Jéser Abílio de Souza - Academia.edu (original) (raw)
Papers by Jéser Abílio de Souza
Revista África e Africanidades, 2024
Este artigo teve como objetivo analisar os conteúdos críticos cultivados em filmes negros de terr... more Este artigo teve como objetivo analisar os conteúdos críticos cultivados em filmes negros de terror, tendo em vista a internalização e ressignificação dos efeitos de traumas em pessoas negras. Adotou-se o entendimento de que filmes negros de terror são aqueles que adicionam a identidade racial, a negritude, no foco narrativo, dentro de um contexto de terror (Coleman, 2020). Argumentou-se que julgamentos sobre o mundo, como os contextos de discriminação racial e injustiças sociais, podem ser feitos com base na intensidade das respostas sensoriais, corporais e emocionais à violência, ao horror e ao grotesco apresentados em filmes negros de terror. Adotou-se como referencial teórico a noção de grotesco de Sodré e Paiva (2014), o debate sobre emoções a partir de Lutz (1998) e de Ahmed (2014) e a compreensão de Shilliam (2015) com a ideia de aterramento. A proposta metodológica envolveu a localização do grotesco encenado, a fim de investigar os significados emocionais (Lutz, 1998) que emergem no contato e nas histórias de contato (Ahmed, 2014) entre as convenções raciais dominantes e as experiências e culturas negras. O foco analítico incidiu na compreensão dos conteúdos críticos cultivados pela negritude, carregados de ideologias e afetos das experiências negras, que são ativados pelo recurso do grotesco. O material de análise consistiu nos filmes “Corra”! (2017) e “O que ficou para trás” (2020). Concluiu-se que os filmes negros de terror transcenderam estereótipos raciais e narrativas discriminatórias e processaram feridas psíquicas e emocionais, conforme catalisaram energias anticoloniais com o cultivo de novos valores e conhecimentos críticos e afetivos.
Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2024
Quem pode falar pelo Estado? Apesar de o substantivo diplomata ser comum a dois gêneros, não se a... more Quem pode falar pelo Estado? Apesar de o substantivo diplomata ser comum a dois gêneros, não se atribui à diplomacia características consideradas “femininas”, tampouco a própria figura de uma mulher. O presente artigo tem como objetivo contribuir com a discussão no campo da participação das mulheres no funcionalismo público, no âmbito da burocracia de alto escalão, mais especificamente a carreira diplomática. A principal questão diz respeito ao que está por trás das desigualdades estruturais e estruturantes no Ministério das Relações Exteriores (MRE) e no Instituto Rio Branco (Itamaraty), partindo do gênero como lente observamos (i) o histórico do ingresso de mulheres na carreira desde o Brasil republicano; (ii) as práticas que constituem o habitus e o ethos diplomático desde a formação no Itamaraty até a chegada ao MRE; e (iii) o contrato racial‐sexual que circunscreve as práticas de dominação na instituição.
Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2024
Who can speak for the state? Although the noun 'diplomat' includes both genders, diplomacy is not... more Who can speak for the state? Although the noun 'diplomat' includes both genders, diplomacy is not attributed to what is considered as 'feminine' characteristics, nor even with the figure of a woman herself. This article aims to contribute to the discussion in the field of women's participation in public service, focusing on high-level bureaucracy-more precisely, the diplomatic career. The main question here concerns what lies behind the structural and structuring inequalities in the Ministry of Foreign Affairs (MRE) and the Rio Branco Institute (Itamaraty), using gender as an analytical lens-but, of course, without disregarding issues of race and sexuality. To this end, we observed (i) the history of women entering the career since the beginning of the Brazilian republic; (ii) the practices that constitute the diplomatic habitus and ethos, from initial training at Itamaraty to the arrival at the MRE; and (iii) the racial-sexual contract that circumscribes the practices of domination in the institution.
Revista Tempo, Espaço e Linguagem – TEL, 2024
Este artigo tem como objetivo interpretar os significados constituídos nas letras de músicas dos ... more Este artigo tem como objetivo interpretar os significados constituídos nas letras de músicas dos álbuns A Mulher do Fim do Mundo (2015), Deus é Mulher (2018) e Planeta Fome (2019) de Elza Soares, a fim de compreender a potência política da voz da mulher negra. O argumento principal adota o entendimento de que as músicas da cantora são uma forma de teorização de saber engajado e uma prática social, ambas corporificadas numa postura política interseccional. A análise recorreu a aplicação do método de análise de discurso textualmente orientada de Norman Fairclough (2003), a partir da operação de quatro categorias analíticas: corporificação, resiliência/insubordinação, autodefinição e empoderamento.
Ambiente: Gestão e Desenvolvimento
Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a parti... more Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a partir de experiências de (re)existências que emergem de sujeitos e grupos historicamente marginalizados no sistema mundial, a fim de compreender as contra-narrativas, os contra-arquivos e os distintos pontos de partida que são oferecidos. Metodologicamente, adotou-se uma postura exploratória e descritiva que oferece um panorama amplo sobre críticas e alternativas ao desenvolvimento. Inicialmente, buscou-se problematizar as visões do desenvolvimento e as ideias sobre extrativismo e sustentabilidade, dentro de breves recortes históricos. O arcabouço teórico buscou dialogar os estudos de abordagem crítica ao desenvolvimento com os estudos decoloniais. Em seguida, discutiu-se os modos de vida alternativos ao desenvolvimento e a gestão de bens comuns enquanto formas de (re)existências de grupos marginalizados. O argumento central consiste no entendimento de que os modos de vida alternativos ao de...
Este artigo tem como objetivo compreender as identidades internacionais do Brasil constituídas e ... more Este artigo tem como objetivo compreender as identidades internacionais do Brasil constituídas e representadas por meio dos discursos de política externa brasileira, durante os governos Lula (2003–2010). Trata-se de uma pesquisa qualitativa-interpretativa, que se pautou na aplicação de uma análise do discurso a partir da temática da paz e segurança no Oriente Médio. O método escolhido combinou na operacionalização de categorias linguístico-discursivas extraídas de Dominique Maingueneau (2016) com sua Semântica Global. Por meio da aplicação do dispositivo analítico, identificou-se um sistema de significação operado pelos discursos que deslocaram textualmente as posições do Estado no espaço discursivo, ao passo que relações de diferenças foram representadas. Reconhece-se um conjunto de práticas representacionais, como a aproximação e diferenciação de espacialidades, a mobilização de afetos, a instauração de polêmica, a utilização de nomes próprios, o estabelecimento de ligações intertextuais com cenas temporais, entre outras. Concluiu-se que, as identidades internacionais do Brasil, de pacífico e de interlocutor entre povos, conduziram e justificaram o Estado no sistema internacional através de posições de poder.
Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a parti... more Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a partir de experiências de (re)existências que emergem de sujeitos e grupos historicamente marginalizados no sistema mundial, a fim de compreender as contra-narrativas, os contra-arquivos e os distintos pontos de partida que são oferecidos. Metodologicamente, adotou-se uma postura exploratória e descritiva que oferece um panorama amplo sobre críticas e alternativas ao desenvolvimento. Inicialmente, buscou-se problematizar as visões do desenvolvimento e as ideias sobre extrativismo e sustentabilidade, dentro de breves recortes históricos. O arcabouço teórico buscou dialogar os estudos de abordagem crítica ao desenvolvimento com os estudos decoloniais. Em seguida, discutiu-se os modos de vida alternativos ao desenvolvimento e a gestão de bens comuns enquanto formas de (re)existências de grupos marginalizados. O argumento central consiste no entendimento de que os modos de vida alternativos ao desenvolvimento são projetos decoloniais, pois constituem lutas políticas e práticas de oposição e intervenção. Tais lutas e práticas são marcadas por múltiplas e heterogêneas visões e maneiras de experienciar o tempo, o espaço e outras bases de subjetividades e sociabilidade humana.
Este artigo tem como objetivo explorar a maneira como a “raça” é reproduzida nos interstícios do ... more Este artigo tem como objetivo explorar a maneira como a “raça” é reproduzida nos interstícios do desenvolvimento a partir da identificação de práticas cotidianas que têm legitimado as operações de poder para hierarquizar e depreciar grupos, sociedades e nações racializadas. O Projeto Porto Maravilha foi escolhido como contexto específico de análise, a fim de localizar determinadas práticas de racialização reproduzidas. Em nível metodológico, adotou-se uma postura analítica que recentralizou a ideia de raça para investigar os processos típicos do desenvolvimento. A análise explorou, primeiro, a construção racializada e intrínseca à produção e à acumulação do capital em uma perspectiva histórica mais ampla e outra focada na zona portuária carioca. Em seguida, localizou-se a constituição e a reprodução de práticas de racialização no contexto do Projeto Porto Maravilha. Concluiu-se que o desenvolvimento não é acidentalmente racializado, mas o faz de forma historicamente pragmática e que o Projeto Porto Maravilha produziu a desumanização e o combate da vida pública autônoma da população local, negra e pobre, e promoveu o apagamento e o aniquilamento dos modos de vida tradicionais e culturais e da memória e história de grupos marginalizados através de práticas de ordenação e de higienização.
Afro-Ásia, Aug 10, 2023
Neste artigo mapeamos as práticas cotidianas realizadas no/pelo Instituto de Pesquisa e... more Neste artigo mapeamos as práticas cotidianas realizadas no/pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) que produzem e articulam um conjunto de conhecimentos, narrativas e arquivos contra-hegemônicos. Nosso argumento principal consiste no entendimento de que o IPN empreende uma reparação e reescrita da memória afrodiaspórica, conforme suas práticas se dão em movimentos transversais da existência negra como uma forma de pluralizar abordagens históricas e de promover a descolonização do conhecimento. Para conduzir a análise, consideramos, como estratégia teórico-metodológica, a teoria como um verbo e a análise de linhas transversais com ênfase nas práticas de politização do internacional. Constatamos três grupos de práticas cotidianas mobilizadas pelo IPN, revisão de arquivos, sensibilização e contrageografias, as quais emergem transversalmente em um processo de constante resgate e narração de memórias afrodiaspóricas que desorganizam, descentralizam e complexificam as concepções de realidade, à medida que tornam o Instituto um teórico, ator e agente internacional.
A reconstrução da política externa brasileira, 2023
Este artigo explora os desafios a serem enfrentados pelo novo governo Lula, especificamente na po... more Este artigo explora os desafios a serem enfrentados pelo novo governo Lula, especificamente na política externa brasileira (PEB), entendida como uma política pública cujo contínuo processo de democratização se dá mediante dinâmicas transversais e transescalares. A abertura do processo decisório à participação da sociedade civil foi importante legado dos governos anteriores de Lula (2003-2010), a despeito de inúmeros desafios à democracia e ao processo de democratização da PEB, aqui apresentados com atenção especial às questões raciais e ao racismo.
Lingu@ Nostr@ - Revista Virtual de Estudos de Gramática e Linguística, 2022
Este artigo procura investigar de que forma mulheres negras no rap brasileiro mobilizam e combate... more Este artigo procura investigar de que forma mulheres negras no rap brasileiro mobilizam e combatem as imagens de controle produzidas pela branquitude com vistas à reconstrução de práticas sociais. Nos baseamos no entendimento do pensamento feminista negro de que a cultura de forma ampla e a música, especificamente, são espaços nos quais mulheres negras refletem sobre a realidade e combatem representações racistas. Consideramos, também, as formas como as estruturas de raça e de gênero interagem para a produção de experiências das mulheres negras, buscando apoio na literatura sobre interseccionalidade. Além disso, entendemos a branquitude como uma posicionalidade identitária que, no processo de racialização, coloca os seus ideais estéticos-culturais como ponto de referência para a organização social, fornecendo a dimensão discursiva para a opressão racial. Para realizar o estudo, nos valemos do conceito de imagens de controle, proposto por Patricia Hill Collins, como instrumento teórico-metodológico, associada à metodologia de Análise de Discurso Crítica e à interseccionalidade com a finalidade de analisar músicas de Tássia Reis e Preta Rara, artistas que ganharam popularidade no rap contemporâneo. As escolhas metodológicas estão pautadas na percepção de que o discurso é um dos articuladores de estruturas de poder de gênero, raça, classe e outras identidades, sendo, também, um dos campos estratégicos que podem ser disputados na busca por justiça social. Pudemos observar que as rappers brasileiras reconhecem o efeito de dominação das imagens de controle, ao mesmo tempo em que empregam discursos de resistência como forma de se colocar como agentes sócio-políticas na transformação da dinâmica racista.
Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD, 2022
Este artigo tem como objetivo identificar e compreender as representações tecidas por meio dos di... more Este artigo tem como objetivo identificar e compreender as representações tecidas por meio dos discursos de política externa brasileira, durante os governos Lula (2003-2010), as quais contribuíram para a existência de certas identidades do Brasil. Trata -se de pesquisa qualitativa-interpretativa, que se pautou na realização de uma análise do discurso a partir da temática da integração regional sul-americana. O método escolhido consistiu na operacionalização de categorias linguístico-discursivas extraídas da Semântica Global de Dominique Maingueneau (2006). Por meio da aplicação do dispositivo analítico, identificou-se um sistema de representações discursivas que articulou repetições constantes, reformulação e atualização de tema específico, ressignificação do significado da integração regional, mobilização de afetos e ressentimentos, instauração de polêmica, entre outras representações. Concluiu-se que, os discursos de política externa brasileira tornaram a América do Sul um espaço privilegiado para a representação de sentidos e significados que contribuíram para a constituição de identidades do Brasil que buscavam organizar e transformar as relações de poder no sistema internacional.
Revista de Ciências Humanas, 2021
Com o início do governo Bolsonaro, chamou a atenção a forma como o mesmo iria construir sua legit... more Com o início do governo Bolsonaro, chamou a atenção a forma como o mesmo iria construir sua legitimidade diante de tantas polêmicas. Assim, o trabalho tem o objetivo de compreender a constituição e a representação do ethos do governo Bolsonaro mediante análise dos discursos de posse do atual Presidente e de quatro ministros de seu governo. O método empregado incide no dispositivo de Análise do Discurso denominado de Semântica Global, elaborado por Maingueneau. Verificamos que os discursos combinaram estratégias discursivas que buscam produzir efeitos de persuasão no destinatário, ao passo que tece a legitimidade do governo e induz a oposição, a acusação e a polarização político-ideológica perante o adversário. Concluímos que os discursos constituíram e representaram o ethos do governo através de apelos religiosos, narrativas maniqueístas e de diversos elementos de cunho nacionalista, a fim de legitimar o poder e a dominação sobre o Outro, a esquerda política.
Revista África e Africanidades, 2024
Este artigo teve como objetivo analisar os conteúdos críticos cultivados em filmes negros de terr... more Este artigo teve como objetivo analisar os conteúdos críticos cultivados em filmes negros de terror, tendo em vista a internalização e ressignificação dos efeitos de traumas em pessoas negras. Adotou-se o entendimento de que filmes negros de terror são aqueles que adicionam a identidade racial, a negritude, no foco narrativo, dentro de um contexto de terror (Coleman, 2020). Argumentou-se que julgamentos sobre o mundo, como os contextos de discriminação racial e injustiças sociais, podem ser feitos com base na intensidade das respostas sensoriais, corporais e emocionais à violência, ao horror e ao grotesco apresentados em filmes negros de terror. Adotou-se como referencial teórico a noção de grotesco de Sodré e Paiva (2014), o debate sobre emoções a partir de Lutz (1998) e de Ahmed (2014) e a compreensão de Shilliam (2015) com a ideia de aterramento. A proposta metodológica envolveu a localização do grotesco encenado, a fim de investigar os significados emocionais (Lutz, 1998) que emergem no contato e nas histórias de contato (Ahmed, 2014) entre as convenções raciais dominantes e as experiências e culturas negras. O foco analítico incidiu na compreensão dos conteúdos críticos cultivados pela negritude, carregados de ideologias e afetos das experiências negras, que são ativados pelo recurso do grotesco. O material de análise consistiu nos filmes “Corra”! (2017) e “O que ficou para trás” (2020). Concluiu-se que os filmes negros de terror transcenderam estereótipos raciais e narrativas discriminatórias e processaram feridas psíquicas e emocionais, conforme catalisaram energias anticoloniais com o cultivo de novos valores e conhecimentos críticos e afetivos.
Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2024
Quem pode falar pelo Estado? Apesar de o substantivo diplomata ser comum a dois gêneros, não se a... more Quem pode falar pelo Estado? Apesar de o substantivo diplomata ser comum a dois gêneros, não se atribui à diplomacia características consideradas “femininas”, tampouco a própria figura de uma mulher. O presente artigo tem como objetivo contribuir com a discussão no campo da participação das mulheres no funcionalismo público, no âmbito da burocracia de alto escalão, mais especificamente a carreira diplomática. A principal questão diz respeito ao que está por trás das desigualdades estruturais e estruturantes no Ministério das Relações Exteriores (MRE) e no Instituto Rio Branco (Itamaraty), partindo do gênero como lente observamos (i) o histórico do ingresso de mulheres na carreira desde o Brasil republicano; (ii) as práticas que constituem o habitus e o ethos diplomático desde a formação no Itamaraty até a chegada ao MRE; e (iii) o contrato racial‐sexual que circunscreve as práticas de dominação na instituição.
Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2024
Who can speak for the state? Although the noun 'diplomat' includes both genders, diplomacy is not... more Who can speak for the state? Although the noun 'diplomat' includes both genders, diplomacy is not attributed to what is considered as 'feminine' characteristics, nor even with the figure of a woman herself. This article aims to contribute to the discussion in the field of women's participation in public service, focusing on high-level bureaucracy-more precisely, the diplomatic career. The main question here concerns what lies behind the structural and structuring inequalities in the Ministry of Foreign Affairs (MRE) and the Rio Branco Institute (Itamaraty), using gender as an analytical lens-but, of course, without disregarding issues of race and sexuality. To this end, we observed (i) the history of women entering the career since the beginning of the Brazilian republic; (ii) the practices that constitute the diplomatic habitus and ethos, from initial training at Itamaraty to the arrival at the MRE; and (iii) the racial-sexual contract that circumscribes the practices of domination in the institution.
Revista Tempo, Espaço e Linguagem – TEL, 2024
Este artigo tem como objetivo interpretar os significados constituídos nas letras de músicas dos ... more Este artigo tem como objetivo interpretar os significados constituídos nas letras de músicas dos álbuns A Mulher do Fim do Mundo (2015), Deus é Mulher (2018) e Planeta Fome (2019) de Elza Soares, a fim de compreender a potência política da voz da mulher negra. O argumento principal adota o entendimento de que as músicas da cantora são uma forma de teorização de saber engajado e uma prática social, ambas corporificadas numa postura política interseccional. A análise recorreu a aplicação do método de análise de discurso textualmente orientada de Norman Fairclough (2003), a partir da operação de quatro categorias analíticas: corporificação, resiliência/insubordinação, autodefinição e empoderamento.
Ambiente: Gestão e Desenvolvimento
Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a parti... more Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a partir de experiências de (re)existências que emergem de sujeitos e grupos historicamente marginalizados no sistema mundial, a fim de compreender as contra-narrativas, os contra-arquivos e os distintos pontos de partida que são oferecidos. Metodologicamente, adotou-se uma postura exploratória e descritiva que oferece um panorama amplo sobre críticas e alternativas ao desenvolvimento. Inicialmente, buscou-se problematizar as visões do desenvolvimento e as ideias sobre extrativismo e sustentabilidade, dentro de breves recortes históricos. O arcabouço teórico buscou dialogar os estudos de abordagem crítica ao desenvolvimento com os estudos decoloniais. Em seguida, discutiu-se os modos de vida alternativos ao desenvolvimento e a gestão de bens comuns enquanto formas de (re)existências de grupos marginalizados. O argumento central consiste no entendimento de que os modos de vida alternativos ao de...
Este artigo tem como objetivo compreender as identidades internacionais do Brasil constituídas e ... more Este artigo tem como objetivo compreender as identidades internacionais do Brasil constituídas e representadas por meio dos discursos de política externa brasileira, durante os governos Lula (2003–2010). Trata-se de uma pesquisa qualitativa-interpretativa, que se pautou na aplicação de uma análise do discurso a partir da temática da paz e segurança no Oriente Médio. O método escolhido combinou na operacionalização de categorias linguístico-discursivas extraídas de Dominique Maingueneau (2016) com sua Semântica Global. Por meio da aplicação do dispositivo analítico, identificou-se um sistema de significação operado pelos discursos que deslocaram textualmente as posições do Estado no espaço discursivo, ao passo que relações de diferenças foram representadas. Reconhece-se um conjunto de práticas representacionais, como a aproximação e diferenciação de espacialidades, a mobilização de afetos, a instauração de polêmica, a utilização de nomes próprios, o estabelecimento de ligações intertextuais com cenas temporais, entre outras. Concluiu-se que, as identidades internacionais do Brasil, de pacífico e de interlocutor entre povos, conduziram e justificaram o Estado no sistema internacional através de posições de poder.
Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a parti... more Este artigo tem o objetivo de explorar algumas críticas e alternativas ao desenvolvimento a partir de experiências de (re)existências que emergem de sujeitos e grupos historicamente marginalizados no sistema mundial, a fim de compreender as contra-narrativas, os contra-arquivos e os distintos pontos de partida que são oferecidos. Metodologicamente, adotou-se uma postura exploratória e descritiva que oferece um panorama amplo sobre críticas e alternativas ao desenvolvimento. Inicialmente, buscou-se problematizar as visões do desenvolvimento e as ideias sobre extrativismo e sustentabilidade, dentro de breves recortes históricos. O arcabouço teórico buscou dialogar os estudos de abordagem crítica ao desenvolvimento com os estudos decoloniais. Em seguida, discutiu-se os modos de vida alternativos ao desenvolvimento e a gestão de bens comuns enquanto formas de (re)existências de grupos marginalizados. O argumento central consiste no entendimento de que os modos de vida alternativos ao desenvolvimento são projetos decoloniais, pois constituem lutas políticas e práticas de oposição e intervenção. Tais lutas e práticas são marcadas por múltiplas e heterogêneas visões e maneiras de experienciar o tempo, o espaço e outras bases de subjetividades e sociabilidade humana.
Este artigo tem como objetivo explorar a maneira como a “raça” é reproduzida nos interstícios do ... more Este artigo tem como objetivo explorar a maneira como a “raça” é reproduzida nos interstícios do desenvolvimento a partir da identificação de práticas cotidianas que têm legitimado as operações de poder para hierarquizar e depreciar grupos, sociedades e nações racializadas. O Projeto Porto Maravilha foi escolhido como contexto específico de análise, a fim de localizar determinadas práticas de racialização reproduzidas. Em nível metodológico, adotou-se uma postura analítica que recentralizou a ideia de raça para investigar os processos típicos do desenvolvimento. A análise explorou, primeiro, a construção racializada e intrínseca à produção e à acumulação do capital em uma perspectiva histórica mais ampla e outra focada na zona portuária carioca. Em seguida, localizou-se a constituição e a reprodução de práticas de racialização no contexto do Projeto Porto Maravilha. Concluiu-se que o desenvolvimento não é acidentalmente racializado, mas o faz de forma historicamente pragmática e que o Projeto Porto Maravilha produziu a desumanização e o combate da vida pública autônoma da população local, negra e pobre, e promoveu o apagamento e o aniquilamento dos modos de vida tradicionais e culturais e da memória e história de grupos marginalizados através de práticas de ordenação e de higienização.
Afro-Ásia, Aug 10, 2023
Neste artigo mapeamos as práticas cotidianas realizadas no/pelo Instituto de Pesquisa e... more Neste artigo mapeamos as práticas cotidianas realizadas no/pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) que produzem e articulam um conjunto de conhecimentos, narrativas e arquivos contra-hegemônicos. Nosso argumento principal consiste no entendimento de que o IPN empreende uma reparação e reescrita da memória afrodiaspórica, conforme suas práticas se dão em movimentos transversais da existência negra como uma forma de pluralizar abordagens históricas e de promover a descolonização do conhecimento. Para conduzir a análise, consideramos, como estratégia teórico-metodológica, a teoria como um verbo e a análise de linhas transversais com ênfase nas práticas de politização do internacional. Constatamos três grupos de práticas cotidianas mobilizadas pelo IPN, revisão de arquivos, sensibilização e contrageografias, as quais emergem transversalmente em um processo de constante resgate e narração de memórias afrodiaspóricas que desorganizam, descentralizam e complexificam as concepções de realidade, à medida que tornam o Instituto um teórico, ator e agente internacional.
A reconstrução da política externa brasileira, 2023
Este artigo explora os desafios a serem enfrentados pelo novo governo Lula, especificamente na po... more Este artigo explora os desafios a serem enfrentados pelo novo governo Lula, especificamente na política externa brasileira (PEB), entendida como uma política pública cujo contínuo processo de democratização se dá mediante dinâmicas transversais e transescalares. A abertura do processo decisório à participação da sociedade civil foi importante legado dos governos anteriores de Lula (2003-2010), a despeito de inúmeros desafios à democracia e ao processo de democratização da PEB, aqui apresentados com atenção especial às questões raciais e ao racismo.
Lingu@ Nostr@ - Revista Virtual de Estudos de Gramática e Linguística, 2022
Este artigo procura investigar de que forma mulheres negras no rap brasileiro mobilizam e combate... more Este artigo procura investigar de que forma mulheres negras no rap brasileiro mobilizam e combatem as imagens de controle produzidas pela branquitude com vistas à reconstrução de práticas sociais. Nos baseamos no entendimento do pensamento feminista negro de que a cultura de forma ampla e a música, especificamente, são espaços nos quais mulheres negras refletem sobre a realidade e combatem representações racistas. Consideramos, também, as formas como as estruturas de raça e de gênero interagem para a produção de experiências das mulheres negras, buscando apoio na literatura sobre interseccionalidade. Além disso, entendemos a branquitude como uma posicionalidade identitária que, no processo de racialização, coloca os seus ideais estéticos-culturais como ponto de referência para a organização social, fornecendo a dimensão discursiva para a opressão racial. Para realizar o estudo, nos valemos do conceito de imagens de controle, proposto por Patricia Hill Collins, como instrumento teórico-metodológico, associada à metodologia de Análise de Discurso Crítica e à interseccionalidade com a finalidade de analisar músicas de Tássia Reis e Preta Rara, artistas que ganharam popularidade no rap contemporâneo. As escolhas metodológicas estão pautadas na percepção de que o discurso é um dos articuladores de estruturas de poder de gênero, raça, classe e outras identidades, sendo, também, um dos campos estratégicos que podem ser disputados na busca por justiça social. Pudemos observar que as rappers brasileiras reconhecem o efeito de dominação das imagens de controle, ao mesmo tempo em que empregam discursos de resistência como forma de se colocar como agentes sócio-políticas na transformação da dinâmica racista.
Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD, 2022
Este artigo tem como objetivo identificar e compreender as representações tecidas por meio dos di... more Este artigo tem como objetivo identificar e compreender as representações tecidas por meio dos discursos de política externa brasileira, durante os governos Lula (2003-2010), as quais contribuíram para a existência de certas identidades do Brasil. Trata -se de pesquisa qualitativa-interpretativa, que se pautou na realização de uma análise do discurso a partir da temática da integração regional sul-americana. O método escolhido consistiu na operacionalização de categorias linguístico-discursivas extraídas da Semântica Global de Dominique Maingueneau (2006). Por meio da aplicação do dispositivo analítico, identificou-se um sistema de representações discursivas que articulou repetições constantes, reformulação e atualização de tema específico, ressignificação do significado da integração regional, mobilização de afetos e ressentimentos, instauração de polêmica, entre outras representações. Concluiu-se que, os discursos de política externa brasileira tornaram a América do Sul um espaço privilegiado para a representação de sentidos e significados que contribuíram para a constituição de identidades do Brasil que buscavam organizar e transformar as relações de poder no sistema internacional.
Revista de Ciências Humanas, 2021
Com o início do governo Bolsonaro, chamou a atenção a forma como o mesmo iria construir sua legit... more Com o início do governo Bolsonaro, chamou a atenção a forma como o mesmo iria construir sua legitimidade diante de tantas polêmicas. Assim, o trabalho tem o objetivo de compreender a constituição e a representação do ethos do governo Bolsonaro mediante análise dos discursos de posse do atual Presidente e de quatro ministros de seu governo. O método empregado incide no dispositivo de Análise do Discurso denominado de Semântica Global, elaborado por Maingueneau. Verificamos que os discursos combinaram estratégias discursivas que buscam produzir efeitos de persuasão no destinatário, ao passo que tece a legitimidade do governo e induz a oposição, a acusação e a polarização político-ideológica perante o adversário. Concluímos que os discursos constituíram e representaram o ethos do governo através de apelos religiosos, narrativas maniqueístas e de diversos elementos de cunho nacionalista, a fim de legitimar o poder e a dominação sobre o Outro, a esquerda política.