'Mataram nossa menina 2 vezes' diz tia de Ágatha após absolvição de PM apontado como autor do tiro (original) (raw)
Caso teve resolução após cinco anos; jurados entenderam que o PM não teve a intenção de matar a menina
9 nov 2024 - 14h54
(atualizado às 14h58)
Ágatha Vitória Sales Félix morreu após ser atingida por um disparo de fuzil nas costas
Foto: Reprodução/Facebook
A absolvição do policial militar Rodrigo José de Matos Soares, apontado como autor do disparo de fuzil que matou Ágatha Vitória Sales Félix, a família ficou revoltada com o resultado. O caso ocorreu em setembro de 2019, mas o julgamento ocorreu somente na madrugada deste sábado, 9.
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Os jurados do caso entenderam o policial não teve a intenção de matar a garota, que tinha 8 anos quando foi morta na Fazendinha, região do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
“A única coisa que tenho a dizer é que a Justiça deste país é lamentável, mas a Justiça de Deus não vai falhar. Mataram nossa menina duas vezes”, afirmou ao O Globo, Daniele Lima Félix, tia de Ágatha.
O julgamento, que teve mais de 12 horas de duração, começou por volta das 12h de sexta-feira, 8, no 1º Tribunal do Júri do Rio. De acordo com a TV Globo, durante a sessão, os policiais que estavam na ação reafirmaram a versão de que uma dupla em uma moto passou atirando contra a equipe policial no momento em que Ágatha foi atingida.
No entanto, essa versão é contestada pelas cinco testemunhas de acusação que deram depoimento no plenário. Elas contam que quando a Kombi parou para alguns passageiros desembarcarem, em setembro de 2019, Ágatha foi atingida por um tiro nas costas, foi socorrida e passou por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Agatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, morreu em setembro de 2019, após ser baleada no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão
O inquérito policial apontou que o tiro que acertou a menina partiu da arma de Rodrigo, e concluiu que ele atirou depois de confundir a esquadria de alumínio, carregada pelo garupa de uma moto, com uma arma. Segundo a Polícia Civil, não houve confronto no local no momento em que a criança foi atingida pelo disparo.
Na época, Rodrigo foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado e acabou afastado de suas funções. O caso só passou a ser julgado em fevereiro de 2022, e em abril de 2023, encaminhado para o Tribunal do Júri.
Nesta sexta, sete jurados participaram do julgamento. Eles ouviram cinco testemunhas de acusação, além dos pareceres do MP e dos advogados do acusado. Entre as pessoas que prestaram depoimento, estava também a mãe de Ágatha, Vanessa Sales, que se emocionou muito ao lembrar do dia em que a filha morreu.
"Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Eu ouvi um barulho, parecia uma bomba e ela gritando 'mãe, mãe, mãe'. E eu: calma filha. Até hoje quando eu chego em casa e tenho aquele sentimento de estar faltando [algo]”, desabafou.
Por volta de 1h20, a sentença foi proferida para os presentes. Os jurados decidiram pela absolvição do PM Rodrigo, o que gerou revolta e muita comoção nos familiares que acompanhavam.
Fonte: Redação Terra