Maria Leonor Xavier | Universidade de Lisboa (original) (raw)
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New book by Maria Leonor Xavier
This book is an exercise in theological philosophy as it was practiced in ancient and medieval ti... more This book is an exercise in theological philosophy as it was practiced in ancient and medieval times, yet adapted to the present context, and brought about by the circumstances of our days. Evil now exceeds the limits wherein it was contained, be it the divine limit or the human limit. Hence, it seems that evil is on the loose, at large throughout the world, devoid of imputable cause or control post. Hence we ask: is there not today, in our broad perception of evil in the world, even if we confine to the evil done and its repercussions, a ground which may favour the revival of Manichaeism? This is the central question of this book issued from the question of Anselm’s argument and leading to the question of the autonomy of the first principle.
Papers by Maria Leonor Xavier
Perspectivas contemporáneas sobre la Filosofía Medieval, 2020
Desarrollo y alcance de traducciones de la Edad Media, 2022
Todos los trabajos han sido sometidos a evaluación interna y externa Imagen de tapa Amaury de Cha... more Todos los trabajos han sido sometidos a evaluación interna y externa Imagen de tapa Amaury de Chartres enseñando en París, Imagen obtenida del manuscrito (del s. XIV) Ms. Royal 16 G VI, fol. 368v de British Library.
Itinerarium Revista Quadrimestral De Cultura, 2010
A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, qu... more A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, quer tomem quer não tomem a forma de sistema, constituem-se sempre com base em algumas admissões, ora explícitas ora implícitas, mas que não são demonstradas nem justificadas. Um dos critérios possíveis para avaliar uma filosofia pode até ser a sua capacidade de assumir explicitamente as suas admissões mais primitivas, ou seja, aquelas que não demonstra nem justifica. Estas admissões não são doutrinas directamente respeitantes aos temas privilegiados de uma filosofia, sejam eles o mundo, o homem, ou Deus, mas determinam basilarmente a orientação filosófica da respectiva tematização. Na medida em que permitem demonstrar, sem serem demonstráveis, ou na medida em que permitem justificar, sem requererem justificação, tais admissões comportam-se efectivamente como princípios no âmbito de cada filosofia. A este género de admissões, chamamos «princípios filosóficos», e é sobre a índole destes princípios que aqui nos interrogamos.
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy, 2009
Admitting that God is humanly knowable, not in himself, but in concept, William of Ockham examine... more Admitting that God is humanly knowable, not in himself, but in concept, William of Ockham examines accurately the nature of our concepts about God. We find here the remaking of anselmian elements, like the attachment and the detachment between the concepts of supreme and insuperable. Then considering the concepts involved in the proposition “God exists”, the Franciscan philosopher takes position for its demonstrability. Within his position takes place the reception of the anselmian argument, which is called the “ratio Anselmi”, in the wake of John Duns Scotus. As a matter of fact, it is through the Doctor Subtilis that the philosopher of Ockham revisitates critically the most well known bequest of the Doctor Magnificus. Duns Scotus had assumed the ratio Anselmi of Proslogion 2, as an argument for God’s infinity. William is an incisive critic of the scotist ways of demonstration of God’s infinity, but he does not exclude completely the possibility of demonstrating the existence of a ...
Philosophy Study, 2017
This essay suggests an unlikely encounter between the recent thinker of the deconstruction of spe... more This essay suggests an unlikely encounter between the recent thinker of the deconstruction of speeches, Jacques Derrida, and the medieval constructor of theological speeches, Saint Anselm. The common motto is the idea of gift. The gift of the death of Christ in the economy of salvation is the target of Derrida's deconstruction. Anselm himself enables this. However, there is in Anselm's theology of Trinity a metaphysics of the gift of being and of being other, elaborated with regard to the procession of the Holy Spirit. And it is possible to submit the original gift of the Holy Spirit to the same kind of deconstruction, that is, of economic reduction, to which the gift of the death of Christ had been submitted. But both the construction and the deconstruction of the theology of gift resort to the same kind of analogy procedure. And economy does not enable us to think the gift as purely as does theology.
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy, 2011
This lesson treats of Anselm’s argument in the form of a scholastic quaestio. The question of the... more This lesson treats of Anselm’s argument in the form of a scholastic quaestio. The question of the anselmian argument is then divided in three articles, which are three main issues discussed within the argument’s tradition until our-days. The first article asks if Anselm’s argument is a direct deduction of existence as a perfection of divine essence. Against a common place about that argument, this lesson’s justified answer is: no. The second article asks if Anselm’s argument is an a priori argument. Against a big stream of interpretation, this lesson’s justified answer is: no. Finally, the third article asks if the anselmian argument offers the possibility of constructing a double argument in favor of divine dualism. Certainly against any Anselm’s expectation, this lesson admits very seriously that possibility.
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
O livro Os Engastes das Sabedorias (Fuṣūṣ al-Ḥikam), vulgarmente traduzido por "As Sabedorias dos... more O livro Os Engastes das Sabedorias (Fuṣūṣ al-Ḥikam), vulgarmente traduzido por "As Sabedorias dos Profetas", é uma obra singular entre as centenas que foram escritas por Ibn ʿArabī (Múrcia, 1165-Damasco, 1240) 2 , conhecido como al-Shaykh al-Akbar (o Mestre Maior) no contexto da mística islâmica (Sufismo) 3 , e por vezes chamado Ibn Aflāṭūn (filho de Platão) na história do pensamento metafísico islâmico. É uma obra que, segundo afirma 4 o seu autor, lhe foi misticamente transmitida pelo profeta do Islão, Muḥammad (Maomé; Meca, 570-Medina, 632). Trata-se de uma síntese de meditações sapienciais, teológicas e filosófico-religiosas inerentes às características de alguns profetas
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Revista Portuguesa De Filosofia, 2008
Resumo: Um dos mais apelativos legados da tradição filosófica ocidental, o argumento ontológico, ... more Resumo: Um dos mais apelativos legados da tradição filosófica ocidental, o argumento ontológico, é aqui retomado com base na sua versão inaugural, a de Proslogion 2-3, de Anselmo de Cantuária. Este artigo representa um momento culminante de um processo de reflexão pessoal e de revisão continuada da compreensão do argumento anselmiano por parte da autora. Há, por isso, aqui um testemunho de auto-crítica e a definição clara de uma linha interpretativa, que não evita recusar orientações tradicionalmente dominantes na interpretação do argumento de Anselmo. Uma dessas orientações é a admissão de que a noção anselmiana de Deus, em Proslogion 2-3, é um conceito a priori. Ao contrário, defende este estudo, através da análise do processo de construção dessa noção, que a mesma não pode ser classificada, nos termos da filosofia de Kant, senão como uma noção a posteriori. Outra dessas orientações é a concessão do primado da essência sobre a existência na filosofia do argumento anselmiano. Ao contrário, defende este estudo, o primado da existência na elaboração do argumento anselmiano do Proslogion, através da consideração quer do sentido da distinção entre essência e existência quer do teor metafísico dos princípios que operam no argumento.
Narrativas no estudo das práticas em saúde mental: contribuições das perspectivas de Paul Ricoeur... more Narrativas no estudo das práticas em saúde mental: contribuições das perspectivas de Paul Ricoeur, Walter Benjamim e da antropologia médica Narratives in the study of mental health care practices: contributions of the perspectives of Paul Ricoeur, Walter Benjamin and of medical anthropology Resumo Narrativas são cada vez mais frequentes em estudos qualitativos para compreender experiências e diferentes visões de sujeitos num dado contexto. Partindo desta concepção, faz-se o resgate de tradições que abordam a narratividadea filosofia de Paul Ricoeur, a perspectiva histórica em Walter Benjamin e o campo da antropologia médica constituída a partir da fenomenologia. Em Ricoeur, tendo a hermenêutica como pensamento derivado e variante da fenomenologia, a narrativa é ligada à temporalidade. Em Benjamin, a narrativa, sempre inconclusa, feita de restos e fragmentos, emerge à revelia das histórias oficiais. Se Ricoeur retoma de Gadamer a tradição como componente fundamental para a construção de um mundo do texto com que se torna possível a imitação da vida, Benjamin, diante da derrocada da tradição, aponta para a invenção de formas narrativas fora dos cânones tradicionais, possibilitando retomar o passado para transformar o presente. Apresentam-se ainda pressupostos da antropologia médica, que considera a narrativa como dimensão do vivido e não sua abstração, ou seja, uma narrativa corporificada e situada. Por fim, apresentam-se três pesquisas distintas em saúde mental que se utilizam de narrativas, articuladas às correntes teóricas apresentadas, com suas diferenças e aproximações.
This book is an exercise in theological philosophy as it was practiced in ancient and medieval ti... more This book is an exercise in theological philosophy as it was practiced in ancient and medieval times, yet adapted to the present context, and brought about by the circumstances of our days. Evil now exceeds the limits wherein it was contained, be it the divine limit or the human limit. Hence, it seems that evil is on the loose, at large throughout the world, devoid of imputable cause or control post. Hence we ask: is there not today, in our broad perception of evil in the world, even if we confine to the evil done and its repercussions, a ground which may favour the revival of Manichaeism? This is the central question of this book issued from the question of Anselm’s argument and leading to the question of the autonomy of the first principle.
Perspectivas contemporáneas sobre la Filosofía Medieval, 2020
Desarrollo y alcance de traducciones de la Edad Media, 2022
Todos los trabajos han sido sometidos a evaluación interna y externa Imagen de tapa Amaury de Cha... more Todos los trabajos han sido sometidos a evaluación interna y externa Imagen de tapa Amaury de Chartres enseñando en París, Imagen obtenida del manuscrito (del s. XIV) Ms. Royal 16 G VI, fol. 368v de British Library.
Itinerarium Revista Quadrimestral De Cultura, 2010
A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, qu... more A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, quer tomem quer não tomem a forma de sistema, constituem-se sempre com base em algumas admissões, ora explícitas ora implícitas, mas que não são demonstradas nem justificadas. Um dos critérios possíveis para avaliar uma filosofia pode até ser a sua capacidade de assumir explicitamente as suas admissões mais primitivas, ou seja, aquelas que não demonstra nem justifica. Estas admissões não são doutrinas directamente respeitantes aos temas privilegiados de uma filosofia, sejam eles o mundo, o homem, ou Deus, mas determinam basilarmente a orientação filosófica da respectiva tematização. Na medida em que permitem demonstrar, sem serem demonstráveis, ou na medida em que permitem justificar, sem requererem justificação, tais admissões comportam-se efectivamente como princípios no âmbito de cada filosofia. A este género de admissões, chamamos «princípios filosóficos», e é sobre a índole destes princípios que aqui nos interrogamos.
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy, 2009
Admitting that God is humanly knowable, not in himself, but in concept, William of Ockham examine... more Admitting that God is humanly knowable, not in himself, but in concept, William of Ockham examines accurately the nature of our concepts about God. We find here the remaking of anselmian elements, like the attachment and the detachment between the concepts of supreme and insuperable. Then considering the concepts involved in the proposition “God exists”, the Franciscan philosopher takes position for its demonstrability. Within his position takes place the reception of the anselmian argument, which is called the “ratio Anselmi”, in the wake of John Duns Scotus. As a matter of fact, it is through the Doctor Subtilis that the philosopher of Ockham revisitates critically the most well known bequest of the Doctor Magnificus. Duns Scotus had assumed the ratio Anselmi of Proslogion 2, as an argument for God’s infinity. William is an incisive critic of the scotist ways of demonstration of God’s infinity, but he does not exclude completely the possibility of demonstrating the existence of a ...
Philosophy Study, 2017
This essay suggests an unlikely encounter between the recent thinker of the deconstruction of spe... more This essay suggests an unlikely encounter between the recent thinker of the deconstruction of speeches, Jacques Derrida, and the medieval constructor of theological speeches, Saint Anselm. The common motto is the idea of gift. The gift of the death of Christ in the economy of salvation is the target of Derrida's deconstruction. Anselm himself enables this. However, there is in Anselm's theology of Trinity a metaphysics of the gift of being and of being other, elaborated with regard to the procession of the Holy Spirit. And it is possible to submit the original gift of the Holy Spirit to the same kind of deconstruction, that is, of economic reduction, to which the gift of the death of Christ had been submitted. But both the construction and the deconstruction of the theology of gift resort to the same kind of analogy procedure. And economy does not enable us to think the gift as purely as does theology.
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy, 2011
This lesson treats of Anselm’s argument in the form of a scholastic quaestio. The question of the... more This lesson treats of Anselm’s argument in the form of a scholastic quaestio. The question of the anselmian argument is then divided in three articles, which are three main issues discussed within the argument’s tradition until our-days. The first article asks if Anselm’s argument is a direct deduction of existence as a perfection of divine essence. Against a common place about that argument, this lesson’s justified answer is: no. The second article asks if Anselm’s argument is an a priori argument. Against a big stream of interpretation, this lesson’s justified answer is: no. Finally, the third article asks if the anselmian argument offers the possibility of constructing a double argument in favor of divine dualism. Certainly against any Anselm’s expectation, this lesson admits very seriously that possibility.
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
O livro Os Engastes das Sabedorias (Fuṣūṣ al-Ḥikam), vulgarmente traduzido por "As Sabedorias dos... more O livro Os Engastes das Sabedorias (Fuṣūṣ al-Ḥikam), vulgarmente traduzido por "As Sabedorias dos Profetas", é uma obra singular entre as centenas que foram escritas por Ibn ʿArabī (Múrcia, 1165-Damasco, 1240) 2 , conhecido como al-Shaykh al-Akbar (o Mestre Maior) no contexto da mística islâmica (Sufismo) 3 , e por vezes chamado Ibn Aflāṭūn (filho de Platão) na história do pensamento metafísico islâmico. É uma obra que, segundo afirma 4 o seu autor, lhe foi misticamente transmitida pelo profeta do Islão, Muḥammad (Maomé; Meca, 570-Medina, 632). Trata-se de uma síntese de meditações sapienciais, teológicas e filosófico-religiosas inerentes às características de alguns profetas
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy
Revista Portuguesa De Filosofia, 2008
Resumo: Um dos mais apelativos legados da tradição filosófica ocidental, o argumento ontológico, ... more Resumo: Um dos mais apelativos legados da tradição filosófica ocidental, o argumento ontológico, é aqui retomado com base na sua versão inaugural, a de Proslogion 2-3, de Anselmo de Cantuária. Este artigo representa um momento culminante de um processo de reflexão pessoal e de revisão continuada da compreensão do argumento anselmiano por parte da autora. Há, por isso, aqui um testemunho de auto-crítica e a definição clara de uma linha interpretativa, que não evita recusar orientações tradicionalmente dominantes na interpretação do argumento de Anselmo. Uma dessas orientações é a admissão de que a noção anselmiana de Deus, em Proslogion 2-3, é um conceito a priori. Ao contrário, defende este estudo, através da análise do processo de construção dessa noção, que a mesma não pode ser classificada, nos termos da filosofia de Kant, senão como uma noção a posteriori. Outra dessas orientações é a concessão do primado da essência sobre a existência na filosofia do argumento anselmiano. Ao contrário, defende este estudo, o primado da existência na elaboração do argumento anselmiano do Proslogion, através da consideração quer do sentido da distinção entre essência e existência quer do teor metafísico dos princípios que operam no argumento.
Narrativas no estudo das práticas em saúde mental: contribuições das perspectivas de Paul Ricoeur... more Narrativas no estudo das práticas em saúde mental: contribuições das perspectivas de Paul Ricoeur, Walter Benjamim e da antropologia médica Narratives in the study of mental health care practices: contributions of the perspectives of Paul Ricoeur, Walter Benjamin and of medical anthropology Resumo Narrativas são cada vez mais frequentes em estudos qualitativos para compreender experiências e diferentes visões de sujeitos num dado contexto. Partindo desta concepção, faz-se o resgate de tradições que abordam a narratividadea filosofia de Paul Ricoeur, a perspectiva histórica em Walter Benjamin e o campo da antropologia médica constituída a partir da fenomenologia. Em Ricoeur, tendo a hermenêutica como pensamento derivado e variante da fenomenologia, a narrativa é ligada à temporalidade. Em Benjamin, a narrativa, sempre inconclusa, feita de restos e fragmentos, emerge à revelia das histórias oficiais. Se Ricoeur retoma de Gadamer a tradição como componente fundamental para a construção de um mundo do texto com que se torna possível a imitação da vida, Benjamin, diante da derrocada da tradição, aponta para a invenção de formas narrativas fora dos cânones tradicionais, possibilitando retomar o passado para transformar o presente. Apresentam-se ainda pressupostos da antropologia médica, que considera a narrativa como dimensão do vivido e não sua abstração, ou seja, uma narrativa corporificada e situada. Por fim, apresentam-se três pesquisas distintas em saúde mental que se utilizam de narrativas, articuladas às correntes teóricas apresentadas, com suas diferenças e aproximações.
Redenção e Escatologia, 2019
António Braz Teixeira. Obra e Pensamento, 2018
Neste nosso texto, dissertaremos sobre a importância filosófica da síntese e da memória na obra d... more Neste nosso texto, dissertaremos sobre a importância filosófica da síntese e da memória na obra de António Braz Teixeira.
Itinerarium, 2016
Entre aqueles a quem dediquei a minha tese de doutoramento, incluí o meu orientador, o Professor ... more Entre aqueles a quem dediquei a minha tese de doutoramento, incluí o meu orientador, o Professor Joaquim Cerqueira Gonçalves, não só pela atenção, trabalho e dedicação da sua orientação, como "pelo acolhimento da minha liberdade de ponto de vista". Fi-lo, não porque ele me tivesse libertado de objectivos constrangimentos externos à minha liberdade de pensar, mas porque a liberdade intrínseca do pensar era um valor inegociável do seu magistério. A afirmação desse valor da liberdade intrínseca do pensar é algo que assumo como herança sua e que cultivo como atitude inerente ao exercício da filoso-fia. Não receio, nisto, desviar-me do seu legado, pois o próprio J. Cerqueira Gonçalves firmou por escrito a afirmação desse valor, ao dizer: «Não há nada sobre que não se possa pensar». É este valor essencialmente filosófico da liberdade própria do pensar que encontro também a nortear a actividade e produção de Cerqueira Gonçalves como pensador. É como pensador da teologia, que escolhemos aqui focar a sua proposta de pensamento. Pensador da teologia, a partir da filosofia, isto é, segundo aquele valor da liberdade intrínseca do pensar filosófico.
ESTUDO E ANTOLOGIA DE TEXTOS A liberdade religiosa faz parte das liberdades individuais e dos ... more ESTUDO E ANTOLOGIA DE TEXTOS
A liberdade religiosa faz parte das liberdades individuais e dos direitos das minorias nas sociedades modernas, o que é, sem sombra de dúvida, um avanço civilizacional em que não estamos dispostos a recuar.
Todavia, a liberdade situada ao nível da crença ou da descrença desmotiva e relaxa a necessidade de pensamento racional acerca dos conteúdos de uma ou de outra.
Por isso, a indagação de razões para crer ou descrer parece, hoje, a muitos, um motivo supérfluo, incomodativo, senão mesmo bizarro.
No entanto, tal indagação foi uma das grandes motivações da filosofia medieval, como amplamente o reconhecem os historiadores da filosofia.
A liberdade não se situava, então, ao nível da crença. Por isso, os crentes com espírito filosófico procuraram a liberdade mais além no pensar e ousaram indagar as razões das suas crenças, nomeadamente, da crença principal em Deus.
Tal indagação conduziu-os a pensamentos densamente elaborados, que ainda hoje nos impressionam do ponto de vista filosófico.
À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crente... more À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crentes e ateus. Sê-lo-á, sobretudo se for tratado apenas com o calor das emoções.
Todavia, quando o tema de Deus se converte numa questão filosófica, então a própria questão obriga à análise das possibilidades que se confrontam no seu âmbito: a afirmação teísta ou a negação ateísta; a afirmação monoteísta ou a afirmação politeísta; a afirmação transcendentalista ou a afirmação imanentista; a afirmação personalista ou a afirmação deísta; etc.. Deste modo, a questão de Deus é, fundamentalmente, uma questão comum a pensadores das mais diversas orientações.
Compreende-se assim que a questão de Deus, através da análise das suas múltiplas possibilidades, revele afinal um tema que é estruturante de mundividências e transversal na história da filosofia.
Tal é o que vem comprovar a colaboração de especialistas e investigadores das diversas épocas da história da filosofia, nesta obra, com que culmina a primeira linha de desenvolvimento do projecto de Filosofia FCT / CFUL [PTDC/FIL/64249/2006]: «A Questão de Deus. História e Crítica» (Informação disponível em: www.aquestaodedeus.blogspot.com).
À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crente... more À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crentes e ateus. Sê-lo-á, sobretudo se for tratado apenas com o calor das emoções.
Todavia, quando o tema de Deus se converte numa questão filosófica, então a própria questão obriga à análise das possibilidades que se confrontam no seu âmbito: a afirmação teísta ou a negação ateísta; a afirmação monoteísta ou a afirmação politeísta; a afirmação transcendentalista ou a afirmação imanentista; a afirmação personalista ou a afirmação deísta; etc.. Deste modo, a questão de Deus é, fundamentalmente, uma questão comum a pensadores das mais diversas orientações.
Compreende-se assim que a questão de Deus, através da análise das suas múltiplas possibilidades, revele afinal um tema que é estruturante de mundividências e transversal na história da filosofia.
Tal é o que vem comprovar a colaboração de especialistas e investigadores das diversas épocas da história da filosofia, nesta obra, com que culmina a primeira linha de desenvolvimento do projecto de Filosofia FCT / CFUL [PTDC/FIL/64249/2006]: «A Questão de Deus. História e Crítica» (Informação disponível em: www.aquestaodedeus.blogspot.com).
UMA VISÃO FILOSÓFICA E HISTÓRICA DOS AUTORES CONTEMPORÂNEOS ACERCA DA QUESTÃO DE DEUS Esta é u... more UMA VISÃO FILOSÓFICA E HISTÓRICA DOS AUTORES CONTEMPORÂNEOS ACERCA DA QUESTÃO DE DEUS
Esta é uma obra de filosofia contemporânea, que reúne os textos ensaísticos de autores, que ousaram equacionar pessoal e racionalmente a questão de Deus nos dias de hoje, permitindo assim cumprir e concluir o projecto de Filosofia FCT / CFUL [PTDC/ FIL/64249/2006]: «A Questão de Deus. História e Crítica» (Informação disponível em: www.aquestaodedeus.blogspot.com).
Os estudos universitários em filosofia devem não só assegurar a memória da tradição filosófica como estimular a construção do pensamento pessoal na actualidade. Só a realização deste segundo objectivo consagra a maioridade intelectual das gerações do presente e do futuro, que guardarem a herança de um tão rico património de ideias como é o da história da filosofia.
Esta é uma obra de múltiplos equacionamentos filosóficos da questão de Deus, não propriamente uma obra de diálogo inter-religioso, embora possa servir este diálogo, na medida em que a filosofia se oferecer como mediação útil.
A garantia de uma total liberdade de pensamento e de expressão promoveu a inclusão nesta obra de uma diversidade assaz significativa, que não exaustiva, de posições tematizadas no âmbito de uma questão tão exigente e abrangente, porque estruturante de mundividências, e tão tocante e melindrosa, porque profundamente humana, como a questão de Deus.
UMA OBRA QUE ASSINALA O 7º E O 9º CENTENÁRIO DA MORTE DE DOIS DOS MAIS EMINENTES FILÓSOFOS MEDIEV... more UMA OBRA QUE ASSINALA O 7º E O 9º CENTENÁRIO DA MORTE DE DOIS DOS MAIS EMINENTES FILÓSOFOS MEDIEVAIS:
João Duns Escoto (1308 - 2008) & Santo Anselmo (1109 - 2009)
Assinalando duas efemérides muito próximas entre si – o sétimo centenário da morte de João Duns Escoto em 2008 (1308-2008) e o nono centenário da morte de Santo Anselmo em 2009 (1109-2009) – cumpre-nos não deixar apagar-se a memória acerca de duas das mais eminentes referências da história da filosofia ocidental, que, sobrevivendo à passagem dos séculos, continuam a ser capazes de estimular a nossa auto-compreensão em contexto civilizacional.
Este conjunto de estudos nada mais faz do que celebrar o vigor especulativo dos dois filósofos medievais nos nossos dias. Esse vigor manifesta-se especialmente no tratamento filosófico de um tema maior e estruturante da mundividência dos pensadores medievais, como era o tema de Deus. Com efeito, dentro de uma cultura cristianizada, como era a da Europa medieval, o teísmo quer de Anselmo quer de Duns Escoto não era um teísmo exclusivamente confessional ou somente devoto; era um teísmo que exigia auto-questionar-se, auto-compreender-se e auto-justificar-se. Um crente filósofo, outrora como agora, não pode ser só crente.
Tanto o teísmo anselmiano quanto o escotista são teísmos filosóficos, que, sendo medievais, fazem ruborescer de ingenuidade muitas confissões teístas actuais e, correlativamente, ateístas. Os dois teísmos, não sendo singularmente o mesmo, são estruturalmente consonantes entre si. Nos dois pensadores teístas, o Doutor Magnífico e o Doutor Subtil, nós encontramos dois membros de uma mesma família de pensamento, que partilham remotas influências comuns e que continuam hoje a atrair seguidores e críticos, bem como, entre uns e outros, admiradores.