Renato Nunes-Bittencourt | UFRJ - Academia.edu (original) (raw)
Uploads
Papers by Renato Nunes-Bittencourt
The article analyzes the axiologic distinction established by Nietzsche enters the gospel practic... more The article analyzes the axiologic distinction established by Nietzsche enters the gospel practical of Jesus and the distortion of the same one for the institutionalization of the Christian morality. By Nietzsche, one becomes if an interpretation immanent of the religious message of Jesus, whose doctrine is a possibility of if reaching the beatitude in the scope of the proper life, and a promise does not stop beyond the world.
A ideia de uma sociedade disciplinar/sociedade de controle, problematizada como um projeto de sup... more A ideia de uma sociedade disciplinar/sociedade de controle, problematizada como um projeto de supressão da desordem pública motivada pela criminalidade e pela violência, certamente encontra na obra de Jeremy Bentham (O Panóptico) uma sistematização teórica muito razoável, servindo de base para o desenvolvimento concreto de diversos sistemas de vigilância, seja nas penitenciárias, nas fábricas, nas escolas e mesmo em hospitais. Pensemos na possibilidade de haver uma sociedade na qual todos nós fossemos vigiados intermitentemente por um grande olhar onisciente, o "Panóptico", que não deixaria escapar nenhum detalhe das nossas condutas, em especial as mais íntimas, aquelas que vão de encontro aos conservadores padrões estabelecidos de convívio social, que tanto prima pela privacidade, que pode ser compreendida como o direito do indivíduo escolher o que está disposto a revelar aos outros. Curiosamente, o estabelecimento do "Panóptico" como um instrumento direcionado para o controle das ações individuais é um projeto de inserção dessa poderosa cadeia de controle social é uma criação do Iluminismo e contemporânea da Revolução Industrial, como forma de obter sobre as disposições ativas dos indivíduos o máximo domínio, evitando-se as grandes convulsões sociais, a criminalidade e as revoltas contra o poder instituído e a ordem estabelecida. Nessas condições, a formulação do "Panóptico" seria, originalmente, uma espécie de grande projeto utópico, cuja instauração resolveria definitivamente o problema da segurança da sociedade urbana (BENTHAM, 2000: 11-74). Todavia, a realização desse projeto exige a violação do direito de usufruto de intimidade de cada indivíduo, suprimindo sua privacidade, definida "como o direito de manter o controle sobre suas próprias informações (RODOTÁ, 2008: 97). Analisado criticamente, o dispositivo do Panóptico representaria, na verdade, uma grande distopia social, pois o seu objetivo se realizaria mediante o controle intrínseco do comportamento humano, gerando em cada indivíduo o florescimento de afetos neuróticos, diante da ameaça de punição a ser infligida em cada infrator.
Espinosa se propõe a retirar da dimensão da ação política os preconceitos comuns da visão moral d... more Espinosa se propõe a retirar da dimensão da ação política os preconceitos comuns da visão moral de mundo, a qual se caracteriza por pretender legislar acerca de supostas questões universais, uma vez que recebe a influência de uma religião metafísica de cunho rigorosamente transcendente. Essa perspectiva religiosa se esforça em desprezar o caráter singular das ações humanas, pois age em favor de uma pretensa primazia da dimensão abstrata (supra-sensível) sobre o plano concreto, uma vez que parte do pressuposto de que a dimensão do pensamento, do espírito, é mais perfeita do que a dimensão material.
A incerteza é o habitat natural da vida humana -ainda que a esperança de escapar da incerteza sej... more A incerteza é o habitat natural da vida humana -ainda que a esperança de escapar da incerteza seja o motor das atividades humanas. Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental, mesmo que apenas tacitamente presumido, de todas e quaisquer imagens compósitas da felicidade. É por isso que a felicidade "genuína, adequada e total" sempre parece residir em algum lugar à frente: tal como o horizonte, que recua quando se tente chegar mais perto dele. 1
reSUMo O artigo versa sobre a distinção axiológica estabelecida por Nietzsche entre a prática eva... more reSUMo O artigo versa sobre a distinção axiológica estabelecida por Nietzsche entre a prática evangélica de Jesus e a distorção da mesma pela institucionalização da moralidade cristã. Através das indicações de Nietzsche, realiza-se uma interpretação imanente da mensagem religiosa de Jesus, que fez de sua doutrina uma possibilidade de se alcançar a beatitude no âmbito da própria vida, e não uma promessa para além do mundo; mais ainda, a comprovação de que a genuína prática cristã se fundamentava numa valoração amoral, destituída de qualquer qualidade normativa. Palavras-chave Nietzsche, Jesus, idiota, prática evangélica, beatitude. ABStrACt The article turns on the axiologic distinction established by Nietzsche enters the gospelical practical of Jesus and the distortion of the same one for the institutionalization of the Christian morality. Through the indications of Nietzsche, one becomes fulfilled an interpretation immanent of the religious message of Jesus, who made of its doctrine a possibility of if reaching the beatitude in the scope of the proper life, and a promise does not stop beyond the world; more still, the evidence of that genuine practical Christian if based on an amoral valuation, destitute of any normative quality.
The article analyzes the axiologic distinction established by Nietzsche enters the gospel practic... more The article analyzes the axiologic distinction established by Nietzsche enters the gospel practical of Jesus and the distortion of the same one for the institutionalization of the Christian morality. By Nietzsche, one becomes if an interpretation immanent of the religious message of Jesus, whose doctrine is a possibility of if reaching the beatitude in the scope of the proper life, and a promise does not stop beyond the world.
A ideia de uma sociedade disciplinar/sociedade de controle, problematizada como um projeto de sup... more A ideia de uma sociedade disciplinar/sociedade de controle, problematizada como um projeto de supressão da desordem pública motivada pela criminalidade e pela violência, certamente encontra na obra de Jeremy Bentham (O Panóptico) uma sistematização teórica muito razoável, servindo de base para o desenvolvimento concreto de diversos sistemas de vigilância, seja nas penitenciárias, nas fábricas, nas escolas e mesmo em hospitais. Pensemos na possibilidade de haver uma sociedade na qual todos nós fossemos vigiados intermitentemente por um grande olhar onisciente, o "Panóptico", que não deixaria escapar nenhum detalhe das nossas condutas, em especial as mais íntimas, aquelas que vão de encontro aos conservadores padrões estabelecidos de convívio social, que tanto prima pela privacidade, que pode ser compreendida como o direito do indivíduo escolher o que está disposto a revelar aos outros. Curiosamente, o estabelecimento do "Panóptico" como um instrumento direcionado para o controle das ações individuais é um projeto de inserção dessa poderosa cadeia de controle social é uma criação do Iluminismo e contemporânea da Revolução Industrial, como forma de obter sobre as disposições ativas dos indivíduos o máximo domínio, evitando-se as grandes convulsões sociais, a criminalidade e as revoltas contra o poder instituído e a ordem estabelecida. Nessas condições, a formulação do "Panóptico" seria, originalmente, uma espécie de grande projeto utópico, cuja instauração resolveria definitivamente o problema da segurança da sociedade urbana (BENTHAM, 2000: 11-74). Todavia, a realização desse projeto exige a violação do direito de usufruto de intimidade de cada indivíduo, suprimindo sua privacidade, definida "como o direito de manter o controle sobre suas próprias informações (RODOTÁ, 2008: 97). Analisado criticamente, o dispositivo do Panóptico representaria, na verdade, uma grande distopia social, pois o seu objetivo se realizaria mediante o controle intrínseco do comportamento humano, gerando em cada indivíduo o florescimento de afetos neuróticos, diante da ameaça de punição a ser infligida em cada infrator.
Espinosa se propõe a retirar da dimensão da ação política os preconceitos comuns da visão moral d... more Espinosa se propõe a retirar da dimensão da ação política os preconceitos comuns da visão moral de mundo, a qual se caracteriza por pretender legislar acerca de supostas questões universais, uma vez que recebe a influência de uma religião metafísica de cunho rigorosamente transcendente. Essa perspectiva religiosa se esforça em desprezar o caráter singular das ações humanas, pois age em favor de uma pretensa primazia da dimensão abstrata (supra-sensível) sobre o plano concreto, uma vez que parte do pressuposto de que a dimensão do pensamento, do espírito, é mais perfeita do que a dimensão material.
A incerteza é o habitat natural da vida humana -ainda que a esperança de escapar da incerteza sej... more A incerteza é o habitat natural da vida humana -ainda que a esperança de escapar da incerteza seja o motor das atividades humanas. Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental, mesmo que apenas tacitamente presumido, de todas e quaisquer imagens compósitas da felicidade. É por isso que a felicidade "genuína, adequada e total" sempre parece residir em algum lugar à frente: tal como o horizonte, que recua quando se tente chegar mais perto dele. 1
reSUMo O artigo versa sobre a distinção axiológica estabelecida por Nietzsche entre a prática eva... more reSUMo O artigo versa sobre a distinção axiológica estabelecida por Nietzsche entre a prática evangélica de Jesus e a distorção da mesma pela institucionalização da moralidade cristã. Através das indicações de Nietzsche, realiza-se uma interpretação imanente da mensagem religiosa de Jesus, que fez de sua doutrina uma possibilidade de se alcançar a beatitude no âmbito da própria vida, e não uma promessa para além do mundo; mais ainda, a comprovação de que a genuína prática cristã se fundamentava numa valoração amoral, destituída de qualquer qualidade normativa. Palavras-chave Nietzsche, Jesus, idiota, prática evangélica, beatitude. ABStrACt The article turns on the axiologic distinction established by Nietzsche enters the gospelical practical of Jesus and the distortion of the same one for the institutionalization of the Christian morality. Through the indications of Nietzsche, one becomes fulfilled an interpretation immanent of the religious message of Jesus, who made of its doctrine a possibility of if reaching the beatitude in the scope of the proper life, and a promise does not stop beyond the world; more still, the evidence of that genuine practical Christian if based on an amoral valuation, destitute of any normative quality.