Vicente Ferreira da Silva, Teoria da solidão (original) (raw)
Teoria da solidão
Actas del Primer Congreso Nacional de Filosofía (Mendoza 1949), Universidad Nacional de Cuyo, Buenos Aires 1950, tomo III, págs. 1863-1866.
(Sesiones: XI. Filosofía del derecho y la política.)
Todos aquêles que refletiram sôbre os vínculos que unem o homem aos outros homens, nao se cansaram de afirmar que é o homem um ser gremial, disposto pela sua índole biopsíquica e espiritual a viver em conjuntos que o ultrapassam. Esta vida que ultrapassa o homem e sòmente na qual êle se conhece, define, desenvolve e exalta, é a vida cultural em tôda a sua amplitude, a esfera do espirito objetivo. Como reconheceu Hölderlin, «nós, os homens, somos um diálogo», isto é, existimos num diálogo e antes mesmo de despontarmos para a nossa consciência particular já estamos envoltos nêsse colóquio ilimitado. Apreendemo-nos, sentimo-nos dentro dos quadros dessas formas simbólicas e lingüísticas intersubjetivas e é êsse discurso social que faz surgir o mundo como se nos apresenta. Disto já podemos concluir de que maneira radicada e profunda o «outro» está impresso em nós mesmos, em que medida o nosso existir é antes um coexistir; ao vivermos particularmente, vivemos conteúdos universais.
Essa dependência que nos vincula à vida social tem um alcance muito maior do que uma simple satisfaçáo de necessidades econômicas e materiais. O homem nao se basta a si mesmo nao só em sentido físico, como também em sentido metafísico, isto porque a autocompreensao de seus fins, propósitos, ideais, valores e empreendimentos postula uma ordem de vigencias sociais que condiciona todas as tarefas particulares.
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