Ricardo Sorgon Pires | IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (original) (raw)

Papers by Ricardo Sorgon Pires

Research paper thumbnail of Reflexões acerca do intelectual negro em Clara Dos Anjos: A proximidade entre lima barreto e seu personagem leonardo flores

Revista Recorte, Jun 1, 2014

RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de ... more RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de Janeiro no início do século XX, momento de grandes mudanças vivenciadas pelo romancista Lima Barreto, este artigo tem como objetivo analisar o personagem Leonardo Flores do romance Clara dos Anjos (1948) [1909-1922] por considerá-lo representativo em razão de seu posicionamento como poeta engajado com as questões políticas e sociais de seu tempo. Desse modo, a intenção é aproximar os ideais defendidos pelo poeta-personagem com a posição intelectual defendida pelo próprio escritor Lima Barreto, enquanto defensor das questões concernentes ao negro no Brasil.

Research paper thumbnail of Reflexões acerca do intelectual negro em Clara Dos Anjos: A proximidade entre lima barreto e seu personagem leonardo flores

Revista Recorte, Jun 1, 2014

RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de ... more RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de Janeiro no início do século XX, momento de grandes mudanças vivenciadas pelo romancista Lima Barreto, este artigo tem como objetivo analisar o personagem Leonardo Flores do romance Clara dos Anjos (1948) [1909-1922] por considerá-lo representativo em razão de seu posicionamento como poeta engajado com as questões políticas e sociais de seu tempo. Desse modo, a intenção é aproximar os ideais defendidos pelo poeta-personagem com a posição intelectual defendida pelo próprio escritor Lima Barreto, enquanto defensor das questões concernentes ao negro no Brasil.

Research paper thumbnail of Os \'outros japoneses\': festivais e construção identidária na comunidade okinawana da cidade de São Paulo

Ashibi nu chura saa ninju nu sunawai-quanto mais, melhor: diversidade e afirmação identitária no ... more Ashibi nu chura saa ninju nu sunawai-quanto mais, melhor: diversidade e afirmação identitária no Okinawa festival da Vila Carrão 4.1.1 Sobre fôlderes e cartazes .

Research paper thumbnail of “Literatura de Fantasma” no Japão: A construção do insólito em contos da chuva e da lua de Ueda Akinari

Estudos Japoneses, 2013

Ueda Akinari (1734-1809) is considered by his work Tales of moonlight and rain (Ugetsu Monogatari... more Ueda Akinari (1734-1809) is considered by his work Tales of moonlight and rain (Ugetsu Monogatari, 1776) the most acclaimed Japanese author of short stories with themes of the unusual. This paper aims to analyze the stories “The Owl of the Three Jewels” and “Chrysanthemum Vow” present in this work, seeking to understand them from classical theories about gender, and propose a discussion of some of these concepts by relating them Japanese unusual literature characteristics.

Research paper thumbnail of Fascismo japones Disputas em torno de um

NOVOS ESTUDOS EM ORIENTALISMOS, 2022

Mesmo considerando a quantidade de estudos que já foram a ainda continuam a serem realizados sobr... more Mesmo considerando a quantidade de estudos que já foram a ainda continuam a serem realizados sobre o fascismo, muitos dos temas que são amplamente debatidos em nível internacional permanecem fora do âmbito de discussão no Brasil, como, por exemplo, sobre a validade ou não do conceito de “fascismo japonês”, objeto de prolongadas e polêmicas querelas no âmbito internacional. Nesse sentido, esse artigo pretende apresentar brevemente alguns dos argumentos utilizados tanto pela corrente que utiliza o conceito quanto pela que o recusa, destacando a diversidade de abordagens que podem ser feitas o que permite, ainda, uma reflexão sobre o fenômeno do(s) fascismo(s) de modo geral.

Research paper thumbnail of UMA EPOPEIA MODERNA? ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A HISTORIOGRAFIA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL

Resumo A proposta central deste texto é discutir as características, as mudanças e as continuidad... more Resumo A proposta central deste texto é discutir as características, as mudanças e as continuidades que a historiografia da imigração japonesa no Brasil passou nas últimas décadas. Embora exista hoje um considerável volume de publicações sobre a imigração e a presença japonesa no Brasil, são escassas as reflexões teóricas que tenham como propósito analisar as abordagens, as narrativas, as seleções e os silêncios presentes em tais textos. Historicamente, o que se percebe nas publicações acerca da imigração japonesa é um forte objetivo político, no sentido de enfatizar a importância dessa migração e os méritos que os imigrantes nipônicos lograram em alcançar em benefício de sua comunidade e do país. Tal situação foi fruto do longo período marcado pela desconfiança e mesmo pelo repúdio a que esses imigrantes ficaram sujeitos até meados do século XX. Por outro lado, busca-se destacar como essa historiografia originalmente " defensiva " da imigração japonesa se transformou, aos poucos, em uma narrativa " épica " que buscava construir o mito da " minoria modelo " , silenciando sobre temas que pudessem ameaçar a narrativa de uma imigração coesa, unida e vitoriosa. A guisa de conclusão será apresentado o caso dos okinawanos, um grupo minoritário extremamente importante na conformação da imigração japonesa e que foi " esquecido " por muitas décadas por fissurar o mito da homogeneidade japonesa, apontando para a existência de conflitos e de narrativa divergentes.

Research paper thumbnail of O NIHONJINRON E O MITO DO EXCEPCIONALISMO JAPONÊS (1950-1980

Resumo Considerado ainda no senso comum como um país homogêneo e singular, a pesquisa acadêmica s... more Resumo Considerado ainda no senso comum como um país homogêneo e singular, a pesquisa acadêmica sobre o Japão, por muitas décadas, também se valeu de conceitos como " excepcionalismo " para descrever a trajetória histórica japonesa desde a Restauração Meiji (1867) até a sua ascensão como superpotência econômica a partir dos anos 1960. Grande parte dos estudos que olharam o Japão a partir de uma ótica " excepcionalista " surgiram, tanto no Japão quanto em outros países, no período do pós-guerra e foram denominados como nihonjinron, algo como " teoria sobre o japonês ". O objetivo deste texto é analisar as características, o contexto de surgimento e os desdobramentos políticos e epistemológicos do nihonjinron, conceito que abarcava uma grande diversidade de teses que tinham em comum o fato de considerar os japoneses como um povo que possuía uma história e cultura completamente singular, sendo essa a razão para o seu grande desenvolvimento. Além de se mostrar falha em diversos argumentos, a literatura nihonjinron mostrou-se tendenciosa (laudatória do desenvolvimento japonês), preconceituosa, a-histórica e mesmo racista, chegando a apresentar os japoneses como únicos até mesmo em termos genéticos e biológicos e contribuiu decisivamente para a criação do mito da homogeneidade japonesa, invisibilizando, por exemplo, os grupos étnicos minoritários desse país. Pretende-se demonstrar como, precisamente por interessar a certos grupos dominantes do Japão, as teorias do nihonjinron tiveram uma longa vitalidade, sendo questionadas apenas no início dos anos 1990, mas resistindo, em parte, até os dias atuais inclusive em países como o Brasil.

Research paper thumbnail of “O QUE É SER UCHINANCHU?”: AS (RE)CONSTRUÇÕES DA IDENTIDADE OKINAWANA NO PERIÓDICO UTINÁ PRESS

Ainda que haja um razoável número de trabalhos referentes à imigração japonesa no Brasil, pouco s... more Ainda que haja um razoável número de trabalhos referentes à imigração japonesa no Brasil, pouco se discutiu sobre a questão dos imigrantes de Okinawa (atualmente uma província insular no extremo sul do Japão), os quais se configuraram como uma minoria étnica e cultural perante os japoneses de outras regiões (algo já existente no Japão) nos locais de forte imigração, em especial no Brasil que foi o maior desses. O caso dos okinawanos é de grande importância para se compreender de forma mais acurada o complexo processo da imigração japonesa no Brasil, evitando visões simplistas, romantizadas e, em última instância, preconceituosas, que percebem os japoneses como um grupo homogêneo e harmônico.
Para o estudo dessa temática, pretendo refletir sobre a função exercida pelo jornal da comunidade okinawana, o Utiná Press, uma vez ele é um meio de comunicação de grande relevância para os processos de (re)afirmações da identidade desses imigrantes e seus descendentes no Brasil.

Research paper thumbnail of Uma identidade tripartida: Reflexões acerca do livro Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do  Brasil

Uma identidade tripartida: Reflexões acerca do livro Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil R... more Uma identidade tripartida: Reflexões acerca do livro Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil Ricardo Sorgon Pires (FFLCH/USP -NEHO) RESUMO Este trabalho propõe realizar uma análise da obra do professor Paulo Moriassu Hijo, Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil, a qual compõe-se de quinze cartas endereçadas a Dom José de Aquino Pereira, primeiro bispo da cidade de Presidente Prudente, a quem auxiliou na função de "coroinha" durante sua infância nessa cidade. Como o próprio título evidencia, a vida do autor constituiu-se a partir da fusão de elementos de três matrizes culturais e sociais: a japonesa (nihonjin), a uchinanchu (oriunda das ilhas Ryûkyû ou Okinawa, ao sul do Japão), e a brasileira. A obra percorre variados temas, como: as histórias e lendas japonesas, a vida no sítio, as festas, a alimentação, os costumes dos okinawanos, a educação, a mudança para a cidade, dentre outros assuntos. Assim, partindo da abordagem desses temas e das especificidades do gênero carta pretende-se perceber o processo e os recursos utilizados pelo autor na construção de sua memória e identidade, relacionando tal obra com o contexto histórico da imigração japonesa e okinawana no Brasil, sobretudo no interior do Estado de São Paulo. PALAVRAS -CHAVE : Carta, memória, identidade, imigração O presente texto busca realizar uma análise da obra Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil (2009), livro de circulação restrita por ter sido publicado em pequena tiragem por uma editora de São Caetano do Sul, em São Paulo. As cartas abordam um tema ainda pouco explorado seja em obras de literatura ou mesmo em análises acadêmicas, a saber, alguns aspectos relacionados à imigração okinawana no Brasil, em especial no Estado de São Paulo. Como destaca o apresentador do livro, Osvaldo Higa, o próprio título já permite uma reflexão interessante e de certa forma condensa a ideia central que o autor pretende transmitir aos leitores ao término da leitura, ou seja, a confluências de três matrizes culturais distintas em sua experiência de vida, a qual, nesse aspecto, foi certamente análoga a de outros milhares que indivíduos descendentes de imigrantes okinawanos no Brasil.

Research paper thumbnail of Uma “ilha descontente”:  Disputas e conflitos em torno da memória sobre a  Batalha de Okinawa

Esse trabalho tem como objeto central a memória de um evento traumático partilhada por um grupo a... more Esse trabalho tem como objeto central a memória de um evento traumático partilhada por um grupo ainda pouco estudado na academia brasileira, os okinawanos. Devido a esse fato, pretende-se expor, ainda que de maneira breve, alguns aspectos da história desse povo, destacando, em especial, sua relação com os japoneses do arquipélago principal. Desde meados do século XV (quando as ilhas Ryukyu são unificadas em um reino) até a segunda metade do século XIX, o Reino de Ryukyu 1 , formado por um conjunto de pequenas ilhas ao Sul do Japão e próximo à China, possuía relativa soberania com relação aos seus vizinhos. Devido às suas características históricas e geográficas, o povo de Okinawa se formou a partir de matrizes étnicas e culturais diversas, tendo por isso uma cultura fortemente marcada por permutas e miscigenações com diversos povos. Na segunda metade do século XIX, no contexto do avanço do imperialismo europeu na Ásia e da tentativa do Japão de se constituir em estado-nação moderno aos moldes europeus, o frágil Reino de Ryukyu se converte em um cobiçado ponto estratégico em termos geopolíticos. Nesse âmbito, o recém-formado Império do Japão, utilizando um discurso nacionalista no qual afirmava que os okinawanos eram como que "irmãos" dos japoneses e que esses deveriam "proteger" os primeiros das ameaças ocidentais, o Japão invade as ilhas Ryukyu, derruba a monarquia, e em 1879 transforma o antigo reino em Província de Okinawa, a qual existe até hoje. * Artigo recebido em outubro de 2012 e aprovado para publicação em janeiro de 2013. * Doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo (FFLCH/NEHO). Bolsista CAPES. Contato: ricardosorgon@hotmail.com 1 Existem diversas denominações para esse arquipélago. O nome Ryukyu pode se referir ao arquipélago de maneira genérica, ou ao nome do reino que existiu até o século XIX, que abrangia todas essas ilhas. Okinawa, por sua vez, é o nome da ilha principal do arquipélago, e também o nome da Província (que abrange todo o arquipélago) que foi instaurada pelo governo japonês em 1879.

Research paper thumbnail of NAS TERRAS DE PRESTE JOÃO: IMPRESSÕES ACERCA DA ETIÓPIA CRISTÃ SOB A ÓTICA DE UM JESUÍTA (1603-1622)

assis.unesp.br

A Etiópia é uma região muito antiga, citada já desde o Antigo Testamento devido às suas relações ... more A Etiópia é uma região muito antiga, citada já desde o Antigo Testamento devido às suas relações milenares com os povos do Sul da Arábia e das regiões adjacentes, dentre os quais estão os hebreus. Todavia, em sua longa história, talvez o acontecimento mais impactante tenha sido a adoção do Cristianismo no século IV, seguindo a versão copta (egípcia) que era monofisista 1 e, portanto, ortodoxa. O Cristianismo etíope se desenvolveu de uma forma muito rica, valendo-se de um amplo intercâmbio cultural com outros povos. Este intercâmbio possibilitou o grande caráter sincrético dessa religião, que ao longo de sua história apoiou-se em uma vasta literatura religiosa, litúrgica e até "hagiográfica" compreendendo também uma grande diversidade de mitos, lendas e tradições, criando um universo cultural, simbólico e identitário muito característico. É importante ressaltar que a forte presença judaica na Etiópia contribuiu para a relativamente fácil adesão popular ao Cristianismo Copta no início do século IV, uma vez que na sua forma primitiva, o mesmo surge como uma variante do Judaísmo. Assim, o Cristianismo Copta teve ampla receptividade na Etiópia, e logo assume status de religião oficial (ainda no século IV), visto que ela foi utilizada como legitimadora da dinastia reinante por assegurar a origem bíblica do imperador (Negus), como descendente de Salomão e da rainha de Sabá. Esse fato está registrado em um dos livros sagrado da Igreja Ortodoxa Etíope, o Kebra Naguest (Glória dos Reis). A partir do século VIII com o avanço dos muçulmanos no norte da África e com a invasão do Egito em 622, a Etiópia torna-se o único país cristão da África encontrando-se quase que totalmente isolado dos demais países cristãos, tendo algum contato apenas 1 O monofisismo, também chamado de eutiquianismo, prega que Jesus Cristo possui somente uma natureza: a divina e, portanto, carece de natureza humana.

Research paper thumbnail of A CONSTRUÇÃO DO OUTRO: A REPRESENTAÇÃO DOS ETÍOPES NA OBRA “HISTÓRIA DA ETIÓPIA” DO JESUÍTA PERO PAIS (1620)

SILVA, Jan 1, 2008

DA ETIÓPIA" DO JESUÍTA PERO PAIS Ricardo Sorgon Pires (Graduando -UNESP/Assis -CNPq) RESUMO: O pr... more DA ETIÓPIA" DO JESUÍTA PERO PAIS Ricardo Sorgon Pires (Graduando -UNESP/Assis -CNPq) RESUMO: O presente artigo visa realizar uma apresentação e uma breve análise da obra História da Etiópia, escrita pelo jesuíta Pero Pais durante o seu período de estadia como missionário no reino cristão da Etiópia no início do século XVII. A referida obra é uma vasta compilação que abrange diversos temas, tais como: religiosos, culturais, históricos, dentre outros. Cabe ressaltar que o livro foi escrito com o intuito de servir como um "manual" para o processo de "catequização" da Etiópia. A proposta central da análise é identificar o olhar que os jesuítas, e por extensão, que uma parcela dos europeus tinham a respeito da Etiópia no século XVII, considerando, para tanto, a representação criada por Pais, a qual partiu de seus valores, intenções e (pré)conceitos de um homem europeu do século XVI/XVII, católico e jesuíta.

Research paper thumbnail of O CRISTIANISMO COPTA: IMPRESSÕES ACERCA DA ETIÓPIA CRISTÃ SOB A PERSPECTIVA DE UM JESUÍTA (1603-1622)

prope.unesp.br

Atualmente no campo acadêmico brasileiro há um visível descompasso com relação a alguns países ac... more Atualmente no campo acadêmico brasileiro há um visível descompasso com relação a alguns países acerca de estudos sobre povos e culturas africanas que não tiveram relação direta com o Brasil em decorrência do processo da diáspora africana, como é o caso da Etiópia.

Research paper thumbnail of Os Okinawanos em São Paulo: Festividades e identidade

cih.uem.br

Resumo: O objetivo desse artigo é por em pauta de discussão uma temática ainda recente no campo d... more Resumo: O objetivo desse artigo é por em pauta de discussão uma temática ainda recente no campo dos estudos acerca da imigração japonesa para o Brasil. A proposta é apresentar os imigrantes okinawanos como um grupo que apesar de ser oficialmente japonês, foi historicamente discriminado pela sociedade japonesa majoritária, a partir de meados do século XIX, quando Okinawa é anexada ao Império do Japão. Os okinawanos sofreram forte preconceito por parte dos demais japoneses, especialmente até o fim da Segunda Guerra Mundial, por serem considerados um povo ignorante, "achinesado" e atrasado. Durante a maior parte de sua história, Okinawa manteve relações com o Japão, a China e o Sudeste Asiático. Assim, as manifestações culturais que fugiam ao padrão japonês eram discriminadas, ou até mesmo perseguidas. No contexto da imigração japonesa ao Brasil, a província de Okinawa foi a que sofreu maior emigração, devido à grande pobreza e crise social que atingiu a população da ilha no começo do século XX. Só a Província de Okinawa (num total de 47) foi responsável por cerca de dez por cento de todos os emigrantes nipônicos. As diferenças e os preconceitos para com os okinawanos existentes no Japão permaneceram em terras brasileiras inclusive algumas décadas após a Segunda Guerra. No Brasil, os okinawanos e seus descendentes procuraram afirmar constantemente sua identidade como um povo possuidor de uma cultura singular e divergente em muitos aspectos da cultura dos demais japoneses. Devido à sua localização geográfica e à sua história marcada por um intenso contato com diversos povos, os okinawanos se constituíram como um povo mais receptivo, miscigenado e com práticas sociais e culturais mais inclusivas que os demais japoneses, os quais viveram séculos de isolamento devido a sua própria geografia, e a determinadas políticas isolacionistas adotadas pelos japoneses em diversos períodos. Devido a isso, uma das formas mais importantes que os okinawanos e seus descendentes se valem para afirmarem sua identidade sãos as diversas festividades, realizadas constantemente, cujo objetivo é reafirmar certas tradições, propiciar um momento de sociabilidade e entretenimento entre os membros. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo, apresentar o grupo dos okinawanos mostrando brevemente sua formação histórica como um grupo contrastante em relação aos demais japoneses e ainda demonstrando que tais diferenças permaneceram no contexto brasileiro pós-imigração. Em seguida, será proposta uma breve discussão acerca das potencialidades e possibilidades de se utilizar as festas como objeto de estudo histórico. Cabe lembrar que esse trabalho está restrito à analise das festas realizadas pela comunidade okinawana da cidade de São Paulo. Por fim, será posto em pauta uma discussão acerca dos conceitos de etnicidade e identidade, visto que durante muito tempo se utilizou um conceito de etnicidade e identidade por demais rígidos, o que impedia que se percebessem as várias fragmentações e fissuras que pode haver em determinados grupos étnicos tidos tradicionalmente como homogêneos. Os japoneses, por exemplo, na grande maioria das vezes foram interpretados por historiadores e cientistas sociais como um grupo sólido e coeso em termos étnicos e culturais. Com esse artigo, que é parte de uma pesquisa maior, se pretende questionar tal posicionamento defendendo que os japoneses não são um grupo homogêneo e que ter consciência desse fato é algo fundamental para que se possa

Books by Ricardo Sorgon Pires

Research paper thumbnail of ELABORAÇÃO DE JORNAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA: UMA PROPOSTA

Pesquisas no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Interdisciplinaridades, 2020

A proposta desse texto é apresentar uma atividade desenvolvida no IFSP de São José dos Campos em ... more A proposta desse texto é apresentar uma atividade desenvolvida no IFSP de São José dos Campos em 2019 nas turmas dos primeiros e segundos anos dos cursos técnicos integrados em mecânica e automação industrial na disciplina de história. Os alunos, divididos em grupos, deveriam elaborar um “jornal” sobre um determinado povo e dentro de um recorte temporal específico. O jornal deveria ter cadernos sobre vários temas como política, cultura, meio ambiente, esportes, ciência e tecnologia e gastronomia. Além da necessidade de leitura e pesquisa, os alunos tiveram que transformar as informações em “notícias”, anúncios publicitários, entrevistas, usando a criatividade. Também poderiam trabalhar na estética do jornal de modo que ele parecesse mais “autêntico” ou apenas estilizado. Ao final, todos os jornais foram apresentados aos demais alunos e houve debates e discussões mediados pelo professor. Fundamenta esse trabalho uma concepção de educação e de avaliação que preza pelo processual, pelos aspectos qualitativos e que reconheça o aluno como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, já que ele se torna o responsável pela pesquisa, seleção, montagem e apresentação do jornal, e o professor como mediador indispensável.

Research paper thumbnail of Os outros japoneses: festivais e construção identitária na comunidade okinawana da cidade de São Paulo

Esta pesquisa originou-se de algumas indagações acerca do posicionamento identitário dos nikkei (... more Esta pesquisa originou-se de algumas indagações acerca do posicionamento identitário dos nikkei (descendentes de japoneses) no Brasil. A primeira delas é com relação ao estereótipo fortemente consolidado no senso comum de que os japoneses formam um grupo étnico e cultural sólido e homogêneo. Nesse sentido, esse trabalho tem como um de seus objetivos demonstrar que os imigrantes okinawanos no Brasil, apesar de terem sido historicamente identificados apenas como “japoneses”, constituíram-se em um grupo étnico distinto dos demais nikkei. A segunda indagação busca avaliar em que medida as festividades realizadas pela comunidade okinawana paulistana se inserem como os principais elementos demarcatórios das fronteiras étnicas e culturais desse grupo em relação aos não descendentes e aos demais nikkei. Essas festas podem ser compreendidas como um esforço por parte dos membros da comunidade uchinanchu (okinawanos na língua de Okinawa) de se afirmarem como brasileiros, porém, tendo uma descendência distinta que transcende o mero epíteto “nipo-brasileiro”. Através de entrevistas com membros da comunidade okinawana paulistana, bem como da análise de três de seus maiores w mais importantes eventos, o Kyodo matsuri em Diadema, o Okinawa festival no bairro da Vila Carrão e o Sanshin no hi no bairro da Liberdade, a intenção é perceber como essas festividades são mobilizadas para a construção de uma “okinawanidade diaspórica” brasileira (paulistana) ao mesmo tempo em que se mostram interessantes espaços de disputas e negociações.

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Revista Recorte, Jun 1, 2014

RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de ... more RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de Janeiro no início do século XX, momento de grandes mudanças vivenciadas pelo romancista Lima Barreto, este artigo tem como objetivo analisar o personagem Leonardo Flores do romance Clara dos Anjos (1948) [1909-1922] por considerá-lo representativo em razão de seu posicionamento como poeta engajado com as questões políticas e sociais de seu tempo. Desse modo, a intenção é aproximar os ideais defendidos pelo poeta-personagem com a posição intelectual defendida pelo próprio escritor Lima Barreto, enquanto defensor das questões concernentes ao negro no Brasil.

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Revista Recorte, Jun 1, 2014

RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de ... more RESUMO: Partindo dos principais acontecimentos históricos que influiram na urbanização do Rio de Janeiro no início do século XX, momento de grandes mudanças vivenciadas pelo romancista Lima Barreto, este artigo tem como objetivo analisar o personagem Leonardo Flores do romance Clara dos Anjos (1948) [1909-1922] por considerá-lo representativo em razão de seu posicionamento como poeta engajado com as questões políticas e sociais de seu tempo. Desse modo, a intenção é aproximar os ideais defendidos pelo poeta-personagem com a posição intelectual defendida pelo próprio escritor Lima Barreto, enquanto defensor das questões concernentes ao negro no Brasil.

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Ashibi nu chura saa ninju nu sunawai-quanto mais, melhor: diversidade e afirmação identitária no ... more Ashibi nu chura saa ninju nu sunawai-quanto mais, melhor: diversidade e afirmação identitária no Okinawa festival da Vila Carrão 4.1.1 Sobre fôlderes e cartazes .

Research paper thumbnail of “Literatura de Fantasma” no Japão: A construção do insólito em contos da chuva e da lua de Ueda Akinari

Estudos Japoneses, 2013

Ueda Akinari (1734-1809) is considered by his work Tales of moonlight and rain (Ugetsu Monogatari... more Ueda Akinari (1734-1809) is considered by his work Tales of moonlight and rain (Ugetsu Monogatari, 1776) the most acclaimed Japanese author of short stories with themes of the unusual. This paper aims to analyze the stories “The Owl of the Three Jewels” and “Chrysanthemum Vow” present in this work, seeking to understand them from classical theories about gender, and propose a discussion of some of these concepts by relating them Japanese unusual literature characteristics.

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NOVOS ESTUDOS EM ORIENTALISMOS, 2022

Mesmo considerando a quantidade de estudos que já foram a ainda continuam a serem realizados sobr... more Mesmo considerando a quantidade de estudos que já foram a ainda continuam a serem realizados sobre o fascismo, muitos dos temas que são amplamente debatidos em nível internacional permanecem fora do âmbito de discussão no Brasil, como, por exemplo, sobre a validade ou não do conceito de “fascismo japonês”, objeto de prolongadas e polêmicas querelas no âmbito internacional. Nesse sentido, esse artigo pretende apresentar brevemente alguns dos argumentos utilizados tanto pela corrente que utiliza o conceito quanto pela que o recusa, destacando a diversidade de abordagens que podem ser feitas o que permite, ainda, uma reflexão sobre o fenômeno do(s) fascismo(s) de modo geral.

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Resumo A proposta central deste texto é discutir as características, as mudanças e as continuidad... more Resumo A proposta central deste texto é discutir as características, as mudanças e as continuidades que a historiografia da imigração japonesa no Brasil passou nas últimas décadas. Embora exista hoje um considerável volume de publicações sobre a imigração e a presença japonesa no Brasil, são escassas as reflexões teóricas que tenham como propósito analisar as abordagens, as narrativas, as seleções e os silêncios presentes em tais textos. Historicamente, o que se percebe nas publicações acerca da imigração japonesa é um forte objetivo político, no sentido de enfatizar a importância dessa migração e os méritos que os imigrantes nipônicos lograram em alcançar em benefício de sua comunidade e do país. Tal situação foi fruto do longo período marcado pela desconfiança e mesmo pelo repúdio a que esses imigrantes ficaram sujeitos até meados do século XX. Por outro lado, busca-se destacar como essa historiografia originalmente " defensiva " da imigração japonesa se transformou, aos poucos, em uma narrativa " épica " que buscava construir o mito da " minoria modelo " , silenciando sobre temas que pudessem ameaçar a narrativa de uma imigração coesa, unida e vitoriosa. A guisa de conclusão será apresentado o caso dos okinawanos, um grupo minoritário extremamente importante na conformação da imigração japonesa e que foi " esquecido " por muitas décadas por fissurar o mito da homogeneidade japonesa, apontando para a existência de conflitos e de narrativa divergentes.

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Resumo Considerado ainda no senso comum como um país homogêneo e singular, a pesquisa acadêmica s... more Resumo Considerado ainda no senso comum como um país homogêneo e singular, a pesquisa acadêmica sobre o Japão, por muitas décadas, também se valeu de conceitos como " excepcionalismo " para descrever a trajetória histórica japonesa desde a Restauração Meiji (1867) até a sua ascensão como superpotência econômica a partir dos anos 1960. Grande parte dos estudos que olharam o Japão a partir de uma ótica " excepcionalista " surgiram, tanto no Japão quanto em outros países, no período do pós-guerra e foram denominados como nihonjinron, algo como " teoria sobre o japonês ". O objetivo deste texto é analisar as características, o contexto de surgimento e os desdobramentos políticos e epistemológicos do nihonjinron, conceito que abarcava uma grande diversidade de teses que tinham em comum o fato de considerar os japoneses como um povo que possuía uma história e cultura completamente singular, sendo essa a razão para o seu grande desenvolvimento. Além de se mostrar falha em diversos argumentos, a literatura nihonjinron mostrou-se tendenciosa (laudatória do desenvolvimento japonês), preconceituosa, a-histórica e mesmo racista, chegando a apresentar os japoneses como únicos até mesmo em termos genéticos e biológicos e contribuiu decisivamente para a criação do mito da homogeneidade japonesa, invisibilizando, por exemplo, os grupos étnicos minoritários desse país. Pretende-se demonstrar como, precisamente por interessar a certos grupos dominantes do Japão, as teorias do nihonjinron tiveram uma longa vitalidade, sendo questionadas apenas no início dos anos 1990, mas resistindo, em parte, até os dias atuais inclusive em países como o Brasil.

Research paper thumbnail of “O QUE É SER UCHINANCHU?”: AS (RE)CONSTRUÇÕES DA IDENTIDADE OKINAWANA NO PERIÓDICO UTINÁ PRESS

Ainda que haja um razoável número de trabalhos referentes à imigração japonesa no Brasil, pouco s... more Ainda que haja um razoável número de trabalhos referentes à imigração japonesa no Brasil, pouco se discutiu sobre a questão dos imigrantes de Okinawa (atualmente uma província insular no extremo sul do Japão), os quais se configuraram como uma minoria étnica e cultural perante os japoneses de outras regiões (algo já existente no Japão) nos locais de forte imigração, em especial no Brasil que foi o maior desses. O caso dos okinawanos é de grande importância para se compreender de forma mais acurada o complexo processo da imigração japonesa no Brasil, evitando visões simplistas, romantizadas e, em última instância, preconceituosas, que percebem os japoneses como um grupo homogêneo e harmônico.
Para o estudo dessa temática, pretendo refletir sobre a função exercida pelo jornal da comunidade okinawana, o Utiná Press, uma vez ele é um meio de comunicação de grande relevância para os processos de (re)afirmações da identidade desses imigrantes e seus descendentes no Brasil.

Research paper thumbnail of Uma identidade tripartida: Reflexões acerca do livro Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do  Brasil

Uma identidade tripartida: Reflexões acerca do livro Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil R... more Uma identidade tripartida: Reflexões acerca do livro Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil Ricardo Sorgon Pires (FFLCH/USP -NEHO) RESUMO Este trabalho propõe realizar uma análise da obra do professor Paulo Moriassu Hijo, Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil, a qual compõe-se de quinze cartas endereçadas a Dom José de Aquino Pereira, primeiro bispo da cidade de Presidente Prudente, a quem auxiliou na função de "coroinha" durante sua infância nessa cidade. Como o próprio título evidencia, a vida do autor constituiu-se a partir da fusão de elementos de três matrizes culturais e sociais: a japonesa (nihonjin), a uchinanchu (oriunda das ilhas Ryûkyû ou Okinawa, ao sul do Japão), e a brasileira. A obra percorre variados temas, como: as histórias e lendas japonesas, a vida no sítio, as festas, a alimentação, os costumes dos okinawanos, a educação, a mudança para a cidade, dentre outros assuntos. Assim, partindo da abordagem desses temas e das especificidades do gênero carta pretende-se perceber o processo e os recursos utilizados pelo autor na construção de sua memória e identidade, relacionando tal obra com o contexto histórico da imigração japonesa e okinawana no Brasil, sobretudo no interior do Estado de São Paulo. PALAVRAS -CHAVE : Carta, memória, identidade, imigração O presente texto busca realizar uma análise da obra Cartas de um Nihonjin Uchinanchu do Brasil (2009), livro de circulação restrita por ter sido publicado em pequena tiragem por uma editora de São Caetano do Sul, em São Paulo. As cartas abordam um tema ainda pouco explorado seja em obras de literatura ou mesmo em análises acadêmicas, a saber, alguns aspectos relacionados à imigração okinawana no Brasil, em especial no Estado de São Paulo. Como destaca o apresentador do livro, Osvaldo Higa, o próprio título já permite uma reflexão interessante e de certa forma condensa a ideia central que o autor pretende transmitir aos leitores ao término da leitura, ou seja, a confluências de três matrizes culturais distintas em sua experiência de vida, a qual, nesse aspecto, foi certamente análoga a de outros milhares que indivíduos descendentes de imigrantes okinawanos no Brasil.

Research paper thumbnail of Uma “ilha descontente”:  Disputas e conflitos em torno da memória sobre a  Batalha de Okinawa

Esse trabalho tem como objeto central a memória de um evento traumático partilhada por um grupo a... more Esse trabalho tem como objeto central a memória de um evento traumático partilhada por um grupo ainda pouco estudado na academia brasileira, os okinawanos. Devido a esse fato, pretende-se expor, ainda que de maneira breve, alguns aspectos da história desse povo, destacando, em especial, sua relação com os japoneses do arquipélago principal. Desde meados do século XV (quando as ilhas Ryukyu são unificadas em um reino) até a segunda metade do século XIX, o Reino de Ryukyu 1 , formado por um conjunto de pequenas ilhas ao Sul do Japão e próximo à China, possuía relativa soberania com relação aos seus vizinhos. Devido às suas características históricas e geográficas, o povo de Okinawa se formou a partir de matrizes étnicas e culturais diversas, tendo por isso uma cultura fortemente marcada por permutas e miscigenações com diversos povos. Na segunda metade do século XIX, no contexto do avanço do imperialismo europeu na Ásia e da tentativa do Japão de se constituir em estado-nação moderno aos moldes europeus, o frágil Reino de Ryukyu se converte em um cobiçado ponto estratégico em termos geopolíticos. Nesse âmbito, o recém-formado Império do Japão, utilizando um discurso nacionalista no qual afirmava que os okinawanos eram como que "irmãos" dos japoneses e que esses deveriam "proteger" os primeiros das ameaças ocidentais, o Japão invade as ilhas Ryukyu, derruba a monarquia, e em 1879 transforma o antigo reino em Província de Okinawa, a qual existe até hoje. * Artigo recebido em outubro de 2012 e aprovado para publicação em janeiro de 2013. * Doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo (FFLCH/NEHO). Bolsista CAPES. Contato: ricardosorgon@hotmail.com 1 Existem diversas denominações para esse arquipélago. O nome Ryukyu pode se referir ao arquipélago de maneira genérica, ou ao nome do reino que existiu até o século XIX, que abrangia todas essas ilhas. Okinawa, por sua vez, é o nome da ilha principal do arquipélago, e também o nome da Província (que abrange todo o arquipélago) que foi instaurada pelo governo japonês em 1879.

Research paper thumbnail of NAS TERRAS DE PRESTE JOÃO: IMPRESSÕES ACERCA DA ETIÓPIA CRISTÃ SOB A ÓTICA DE UM JESUÍTA (1603-1622)

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A Etiópia é uma região muito antiga, citada já desde o Antigo Testamento devido às suas relações ... more A Etiópia é uma região muito antiga, citada já desde o Antigo Testamento devido às suas relações milenares com os povos do Sul da Arábia e das regiões adjacentes, dentre os quais estão os hebreus. Todavia, em sua longa história, talvez o acontecimento mais impactante tenha sido a adoção do Cristianismo no século IV, seguindo a versão copta (egípcia) que era monofisista 1 e, portanto, ortodoxa. O Cristianismo etíope se desenvolveu de uma forma muito rica, valendo-se de um amplo intercâmbio cultural com outros povos. Este intercâmbio possibilitou o grande caráter sincrético dessa religião, que ao longo de sua história apoiou-se em uma vasta literatura religiosa, litúrgica e até "hagiográfica" compreendendo também uma grande diversidade de mitos, lendas e tradições, criando um universo cultural, simbólico e identitário muito característico. É importante ressaltar que a forte presença judaica na Etiópia contribuiu para a relativamente fácil adesão popular ao Cristianismo Copta no início do século IV, uma vez que na sua forma primitiva, o mesmo surge como uma variante do Judaísmo. Assim, o Cristianismo Copta teve ampla receptividade na Etiópia, e logo assume status de religião oficial (ainda no século IV), visto que ela foi utilizada como legitimadora da dinastia reinante por assegurar a origem bíblica do imperador (Negus), como descendente de Salomão e da rainha de Sabá. Esse fato está registrado em um dos livros sagrado da Igreja Ortodoxa Etíope, o Kebra Naguest (Glória dos Reis). A partir do século VIII com o avanço dos muçulmanos no norte da África e com a invasão do Egito em 622, a Etiópia torna-se o único país cristão da África encontrando-se quase que totalmente isolado dos demais países cristãos, tendo algum contato apenas 1 O monofisismo, também chamado de eutiquianismo, prega que Jesus Cristo possui somente uma natureza: a divina e, portanto, carece de natureza humana.

Research paper thumbnail of A CONSTRUÇÃO DO OUTRO: A REPRESENTAÇÃO DOS ETÍOPES NA OBRA “HISTÓRIA DA ETIÓPIA” DO JESUÍTA PERO PAIS (1620)

SILVA, Jan 1, 2008

DA ETIÓPIA" DO JESUÍTA PERO PAIS Ricardo Sorgon Pires (Graduando -UNESP/Assis -CNPq) RESUMO: O pr... more DA ETIÓPIA" DO JESUÍTA PERO PAIS Ricardo Sorgon Pires (Graduando -UNESP/Assis -CNPq) RESUMO: O presente artigo visa realizar uma apresentação e uma breve análise da obra História da Etiópia, escrita pelo jesuíta Pero Pais durante o seu período de estadia como missionário no reino cristão da Etiópia no início do século XVII. A referida obra é uma vasta compilação que abrange diversos temas, tais como: religiosos, culturais, históricos, dentre outros. Cabe ressaltar que o livro foi escrito com o intuito de servir como um "manual" para o processo de "catequização" da Etiópia. A proposta central da análise é identificar o olhar que os jesuítas, e por extensão, que uma parcela dos europeus tinham a respeito da Etiópia no século XVII, considerando, para tanto, a representação criada por Pais, a qual partiu de seus valores, intenções e (pré)conceitos de um homem europeu do século XVI/XVII, católico e jesuíta.

Research paper thumbnail of O CRISTIANISMO COPTA: IMPRESSÕES ACERCA DA ETIÓPIA CRISTÃ SOB A PERSPECTIVA DE UM JESUÍTA (1603-1622)

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Atualmente no campo acadêmico brasileiro há um visível descompasso com relação a alguns países ac... more Atualmente no campo acadêmico brasileiro há um visível descompasso com relação a alguns países acerca de estudos sobre povos e culturas africanas que não tiveram relação direta com o Brasil em decorrência do processo da diáspora africana, como é o caso da Etiópia.

Research paper thumbnail of Os Okinawanos em São Paulo: Festividades e identidade

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Resumo: O objetivo desse artigo é por em pauta de discussão uma temática ainda recente no campo d... more Resumo: O objetivo desse artigo é por em pauta de discussão uma temática ainda recente no campo dos estudos acerca da imigração japonesa para o Brasil. A proposta é apresentar os imigrantes okinawanos como um grupo que apesar de ser oficialmente japonês, foi historicamente discriminado pela sociedade japonesa majoritária, a partir de meados do século XIX, quando Okinawa é anexada ao Império do Japão. Os okinawanos sofreram forte preconceito por parte dos demais japoneses, especialmente até o fim da Segunda Guerra Mundial, por serem considerados um povo ignorante, "achinesado" e atrasado. Durante a maior parte de sua história, Okinawa manteve relações com o Japão, a China e o Sudeste Asiático. Assim, as manifestações culturais que fugiam ao padrão japonês eram discriminadas, ou até mesmo perseguidas. No contexto da imigração japonesa ao Brasil, a província de Okinawa foi a que sofreu maior emigração, devido à grande pobreza e crise social que atingiu a população da ilha no começo do século XX. Só a Província de Okinawa (num total de 47) foi responsável por cerca de dez por cento de todos os emigrantes nipônicos. As diferenças e os preconceitos para com os okinawanos existentes no Japão permaneceram em terras brasileiras inclusive algumas décadas após a Segunda Guerra. No Brasil, os okinawanos e seus descendentes procuraram afirmar constantemente sua identidade como um povo possuidor de uma cultura singular e divergente em muitos aspectos da cultura dos demais japoneses. Devido à sua localização geográfica e à sua história marcada por um intenso contato com diversos povos, os okinawanos se constituíram como um povo mais receptivo, miscigenado e com práticas sociais e culturais mais inclusivas que os demais japoneses, os quais viveram séculos de isolamento devido a sua própria geografia, e a determinadas políticas isolacionistas adotadas pelos japoneses em diversos períodos. Devido a isso, uma das formas mais importantes que os okinawanos e seus descendentes se valem para afirmarem sua identidade sãos as diversas festividades, realizadas constantemente, cujo objetivo é reafirmar certas tradições, propiciar um momento de sociabilidade e entretenimento entre os membros. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo, apresentar o grupo dos okinawanos mostrando brevemente sua formação histórica como um grupo contrastante em relação aos demais japoneses e ainda demonstrando que tais diferenças permaneceram no contexto brasileiro pós-imigração. Em seguida, será proposta uma breve discussão acerca das potencialidades e possibilidades de se utilizar as festas como objeto de estudo histórico. Cabe lembrar que esse trabalho está restrito à analise das festas realizadas pela comunidade okinawana da cidade de São Paulo. Por fim, será posto em pauta uma discussão acerca dos conceitos de etnicidade e identidade, visto que durante muito tempo se utilizou um conceito de etnicidade e identidade por demais rígidos, o que impedia que se percebessem as várias fragmentações e fissuras que pode haver em determinados grupos étnicos tidos tradicionalmente como homogêneos. Os japoneses, por exemplo, na grande maioria das vezes foram interpretados por historiadores e cientistas sociais como um grupo sólido e coeso em termos étnicos e culturais. Com esse artigo, que é parte de uma pesquisa maior, se pretende questionar tal posicionamento defendendo que os japoneses não são um grupo homogêneo e que ter consciência desse fato é algo fundamental para que se possa

Research paper thumbnail of ELABORAÇÃO DE JORNAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA: UMA PROPOSTA

Pesquisas no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Interdisciplinaridades, 2020

A proposta desse texto é apresentar uma atividade desenvolvida no IFSP de São José dos Campos em ... more A proposta desse texto é apresentar uma atividade desenvolvida no IFSP de São José dos Campos em 2019 nas turmas dos primeiros e segundos anos dos cursos técnicos integrados em mecânica e automação industrial na disciplina de história. Os alunos, divididos em grupos, deveriam elaborar um “jornal” sobre um determinado povo e dentro de um recorte temporal específico. O jornal deveria ter cadernos sobre vários temas como política, cultura, meio ambiente, esportes, ciência e tecnologia e gastronomia. Além da necessidade de leitura e pesquisa, os alunos tiveram que transformar as informações em “notícias”, anúncios publicitários, entrevistas, usando a criatividade. Também poderiam trabalhar na estética do jornal de modo que ele parecesse mais “autêntico” ou apenas estilizado. Ao final, todos os jornais foram apresentados aos demais alunos e houve debates e discussões mediados pelo professor. Fundamenta esse trabalho uma concepção de educação e de avaliação que preza pelo processual, pelos aspectos qualitativos e que reconheça o aluno como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, já que ele se torna o responsável pela pesquisa, seleção, montagem e apresentação do jornal, e o professor como mediador indispensável.

Research paper thumbnail of Os outros japoneses: festivais e construção identitária na comunidade okinawana da cidade de São Paulo

Esta pesquisa originou-se de algumas indagações acerca do posicionamento identitário dos nikkei (... more Esta pesquisa originou-se de algumas indagações acerca do posicionamento identitário dos nikkei (descendentes de japoneses) no Brasil. A primeira delas é com relação ao estereótipo fortemente consolidado no senso comum de que os japoneses formam um grupo étnico e cultural sólido e homogêneo. Nesse sentido, esse trabalho tem como um de seus objetivos demonstrar que os imigrantes okinawanos no Brasil, apesar de terem sido historicamente identificados apenas como “japoneses”, constituíram-se em um grupo étnico distinto dos demais nikkei. A segunda indagação busca avaliar em que medida as festividades realizadas pela comunidade okinawana paulistana se inserem como os principais elementos demarcatórios das fronteiras étnicas e culturais desse grupo em relação aos não descendentes e aos demais nikkei. Essas festas podem ser compreendidas como um esforço por parte dos membros da comunidade uchinanchu (okinawanos na língua de Okinawa) de se afirmarem como brasileiros, porém, tendo uma descendência distinta que transcende o mero epíteto “nipo-brasileiro”. Através de entrevistas com membros da comunidade okinawana paulistana, bem como da análise de três de seus maiores w mais importantes eventos, o Kyodo matsuri em Diadema, o Okinawa festival no bairro da Vila Carrão e o Sanshin no hi no bairro da Liberdade, a intenção é perceber como essas festividades são mobilizadas para a construção de uma “okinawanidade diaspórica” brasileira (paulistana) ao mesmo tempo em que se mostram interessantes espaços de disputas e negociações.