Cidade de Deus: 20 anos depois, "A Luta Não Para" - Tudo que você precisa saber. Notícias, Carreiras, Esportes, Cultura, Tecnologia, Vídeos e muito mais... (original) (raw)

Há trabalhos que marcam mais do que outros. Os motivos podem ser os mais variados e a conexão pode ser até indireta, mas alguns projetos ficam na memória. Do final dos anos 1990 ao começo dos anos 2000 o Brasil viveu um processo de retomada do cinema nacional. Depois de uma quase completa paralização da […]

agosto 24, 2024 - 12:30 pm

Cidade de Deus: 20 anos depois, “A Luta Não Para”

Há trabalhos que marcam mais do que outros. Os motivos podem ser os mais variados e a conexão pode ser até indireta, mas alguns projetos ficam na memória.

Do final dos anos 1990 ao começo dos anos 2000 o Brasil viveu um processo de retomada do cinema nacional. Depois de uma quase completa paralização da produção cinematográfica nacional, Carla Camuratti e o seu Carlota Joaquina, a princesa do Brasil (1995) deram início “oficial” a este processo de retomada, que presenteou o público com grandes produções, como Central do Brasil e O. Bicho de Sete Cabeças. Mas nenhum filme marcou mais este momento de transição que Cidade de Deus (2002, Fernando Meirelles e Kátia Lund). O filme mostrava que o cinema brasileiro não só tinha sido efetivamente retomado, mas também tinha novas identidades e uma capacidade de produção e estética que fugiam do tradicional modelo nacional.

O filme foi indicado a quatro Oscars, levou mais de três milhões de pessoas aos cinemas e foi aclamado pela crítica especializada, ao mesmo tempo que foi criticado pela abordagem ao mostrar o crescimento do crime organizado numa favela do Rio. Para mim, que ao lado de Bernardo Queiroz e Kássia Alcântara, dirigi um filme sobre a retomada do Cinema Nacional e passei esta década bem dedicado ao cinema, o filme teve um peso ainda maior.

E celebrando este marco do cinema, a MAX lança neste domingo, 25/08, uma série de mesmo nome, Cidade de Deus (que desta vez inclui o subtítulo “A Luta não Para”), numa produção da O2 filmes, que retoma a história do filme original, 20 anos depois, e se propõe a completar a história, trazendo de volta vários personagens. Buscapé (Alexandre Rodrigues) é o fio condutor da história, que desta vez parece dar mais voz e vez às mulheres da comunidade. O trailer é intenso e dá um pequeno gostinho do que deve vir nos seis episódios desta temporada.

Continuações, prequels ou spin-offs são, na maioria das vezes, recebidos com um misto de muito entusiasmo, nostalgia e um medo enorme de que o legado seja manchado com uma produção altamente desnecessária. Espero, de verdade, que a obra em si seja tão boa e necessária quanto o filme original. E, talvez, ainda mais importante para a cinematografia nacional e para promover uma reflexão sobre o tema que, infelizmente, continua cada vez mais atual.

E enquanto não vemos os episódios, que serão liberados semanalmente, recomendo ver o trailer da série e revisitar o filme, que merece ser revisto de tempos em tempos.