Mafalda Carapeto | Universidade de Lisboa (original) (raw)
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Books by Mafalda Carapeto
Carapeto, M., 2018
A chamada “crise dos refugiados” desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comun... more A chamada “crise dos refugiados” desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comunicação social. São estes que, através da sua própria perspetiva, divulgam através de imagens os acontecimentos, criando consequentemente uma representação dos “refugiados” através dessas mesmas imagens. A tendência representativa deste fenómeno assenta numa perspetiva monocular, que influencia a opinião coletiva, vincando a relação entre o “eu” e o “outro”. Uma primeira pessoa fotografa para uma segunda pessoa sobre uma terceira pessoa. Neste sentido, a perspetiva monocular chama à discussão o olhar panótico de Michel Foucault, pois a terceira pessoa, o “refugiado”, é vista sem ter a oportunidade de ver, sem ter a oportunidade de se “defender” da representação que lhe é atribuída. Como consequência, a constante reprodução de imagens torna o fenómeno universal aos olhos de quem as vê. Esta regularidade fomenta a banalização do fenómeno, evocando na opinião coletiva a aceitação e, posteriormente, a perpetuação da Bare-Life.
O objetivo da presente investigação é o de, recorrendo à pesquisa etnográfica, identificar as principais características desta representação e aferir da sua coincidência com a autorrepresentação dos refugiados e de outros que estiveram em alguns dos principais palcos da chamada ‘crise de refugiados’.
Papers by Mafalda Carapeto
This article addresses the Portuguese border control regime by looking into the relationship dyna... more This article addresses the Portuguese border control regime by looking into the relationship dynamics between inspectors and foreign citizens at the first line of inspection. Through the lens of temporality, I consider how the presence or absence of certain bureaucratic records presented by travellers functions as a control device that produces three temporal dimensions which intersect with each other during the check, as exercised by inspectors. The way in which certain documents result in different speeds of document control (microtemporalities— advances, retreats, and hesitation); subsequently, I reflect on the elasticity of time, looking at the intersection between the past, present, and future; finally, I analyse how inspectors shift their gaze from the documents to the details they are composed of, thus introducing a sequential dimension to their assessment. This article argues that the uncertainty experienced by travellers reflects the instability and inconsistency of the state, caused by the contingency that permeates their encounters at the border where time operates as a technique of power. The study is based on 11 months of ethnographic fieldwork conducted in 2021 and 2022, centred on the daily life of the inspectors of the Portuguese Immigration and Borders Service at an airport in mainland Portugal.
Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos... more Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos importados) são "Todos os direitos reservados", à exceção de indicação em contrário.
Dissertação de Mestrado em AntropologiaA crise dos refugiados despoletou a corrida às fronteiras ... more Dissertação de Mestrado em AntropologiaA crise dos refugiados despoletou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comunicação social. São estes que, através da sua própria perspetiva, divulgam através de imagens os acontecimentos, criando consequentemente uma representação dos “refugiados” através dessas mesmas imagens. A tendência representativa deste fenómeno assenta numa perspetiva monocular, que influencia a opinião coletiva, vincando a relação entre o “eu” e o “outro”. Uma primeira pessoa fotografa para uma segunda pessoa sobre uma terceira pessoa. Neste sentido, a perspetiva monocular chama à discussão o olhar panótico de Michel Foucault, pois a terceira pessoa, o “refugiado”, é vista sem ter a oportunidade de ver, sem ter a oportunidade de se “defender” da representação que lhe é atribuída. Como consequência, a constante reprodução de imagens torna o fenómeno universal aos olhos de quem as vê. Esta regularidade fomenta a banalização do fenómeno, evocando na opinião cole...
Carapeto, M., 2017
A chamada «crise de refugiados» desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comuni... more A chamada «crise de refugiados» desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comunicação social. Através da sua perspetiva, divulgam por imagens os acontecimentos que resultam na construção de uma representação do «refugiado». A tendência representativa deste fenómeno assenta numa perspetiva monocular, que influencia a opinião coletiva, vincando a relação entre o «eu» e o «outro». Uma primeira pessoa fotografa para uma segunda pessoa sobre uma terceira pessoa. Neste sentido, a perspetiva monocular chama à discussão o olhar panótico de Michel Foucault, pois a terceira pessoa, o «refugiado», é vista sem ver, sem ter a oportunidade de se «defender» da representação que lhe é atribuída. Como consequência, a constante reprodução de imagens torna o fenómeno universal aos olhos de quem as vê. Neste artigo pretendo abordar a representação que é elaborada dos sujeitos «refugiados». Para tal recorro à análise do conteúdo das imagens e à análise de discurso.
Carapeto, M., 2018
A chamada “crise dos refugiados” desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comun... more A chamada “crise dos refugiados” desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comunicação social. São estes que, através da sua própria perspetiva, divulgam através de imagens os acontecimentos, criando consequentemente uma representação dos “refugiados” através dessas mesmas imagens. A tendência representativa deste fenómeno assenta numa perspetiva monocular, que influencia a opinião coletiva, vincando a relação entre o “eu” e o “outro”. Uma primeira pessoa fotografa para uma segunda pessoa sobre uma terceira pessoa. Neste sentido, a perspetiva monocular chama à discussão o olhar panótico de Michel Foucault, pois a terceira pessoa, o “refugiado”, é vista sem ter a oportunidade de ver, sem ter a oportunidade de se “defender” da representação que lhe é atribuída. Como consequência, a constante reprodução de imagens torna o fenómeno universal aos olhos de quem as vê. Esta regularidade fomenta a banalização do fenómeno, evocando na opinião coletiva a aceitação e, posteriormente, a perpetuação da Bare-Life.
O objetivo da presente investigação é o de, recorrendo à pesquisa etnográfica, identificar as principais características desta representação e aferir da sua coincidência com a autorrepresentação dos refugiados e de outros que estiveram em alguns dos principais palcos da chamada ‘crise de refugiados’.
This article addresses the Portuguese border control regime by looking into the relationship dyna... more This article addresses the Portuguese border control regime by looking into the relationship dynamics between inspectors and foreign citizens at the first line of inspection. Through the lens of temporality, I consider how the presence or absence of certain bureaucratic records presented by travellers functions as a control device that produces three temporal dimensions which intersect with each other during the check, as exercised by inspectors. The way in which certain documents result in different speeds of document control (microtemporalities— advances, retreats, and hesitation); subsequently, I reflect on the elasticity of time, looking at the intersection between the past, present, and future; finally, I analyse how inspectors shift their gaze from the documents to the details they are composed of, thus introducing a sequential dimension to their assessment. This article argues that the uncertainty experienced by travellers reflects the instability and inconsistency of the state, caused by the contingency that permeates their encounters at the border where time operates as a technique of power. The study is based on 11 months of ethnographic fieldwork conducted in 2021 and 2022, centred on the daily life of the inspectors of the Portuguese Immigration and Borders Service at an airport in mainland Portugal.
Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos... more Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos importados) são "Todos os direitos reservados", à exceção de indicação em contrário.
Dissertação de Mestrado em AntropologiaA crise dos refugiados despoletou a corrida às fronteiras ... more Dissertação de Mestrado em AntropologiaA crise dos refugiados despoletou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comunicação social. São estes que, através da sua própria perspetiva, divulgam através de imagens os acontecimentos, criando consequentemente uma representação dos “refugiados” através dessas mesmas imagens. A tendência representativa deste fenómeno assenta numa perspetiva monocular, que influencia a opinião coletiva, vincando a relação entre o “eu” e o “outro”. Uma primeira pessoa fotografa para uma segunda pessoa sobre uma terceira pessoa. Neste sentido, a perspetiva monocular chama à discussão o olhar panótico de Michel Foucault, pois a terceira pessoa, o “refugiado”, é vista sem ter a oportunidade de ver, sem ter a oportunidade de se “defender” da representação que lhe é atribuída. Como consequência, a constante reprodução de imagens torna o fenómeno universal aos olhos de quem as vê. Esta regularidade fomenta a banalização do fenómeno, evocando na opinião cole...
Carapeto, M., 2017
A chamada «crise de refugiados» desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comuni... more A chamada «crise de refugiados» desencadeou a corrida às fronteiras por parte dos meios de comunicação social. Através da sua perspetiva, divulgam por imagens os acontecimentos que resultam na construção de uma representação do «refugiado». A tendência representativa deste fenómeno assenta numa perspetiva monocular, que influencia a opinião coletiva, vincando a relação entre o «eu» e o «outro». Uma primeira pessoa fotografa para uma segunda pessoa sobre uma terceira pessoa. Neste sentido, a perspetiva monocular chama à discussão o olhar panótico de Michel Foucault, pois a terceira pessoa, o «refugiado», é vista sem ver, sem ter a oportunidade de se «defender» da representação que lhe é atribuída. Como consequência, a constante reprodução de imagens torna o fenómeno universal aos olhos de quem as vê. Neste artigo pretendo abordar a representação que é elaborada dos sujeitos «refugiados». Para tal recorro à análise do conteúdo das imagens e à análise de discurso.