Grassi, Bird e Montagny (Foto: Fórmula E)
O eP de Pequim de 2014
Os carros foram entregues tempos antes, as equipes se formaram e as fábricas rapidamente se colocaram no círculo. Foi o caso de Renault e Audi, bem como algumas marcas menores, como Mahindra e Venturi. Era para começar a história.
O formato da classificação era uma novidade, com quatro grupos formados por cinco pilotos cada e definidos por sorteio realizado após os dois treinos livres – todas as atividades seriam realizadas no mesmo dia, um sábado. Cada grupo teria seis minutos para andar na pista e registrar uma volta voadora, enquanto os cinco mais velozes desta fase avançavam para uma Superpole em que todos teriam uma volta lançada cada para definir os primeiros colocados.
Logo de cara, ficou evidente que a equipe que contava com a Renault ao lado, a e.dams, tinha o carro mais veloz do grid. Os pilotos eram Sébastien Buemi, badalado ex-F1 e já piloto da Toyota no WEC, e Nicolas Prost, filho de Alain Prost e representante da Rebellion no WEC.
Nicolas Prost foi pole e liderou quase toda a corrida (Foto: Fórmula E)
E foi Prost quem tirou mais do carro na classificação, conquistando a pole. Também foram à Superpole Lucas Di Grassi, piloto que testava os carros da Fórmula E desde a origem, Daniel Abt – ambos pilotos da Audi ABT -, Karun Chandhok (Mahindra) e Franck Montagny (Andretti).
A vantagem de Prost se tornava um pouco menos porque Buemi estava longe: largaria somente na 18ª colocação após uma punição de dez posições por trocar o câmbio, algo comum naquele dia: outros quatro sofreram a mesma coisa. lista encabeçada por Jarno Trulli e que contava ainda com Michela Cerruti, Ho-Pin Tung e Stéphane Sarrazin. Buemi fora atrapalhado pelo sorteio: segundo o formato, levavam a melhor chance de disputar a pole aqueles que saíam no último grupo, pelo emborrachamento da pista. Sobretudo nos circuitos urbanos.
E a corrida não contou história diferente. Prost largou bem e manteve a liderança com segurança durante a primeira troca de carros já vista. O francês levou o bólido azul para o pit-lane, desceu, entrou no outro bólido e voltou para a pista ainda na dianteira, mas não mais com segurança.
Quem se deu bem foi Nick Heidfeld, que superou os dos carros da Audi ABT na troca de carros e passou a incomodar o francês insistentemente. Heidfeld tinha claramente um carro melhor que Prost e entrava em posição para o ataque – embora o resto do pelotão conseguisse ser mais veloz que o francês, a briga se limitava aos dois, já distantes.
Nick Heidfeld capotou violentamente na estreia da Fórmula E (Foto: Reprodução)
Na última volta e com sobras de carro, Heidfeld partiu para o bote. De maneira limpa e irreparável, posicionou para a ultrapassagem na curva derradeira, onde tomou a linha de dentro. Prost se desesperou com a possibilidade de perder a corrida e jogou o carro para cima de Heidfeld, que avançava.
A forte pancada tirou Heidfeld do controle e mandou o carro em direção à zebra alta colocada no contorno da curva. Com o toque na zebra, o carro levantou voo e bateu de lado em cima do muro. O acidente fez os dois abandonarem e abriu caminho para Di Grassi, que aceitara o terceiro posto e caminhava para um pódio tranquilo, passar pelos carros vitimados e conquistar a consagração como o primeiro vencedor de corrida da história.
Heidfeld e Prost, na época companheiros de equipe no WEC, chegaram a bater boca rapidamente e trocar acusações na saída dos carros, mas Prost assumiu culpa pelo acidente na sequência. “Sinto-me muito mal pelo incidente e entendo que sou o responsável. Simplesmente não o vi e me sinto mal. O mais importante é que meu amigo Nick Heidfeld está ok. Sinto muito novamente, Nick, você sabe que eu jamais faria algo assim [de propósito]”, comentou.
Logo após sair do carro e antes de ouvir a retratação de Nicolas, Heidfeld chiou. “Não esperava que ele fosse ter um movimento suicida desses no fim da corrida. Minha vitória foi roubada, é muito difícil”, falou. Depois, no entanto, aceitou as desculpas e falou que Nico “jamais bateria de propósito em alguém”.
Jaime Alguersuari desfila com o carro da Virgin bem na frente do Ninho do Pássaro (Foto: Fórmula E)
Sem Heidfeld e Prost, Di Grassi teve no pódio a companhia de Montagny e Sam Bird, respectivamente. Ainda pontuaram Charles Pic, Chandhok, Jérôme D’Ambrosio, Oriol Servià, Nelsinho Piquet, Stéphane Sarrazin e Daniel Abt. Dono da melhor volta, Takuma Sato – que participou apenas desta prova – anotou dois pontos. O japonês gastou tanta energia para fazer a melhor volta que abandonou a corrida – a regra seria mudada posteriormente para permitir que apenas pilotos que terminem no top-10 possam ficar com o ponto extra da melhor volta.
Aquela primeira corrida apresentou ainda a estreia do FanBoost, antigo sistema que premiava os pilotos mais votados pelos fãs no site da categoria com instantes de potência extra durante a corrida, vencido na oportunidade por Di Grassi, Bruno Senna e Katherine Legge.
A Fórmula E retorna com atividades de pista somente entre os dias 4 e 7 de novembro, com os testes coletivos de pré-temporada na pista de Valência, na Espanha. A temporada 2024/25 começa aqui no Brasil, com o eP de São Paulo, marcado para o fim de semana do dia 7 de dezembro.
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