Maurício Campos Dos Santos - Academia.edu (original) (raw)
Papers by Maurício Campos Dos Santos
No dia 15 de janeiro de 1919, militares que faziam parte das Freikorps (grupos paramilitares de d... more No dia 15 de janeiro de 1919, militares que faziam parte das Freikorps (grupos paramilitares de direita que se formaram logo após a Revolução de 9 de Novembro de 1918 que derrubou a monarquia na Alemanha) prenderam, torturaram a coronhadas e depois executaram sumariamente os dois principais líderes da Liga Spartacus (organização revolucionária internacionalista surgida em 1914 ao romper com a política de apoio à guerra imperialista da socialdemocracia alemã, e que poucos dias antes, no primeiro dia de 1919, participara da fundação do KPD -Partido Comunista da Alemanha), Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg.
A maioria das publicações, debates e eventos que tenho visto sobre os 50 anos de 1968 centram-se ... more A maioria das publicações, debates e eventos que tenho visto sobre os 50 anos de 1968 centram-se no Maio francês, ou em outros episódios que teriam ligações sociais e simbólicas com Maio: revoltas estudantis e juvenis, proclamação da potência dos sonhos, superação de visões dogmáticas e unilaterais de esquerda, etc. Essa ênfase em Maio deve-se, ao meu ver, muito mais ao predomínio cultural de certa vertente de pensamento ocidental primeiro-mundista, do que no peso que os levantes da França tiveram no desdobramento histórico posterior do mundo como um todo. A França mesmo não entrou em nenhum período de transformações tão marcantes como seria de se esperar após 1968, embora as repercussões do levante em toda Europa tenham sido inegáveis. Mesmo as revoluções " culturais " e " comportamentais " que parecem ser seu grande legado, ao menos para a parte ocidental da humanidade, têm na verdade muito de sua origem em outros lugares e outros momentos que não Paris e maio. Alguns exemplos. A irrupção do movimento LGBT esteve muito mais ligada aos Estados Unidos que à França, e muito mais a Stonewall em 1969 que a maio de 68. A afirmação das visões anti-coloniais e " pós-ocidentais " (erradamente descritas como " identitárias ") tem muito mais a ver com as revoluções de libertação anti-colonial na África e Ásia (e o Vietnam em 1968 foi um marco) e com os movimentos anti-apartheid na África austral e EUA, que com qualquer coisa que tenha acontecido na França. O desafio, na esquerda, à ortodoxia " marxista-leninista " dos partidos comunistas majoritários já era muito forte na América Latina pós revolução cubana, antes de qualquer coisa parecida tomar corpo na Europa. Para usar uma frase " impactante " nessa nossa era de memes e slogans superficiais, a RAF alemã (Baader-Meinhoff) se inspirou em Marighella, e não o contrário. Recentemente pude assistir ao documentário "68", de Patrick Rotman, no festival É Tudo Verdade, aqui no Rio. Apesar de ser francês, o filme não se concentra só em Maio, dá razoável destaque à Guerra do Vietnam e ao movimento negro radical nos EUA (representado principalmente pelos Black Panther), por exemplo. Mas continua unilateral, o tratamento da América Latina é superficial e da África e Oriente Médio, por exemplo, é nulo. Mas em suas conclusões concentra-se na França e na Tchecoslováquia, e termina com um tom melancólico, embora não tanto como o deprimente No Intenso Agora do João Moreira Salles, que vi em outra ocasião. Essa melancolia é claramente fruto, primeiro, de uma visão européia, impactada pelos desfechos do Maio e da Primavera de Praga, que foram processos importantes mas de maneira nenhuma resumiram tudo o que foi 1968 no mundo. Segundo, de uma visão retrospectiva maniqueísta que compara as imensas esperanças daquela época com a realidade de hoje, o que não deixa de ser outra forma impressionista de se ver as coisas.
Crítica da releitura "petista" dos protestos de Junho de 2013, exemplificada pelo artigo de Ferna... more Crítica da releitura "petista" dos protestos de Junho de 2013, exemplificada pelo artigo de Fernando Haddad publicado na revista Piauí.
A partir principalmente de documentação técnica emitida por órgãos públicos, ou por profissionais... more A partir principalmente de documentação técnica emitida por órgãos públicos, ou por profissionais independentes que fazem trabalho voluntário para comunidades do Rio de Janeiro ameaçadas de remoção forçada, e da própria experiência do autor em anos recentes nesse trabalho voluntário, o texto relata e discute o uso do argumento do risco (geotécnico, ambiental, etc) em tentativas de remoção em massa de moradores de favelas no Rio de Janeiro nos últimos anos.
É demonstrado como, apesar do uso de um discurso supostamente neutro e técnico, baseado em décadas de experiência de engenharia prática e pesquisas, a análise técnica “isenta”, ou de fato apropriada aos casos, é deformada por outros objetivos e por uma determinada visão ideológica quando as áreas em questão são habitadas por populações historicamente empobrecidas e vulneráveis.
Nas conclusões, evidencia-se a importância do apoio técnico adequado às comunidades de favelas em suas lutas de resistência contra remoções forçadas, e pela implementação de políticas de urbanização (incluindo políticas de redução de risco físico/ambiental) que atendam seus direitos históricos. E também mostra-se a importância da construção de um espaço mínimo de consenso, em torno da ética profissional, que oriente a comunidade técnica envolvida nessas questões.
O trabalho foi apresentado no II Seminário Nacional sobre Urbanização de Favelas (II UrbFavelas, novembro de 2016) e está disponível nos Anais do mesmo (busca pela página http://www.urbfavelas.org.br/wp-content/uploads/2017/02/index.html)
Essa semana escutei o diálogo entre duas senhoras, brancas e bem burguesas, sobre a vitória de Tr... more Essa semana escutei o diálogo entre duas senhoras, brancas e bem burguesas, sobre a vitória de Trump nos EUA. Eram pessoas bem informadas e "cosmopolitas", talvez professoras universitárias aposentadas, já haviam viajado bastante, uma delas ainda trazia um leve sotaque europeu de origem, talvez alemão. Tipo de pessoas que se sentem mais à vontade falando da política e da cultura da Europa que do Brasil. Logo de início ficou claro que elas preferiam não só Hillary, mas Obama mesmo, a Trump, cuja eleição elas viam como um escândalo.
Esse artigo foi escrito em 20/05/2006, no calor dos acontecimentos sangrentos daquele mês em SP. ... more Esse artigo foi escrito em 20/05/2006, no calor dos acontecimentos sangrentos daquele mês em SP. Circulou pela Internet em alguns sites, como o CMI (http://www.midiaindependente.org/pt/red/2006/05/353975.shtml). Ele motivou uma entrevista à amiga e jornalista Stela Guedes Caputo, que foi publicada no (agora inexistente) FazendoMedia e no jornal da Aduff (Associação dos Docentes da UFF), e que pode ser lida também na página da Rede contra a Violência (http://www.redecontraviolencia.org/Artigos/88.html). Acrescentei estas notas para situar melhor o leitor de dez anos depois.
2015 foi um ano de grandes escândalos de corrupção, nacionais e internacionais. Alguns deles, com... more 2015 foi um ano de grandes escândalos de corrupção, nacionais e internacionais. Alguns deles, como o da Petrobrás e da FIFA, ainda rendem manchetes até agora. Mas, o que foi talvez o de maior alcance, ao revelar a dimensão e as pistas para a imensa estrutura criminosa da banca internacional, praticamente caiu no esquecimento midiático em poucos meses. A revelação sobre as contas secretas do ramo suíço do HBSC, feita no início do ano por um grupo internacional de jornalistas investigativos, ameaçava levantar o véu sobre a podridão altamente organizada das finanças mundiais, mas, como eu coloquei nesse artigo que publiquei em março (aqui: http://www.diarioliberdade.org/brasil/batalha-de-ideias/54643-porque-sou-a-favor-de-destruir-bancos-em-protestos.html, por exemplo), já se percebia claramente àquela altura uma grande conspiração de silêncio sobre o caso, e "Em parte, a omissão dos grandes jornais pode ser atribuída às ameaças do próprio HSBC, primeiro ou segundo maior banco do mundo, portanto grande fornecedor de publicidade e receita para a mídia mundial, particularmente a especializada. Um pouco dessas ameaças foi admitida pela BBC e o The Guardian, e o comentarista chefe do Daily Telegraph, Peter Oborne, pediu demissão devido ao jornal ter cedido a elas. Mas, não há dúvidas, o silêncio relativo da mídia e a omissão escandalosa dos governos deve-se às possíveis conseqüências (políticas, econômicas e outras) que uma investigação a fundo das ramificações do caso poderiam trazer."
"Os grandes acontecimentos revolucionários possuem a particularidade de que, por mais que tenham ... more "Os grandes acontecimentos revolucionários possuem a particularidade de que, por mais que tenham sido antecipados e esperados, não obstante tão logo se produzem, apresentam-se diante nós, em sua complicação e sua configuração concreta, como uma esfinge, como um problema que é preciso compreender, indagar-se e apreender-se em cada uma de suas fibras."
Tudo pode ser explicado ao povo, desde que se queira realmente que ele compreenda (Fanon, Os cond... more Tudo pode ser explicado ao povo, desde que se queira realmente que ele compreenda (Fanon, Os condenados da Terra) 1 No dia 6 de dezembro completaram--se exatamente 50 anos do falecimento de Frantz Fanon. Também neste ano (2011) celebra--se o cinqüentenário da publicação de seu livro mais importante e famoso, "Os condenados da Terra", que lhe rendeu uma celebridade mundial póstuma impressionante, durante todo o restante da década de 60 e boa parte dos anos 70 do século passado.
A Prospect, revista britânica criada em 1995, publicou em janeiro último um artigo do ambientalis... more A Prospect, revista britânica criada em 1995, publicou em janeiro último um artigo do ambientalista Stewart Brand com o provocador título: How slums can save the planet (Como as favelas podem salvar o planeta) 1 . Brand procura mostrar como as características espaciais, sociais e (principalmente) ambientais das favelas estariam muito de acordo com as idéias e propostas do "Novo Urbanismo" (norte--americano), corrente surgida nos anos 90 do século passado e muito influente hoje em dia 2 .
Nada temos aqui. Faltam atividades para nossas crianças, centros de lazer... E basta uma batida p... more Nada temos aqui. Faltam atividades para nossas crianças, centros de lazer... E basta uma batida policial para as coisas acabarem mal. Primeiro jogam os jovens contra o muro, e só depois pedem documento. Imploro aos meus filhos para manterem a calma. A polícia semeia a violência."
Em março deste ano (2002), entre os dias 11 e 13, vai se reunir em Fortaleza (Ceará) a Assembléia... more Em março deste ano (2002), entre os dias 11 e 13, vai se reunir em Fortaleza (Ceará) a Assembléia anual de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que são em sua maioria ministros da Fazenda, presidentes dos bancos centrais ou outras "personalidades" responsáveis pela mais alta cúpula que determina a política econômica dos países-membros do BID (todos os países da América exceto Cuba, mais quase toda a União Européia e o Japão). Quer dizer, vão estar reunidos alguns dos principais responsáveis pelas políticas de "ajuste" e "reestruturação" que há anos vêm castigando os povos, principalmente da América Latina e do Caribe, mas também os dos ditos "países ricos". Ou seja, alguns dos principais responsáveis pela destruição de serviços públicos, privatizações, endividamento externo e submissão aos planos do FMI e OMC (leia-se as grandes corporações capitalistas internacionais), os Cavallo, Lenicov e Malan de sempre. Só isso já seria razão suficiente para irmos todos à Fortaleza protestarmos contra essa cambada toda junta.
No dia 15 de janeiro de 1919, militares que faziam parte das Freikorps (grupos paramilitares de d... more No dia 15 de janeiro de 1919, militares que faziam parte das Freikorps (grupos paramilitares de direita que se formaram logo após a Revolução de 9 de Novembro de 1918 que derrubou a monarquia na Alemanha) prenderam, torturaram a coronhadas e depois executaram sumariamente os dois principais líderes da Liga Spartacus (organização revolucionária internacionalista surgida em 1914 ao romper com a política de apoio à guerra imperialista da socialdemocracia alemã, e que poucos dias antes, no primeiro dia de 1919, participara da fundação do KPD -Partido Comunista da Alemanha), Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg.
A maioria das publicações, debates e eventos que tenho visto sobre os 50 anos de 1968 centram-se ... more A maioria das publicações, debates e eventos que tenho visto sobre os 50 anos de 1968 centram-se no Maio francês, ou em outros episódios que teriam ligações sociais e simbólicas com Maio: revoltas estudantis e juvenis, proclamação da potência dos sonhos, superação de visões dogmáticas e unilaterais de esquerda, etc. Essa ênfase em Maio deve-se, ao meu ver, muito mais ao predomínio cultural de certa vertente de pensamento ocidental primeiro-mundista, do que no peso que os levantes da França tiveram no desdobramento histórico posterior do mundo como um todo. A França mesmo não entrou em nenhum período de transformações tão marcantes como seria de se esperar após 1968, embora as repercussões do levante em toda Europa tenham sido inegáveis. Mesmo as revoluções " culturais " e " comportamentais " que parecem ser seu grande legado, ao menos para a parte ocidental da humanidade, têm na verdade muito de sua origem em outros lugares e outros momentos que não Paris e maio. Alguns exemplos. A irrupção do movimento LGBT esteve muito mais ligada aos Estados Unidos que à França, e muito mais a Stonewall em 1969 que a maio de 68. A afirmação das visões anti-coloniais e " pós-ocidentais " (erradamente descritas como " identitárias ") tem muito mais a ver com as revoluções de libertação anti-colonial na África e Ásia (e o Vietnam em 1968 foi um marco) e com os movimentos anti-apartheid na África austral e EUA, que com qualquer coisa que tenha acontecido na França. O desafio, na esquerda, à ortodoxia " marxista-leninista " dos partidos comunistas majoritários já era muito forte na América Latina pós revolução cubana, antes de qualquer coisa parecida tomar corpo na Europa. Para usar uma frase " impactante " nessa nossa era de memes e slogans superficiais, a RAF alemã (Baader-Meinhoff) se inspirou em Marighella, e não o contrário. Recentemente pude assistir ao documentário "68", de Patrick Rotman, no festival É Tudo Verdade, aqui no Rio. Apesar de ser francês, o filme não se concentra só em Maio, dá razoável destaque à Guerra do Vietnam e ao movimento negro radical nos EUA (representado principalmente pelos Black Panther), por exemplo. Mas continua unilateral, o tratamento da América Latina é superficial e da África e Oriente Médio, por exemplo, é nulo. Mas em suas conclusões concentra-se na França e na Tchecoslováquia, e termina com um tom melancólico, embora não tanto como o deprimente No Intenso Agora do João Moreira Salles, que vi em outra ocasião. Essa melancolia é claramente fruto, primeiro, de uma visão européia, impactada pelos desfechos do Maio e da Primavera de Praga, que foram processos importantes mas de maneira nenhuma resumiram tudo o que foi 1968 no mundo. Segundo, de uma visão retrospectiva maniqueísta que compara as imensas esperanças daquela época com a realidade de hoje, o que não deixa de ser outra forma impressionista de se ver as coisas.
Crítica da releitura "petista" dos protestos de Junho de 2013, exemplificada pelo artigo de Ferna... more Crítica da releitura "petista" dos protestos de Junho de 2013, exemplificada pelo artigo de Fernando Haddad publicado na revista Piauí.
A partir principalmente de documentação técnica emitida por órgãos públicos, ou por profissionais... more A partir principalmente de documentação técnica emitida por órgãos públicos, ou por profissionais independentes que fazem trabalho voluntário para comunidades do Rio de Janeiro ameaçadas de remoção forçada, e da própria experiência do autor em anos recentes nesse trabalho voluntário, o texto relata e discute o uso do argumento do risco (geotécnico, ambiental, etc) em tentativas de remoção em massa de moradores de favelas no Rio de Janeiro nos últimos anos.
É demonstrado como, apesar do uso de um discurso supostamente neutro e técnico, baseado em décadas de experiência de engenharia prática e pesquisas, a análise técnica “isenta”, ou de fato apropriada aos casos, é deformada por outros objetivos e por uma determinada visão ideológica quando as áreas em questão são habitadas por populações historicamente empobrecidas e vulneráveis.
Nas conclusões, evidencia-se a importância do apoio técnico adequado às comunidades de favelas em suas lutas de resistência contra remoções forçadas, e pela implementação de políticas de urbanização (incluindo políticas de redução de risco físico/ambiental) que atendam seus direitos históricos. E também mostra-se a importância da construção de um espaço mínimo de consenso, em torno da ética profissional, que oriente a comunidade técnica envolvida nessas questões.
O trabalho foi apresentado no II Seminário Nacional sobre Urbanização de Favelas (II UrbFavelas, novembro de 2016) e está disponível nos Anais do mesmo (busca pela página http://www.urbfavelas.org.br/wp-content/uploads/2017/02/index.html)
Essa semana escutei o diálogo entre duas senhoras, brancas e bem burguesas, sobre a vitória de Tr... more Essa semana escutei o diálogo entre duas senhoras, brancas e bem burguesas, sobre a vitória de Trump nos EUA. Eram pessoas bem informadas e "cosmopolitas", talvez professoras universitárias aposentadas, já haviam viajado bastante, uma delas ainda trazia um leve sotaque europeu de origem, talvez alemão. Tipo de pessoas que se sentem mais à vontade falando da política e da cultura da Europa que do Brasil. Logo de início ficou claro que elas preferiam não só Hillary, mas Obama mesmo, a Trump, cuja eleição elas viam como um escândalo.
Esse artigo foi escrito em 20/05/2006, no calor dos acontecimentos sangrentos daquele mês em SP. ... more Esse artigo foi escrito em 20/05/2006, no calor dos acontecimentos sangrentos daquele mês em SP. Circulou pela Internet em alguns sites, como o CMI (http://www.midiaindependente.org/pt/red/2006/05/353975.shtml). Ele motivou uma entrevista à amiga e jornalista Stela Guedes Caputo, que foi publicada no (agora inexistente) FazendoMedia e no jornal da Aduff (Associação dos Docentes da UFF), e que pode ser lida também na página da Rede contra a Violência (http://www.redecontraviolencia.org/Artigos/88.html). Acrescentei estas notas para situar melhor o leitor de dez anos depois.
2015 foi um ano de grandes escândalos de corrupção, nacionais e internacionais. Alguns deles, com... more 2015 foi um ano de grandes escândalos de corrupção, nacionais e internacionais. Alguns deles, como o da Petrobrás e da FIFA, ainda rendem manchetes até agora. Mas, o que foi talvez o de maior alcance, ao revelar a dimensão e as pistas para a imensa estrutura criminosa da banca internacional, praticamente caiu no esquecimento midiático em poucos meses. A revelação sobre as contas secretas do ramo suíço do HBSC, feita no início do ano por um grupo internacional de jornalistas investigativos, ameaçava levantar o véu sobre a podridão altamente organizada das finanças mundiais, mas, como eu coloquei nesse artigo que publiquei em março (aqui: http://www.diarioliberdade.org/brasil/batalha-de-ideias/54643-porque-sou-a-favor-de-destruir-bancos-em-protestos.html, por exemplo), já se percebia claramente àquela altura uma grande conspiração de silêncio sobre o caso, e "Em parte, a omissão dos grandes jornais pode ser atribuída às ameaças do próprio HSBC, primeiro ou segundo maior banco do mundo, portanto grande fornecedor de publicidade e receita para a mídia mundial, particularmente a especializada. Um pouco dessas ameaças foi admitida pela BBC e o The Guardian, e o comentarista chefe do Daily Telegraph, Peter Oborne, pediu demissão devido ao jornal ter cedido a elas. Mas, não há dúvidas, o silêncio relativo da mídia e a omissão escandalosa dos governos deve-se às possíveis conseqüências (políticas, econômicas e outras) que uma investigação a fundo das ramificações do caso poderiam trazer."
"Os grandes acontecimentos revolucionários possuem a particularidade de que, por mais que tenham ... more "Os grandes acontecimentos revolucionários possuem a particularidade de que, por mais que tenham sido antecipados e esperados, não obstante tão logo se produzem, apresentam-se diante nós, em sua complicação e sua configuração concreta, como uma esfinge, como um problema que é preciso compreender, indagar-se e apreender-se em cada uma de suas fibras."
Tudo pode ser explicado ao povo, desde que se queira realmente que ele compreenda (Fanon, Os cond... more Tudo pode ser explicado ao povo, desde que se queira realmente que ele compreenda (Fanon, Os condenados da Terra) 1 No dia 6 de dezembro completaram--se exatamente 50 anos do falecimento de Frantz Fanon. Também neste ano (2011) celebra--se o cinqüentenário da publicação de seu livro mais importante e famoso, "Os condenados da Terra", que lhe rendeu uma celebridade mundial póstuma impressionante, durante todo o restante da década de 60 e boa parte dos anos 70 do século passado.
A Prospect, revista britânica criada em 1995, publicou em janeiro último um artigo do ambientalis... more A Prospect, revista britânica criada em 1995, publicou em janeiro último um artigo do ambientalista Stewart Brand com o provocador título: How slums can save the planet (Como as favelas podem salvar o planeta) 1 . Brand procura mostrar como as características espaciais, sociais e (principalmente) ambientais das favelas estariam muito de acordo com as idéias e propostas do "Novo Urbanismo" (norte--americano), corrente surgida nos anos 90 do século passado e muito influente hoje em dia 2 .
Nada temos aqui. Faltam atividades para nossas crianças, centros de lazer... E basta uma batida p... more Nada temos aqui. Faltam atividades para nossas crianças, centros de lazer... E basta uma batida policial para as coisas acabarem mal. Primeiro jogam os jovens contra o muro, e só depois pedem documento. Imploro aos meus filhos para manterem a calma. A polícia semeia a violência."
Em março deste ano (2002), entre os dias 11 e 13, vai se reunir em Fortaleza (Ceará) a Assembléia... more Em março deste ano (2002), entre os dias 11 e 13, vai se reunir em Fortaleza (Ceará) a Assembléia anual de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que são em sua maioria ministros da Fazenda, presidentes dos bancos centrais ou outras "personalidades" responsáveis pela mais alta cúpula que determina a política econômica dos países-membros do BID (todos os países da América exceto Cuba, mais quase toda a União Européia e o Japão). Quer dizer, vão estar reunidos alguns dos principais responsáveis pelas políticas de "ajuste" e "reestruturação" que há anos vêm castigando os povos, principalmente da América Latina e do Caribe, mas também os dos ditos "países ricos". Ou seja, alguns dos principais responsáveis pela destruição de serviços públicos, privatizações, endividamento externo e submissão aos planos do FMI e OMC (leia-se as grandes corporações capitalistas internacionais), os Cavallo, Lenicov e Malan de sempre. Só isso já seria razão suficiente para irmos todos à Fortaleza protestarmos contra essa cambada toda junta.