Robert Rowland | ISCTE - University Institute of Lisbon (ISCTE-IUL) (original) (raw)
Papers by Robert Rowland
1 Robert Rowland CIÊNCIAS SOCIAIS, HISTÓRIA SOCIAL 1 Dizer que uma história puramente factual é i... more 1 Robert Rowland CIÊNCIAS SOCIAIS, HISTÓRIA SOCIAL 1 Dizer que uma história puramente factual é impossível, insistir na selecção necessária dos factos históricos, ridicularizar o velho von Ranke e a ideia de que o objectivo da história deveria ser o de narrar os factos tal como na realidade aconteceram, insinuar que o historiador fabrica os seus próprios factos, tudo isto, felizmente, já é um lugar comum. Em teoria, os historiadores são todos «contra» os factos históricos. Proclamam que não existem e que, além do mais, eles variam de historiador a historiador... No entanto, após a proclamação ritual da morte dos factos, eles ressurgem. Perante a ameaça de verem evaporar a realidade que estudam, perante o receio de estarem a pôr em questão o próprio conhecimento histórico, perante o desafio de terem que levar até às últimas consequências a sua crítica da historiografia vulgar, quantos historiadores não exorcizam as suas dúvidas acusando-as de serem pouco originais, quantos não passam a ler, a estudar, a investigar como se na prática a teoria fosse outra? Correndo embora o risco da banalidade, começarei por repetir coisas já sabidas, por explicitar as premissas do raciocínio que pretendo desenvolver. Tentarei fazê-lo, não com o espirito sebenteiro de quem se sente na obrigação de resumir o que outros pensaram -por mais morto ou fossilizado que seja -mas com o intuito de sugerir um encadeamento lógico, seleccionando os argumentos por forma a tentar explicitar o porquê das conclusões que, progressivamente, serei levado a propor. Comecemos, pois, com Leopold Von Ranke. Há quase século e meio, apontou como meta e tarefa do historiador narrar os factos tal como na realidade aconteceram. Reconstituir o passado na sua integralidade significa fornecer os elementos necessários e suficientes para que se possa, ou para que outros possam, formar um juízo imparcial e objectivo. Basta pensar na pouca utilidade de um mapa desenhado numa escala de 1:1 para perceber que o raciocínio de von Ranke, levado até às últimas consequências, desemboca no absurdo. Uma narrativa histórica é como um mapa. É materialmente impossível traduzir em palavras, integrar numa narrativa histórica, todos os acontecimentos do passado, mesmo de um passado rigorosamente delimitado no espaço e no tempo. Narrar, tal como aconteceram, todos os factos sucedidos em Lisboa no dia 25 de Abril de 1974 seria uma tarefa ingrata, para além de impossível. Houve um lisboeta que naquela manhã se levantou como de costume 2 . Foi fazer a barba, mas, tendo constatado que estava sem creme de barbear, resolveu adiar o empreendimento. Após o pequeno almoço, saiu para comprar o jornal. Disseram-lhe que havia «uma revolução». O senhor voltou para casa e ligou o rádio. O Movimento das Forças Armadas aconselhava a população a ficar em casa. Como cidadão pacato que era, o senhor ficou em casa, com o rádio ligado. Sempre a mesma lenga-lenga, que a população se mantivesse calma, que não saísse de casa. Às tantas a prudência foi vencida pela curiosidade. O senhor nunca tinha visto uma revolução. Queria ver como era. Resolveu ir até à Baixa. Mas começou a pensar. Uma revolução era uma coisa violenta. Era capaz de ser perigoso. E em vez de ir a pé, resolveu esperar pelo eléctrico. Era mais seguro. Chegado à Baixa, pôs-se a observar a revolução. De repente 2 Reproduzo a história tal como ela me foi contada pelo sobrinho do protagonista em 1974. ouviram-se tiros. A população que estava na praça a observar a revolução, refugiou-se aonde pôde. Alguns deitaram-se de baixo dos bancos; outros, entre os quais o senhor em questão, procuraram abrigo na entrada da loja mais próxima. Calhou que a loja escolhida pelo nosso herói estava aberta. Ele lembrou-se que estava a precisar de creme de barbear e aproveitou o tiroteio para comprá-lo. Depois retomou a sua observação da revolução e sobreviveu para contar a história do «seu» 25 de Abril. Estes factos, estes acontecimentos, estas decisões dificilmente serão incluídos em qualquer narrativa histórica do 25 de Abril. E, no entanto, aconteceram. São até, potencialmente significativos: diria mesmo que constituem uma história exemplar. Se é verdade que o 25 de Abril deixou de ser uma golpe militar e se transformou numa revolução libertadora graças ao facto de o povo de Lisboa, desobedecendo aos conselhos do MFA, ter descido à rua para festejar e observar a revolução, este senhor terá desempenhado um papel histórico que não pode ser desprezado. Tal como este senhor, todos os lisboetas viveram, cada um à sua maneira, o seu 25 de Abril 3 . Com que critérios se vai excluir da narrativa histórica o 25 de Abril banal, emocionado, anedótico ou cheio de receios e de remorsos de última hora de cada um desses lisboetas? Em princípio, segundo os preceitos de von Ranke, não compete ao historiador incluir ou excluir, a priori, qualquer categoria de acontecimentos. Mas não há historiador que não exerça, permanentemente, uma actividade seleccionadora, seja ela consciente ou inconsciente. E mesmo as fontes à disposição do historiadorjornais, cartas, livros de memórias, documentos vários conservados em arquivos ou consignados, mais ou menos ao acaso, a um sótão qualquer -levam a cabo uma pré-selecção drástica. 3 Cf. as considerações de Carl Becker sobre o carácter complexo dos factos históricos, reproduzidas por Adam Schaff, História e Verdade, Lisboa, 1974, p. 203-205. Vários, Antropologia, ciência das sociedades primitivas?,
foi, no bom sentido da palavra, um provocador. Durante a sua juventude, na Hungria, animou um cír... more foi, no bom sentido da palavra, um provocador. Durante a sua juventude, na Hungria, animou um círculo de discussão socialista. Aos 36 anos, exilado na Áustria após o fracasso da revolução húngara, dedicou-se à elaboração de uma "teoria da contabilidade socialista" que pudesse ser aplicada na recém-formada União Soviética. Após a subida ao poder de Adolf Hitler refugiou-se na Inglaterra e, traumatizado por este primeiro contacto directo com uma sociedade plenamente capitalista, dedicou os restantes anos de sua vida à teorização do carácter historicamente específico da "sociedade mercantil". Na Inglaterra, deu aulas nocturnas de história económica, sob os auspícios da Workers1 Educational Assooiation, aos trabalhadores de pequenas vilas e aldeias ao Sul de Londres, Após a guerra, já sexagenário e professor visitante de História Económica Geral na Universidade de Colurabia, nos Estados Unidos, dedicou-se à análise comparada dos sistemas económicos e ao combate contra o conceito de 'economia1 que dominava os meios académicos. Heterodoxo até ao final da sua vida, colocou-se teimosamente contra todas as correntes e, animado por um socialismo humanista e cristão, criticou impiedoaamente quer a ideologia liberal quer as deformações estalinistas do marxismo. Excepto nos últimos anos de sua vida, quando, já aposentado, trabalhou intensivamente com um grupo restrito de colaboradores na elaboração de uma visão alternativa do "lugar das economias nas sociedades", foi sempre um pensador solitário e profundamente individualista cuja originalidade o tornou incómodo e cuja influência se restringia, durante a sua vida, ao pequeno grupo dos seus colaboradores directos.
1 Este projecto teve inicialmente a participação directa de Fátima Brandão e de Rui Graça Feijó (... more 1 Este projecto teve inicialmente a participação directa de Fátima Brandão e de Rui Graça Feijó (actualmente bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, St. Antony's College, Oxford), que efectuaram a recolha de materiais no Arquivo Municipal de Vieira do Minho e no Arquivo Histórico da Universidade do Minho. A Rui Feijó, que contribuiu para uma primeira análise de boa parte dos dados referidos neste ensaio, devemos ainda uma leitura crítica e construtiva da primeira versão deste texto. 2 Nesta segunda fase, que se concretizou no presente trabalho, apenas intervieram os dois autores. 173
Le discussioni intorno alla natura del fascismo, alla sua dinamica intrinseca o alle sue origini ... more Le discussioni intorno alla natura del fascismo, alla sua dinamica intrinseca o alle sue origini passano inevitabilmente attraverso la definizione implicita o esplicita dell'oggetto dell'analisi. Allo stesso modo, ogni discussione sulla genesi del fascismo rinvia anche, e simultaneamente, alla definizione del sistema politico anteriore la cui fragilità strutturale e/o crisi nel dopoguerra consentì l'affermazione del movimento fascista. La definizione di ambedue i sistemi, e la determinazione di un rapporto fra l'uno e l'altro, si trova così soggiacente a tutta la problematica del cambio di regime.
Se ha hablado mucho en estos días del Censo de Floridablanca, de sus características en cuanto ce... more Se ha hablado mucho en estos días del Censo de Floridablanca, de sus características en cuanto censo, y de la representación que nos da de la población española y de su distribución regional en la segunda mitad del siglo XVIII. De ese conjunto de cuestiones no me voy a ocupar sino de manera indirecta. Mi tema será, al contrario, más bien el significado de ese censo, y por lo tanto de la información que nos puede proporcionar, en el marco de la historia de las poblaciones europeas 1 .
La Espana de la segunda mitad del siglo xvm es bastante afortunada en este sentido. Disponemos de... more La Espana de la segunda mitad del siglo xvm es bastante afortunada en este sentido. Disponemos de tres censos generales -Aranda (1768), Floridablanca (1787) y Godoy (1797)-que no solo nos ofrecen los efectivos totales, sino tambien los grandes rasgos de su distribution por edades.
Dodici anni fa Lawrence Stone pubblicava un articolo 1 in cui descriveva il "ritorno alla narrazi... more Dodici anni fa Lawrence Stone pubblicava un articolo 1 in cui descriveva il "ritorno alla narrazione" nella storiografia più recente e preannunciava la fine dell'egemonia, durata sin dall'immediato dopoguerra, della cosiddetta "nuova storia". Secondo Stone, la narrativa consisterebbe nell'"organizzazione del materiale in un'ordine sequenziale cronologico e nella condensazione del contenuto in un racconto (story) unico e coerente". La narrativa sarebbe "descrittiva piuttosto che analitica", e si occuperebbe "dell'uomo piuttosto che delle circostanze". Questo "mutamento nei contenuti, nel metodo e nello stile" rappresentava una reazione contro la cosiddetta "storia scientifica" praticata, in modi diversi, dagli storici economici e sociali marxisti, da coloro che lavoravano all'interno del paradigma ecologico e demografico associato alla scuola delle Annales, e dai seguaci, in genere americani, della "cliometria". In contrapposizione a questa storiografia, a questo modo di fare ricerca e di scrivere basato sull'analisi delle strutture, che cercava di imitare le scienze sociali (in particolare la sociologia e la politologia) ed adoperava metodi quantitativi, Stone ci proponeva un quadro in cui il lavoro degli storici, anche quando non assumeva la forma stretta di una "narrativa" (nel senso di racconto), era imperniato nell'esperienza degli individui, caratterizzato dall'esplorazione qualitativa dei significati, e molto spesso centrato nei dettagli della vita quotidiana. Nell'ambito delle scienze sociali, questi storici prendevano semmai come modello il lavoro degli antropologi sociali e culturali.
1 Robert Rowland CIÊNCIAS SOCIAIS, HISTÓRIA SOCIAL 1 Dizer que uma história puramente factual é i... more 1 Robert Rowland CIÊNCIAS SOCIAIS, HISTÓRIA SOCIAL 1 Dizer que uma história puramente factual é impossível, insistir na selecção necessária dos factos históricos, ridicularizar o velho von Ranke e a ideia de que o objectivo da história deveria ser o de narrar os factos tal como na realidade aconteceram, insinuar que o historiador fabrica os seus próprios factos, tudo isto, felizmente, já é um lugar comum. Em teoria, os historiadores são todos «contra» os factos históricos. Proclamam que não existem e que, além do mais, eles variam de historiador a historiador... No entanto, após a proclamação ritual da morte dos factos, eles ressurgem. Perante a ameaça de verem evaporar a realidade que estudam, perante o receio de estarem a pôr em questão o próprio conhecimento histórico, perante o desafio de terem que levar até às últimas consequências a sua crítica da historiografia vulgar, quantos historiadores não exorcizam as suas dúvidas acusando-as de serem pouco originais, quantos não passam a ler, a estudar, a investigar como se na prática a teoria fosse outra? Correndo embora o risco da banalidade, começarei por repetir coisas já sabidas, por explicitar as premissas do raciocínio que pretendo desenvolver. Tentarei fazê-lo, não com o espirito sebenteiro de quem se sente na obrigação de resumir o que outros pensaram -por mais morto ou fossilizado que seja -mas com o intuito de sugerir um encadeamento lógico, seleccionando os argumentos por forma a tentar explicitar o porquê das conclusões que, progressivamente, serei levado a propor. Comecemos, pois, com Leopold Von Ranke. Há quase século e meio, apontou como meta e tarefa do historiador narrar os factos tal como na realidade aconteceram. Reconstituir o passado na sua integralidade significa fornecer os elementos necessários e suficientes para que se possa, ou para que outros possam, formar um juízo imparcial e objectivo. Basta pensar na pouca utilidade de um mapa desenhado numa escala de 1:1 para perceber que o raciocínio de von Ranke, levado até às últimas consequências, desemboca no absurdo. Uma narrativa histórica é como um mapa. É materialmente impossível traduzir em palavras, integrar numa narrativa histórica, todos os acontecimentos do passado, mesmo de um passado rigorosamente delimitado no espaço e no tempo. Narrar, tal como aconteceram, todos os factos sucedidos em Lisboa no dia 25 de Abril de 1974 seria uma tarefa ingrata, para além de impossível. Houve um lisboeta que naquela manhã se levantou como de costume 2 . Foi fazer a barba, mas, tendo constatado que estava sem creme de barbear, resolveu adiar o empreendimento. Após o pequeno almoço, saiu para comprar o jornal. Disseram-lhe que havia «uma revolução». O senhor voltou para casa e ligou o rádio. O Movimento das Forças Armadas aconselhava a população a ficar em casa. Como cidadão pacato que era, o senhor ficou em casa, com o rádio ligado. Sempre a mesma lenga-lenga, que a população se mantivesse calma, que não saísse de casa. Às tantas a prudência foi vencida pela curiosidade. O senhor nunca tinha visto uma revolução. Queria ver como era. Resolveu ir até à Baixa. Mas começou a pensar. Uma revolução era uma coisa violenta. Era capaz de ser perigoso. E em vez de ir a pé, resolveu esperar pelo eléctrico. Era mais seguro. Chegado à Baixa, pôs-se a observar a revolução. De repente 2 Reproduzo a história tal como ela me foi contada pelo sobrinho do protagonista em 1974. ouviram-se tiros. A população que estava na praça a observar a revolução, refugiou-se aonde pôde. Alguns deitaram-se de baixo dos bancos; outros, entre os quais o senhor em questão, procuraram abrigo na entrada da loja mais próxima. Calhou que a loja escolhida pelo nosso herói estava aberta. Ele lembrou-se que estava a precisar de creme de barbear e aproveitou o tiroteio para comprá-lo. Depois retomou a sua observação da revolução e sobreviveu para contar a história do «seu» 25 de Abril. Estes factos, estes acontecimentos, estas decisões dificilmente serão incluídos em qualquer narrativa histórica do 25 de Abril. E, no entanto, aconteceram. São até, potencialmente significativos: diria mesmo que constituem uma história exemplar. Se é verdade que o 25 de Abril deixou de ser uma golpe militar e se transformou numa revolução libertadora graças ao facto de o povo de Lisboa, desobedecendo aos conselhos do MFA, ter descido à rua para festejar e observar a revolução, este senhor terá desempenhado um papel histórico que não pode ser desprezado. Tal como este senhor, todos os lisboetas viveram, cada um à sua maneira, o seu 25 de Abril 3 . Com que critérios se vai excluir da narrativa histórica o 25 de Abril banal, emocionado, anedótico ou cheio de receios e de remorsos de última hora de cada um desses lisboetas? Em princípio, segundo os preceitos de von Ranke, não compete ao historiador incluir ou excluir, a priori, qualquer categoria de acontecimentos. Mas não há historiador que não exerça, permanentemente, uma actividade seleccionadora, seja ela consciente ou inconsciente. E mesmo as fontes à disposição do historiadorjornais, cartas, livros de memórias, documentos vários conservados em arquivos ou consignados, mais ou menos ao acaso, a um sótão qualquer -levam a cabo uma pré-selecção drástica. 3 Cf. as considerações de Carl Becker sobre o carácter complexo dos factos históricos, reproduzidas por Adam Schaff, História e Verdade, Lisboa, 1974, p. 203-205. Vários, Antropologia, ciência das sociedades primitivas?,
foi, no bom sentido da palavra, um provocador. Durante a sua juventude, na Hungria, animou um cír... more foi, no bom sentido da palavra, um provocador. Durante a sua juventude, na Hungria, animou um círculo de discussão socialista. Aos 36 anos, exilado na Áustria após o fracasso da revolução húngara, dedicou-se à elaboração de uma "teoria da contabilidade socialista" que pudesse ser aplicada na recém-formada União Soviética. Após a subida ao poder de Adolf Hitler refugiou-se na Inglaterra e, traumatizado por este primeiro contacto directo com uma sociedade plenamente capitalista, dedicou os restantes anos de sua vida à teorização do carácter historicamente específico da "sociedade mercantil". Na Inglaterra, deu aulas nocturnas de história económica, sob os auspícios da Workers1 Educational Assooiation, aos trabalhadores de pequenas vilas e aldeias ao Sul de Londres, Após a guerra, já sexagenário e professor visitante de História Económica Geral na Universidade de Colurabia, nos Estados Unidos, dedicou-se à análise comparada dos sistemas económicos e ao combate contra o conceito de 'economia1 que dominava os meios académicos. Heterodoxo até ao final da sua vida, colocou-se teimosamente contra todas as correntes e, animado por um socialismo humanista e cristão, criticou impiedoaamente quer a ideologia liberal quer as deformações estalinistas do marxismo. Excepto nos últimos anos de sua vida, quando, já aposentado, trabalhou intensivamente com um grupo restrito de colaboradores na elaboração de uma visão alternativa do "lugar das economias nas sociedades", foi sempre um pensador solitário e profundamente individualista cuja originalidade o tornou incómodo e cuja influência se restringia, durante a sua vida, ao pequeno grupo dos seus colaboradores directos.
1 Este projecto teve inicialmente a participação directa de Fátima Brandão e de Rui Graça Feijó (... more 1 Este projecto teve inicialmente a participação directa de Fátima Brandão e de Rui Graça Feijó (actualmente bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, St. Antony's College, Oxford), que efectuaram a recolha de materiais no Arquivo Municipal de Vieira do Minho e no Arquivo Histórico da Universidade do Minho. A Rui Feijó, que contribuiu para uma primeira análise de boa parte dos dados referidos neste ensaio, devemos ainda uma leitura crítica e construtiva da primeira versão deste texto. 2 Nesta segunda fase, que se concretizou no presente trabalho, apenas intervieram os dois autores. 173
Le discussioni intorno alla natura del fascismo, alla sua dinamica intrinseca o alle sue origini ... more Le discussioni intorno alla natura del fascismo, alla sua dinamica intrinseca o alle sue origini passano inevitabilmente attraverso la definizione implicita o esplicita dell'oggetto dell'analisi. Allo stesso modo, ogni discussione sulla genesi del fascismo rinvia anche, e simultaneamente, alla definizione del sistema politico anteriore la cui fragilità strutturale e/o crisi nel dopoguerra consentì l'affermazione del movimento fascista. La definizione di ambedue i sistemi, e la determinazione di un rapporto fra l'uno e l'altro, si trova così soggiacente a tutta la problematica del cambio di regime.
Se ha hablado mucho en estos días del Censo de Floridablanca, de sus características en cuanto ce... more Se ha hablado mucho en estos días del Censo de Floridablanca, de sus características en cuanto censo, y de la representación que nos da de la población española y de su distribución regional en la segunda mitad del siglo XVIII. De ese conjunto de cuestiones no me voy a ocupar sino de manera indirecta. Mi tema será, al contrario, más bien el significado de ese censo, y por lo tanto de la información que nos puede proporcionar, en el marco de la historia de las poblaciones europeas 1 .
La Espana de la segunda mitad del siglo xvm es bastante afortunada en este sentido. Disponemos de... more La Espana de la segunda mitad del siglo xvm es bastante afortunada en este sentido. Disponemos de tres censos generales -Aranda (1768), Floridablanca (1787) y Godoy (1797)-que no solo nos ofrecen los efectivos totales, sino tambien los grandes rasgos de su distribution por edades.
Dodici anni fa Lawrence Stone pubblicava un articolo 1 in cui descriveva il "ritorno alla narrazi... more Dodici anni fa Lawrence Stone pubblicava un articolo 1 in cui descriveva il "ritorno alla narrazione" nella storiografia più recente e preannunciava la fine dell'egemonia, durata sin dall'immediato dopoguerra, della cosiddetta "nuova storia". Secondo Stone, la narrativa consisterebbe nell'"organizzazione del materiale in un'ordine sequenziale cronologico e nella condensazione del contenuto in un racconto (story) unico e coerente". La narrativa sarebbe "descrittiva piuttosto che analitica", e si occuperebbe "dell'uomo piuttosto che delle circostanze". Questo "mutamento nei contenuti, nel metodo e nello stile" rappresentava una reazione contro la cosiddetta "storia scientifica" praticata, in modi diversi, dagli storici economici e sociali marxisti, da coloro che lavoravano all'interno del paradigma ecologico e demografico associato alla scuola delle Annales, e dai seguaci, in genere americani, della "cliometria". In contrapposizione a questa storiografia, a questo modo di fare ricerca e di scrivere basato sull'analisi delle strutture, che cercava di imitare le scienze sociali (in particolare la sociologia e la politologia) ed adoperava metodi quantitativi, Stone ci proponeva un quadro in cui il lavoro degli storici, anche quando non assumeva la forma stretta di una "narrativa" (nel senso di racconto), era imperniato nell'esperienza degli individui, caratterizzato dall'esplorazione qualitativa dei significati, e molto spesso centrato nei dettagli della vita quotidiana. Nell'ambito delle scienze sociali, questi storici prendevano semmai come modello il lavoro degli antropologi sociali e culturali.
O historiador, a esferográfica e o computador I Há dois anos, na véspera do 1º Colóquio de Londre... more O historiador, a esferográfica e o computador I Há dois anos, na véspera do 1º Colóquio de Londres sobre História e Informática, um dos participantes confessou-me ainda ter dúvidas sobre o sentido de uma reunião como aquela, tão heterogénea, cujo único fio condutor parecia ser o problema implícito das relações entre a história e o computador. Perguntava ele se essa relação seria de facto diferente das relações entre a história e a máquina de escrever, ou entre a história e a esferográfica. Devo talvez acrescentar que, embora não tivesse na altura experiência directa de trabalho com computadores, esse colega era um defensor entusiasta da constituição de bancos de dados históricos e da sua ligação numa rede de âmbito europeu acessível a toda a comunidade científica. Apesar de convertido à informática, sentia-se na realidade pouco esclarecido (e, diga-se de passagem, visivelmente desconfiado) em relação àquilo que poderiam vir a ser as suas implicações para o ofício de historiador.
The title of my lecture this evening is 'new questions and new methods in historical research'. T... more The title of my lecture this evening is 'new questions and new methods in historical research'. The order is not arbitrary. I did not want to offer you yet another lecture on how computers have opened up a promised land for historians, or how historians can come to terms with these ubiquitous machines. Nor did it seem appropriate to talk about the methods of analysis used in particular research projects. I have chosen, instead, to reflect in a more general way on the relationship, which of course is a two-way relationship, between the questions we ask and the methods available for trying to find an answer.
Muito se tem já falado, e muito se irá ainda falar durante o próximo ano, a respeito das relações... more Muito se tem já falado, e muito se irá ainda falar durante o próximo ano, a respeito das relações entre Portugal e o Brasil. Mas a maneira como elas são representadas, sejam elas atuais ou passadas, as desejáveis ou as que efetivamente existiram, encontra-se quase sempre determinada por discursos ideológicos de alcance e propósitos mais amplos.
O tema proposto para esta sessão -o futuro da antropologia de língua portuguesa -, ainda por cima... more O tema proposto para esta sessão -o futuro da antropologia de língua portuguesa -, ainda por cima tendo ela sido organizada sob a égide das duas principais associações de antropologia dos países lusófonos, poderia parecer suficientemente claro para dispensar qualquer discussão mais extensa. Mas o termo presta-se a equívocos e, correndo embora o risco de chover no molhado, acho que seria útil começar com uma tentativa de esclarecer os termos da questão 1 .
Menos uma comunicação que uma simples nota introdutória, destinada a tentar
The "new social history" of the past two decades, concentrating on the ideas and everyday experie... more The "new social history" of the past two decades, concentrating on the ideas and everyday experiences of the common man, does not only reflect a change in the underlying attitudes and assumptions of historians. It is also a consequence of the availability of new sources. Among the range of sources increasingly exploited by historians judicial records occupy a special place. Together with notarial records and probate inventories, they constitute a clear example of the kinds of source material that have only become fully accessible to historical research as a consequence of recent developments in computer technology. Two aspects of these developments are of particular relevance for the historian.
Extrato de uma longa conversa com Aderaldo Ferreira de Araújo (1878Araújo ( -1967, conhecido como... more Extrato de uma longa conversa com Aderaldo Ferreira de Araújo (1878Araújo ( -1967, conhecido como o Cego Aderaldo, gravada em sua casa, em Quixadá (CE), em 8 de setembro de 1965. CA -Eu vivo pobre. Tão pobre, que até, p'ra mais completar a pobreza, perdi a vista.
Extrato de uma longa conversa com Aderaldo Ferreira de Araújo (1878Araújo ( -1967, conhecido como... more Extrato de uma longa conversa com Aderaldo Ferreira de Araújo (1878Araújo ( -1967, conhecido como o Cego Aderaldo, gravada em sua casa, em Quixadá (CE), em 8 de setembro de 1965. Eu agora, então, um tempo destes eu saí daqui com o Rogaciano Leite e fui a Pernambuco. Mas quando eu cheguei na Bahia -primeiro eu fui à Bahia, estive lá, depois é que vinha voltando em busca de Pernambuco -,quando eu cheguei na Bahia tinha aí um vendelhão de folhetos, o Rodolfo. Aí o Rodolfo me disse: -Seu Aderaldo, o senhor foi quem fez a história do Zé Pretinho? -Perfeitamente. -O senhor foi quem cantou com ele? -Perfeitamente. -Pois bem, eu queria que o senhor me desse ordens p'ra eu imprimir, fazer dinheiro, p'ra ganhar alguns vinténs. Eu disse: -Seu Rodolfo, o senhor sabe de uma coisa, isto aí todo mundo imprimiu. Todo mundo. Eu não me incomodei com isto, eles imprimirem à vontade. Ele disse: -Porque Sr. João de Athaíde empatou eu publicar esses folhetos, que ele disse que era dele. Digo: -É engano dele. É engano dele. Agora, deu-se o caso que na minha volta eu passo em Pernambuco. Eu chego em Pernambuco, Rogaciano disse: -Vamos ter com o Athaíde? -Vamos.
No decurso de uma longa conversa na sua casa em Quixadá, em Setembro de 1965, Aderaldo Ferreira d... more No decurso de uma longa conversa na sua casa em Quixadá, em Setembro de 1965, Aderaldo Ferreira de Araújo, conhecido como o Cego Aderaldo, contou-me esta história do Imperador de Nanquim e do carvoeiro. As pilhas do meu gravador portátil já se tinham esgotado. Procurei fixar todos os detalhes e o vocabulário do relato, e, no dia seguinte, passei-o ao papel. Sem ser uma transcrição exacta, o texto reproduz o essencial deste conto recolhido da tradição oral nordestina. Robert Rowland