Francisco Hardman - Academia.edu (original) (raw)
Papers by Francisco Hardman
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2007
Em 1989, Milton Hatoum publica Relato de um certo oriente, seu livro de estreia. Narrativa sem as... more Em 1989, Milton Hatoum publica Relato de um certo oriente, seu livro de estreia. Narrativa sem as tipicas cores regionalistas, provoca uma mudanca de tom ao tratar a Amazonia e sua paisagem, fugindo das ilusoes românticas e de uma perspectiva de inocencia virginal. Frente a essa possibilidade outra de interpretar e compreender a regiao amazonica, o presente estudo - Entre orientes: viagens e memorias - pretende analisar o percurso dessa narrativa capaz de romper com velhos topoi representativos da regiao. Dentro de um panorama em que imagens de Amazonia se colocam desde os relatos de viajantes e cronistas ja no seculo XVI, busca-se demonstrar como atraves da linguagem toma-se possivel reapresentar uma Amazonia menos mitica, maravilhosa, exotica, apesar de certo oriente Abstract
Esta dissertação de mestrado trata de algumas particularidades do jornal O Novo Mundo, editado po... more Esta dissertação de mestrado trata de algumas particularidades do jornal O Novo Mundo, editado por José Carlos Rodrigues, o qual via os Estados Unidos, e não a França, como modelo de progresso e ilustração a ser seguido-a começar pela abolição da escravatura e a implantação do trabalhado assalariado. Tal periódico, que era editado em Nova Iorque, parece ser exemplar no que diz respeito ao momento de impasse nos meios culturais do Brasil da década de setenta do século XIX. Positivismo francês lido à americana, o jornal pregava insistentemente, através de artigos assinados ou não-alguns com pseudônimos, a maioria sem assinatura-, a literatura científica, a obra útil que pode auxiliar no progresso da nação. A concepção do que era tido como literário, assim como a função da literatura (a função que ela deixa de assumir, a que ela quer assumir), são questões que aparecem em O Novo Mundo e merecem uma atenção cuidadosa. Como conciliar uma literatura "mais prática e útil" com a tradição literária? Como preservar a identidade nacional com a intromissão dos modelos internacionais de progresso, evolução e ciências? Esses e outros temas são discutidos nesta dissertação. A presença do poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, na equipe de redatores traz mais interesse ainda à folha; portanto, o jornal agrupa, de um lado, um entusiasta do progresso (Rodrigues), e, de outro, o critico e ousado autor de "O inferno de Wall Street". No jornal pode-se acompanhar uma série de elementos de um ambiente cultural típico das últimas décadas do século dezenove. Qual seja: o gosto pelas descobertas científicas, os textos instrutivos, mais ou menos narrativos, mais ou menos folhetinescos, o material que era feito a partir das gravuras, as resenhas criticas, as notas e as crônicas. São fragmentos, em sua grande parte híbridos, que, colados ou sobrepostos, contribuem para a reflexão sobre os vínculos entre imprensa e literatura. 4 Maio 98-ano 2-n.' 19 20 O "caminho americano" para o Brasil não era um sonho exclusivo de Rebouças 5 : embora com enormes diferenças quanto ao modo de governar o "Brasil-americano", José Carlos Rodrigues, editor de O Novo Mundo, aspirava o mesmo. Ainda jovem, foi para os Estados Unidos e trabalhou como correspondente de jornais brasileiros, ingleses e norteamericanos até conseguir, em 1870, fundar o seu próprio periódico: O Novo Mundo. Não foi à toa que o estudo de Rebouças 6 tenha saído na folha em questão: notadamente voltada para o modelo norte-americano de desenvolvimento, O Novo Mundo representava umas das poucas opções para aqueles que viam a América do Norte, e não a Europa como paradigma de civilização. O Novo Mundo 7 era editado em Nova Iorque e era de propriedade exclusiva de José Carlos Rodrigues até 1875, quando passou a ser de uma sociedade anônima e só chegando ao fim em 1879 por motivos financeiros. Era uma folha mensal que veiculava informações políticas e econômicas dos Estados Unidos, notícias da Europa, curiosidades gerais, lançamentos de livros e produtos; interessante observar que mesmo sendo André Rebouças um ferrenho monarquista, o jornal abre espaço para a sua participação. Não era um jornal literário, mas possuía um significativo espaço para a discussão de questões que envolviam a literatura, como, por exemplo, ao tratar de manuais de biologia como uma literatura tanto mais apurada quanto mais estivesse detalhada e precisa-científica, por assim dizer. 5 Rebouças era amigo e colaborador de José Carlos Rodrigues; em seu diário (20/02i1875), registra com um certo constrangimento o fato do amigo tê-lo colocado em seu testamento: "em sua carta de 22 janeiro o Dr. José Carlos Rodrigues comunica-me que, em seu testamento, depositado no Cartório do Tabelião Noble Heath Jr,-33, Cambers Street-New York, me legara a direção do "Novo Mundo"-Pobre amigo! Deus lhe proteja e conserve por muitos anos!" 6 Há informações conflitantes quanto ao período em que Rebouças publicou seus ensaios em O Novo lV!undo. Elza Miné (Da Enunciação da Proposta às suas. revisitações-Dissertação de livre-docência apresentada no Departamento de Letras Clássicas e Vemáculas da Universidade de São Paulo em 1991) diz que ele escreveu regularmente para a folha a partir de 1874 (é essa também a informação que consta em seu Diário). No entanto, no número 100 de O Novo Mundoedição comemorativa formada por textos já publicados em suas páginas-, há o registro da localização de todos os textos e um de Rebouças chama a atenção: fevereiro de 1872. 7 A coleção completa é composta de 108 números, com 16 páginas por exemplar; havia ainda números com suplementos (outubro de 1870 a dezembro de 1879).
Revista USP, Nov 30, 1994
Revista USP, Nov 30, 1999
Macalester International, 1997
To anyone crossing the 8.5 million square kilometers of Brazil, the image used thirty years ago b... more To anyone crossing the 8.5 million square kilometers of Brazil, the image used thirty years ago by Roger Bastide, 1 "land of contrasts," would still be apropos. There are contrasts of every sort: geographical, historic, cultural, economic, social and regional. The idea of the existence of "several Brazils"-or at least the dualism of an "archaic" nation and a "modern" other-is an old one in the tradition of Brazilian studies. The sources of this idea can be traced back to nineteenth-century Romanticism. A little earlier than Bastide's consecration of the image of "contrasts," another French Brazilianist, Jacques Lambert, formulated the famous thesis of "two Brazils." One of them was predominantly urban, coastal, White, Europeanized, and relatively developed; the other was rural, technically and economically backward, non-White, and attached to non-European cultural traditions. Brazil reproduces in itself the world contrasts: we find in it aspects which recall those of New York or Chicago, besides others which evoke those of India or of Egypt. 2
Editora UNESP eBooks, 1998
... À memória de Michel Maurice Debrun, mestre e amigo, e de Galdino Pataxó Hã-Hã ... Daí a local... more ... À memória de Michel Maurice Debrun, mestre e amigo, e de Galdino Pataxó Hã-Hã ... Daí a localização daquele extermínio em massa permanecer isolado, com a única, inesperada vantagem de ter tido um momumento-memorial, Os sertões, à qual nenhum adjetivo pode ...
Portuguese Studies, 2007
... declamatória, embora em registro imagético diverso, certos traços poderiam ser buscados em Eu... more ... declamatória, embora em registro imagético diverso, certos traços poderiam ser buscados em Eu e outras poesias; o catarinense Cruz e Sousa (1861 ... de Farias Brito, professor no Rio de Janeiro que muito influenciou aquela geração — teremos que lembrar de Volney, o autor ...
Remate de Males, 1993
FRANCISCO FOOT HARDMAN UNICAMP Na pequena e efervescente São José do Rio Pardo, a virada do sécul... more FRANCISCO FOOT HARDMAN UNICAMP Na pequena e efervescente São José do Rio Pardo, a virada do século XIX não passava despercebida, entre outros, a dois cronistas especiais: Euclides da Cunha e Francisco Escobar. O primeiro, às voltas com duas obras magistrais de construção: a ponte de ferro sobre o rio Pardo e o ensaio épico-dramático sobre Canudos. O segundo, intelectual socialista e bibliófilo abnegado, amigo e interlocutor privilegiado do autor de Os sertões. O jornal local O Rio Pardo publicava, em 3 de maio de 1900, uma edição especialmente dedicada às celebrações do quarto centenário do descobrimento do Brasil. E entre os articulistas com textos estampados na primeira página, estavam Euclides-assinando E. C.-que publicava a crônica de abertura intitulada 4º Centenário do Descobrimento do Brasil; e Escobar-subscrevendo "Fra D'Esco"-que escrevia a matéria subseqüente, chamada 400 Anos. São esses os documentos que reproduzo a seguir, na íntegra, apenas atualizando a ortografia e revendo erros tipográficos evidentes. O texto de Euclides, aqui recuperado, permaneceu, salvo engano, praticamente inédito. Não consta, afinal, da edição de sua Obra completa em dois volumes, pela editora Aguilar (1966). A única transcrição a que tive acesso, feita com falhas, pode ser conferida no livro Euclides da Cunha e o socialismo, de José Aleixo Irmão (São José do Rio Pardo, Casa Euclidiana, 1960, pp. 63-5). Esta obra, de um promotor que atuou na cidade, foi escrita com o intuito de contestar a apregoada militância socialista de Euclides em São José do Rio Pardo, durante sua estadia ali, entre 1898 e 1901. Tendo pesquisado, para tal, fontes primárias locais relevantes, como as atas do Clube Democrático Internacional "Filhos do Trabalho" e o jornal O Proletário, Aleixo Irmão põe em dúvida, inclusive, a participação direta de Euclides na redação de manifestos alusivos ao Primeiro de Maio de 1901 em Rio Pardo (e até hoje incorporados na Obra completa). De todo modo, se não houve militância orgânica formal, é certo que tenha havido, ao menos, simpatia difusa; e, neste caso, a amizade intelectual com Francisco Escobar foi elo dos mais decisivos. A propósito do perfil social diferenciado dessas celebrações, naquela cidade, o jornal O Rio Pardo sugere interessante paralelismo. O 1º de Maio de 1900 foi comemorado majoritariamente por imigrantes italianos-artesãos, operários e intelectuais-com as bandas de música, os estandartes, alguns oradores que "discorreram na maviosa língua de Dante", culminando o processo com a fundação do Clube "Filhos do Trabalho", de tendência socialista e mantendo laços com o Grupo Avanti!, de São Paulo. Já no dia 3 de Maio é a vez de celebração mais oficial e solene, pela passagem dos 400 anos da descoberta do Brasil, com "préstito... de perto de 2 mil pessoas", em que participam autoridades políticas, militares, comerciantes, representantes da lavoura e o próprio redator-proprietário de O Rio Pardo. Após missa e passeata, os discursos em frente à Câmara Municipal, registrando-se a presença do "dr. Euclides da Cunha que em eloquentíssimas frases saudou as três nações: Portugal, Itália e Brasil" (cf. O Rio Pardo, 06/05/1900, p.1; e 03/05/1900, p.2). Não se tratava de celebração localizada ou casual. Naquele mesmo ano, organizara-se, no Rio de Janeiro, a Associação do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, que reunia diversos segmentos sociais e algumas das figuras mais conhecidas da intelectualidade nacional. Ramiz Galvão historiou, em obra monumental 1 , os trabalhos dessa Associação, que incluíram: criação de hino e monumento comemorativos;
Journal of Latin American Cultural Studies, Dec 1, 2007
For almost four decades Márcio Souza (Manaus, 1946–) has acted out his role as author on differen... more For almost four decades Márcio Souza (Manaus, 1946–) has acted out his role as author on different planes of artistic, cultural and literary production. Although he is best known as a writer of prose fiction (the literary genre which has defined him since the end of the 1970s, despite it comprising just under half of his published output) he also works in the essay and the theatre, and did important work in film in the first decade of his career. Much of his production deals with themes concerning the Amazonian Region, though not exclusively so. Thus, of his 12 works of fiction (11 novels and one collection of stories), at least four concern national politics in the period of the military dictatorship. Of his 11 plays, which he collected and edited in three volumes in 1997, five make up his indigenous theatre, four deal with the belle époque of the Rubber Boom and populism in the Amazon and two are political farces set during the Brazilian dictatorship. Throughout his theatrical production, however, there is a clear emphasis on a militant Indianism and on regionalism, a position that he reasserts in the two preface manifestos to a separate edition of three plays in Teatro Indı́gena do Amazonas (1979a), in the essay entitled ‘A questão do teatro regional’ and the analysis of his experience as an actor in the Teatro Experimental of SESC (TESC) in Manaus between 1968 and 1982 in the essay-memoir O palco verde (1984). The author places so much importance on regional theatre in his political-cultural activism that, when in 2003 he republished his accomplished essay A expressão amazonense (1978) (perhaps the most important synthesis of his aesthetic and ideological conception) in addition to the new preface concerning the historical impasse of the Amazon, he added the appendix ‘A experiência teatral no Amazonas’. He has directed a feature-length film based on the canonical novel of Amazonian regional nationalism (A selva, 1972), an adaptation of the 1930 novel of the same title by Ferreira de Castro. However, at least four of his six shorts are modernistexperimental with no reference to local landscapes. It couldn’t be otherwise. His training as a film-maker was necessarily cosmopolitan. O mostrador de sombras (1967), his interesting first, and now rare, book bears witness to this: it is made up of his early film criticism, in which, alongside the article analysing national cinema and praising Joaquim Pedro de Andrade’s O padre e a moça and a manifesto for Amazonian film, there are nine other essays dominated by analyses of Italian productions (from neo-realism to Visconti, Antonioni and Fellini), European horror films (from German expressionism to film noir), Bergman and, especially, ‘the prophet’ Luı́s Buñuel. Of the almost 30 titles of the author’s non-fiction prose that we have considered, only a quarter are predominantly devoted to general or national subjects and of these the vast majority are texts clearly linked to the world of the Amazon, or, even more restrictedly, to the State of Amazonas. But the author himself has always tried to point
Anais do SETA-ISSN 1981-9153, 2008
Este trabalho apresenta a proposta de recuperação da obra inédita de memórias de Alberto Rangel, ... more Este trabalho apresenta a proposta de recuperação da obra inédita de memórias de Alberto Rangel, através da edição dos dois primeiros volumes de suas Águas Revessas. Nessa obra, procuramos, além do resgate da escrita do autor, de sua produção memorialística e literária, a reconstrução de um painel históricoliterário do final do século XIX e início do século XX.
Journal of Latin American Cultural Studies, Mar 1, 2000
... the pioneering bursts of textile manufacturing activity in the Bahian RecoÃncavo leave no roo... more ... the pioneering bursts of textile manufacturing activity in the Bahian RecoÃncavo leave no room for doubt (Hardman and Leonardi, 1982, 1983; Stein ... and original monographs such as those of Luiz Henrique Dias Tavares and Maria H. Flexor, not to mention Katia Mattoso's thesis ...
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2007
Em 1989, Milton Hatoum publica Relato de um certo oriente, seu livro de estreia. Narrativa sem as... more Em 1989, Milton Hatoum publica Relato de um certo oriente, seu livro de estreia. Narrativa sem as tipicas cores regionalistas, provoca uma mudanca de tom ao tratar a Amazonia e sua paisagem, fugindo das ilusoes românticas e de uma perspectiva de inocencia virginal. Frente a essa possibilidade outra de interpretar e compreender a regiao amazonica, o presente estudo - Entre orientes: viagens e memorias - pretende analisar o percurso dessa narrativa capaz de romper com velhos topoi representativos da regiao. Dentro de um panorama em que imagens de Amazonia se colocam desde os relatos de viajantes e cronistas ja no seculo XVI, busca-se demonstrar como atraves da linguagem toma-se possivel reapresentar uma Amazonia menos mitica, maravilhosa, exotica, apesar de certo oriente Abstract
Esta dissertação de mestrado trata de algumas particularidades do jornal O Novo Mundo, editado po... more Esta dissertação de mestrado trata de algumas particularidades do jornal O Novo Mundo, editado por José Carlos Rodrigues, o qual via os Estados Unidos, e não a França, como modelo de progresso e ilustração a ser seguido-a começar pela abolição da escravatura e a implantação do trabalhado assalariado. Tal periódico, que era editado em Nova Iorque, parece ser exemplar no que diz respeito ao momento de impasse nos meios culturais do Brasil da década de setenta do século XIX. Positivismo francês lido à americana, o jornal pregava insistentemente, através de artigos assinados ou não-alguns com pseudônimos, a maioria sem assinatura-, a literatura científica, a obra útil que pode auxiliar no progresso da nação. A concepção do que era tido como literário, assim como a função da literatura (a função que ela deixa de assumir, a que ela quer assumir), são questões que aparecem em O Novo Mundo e merecem uma atenção cuidadosa. Como conciliar uma literatura "mais prática e útil" com a tradição literária? Como preservar a identidade nacional com a intromissão dos modelos internacionais de progresso, evolução e ciências? Esses e outros temas são discutidos nesta dissertação. A presença do poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, na equipe de redatores traz mais interesse ainda à folha; portanto, o jornal agrupa, de um lado, um entusiasta do progresso (Rodrigues), e, de outro, o critico e ousado autor de "O inferno de Wall Street". No jornal pode-se acompanhar uma série de elementos de um ambiente cultural típico das últimas décadas do século dezenove. Qual seja: o gosto pelas descobertas científicas, os textos instrutivos, mais ou menos narrativos, mais ou menos folhetinescos, o material que era feito a partir das gravuras, as resenhas criticas, as notas e as crônicas. São fragmentos, em sua grande parte híbridos, que, colados ou sobrepostos, contribuem para a reflexão sobre os vínculos entre imprensa e literatura. 4 Maio 98-ano 2-n.' 19 20 O "caminho americano" para o Brasil não era um sonho exclusivo de Rebouças 5 : embora com enormes diferenças quanto ao modo de governar o "Brasil-americano", José Carlos Rodrigues, editor de O Novo Mundo, aspirava o mesmo. Ainda jovem, foi para os Estados Unidos e trabalhou como correspondente de jornais brasileiros, ingleses e norteamericanos até conseguir, em 1870, fundar o seu próprio periódico: O Novo Mundo. Não foi à toa que o estudo de Rebouças 6 tenha saído na folha em questão: notadamente voltada para o modelo norte-americano de desenvolvimento, O Novo Mundo representava umas das poucas opções para aqueles que viam a América do Norte, e não a Europa como paradigma de civilização. O Novo Mundo 7 era editado em Nova Iorque e era de propriedade exclusiva de José Carlos Rodrigues até 1875, quando passou a ser de uma sociedade anônima e só chegando ao fim em 1879 por motivos financeiros. Era uma folha mensal que veiculava informações políticas e econômicas dos Estados Unidos, notícias da Europa, curiosidades gerais, lançamentos de livros e produtos; interessante observar que mesmo sendo André Rebouças um ferrenho monarquista, o jornal abre espaço para a sua participação. Não era um jornal literário, mas possuía um significativo espaço para a discussão de questões que envolviam a literatura, como, por exemplo, ao tratar de manuais de biologia como uma literatura tanto mais apurada quanto mais estivesse detalhada e precisa-científica, por assim dizer. 5 Rebouças era amigo e colaborador de José Carlos Rodrigues; em seu diário (20/02i1875), registra com um certo constrangimento o fato do amigo tê-lo colocado em seu testamento: "em sua carta de 22 janeiro o Dr. José Carlos Rodrigues comunica-me que, em seu testamento, depositado no Cartório do Tabelião Noble Heath Jr,-33, Cambers Street-New York, me legara a direção do "Novo Mundo"-Pobre amigo! Deus lhe proteja e conserve por muitos anos!" 6 Há informações conflitantes quanto ao período em que Rebouças publicou seus ensaios em O Novo lV!undo. Elza Miné (Da Enunciação da Proposta às suas. revisitações-Dissertação de livre-docência apresentada no Departamento de Letras Clássicas e Vemáculas da Universidade de São Paulo em 1991) diz que ele escreveu regularmente para a folha a partir de 1874 (é essa também a informação que consta em seu Diário). No entanto, no número 100 de O Novo Mundoedição comemorativa formada por textos já publicados em suas páginas-, há o registro da localização de todos os textos e um de Rebouças chama a atenção: fevereiro de 1872. 7 A coleção completa é composta de 108 números, com 16 páginas por exemplar; havia ainda números com suplementos (outubro de 1870 a dezembro de 1879).
Revista USP, Nov 30, 1994
Revista USP, Nov 30, 1999
Macalester International, 1997
To anyone crossing the 8.5 million square kilometers of Brazil, the image used thirty years ago b... more To anyone crossing the 8.5 million square kilometers of Brazil, the image used thirty years ago by Roger Bastide, 1 "land of contrasts," would still be apropos. There are contrasts of every sort: geographical, historic, cultural, economic, social and regional. The idea of the existence of "several Brazils"-or at least the dualism of an "archaic" nation and a "modern" other-is an old one in the tradition of Brazilian studies. The sources of this idea can be traced back to nineteenth-century Romanticism. A little earlier than Bastide's consecration of the image of "contrasts," another French Brazilianist, Jacques Lambert, formulated the famous thesis of "two Brazils." One of them was predominantly urban, coastal, White, Europeanized, and relatively developed; the other was rural, technically and economically backward, non-White, and attached to non-European cultural traditions. Brazil reproduces in itself the world contrasts: we find in it aspects which recall those of New York or Chicago, besides others which evoke those of India or of Egypt. 2
Editora UNESP eBooks, 1998
... À memória de Michel Maurice Debrun, mestre e amigo, e de Galdino Pataxó Hã-Hã ... Daí a local... more ... À memória de Michel Maurice Debrun, mestre e amigo, e de Galdino Pataxó Hã-Hã ... Daí a localização daquele extermínio em massa permanecer isolado, com a única, inesperada vantagem de ter tido um momumento-memorial, Os sertões, à qual nenhum adjetivo pode ...
Portuguese Studies, 2007
... declamatória, embora em registro imagético diverso, certos traços poderiam ser buscados em Eu... more ... declamatória, embora em registro imagético diverso, certos traços poderiam ser buscados em Eu e outras poesias; o catarinense Cruz e Sousa (1861 ... de Farias Brito, professor no Rio de Janeiro que muito influenciou aquela geração — teremos que lembrar de Volney, o autor ...
Remate de Males, 1993
FRANCISCO FOOT HARDMAN UNICAMP Na pequena e efervescente São José do Rio Pardo, a virada do sécul... more FRANCISCO FOOT HARDMAN UNICAMP Na pequena e efervescente São José do Rio Pardo, a virada do século XIX não passava despercebida, entre outros, a dois cronistas especiais: Euclides da Cunha e Francisco Escobar. O primeiro, às voltas com duas obras magistrais de construção: a ponte de ferro sobre o rio Pardo e o ensaio épico-dramático sobre Canudos. O segundo, intelectual socialista e bibliófilo abnegado, amigo e interlocutor privilegiado do autor de Os sertões. O jornal local O Rio Pardo publicava, em 3 de maio de 1900, uma edição especialmente dedicada às celebrações do quarto centenário do descobrimento do Brasil. E entre os articulistas com textos estampados na primeira página, estavam Euclides-assinando E. C.-que publicava a crônica de abertura intitulada 4º Centenário do Descobrimento do Brasil; e Escobar-subscrevendo "Fra D'Esco"-que escrevia a matéria subseqüente, chamada 400 Anos. São esses os documentos que reproduzo a seguir, na íntegra, apenas atualizando a ortografia e revendo erros tipográficos evidentes. O texto de Euclides, aqui recuperado, permaneceu, salvo engano, praticamente inédito. Não consta, afinal, da edição de sua Obra completa em dois volumes, pela editora Aguilar (1966). A única transcrição a que tive acesso, feita com falhas, pode ser conferida no livro Euclides da Cunha e o socialismo, de José Aleixo Irmão (São José do Rio Pardo, Casa Euclidiana, 1960, pp. 63-5). Esta obra, de um promotor que atuou na cidade, foi escrita com o intuito de contestar a apregoada militância socialista de Euclides em São José do Rio Pardo, durante sua estadia ali, entre 1898 e 1901. Tendo pesquisado, para tal, fontes primárias locais relevantes, como as atas do Clube Democrático Internacional "Filhos do Trabalho" e o jornal O Proletário, Aleixo Irmão põe em dúvida, inclusive, a participação direta de Euclides na redação de manifestos alusivos ao Primeiro de Maio de 1901 em Rio Pardo (e até hoje incorporados na Obra completa). De todo modo, se não houve militância orgânica formal, é certo que tenha havido, ao menos, simpatia difusa; e, neste caso, a amizade intelectual com Francisco Escobar foi elo dos mais decisivos. A propósito do perfil social diferenciado dessas celebrações, naquela cidade, o jornal O Rio Pardo sugere interessante paralelismo. O 1º de Maio de 1900 foi comemorado majoritariamente por imigrantes italianos-artesãos, operários e intelectuais-com as bandas de música, os estandartes, alguns oradores que "discorreram na maviosa língua de Dante", culminando o processo com a fundação do Clube "Filhos do Trabalho", de tendência socialista e mantendo laços com o Grupo Avanti!, de São Paulo. Já no dia 3 de Maio é a vez de celebração mais oficial e solene, pela passagem dos 400 anos da descoberta do Brasil, com "préstito... de perto de 2 mil pessoas", em que participam autoridades políticas, militares, comerciantes, representantes da lavoura e o próprio redator-proprietário de O Rio Pardo. Após missa e passeata, os discursos em frente à Câmara Municipal, registrando-se a presença do "dr. Euclides da Cunha que em eloquentíssimas frases saudou as três nações: Portugal, Itália e Brasil" (cf. O Rio Pardo, 06/05/1900, p.1; e 03/05/1900, p.2). Não se tratava de celebração localizada ou casual. Naquele mesmo ano, organizara-se, no Rio de Janeiro, a Associação do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, que reunia diversos segmentos sociais e algumas das figuras mais conhecidas da intelectualidade nacional. Ramiz Galvão historiou, em obra monumental 1 , os trabalhos dessa Associação, que incluíram: criação de hino e monumento comemorativos;
Journal of Latin American Cultural Studies, Dec 1, 2007
For almost four decades Márcio Souza (Manaus, 1946–) has acted out his role as author on differen... more For almost four decades Márcio Souza (Manaus, 1946–) has acted out his role as author on different planes of artistic, cultural and literary production. Although he is best known as a writer of prose fiction (the literary genre which has defined him since the end of the 1970s, despite it comprising just under half of his published output) he also works in the essay and the theatre, and did important work in film in the first decade of his career. Much of his production deals with themes concerning the Amazonian Region, though not exclusively so. Thus, of his 12 works of fiction (11 novels and one collection of stories), at least four concern national politics in the period of the military dictatorship. Of his 11 plays, which he collected and edited in three volumes in 1997, five make up his indigenous theatre, four deal with the belle époque of the Rubber Boom and populism in the Amazon and two are political farces set during the Brazilian dictatorship. Throughout his theatrical production, however, there is a clear emphasis on a militant Indianism and on regionalism, a position that he reasserts in the two preface manifestos to a separate edition of three plays in Teatro Indı́gena do Amazonas (1979a), in the essay entitled ‘A questão do teatro regional’ and the analysis of his experience as an actor in the Teatro Experimental of SESC (TESC) in Manaus between 1968 and 1982 in the essay-memoir O palco verde (1984). The author places so much importance on regional theatre in his political-cultural activism that, when in 2003 he republished his accomplished essay A expressão amazonense (1978) (perhaps the most important synthesis of his aesthetic and ideological conception) in addition to the new preface concerning the historical impasse of the Amazon, he added the appendix ‘A experiência teatral no Amazonas’. He has directed a feature-length film based on the canonical novel of Amazonian regional nationalism (A selva, 1972), an adaptation of the 1930 novel of the same title by Ferreira de Castro. However, at least four of his six shorts are modernistexperimental with no reference to local landscapes. It couldn’t be otherwise. His training as a film-maker was necessarily cosmopolitan. O mostrador de sombras (1967), his interesting first, and now rare, book bears witness to this: it is made up of his early film criticism, in which, alongside the article analysing national cinema and praising Joaquim Pedro de Andrade’s O padre e a moça and a manifesto for Amazonian film, there are nine other essays dominated by analyses of Italian productions (from neo-realism to Visconti, Antonioni and Fellini), European horror films (from German expressionism to film noir), Bergman and, especially, ‘the prophet’ Luı́s Buñuel. Of the almost 30 titles of the author’s non-fiction prose that we have considered, only a quarter are predominantly devoted to general or national subjects and of these the vast majority are texts clearly linked to the world of the Amazon, or, even more restrictedly, to the State of Amazonas. But the author himself has always tried to point
Anais do SETA-ISSN 1981-9153, 2008
Este trabalho apresenta a proposta de recuperação da obra inédita de memórias de Alberto Rangel, ... more Este trabalho apresenta a proposta de recuperação da obra inédita de memórias de Alberto Rangel, através da edição dos dois primeiros volumes de suas Águas Revessas. Nessa obra, procuramos, além do resgate da escrita do autor, de sua produção memorialística e literária, a reconstrução de um painel históricoliterário do final do século XIX e início do século XX.
Journal of Latin American Cultural Studies, Mar 1, 2000
... the pioneering bursts of textile manufacturing activity in the Bahian RecoÃncavo leave no roo... more ... the pioneering bursts of textile manufacturing activity in the Bahian RecoÃncavo leave no room for doubt (Hardman and Leonardi, 1982, 1983; Stein ... and original monographs such as those of Luiz Henrique Dias Tavares and Maria H. Flexor, not to mention Katia Mattoso's thesis ...