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Papers by Gustavo André Pereira Guimarães
EGN/PPGEM, 2019
O Brasil possui em seu território vastas reservas de tório, um mineral atômico mais leve que o ur... more O Brasil possui em seu território vastas reservas de tório, um mineral atômico mais leve que o urânio e que também possui a capacidade de ser utilizado como combustível em reatores nucleares. As históricas pressões da geopolítica nuclear desde o final da Segunda Guerra Mundial retardaram, mas não conseguiram impedir que o Brasil dominasse o ciclo completo do combustível urânio, desenvolvendo capacidade técnica autóctone e independência tecnológica no abastecimento de suas usinas. A segunda década do século XXI assiste ao contínuo crescimento mundial da demanda por energia elétrica, que provoca a expansão da geração nucleoelétrica com a construção de novas plantas, consequentemente estimulando o aprimoramento tecnológico. Embora a energia nuclear seja uma energia de base que atende às demandas climáticas de redução do aquecimento global, traz consigo as questões controversas da proliferação nuclear e dos resíduos radioativos. Paralelamente, o cenário geopolítico aponta para mudanças, onde o tradicional cerceamento tecnológico parece reduzir-se diante da formação de fóruns internacionais com colaboração científica e tecnológica internacional em torno do desenvolvimento compartilhado de novos conceitos de reatores nucleares, classificados como de quarta geração pelo Fórum Internacional de Quarta Geração – GIF. Tanto as tecnologias anteriores como os novos modelos podem adotar o ciclo do combustível tório, ao invés do urânio ou urânio-plutônio, com adaptações. O Brasil possui experiência em pesquisa com o tório e considera a energia nuclear estratégica para o País, além de ser membro do GIF. Entretanto, um dos maiores empecilhos para a expansão do investimento em tecnologia nuclear no País é a dificuldade de inclusão da matéria na agenda política, com promoção de amplo debate que possa culminar no estabelecimento de políticas públicas consistentes para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na área (PD&I). Neste contexto, surgiu a oportunidade para conceber um mapa tecnológico inédito propondo o desenvolvimento de reatores de tório no Brasil. A ferramenta Mapa Tecnológico sintetiza as informações necessárias para tomada de decisão em um documento único, fornecendo uma visão abrangente, resumida e de fácil compreensão. Mapas tecnológicos têm sido utilizados por países como a China e a Austrália bem como por organizações como a Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA para orientar políticas públicas de médio e longo prazo. O presente trabalho propõe um mapa tecnológico para construção de um reator de tório no Brasil, com o objetivo de viabilizar a formulação de políticas públicas específicas que contemplem o desenvolvimento de reatores nucleares no Brasil com tecnologia autóctone utilizando o ciclo do combustível tório.
XI ENABED - Anais Eletrônicos, 2021
Em 2021 comemora-se o 30º aniversário da ABACC-Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Co... more Em 2021 comemora-se o 30º aniversário da ABACC-Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares e do Acordo Quadripartite. Esse avanço institucional e de políticas públicas nas questões de salvaguardas nucleares consolidouse com a adesão formal do Brasil e da Argentina ao TNP-Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Três décadas à frente, o PNB-Programa Nuclear Brasileiro, encontra-se em uma fase de reestruturação a partir do marco regulatório estabelecido pelo Decreto 9.600/2018, que consolidou suas diretrizes, alinhadas às PND-Política Nacional de Defesa e END-Estratégia Nacional de Defesa, revisadas e divulgadas em 2020. O presente trabalho faz um levantamento sobre os principais documentos da AIEA-Agência Internacional de Energia Atômica sob a perspectiva do momento atual do Programa Nuclear Brasileiro, notoriamente de cunho pacífico, bem como suas aspirações para a próxima década. Com base na análise de documentos oficiais de caráter ostensivo, os autores confrontam as orientações fornecidas pela AIEA com o desenvolvimento do PNB, reiterando a visão estratégica nacional de que a abrangência das salvaguardas contidas no TNP é suficiente para atender aos objetivos de não-proliferação nuclear. A recepção do Protocolo Adicional ao TNP ao ordenamento jurídico do País, tal qual firmado em 1997, conferiria um grau de liberdade invasivoquase irrestrito à AIEA quanto às inspeçõessem as devidas contrapartidas internacionais de redução e eliminação significativa de armas de destruição em massa. Como consequência, terminaria por ferir a soberania brasileira e a proteção intelectual oriunda das conquistas tecnológicas nacionais no campo nuclear e afins. Deste modo, este artigo conclui que o Acordo Quadripartite e o TNP permanecem como instrumentos válidos, atuais e suficientes para o tratamento de salvaguardas, já incorporados nas políticas públicas nacionais para o setor nuclear, permanecendo fora de interesse do Brasil a adesão ao respectivo Protocolo Adicional.
Revista Brasileira de Energia, 2022
A geopolítica nuclear descreve o conflito entre países combinando interesses energético... more A geopolítica nuclear descreve o conflito entre países combinando
interesses energéticos e de materiais estratégicos. O surgimento da
geopolítica nuclear brasileira pode ser historicamente situado em
1945, junto com a geopolítica nuclear mundial. Em ambas, o tório
inicialmente exerceu papel central ao lado do urânio, até meados
da década de 1970. Na década de 1990, houve uma retomada do
interesse por reatores nucleares utilizando o ciclo do combustível tório,
como alternativa às tecnologias dominantes que empregam o urânio. O
conhecimento acumulado ao longo de 60 anos de pesquisas no Brasil
sobre o ciclo do combustível tório possibilita considerar uma proposta
para a adoção de um reator nuclear com tório como combustível. A
dificuldade de inserção do tema nuclear na agenda política representa
um desafio para a elaboração e implantação de políticas públicas
para construção de um reator de tório no Brasil. O presente trabalho
oferece um mapa tecnológico multicamadas para inserção de reatores
de tório na agenda política nacional, destacando como contribuições: a
descrição do processo sistemático de elaboração até a apresentação
do modelo final de um mapa tecnológico, a proposta da inserção
de reatores de tório no Programa Nuclear Brasileiro e a atualidade
da geopolítica nuclear brasileira e mun-dial. Os autores concluem
que o mapa tecnológico construído representa um ponto de partida
aplicável para a inclusão do tema na agenda política nacional visando
a construção e operação de novas plantas nucleares.
Nuclear geopolitics describes the conflicts between countries combining
energetic and strategic materials. The emergence of Brazilian nuclear
geopolitics can be historically assigned in 1945, at the same time of
the world nuclear geopolitics. Thorium and uranium had initially played
the same key role on both up to the mid-1970s. By the 1990s, there
was a resurgence of interest in nuclear reactors adopting thorium fuel
cycle as an alternative for the main technology uranium based. The
knowledge accumulated along 60 years of research in Brazil about
the thorium fuel cycle indicates that a firm proposal to adopt a nuclear
reactor with thorium as fuel can be considered. The obstacles to
address nuclear issues in the political agenda presents a challenge to
formulate and implement public policies on building a thorium reactor
in Brazil. This paper offers a multilevel technology roadmap to raise the
matter of thorium reactors into the national political agenda, highlighting
as contributions: description of the systematic process to build a
technology roadmap from beginning to its final design presentation, the
proposal to include thorium reactors in the Brazilian Nuclear Program,
and the current situation of Brazilian and world nuclear geo-politics. The
authors conclude that the technology roadmap built is a starting point
useful to include the issue in the national political agenda focusing the
construction and operation of new nuclear power plants.
EGN/PPGEM, 2019
O Brasil possui em seu território vastas reservas de tório, um mineral atômico mais leve que o ur... more O Brasil possui em seu território vastas reservas de tório, um mineral atômico mais leve que o urânio e que também possui a capacidade de ser utilizado como combustível em reatores nucleares. As históricas pressões da geopolítica nuclear desde o final da Segunda Guerra Mundial retardaram, mas não conseguiram impedir que o Brasil dominasse o ciclo completo do combustível urânio, desenvolvendo capacidade técnica autóctone e independência tecnológica no abastecimento de suas usinas. A segunda década do século XXI assiste ao contínuo crescimento mundial da demanda por energia elétrica, que provoca a expansão da geração nucleoelétrica com a construção de novas plantas, consequentemente estimulando o aprimoramento tecnológico. Embora a energia nuclear seja uma energia de base que atende às demandas climáticas de redução do aquecimento global, traz consigo as questões controversas da proliferação nuclear e dos resíduos radioativos. Paralelamente, o cenário geopolítico aponta para mudanças, onde o tradicional cerceamento tecnológico parece reduzir-se diante da formação de fóruns internacionais com colaboração científica e tecnológica internacional em torno do desenvolvimento compartilhado de novos conceitos de reatores nucleares, classificados como de quarta geração pelo Fórum Internacional de Quarta Geração – GIF. Tanto as tecnologias anteriores como os novos modelos podem adotar o ciclo do combustível tório, ao invés do urânio ou urânio-plutônio, com adaptações. O Brasil possui experiência em pesquisa com o tório e considera a energia nuclear estratégica para o País, além de ser membro do GIF. Entretanto, um dos maiores empecilhos para a expansão do investimento em tecnologia nuclear no País é a dificuldade de inclusão da matéria na agenda política, com promoção de amplo debate que possa culminar no estabelecimento de políticas públicas consistentes para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na área (PD&I). Neste contexto, surgiu a oportunidade para conceber um mapa tecnológico inédito propondo o desenvolvimento de reatores de tório no Brasil. A ferramenta Mapa Tecnológico sintetiza as informações necessárias para tomada de decisão em um documento único, fornecendo uma visão abrangente, resumida e de fácil compreensão. Mapas tecnológicos têm sido utilizados por países como a China e a Austrália bem como por organizações como a Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA para orientar políticas públicas de médio e longo prazo. O presente trabalho propõe um mapa tecnológico para construção de um reator de tório no Brasil, com o objetivo de viabilizar a formulação de políticas públicas específicas que contemplem o desenvolvimento de reatores nucleares no Brasil com tecnologia autóctone utilizando o ciclo do combustível tório.
XI ENABED - Anais Eletrônicos, 2021
Em 2021 comemora-se o 30º aniversário da ABACC-Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Co... more Em 2021 comemora-se o 30º aniversário da ABACC-Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares e do Acordo Quadripartite. Esse avanço institucional e de políticas públicas nas questões de salvaguardas nucleares consolidouse com a adesão formal do Brasil e da Argentina ao TNP-Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Três décadas à frente, o PNB-Programa Nuclear Brasileiro, encontra-se em uma fase de reestruturação a partir do marco regulatório estabelecido pelo Decreto 9.600/2018, que consolidou suas diretrizes, alinhadas às PND-Política Nacional de Defesa e END-Estratégia Nacional de Defesa, revisadas e divulgadas em 2020. O presente trabalho faz um levantamento sobre os principais documentos da AIEA-Agência Internacional de Energia Atômica sob a perspectiva do momento atual do Programa Nuclear Brasileiro, notoriamente de cunho pacífico, bem como suas aspirações para a próxima década. Com base na análise de documentos oficiais de caráter ostensivo, os autores confrontam as orientações fornecidas pela AIEA com o desenvolvimento do PNB, reiterando a visão estratégica nacional de que a abrangência das salvaguardas contidas no TNP é suficiente para atender aos objetivos de não-proliferação nuclear. A recepção do Protocolo Adicional ao TNP ao ordenamento jurídico do País, tal qual firmado em 1997, conferiria um grau de liberdade invasivoquase irrestrito à AIEA quanto às inspeçõessem as devidas contrapartidas internacionais de redução e eliminação significativa de armas de destruição em massa. Como consequência, terminaria por ferir a soberania brasileira e a proteção intelectual oriunda das conquistas tecnológicas nacionais no campo nuclear e afins. Deste modo, este artigo conclui que o Acordo Quadripartite e o TNP permanecem como instrumentos válidos, atuais e suficientes para o tratamento de salvaguardas, já incorporados nas políticas públicas nacionais para o setor nuclear, permanecendo fora de interesse do Brasil a adesão ao respectivo Protocolo Adicional.
Revista Brasileira de Energia, 2022
A geopolítica nuclear descreve o conflito entre países combinando interesses energético... more A geopolítica nuclear descreve o conflito entre países combinando
interesses energéticos e de materiais estratégicos. O surgimento da
geopolítica nuclear brasileira pode ser historicamente situado em
1945, junto com a geopolítica nuclear mundial. Em ambas, o tório
inicialmente exerceu papel central ao lado do urânio, até meados
da década de 1970. Na década de 1990, houve uma retomada do
interesse por reatores nucleares utilizando o ciclo do combustível tório,
como alternativa às tecnologias dominantes que empregam o urânio. O
conhecimento acumulado ao longo de 60 anos de pesquisas no Brasil
sobre o ciclo do combustível tório possibilita considerar uma proposta
para a adoção de um reator nuclear com tório como combustível. A
dificuldade de inserção do tema nuclear na agenda política representa
um desafio para a elaboração e implantação de políticas públicas
para construção de um reator de tório no Brasil. O presente trabalho
oferece um mapa tecnológico multicamadas para inserção de reatores
de tório na agenda política nacional, destacando como contribuições: a
descrição do processo sistemático de elaboração até a apresentação
do modelo final de um mapa tecnológico, a proposta da inserção
de reatores de tório no Programa Nuclear Brasileiro e a atualidade
da geopolítica nuclear brasileira e mun-dial. Os autores concluem
que o mapa tecnológico construído representa um ponto de partida
aplicável para a inclusão do tema na agenda política nacional visando
a construção e operação de novas plantas nucleares.
Nuclear geopolitics describes the conflicts between countries combining
energetic and strategic materials. The emergence of Brazilian nuclear
geopolitics can be historically assigned in 1945, at the same time of
the world nuclear geopolitics. Thorium and uranium had initially played
the same key role on both up to the mid-1970s. By the 1990s, there
was a resurgence of interest in nuclear reactors adopting thorium fuel
cycle as an alternative for the main technology uranium based. The
knowledge accumulated along 60 years of research in Brazil about
the thorium fuel cycle indicates that a firm proposal to adopt a nuclear
reactor with thorium as fuel can be considered. The obstacles to
address nuclear issues in the political agenda presents a challenge to
formulate and implement public policies on building a thorium reactor
in Brazil. This paper offers a multilevel technology roadmap to raise the
matter of thorium reactors into the national political agenda, highlighting
as contributions: description of the systematic process to build a
technology roadmap from beginning to its final design presentation, the
proposal to include thorium reactors in the Brazilian Nuclear Program,
and the current situation of Brazilian and world nuclear geo-politics. The
authors conclude that the technology roadmap built is a starting point
useful to include the issue in the national political agenda focusing the
construction and operation of new nuclear power plants.