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Papers by everton rangel

Research paper thumbnail of Evocações da escravidão: sobre sujeição e fuga em experiências negras.

Revista Mana, 2022

This article reports passages from our encounter with two black women: Dona Luiza and Fafá. The f... more This article reports passages from our encounter with two black women: Dona Luiza and Fafá. The first, a favela resident, matriarch, mother of a man convicted of rape, grandmother of the child who would have been raped. The second, a 24-year-old girl, mother of three years old boy, actress in extreme fetish films. Departing from the idea that black lives remain in the oscillation between subjection and fugitivity, we are interested in describing how this oscillation happens at the level of the ordinary and interpreting its relationship with evocations of slavery that take place in fragments or materialize in "make believe". The fugitivity, more than resistance, denotes ambivalent ways of being in the world, unpredictable movements for those who strive to keep life going. We discuss images and situations that can both restore subjection and conjure it.

Research paper thumbnail of Nojo, humilhação e desprezo: uma antropologia das emoções hostis e da hierarquia social

Research paper thumbnail of Conciliação fraturada - quando o "estuprador" está dentro de casa

Revista Mana, 2020

A pergunta mais abrangente deste artigo é: o que implica levar a vida com homens condenados por c... more A pergunta mais abrangente deste artigo é: o que implica levar a vida com homens condenados por crimes sexuais para as mulheres que com eles compartem laços afetivos, partilham os dias e trabalham para tornar essa vida viável? Descrevendo as assimetrias e as desigualdades das relações de gênero a partir dos modos afetivo-morais como as minhas interlocutoras respondiam a elas, busco desenvolver o que chamei de conciliação fraturada. Trato de formas de vida que emergem quando fraturas relacionais desencadeadas pelo estupro existem, mas são conciliadas: quando o pai – severamente adoecido – é o violador da filha que, em face do sofrimento dele, se esforça para perdoar o que considera (im)perdoável; e quando almoços de família incluem o tio que é reconhecido pela sua sobrinha como pedófilo, mas por ela é tolerado em função do amor que a irmã dele, mãe dela, sente por seu irmão.

Research paper thumbnail of As porosidades do consentimento. Pensando afetos e relações de intimidade

Sexualidad, Salud y Sociedad, 2020

O presente artigo tem como intuito analisar a categoria “consentimento”, deslocando o debate dos ... more O presente artigo tem como intuito analisar a categoria “consentimento”, deslocando o debate dos direitos sexuais para vidas e relacionamentos íntimos. Neste universo dos afetos no âmbito do ordinário, é possível vislumbrar as vicissitudes em que o consentimento é experienciado em meio às diversas negociações de fronteiras simbólicas e morais. O esforço aqui é compreender as limitações na interpretação do consentimento como um exercício da autonomia e da razão frente às torções que a intimidade lhe imprime, possibilitando outras gramáticas do consentir e evidenciando seu caráter poroso, ambivalente e amiudado. Para tal, apresentaremos três etnografias que estão comprometidas com um olhar fenomenológico da vida ordinária: sobre mulheres trans e travestis que buscam relações e casamentos estáveis, sobre mães ‘nervosas’ e seus ‘corpos abertos’ em territórios de precariedade social e sobre
negociações complicadas na inserção de um familiar condenado por estupro

Research paper thumbnail of Tese Everton Rangel (Depois do Estupro. Homens Condenados e seus tecidos relacionais)

Tese de Doutorado, 2020

Resultado de trabalho de campo efetuado no e através do Núcleo do Sistema Penitenciário da Defens... more Resultado de trabalho de campo efetuado no e através do Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (NUSPEN-DP-RJ), esta tese analisa de que maneira a condenação de pais, filhos, maridos, irmãos ou tios por crimes sexuais impacta as dinâmicas familiares, bem como de que maneiras as relações interpessoais conformam as práticas de gestão desses homens em manicômios e presídios. O enquadramento fenomenológico das relações, das experiências e da governança desdobra-se a partir das seguintes perguntas: (1) o que implica levar a vida com homens condenados por crimes sexuais para as mulheres que com eles compartem laços afetivos, partilham os dias e trabalham para tornar essa vida viável; (2) como o acionamento de determinadas tecnologias de gestão é impactado pela percepção dos administradores (defensores e psicólogos, sobretudo) sobre os casos de estupro e pelas relações interpessoais entre eles; (3) qual o lugar da figura do estuprador no “sistema penal”. Trata-se de uma etnografia dedicada à análise da “ética ordinária” enquanto inseparável das emoções, das normas de gênero e da governança. Se, por um lado, abrir a “caixa-preta do estupro” requer a descrição do que acontece no interior de “tecidos relacionais” (práticas de humanização, “conciliações fraturadas”, mentiras, etc.), por outro, demanda a análise das formas relacionais de regulação de criminosos sexuais no sistema penal. Aborda-se a relação entre administrados e administradores também para demonstrar que a compreensão do lugar do “estuprador” nas cadeias cariocas requer a descrição de uma “política da humilhação”. Dividida em duas partes, uma mais voltada aos estudos sobre família e a outra aos estudos sobre Estado, esta tese tem como tema a violência sexual e a relacionalidade.

Research paper thumbnail of BARREIRAS INCOMENSURÁVEIS? UM COMENTÁRIO

Debates do Ner, 2020

Comentário sobre a obra de Saba Mahmmod, voltado às seguintes questões: Que mundo comum é possíve... more Comentário sobre a obra de Saba Mahmmod, voltado às seguintes questões: Que mundo comum é possível compartilhar? Ou, como disse Achille Mbembe: “Como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante, o excedente e o em comum?”

Research paper thumbnail of O Mal e os Amores Difíceis: tecidos relacionais habitados por homens condenados por estupro de vulnerável e mulheres a eles vinculadas

Revista Anthropológicas, 2019

Neste artigo, resultado de uma etnografia que tem como inter-locutores homens condenados por tere... more Neste artigo, resultado de uma etnografia que tem como inter-locutores homens condenados por terem cometido estupro de vulnerável e pessoas a eles vinculadas afetivamente, descreverei os efeitos das sentenças condenatórias em tecidos relacionais, dando especial atenção ao problema do mal, causador de sofrimento, e às formas de engajamento com o outro que perpassam, sobretudo, mas não exclusivamente, a prática do amor. O trabalho-a um só tempo afetivo, burocrático, moral e narrativo-ao qual os meus interlocutores se devotam sugere a necessidade de produção de relações em que os sentenciados possam habitar como homens injustiçados, vinculados a pessoas que os amam em atos e junto a eles combatem a substância do mal. A minha aposta mais abran-gente é a de que devemos entender esse trabalho como um ativida-de relacional de cunho ético. Busco, ao fim, descortinar uma série de nexos entre emoções, moralidade, Estado e gênero. Estupro, Amor, Moralidade, Mal, Estado.

Research paper thumbnail of Brazilian dancers: corpos exibíveis em um circo norte-americano

Cadernos Pagu, 2018

Resumo Neste trabalho, analiso o processo de materialização de corpos que se dá no interior de um... more Resumo Neste trabalho, analiso o processo de materialização de corpos que se dá no interior de um regime estético circense, cujo pilar é a celebração de diferenças. Em outras palavras, chamo atenção às normas de exibição, veiculadas por um dos maiores e mais tradicionais circos dos Estados Unidos, enquanto constitutivas de corpos nacionalizados para fins de comercialização. Exploro, por meio de uma abordagem interseccional, os discursos sobre o Brasil veiculados em catálogos publicitários vendidos durante quinze anos; delimito práticas de recrutamento levadas a cabo durante uma audição para bailarinos e bailarinas que aconteceu no Rio de Janeiro em 2013; e, por fim, descrevo agenciamentos individuais no sentido da fabricação de corpos belos e virtuosos, isto é, sujeitos que se identificam com as normas de exibição em questão. Argumento que se, por um lado, o exibível é o corpo enérgico brasileiro, por outro, o treino em modalidades técnicas de dança e a semelhança a ícones da indústria pop norte-americana são condições de produtividade determinantes. Vejo emergir assim um nexo entre a noção de energia brasileira como potência para excitabilidade de plateias e a constituição de uma força de trabalho eficaz porque criada em consonância a padrões estéticos e técnicos globalizados. Palavras-chave: Brasil, Corpo, Insterseccionalidade, Dança, Circo.

Research paper thumbnail of Resenha. "O monstro contemporâneo: a construção social da pedofilia em múltiplos planos", de Laura Lowenkron (2015).

Revista Mana, 2015

Resenha do livro "O monstro contemporâneo: a construção social da pedofilia em múltiplos planos".

Research paper thumbnail of Resenha. "Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias", de Gabriel Feltran (2011).

Revista Mana, 2013

Resenha do livro "Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias".

Books by everton rangel

Research paper thumbnail of Entre pecados e mercados: gênero, religião e práticas pedagógicas no consumo de artigos eróticos

(Des)Prazer da Norma, 2018

Research paper thumbnail of (Des)Prazer da Norma

As tensões que se entrelaçam nas fronteiras entre o público e o privado nestas nossas sociedades ... more As tensões que se entrelaçam nas fronteiras entre
o público e o privado nestas nossas sociedades modernas
ensejam inúmeras teorias e modelos interpretativos. Muitos deles se entrecruzam nesta coletânea, votada a perseguir, com base em pesquisa empírica sistemática, as vozes, ecos, ressonâncias, que instituem, desafiam, soerguem e abatem os sujeitos, na prática desse
“paradoxo da subjetivação” e dessas “artes da existência” a que se referiu Foucault – e que perpassam a filigrana dos artigos aqui reunidos.
A ambiguidade do título remete justamente aos jogos complexos em que a norma e o desejo se engatam – redivivo Jano – pelas vias fascinantes das experimentações com a vida e suas pulsões multiformes. Não à toa têm preeminência na obra os temas da sexualidade e do gênero, cada vez mais aguçados numa cosmologia que, por um lado, procura petrifica-los em fórmulas normativas naturalizadas e, por outro, exalça as virtudes da liberdade, da criatividade, da singularidade – da transgressão, no limite.
A categoria de dissidência, que atravessa parte das contribuições, certamente permite apontar para esse impulso ambivalente, trabalho contínuo da experiência vital, em que a autoafirmação enfrenta o
desafio inquietante da Esfinge. Ali onde mais viva reponta a desordem
ou a anti-ordem, também se desenha uma ordem, mais reveladora do
que a aparente, que se expressa no senso comum cotidiano.
A coletânea é ainda testemunho da eficiência desse coletivo dinâmico que é o NuSEX – Núcleo de Estudos em Corpos, Gênero e
Sexualidade, lócus universitário de enfrentamento das adversidades que nunca cessam de crescer neste país, instado a avançar na produção de um conhecimento sobre as dimensões mais invisíveis, sutis – subterrâneas tantas vezes – da vida social; essencial para argumentar com propriedade e autoridade na defesa de uma “sociedade livre de discriminações de raça, gênero, classe, sexualidade, entre outras formas de injustiça social” – como dizem os organizadores, de forma mais que oportuna.
Luiz Fernando Dias Duarte
Museu Nacional/UFRJ

Teaching Documents by everton rangel

Research paper thumbnail of Curso: Antropologia do Gênero e da Sexualidade (PPGAS/MN/UFRJ, 2017)

Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel Ementa: C... more Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel

Ementa: Curso de formação em questões de gênero e sexualidade na antropologia e em diversas vertentes das ciências sociais. Em um primeiro momento, com o uso de uma literatura canônica, o curso pretende discutir a importância do gênero como categoria analítica – oferecendo centralidade à teoria da performatividade – e da sexualidade como construção social e dispositivo de poder. A invenção histórica dos perversos será uma chave para discutirmos sobre práticas sexuais vistas como abjetas e/ou dissidentes, e também para discutirmos como risco e consentimento simultaneamente se amalgamam e se configuram em determinados desejos e prazeres.
Por meio da leitura de diversas autoras feministas que descentraram a teoria e chamaram a atenção para diversos modos de existência e agência social, o curso dará especial atenção às maneiras em que o gênero e a sexualidade operam sempre em interseção a outros marcadores da diferença, como raça e classe. Interessa-se, igualmente, por debater as tecnologias que desafiam a binaridade dos corpos e os modos de regulamentação do gênero e da sexualidade que, por sua vez, evidenciam o caráter instável dos mesmos. A sedimentação e a desestabilização de feminilidades e masculinidades, bem como a produção de corpos, hierarquias e fronteiras ocupam lugar relevante no curso.
As potências e ambivalências da crítica social e/ou feminista serão pensadas a partir de proposições e contextos políticos diversos. As condições de produção do trabalho antropológico no que se refere ao gênero e a sexualidade, embora não somente, serão objeto de discussão.

Research paper thumbnail of Curso: Antropologia da Sexualidade (PPGAS/MN/UFRJ, 2020)

Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel Ementa: E... more Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel

Ementa: Este curso busca introduzir alunas e alunos ao debate sobre sexualidade na antropologia. Pretende-se fomentar uma reflexão sobre a sexualidade como construção social e dispositivo de poder, bem como os modos com que o sexo e a sexualidade traduzem questões sobre raça, classe, gênero e imaginários de nação.
O curso discorrerá também sobre erotismo, práticas sexuais, e sobre os modos com que risco e consentimento simultaneamente se amalgamam e se configuram em determinados desejos e prazeres. Igualmente, se debruçará na produção tanto reflexiva quanto teórica sobre transexualidade, lesbianidade, intersexualidade e teoria queer. Neste último caso, analisaremos textos que têm tensionado paradigmas estabelecidos no campo da sexualidade, assim como continuam a elaborar críticas produtivas frente a um saber que ainda está mais ou menos estabelecido no Norte Global.
É interesse do curso debater sobre as condições de produção do trabalho antropológico no que se refere ao gênero e à sexualidade, refletindo criticamente sobre os modos de abordagem, as perguntas que são levadas ao campo, as formas de escrita, as implicações políticas e as ferramentas conceituais que marcam essa temática complexa.

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Revista Mana, 2022

This article reports passages from our encounter with two black women: Dona Luiza and Fafá. The f... more This article reports passages from our encounter with two black women: Dona Luiza and Fafá. The first, a favela resident, matriarch, mother of a man convicted of rape, grandmother of the child who would have been raped. The second, a 24-year-old girl, mother of three years old boy, actress in extreme fetish films. Departing from the idea that black lives remain in the oscillation between subjection and fugitivity, we are interested in describing how this oscillation happens at the level of the ordinary and interpreting its relationship with evocations of slavery that take place in fragments or materialize in "make believe". The fugitivity, more than resistance, denotes ambivalent ways of being in the world, unpredictable movements for those who strive to keep life going. We discuss images and situations that can both restore subjection and conjure it.

Research paper thumbnail of Nojo, humilhação e desprezo: uma antropologia das emoções hostis e da hierarquia social

Research paper thumbnail of Conciliação fraturada - quando o "estuprador" está dentro de casa

Revista Mana, 2020

A pergunta mais abrangente deste artigo é: o que implica levar a vida com homens condenados por c... more A pergunta mais abrangente deste artigo é: o que implica levar a vida com homens condenados por crimes sexuais para as mulheres que com eles compartem laços afetivos, partilham os dias e trabalham para tornar essa vida viável? Descrevendo as assimetrias e as desigualdades das relações de gênero a partir dos modos afetivo-morais como as minhas interlocutoras respondiam a elas, busco desenvolver o que chamei de conciliação fraturada. Trato de formas de vida que emergem quando fraturas relacionais desencadeadas pelo estupro existem, mas são conciliadas: quando o pai – severamente adoecido – é o violador da filha que, em face do sofrimento dele, se esforça para perdoar o que considera (im)perdoável; e quando almoços de família incluem o tio que é reconhecido pela sua sobrinha como pedófilo, mas por ela é tolerado em função do amor que a irmã dele, mãe dela, sente por seu irmão.

Research paper thumbnail of As porosidades do consentimento. Pensando afetos e relações de intimidade

Sexualidad, Salud y Sociedad, 2020

O presente artigo tem como intuito analisar a categoria “consentimento”, deslocando o debate dos ... more O presente artigo tem como intuito analisar a categoria “consentimento”, deslocando o debate dos direitos sexuais para vidas e relacionamentos íntimos. Neste universo dos afetos no âmbito do ordinário, é possível vislumbrar as vicissitudes em que o consentimento é experienciado em meio às diversas negociações de fronteiras simbólicas e morais. O esforço aqui é compreender as limitações na interpretação do consentimento como um exercício da autonomia e da razão frente às torções que a intimidade lhe imprime, possibilitando outras gramáticas do consentir e evidenciando seu caráter poroso, ambivalente e amiudado. Para tal, apresentaremos três etnografias que estão comprometidas com um olhar fenomenológico da vida ordinária: sobre mulheres trans e travestis que buscam relações e casamentos estáveis, sobre mães ‘nervosas’ e seus ‘corpos abertos’ em territórios de precariedade social e sobre
negociações complicadas na inserção de um familiar condenado por estupro

Research paper thumbnail of Tese Everton Rangel (Depois do Estupro. Homens Condenados e seus tecidos relacionais)

Tese de Doutorado, 2020

Resultado de trabalho de campo efetuado no e através do Núcleo do Sistema Penitenciário da Defens... more Resultado de trabalho de campo efetuado no e através do Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (NUSPEN-DP-RJ), esta tese analisa de que maneira a condenação de pais, filhos, maridos, irmãos ou tios por crimes sexuais impacta as dinâmicas familiares, bem como de que maneiras as relações interpessoais conformam as práticas de gestão desses homens em manicômios e presídios. O enquadramento fenomenológico das relações, das experiências e da governança desdobra-se a partir das seguintes perguntas: (1) o que implica levar a vida com homens condenados por crimes sexuais para as mulheres que com eles compartem laços afetivos, partilham os dias e trabalham para tornar essa vida viável; (2) como o acionamento de determinadas tecnologias de gestão é impactado pela percepção dos administradores (defensores e psicólogos, sobretudo) sobre os casos de estupro e pelas relações interpessoais entre eles; (3) qual o lugar da figura do estuprador no “sistema penal”. Trata-se de uma etnografia dedicada à análise da “ética ordinária” enquanto inseparável das emoções, das normas de gênero e da governança. Se, por um lado, abrir a “caixa-preta do estupro” requer a descrição do que acontece no interior de “tecidos relacionais” (práticas de humanização, “conciliações fraturadas”, mentiras, etc.), por outro, demanda a análise das formas relacionais de regulação de criminosos sexuais no sistema penal. Aborda-se a relação entre administrados e administradores também para demonstrar que a compreensão do lugar do “estuprador” nas cadeias cariocas requer a descrição de uma “política da humilhação”. Dividida em duas partes, uma mais voltada aos estudos sobre família e a outra aos estudos sobre Estado, esta tese tem como tema a violência sexual e a relacionalidade.

Research paper thumbnail of BARREIRAS INCOMENSURÁVEIS? UM COMENTÁRIO

Debates do Ner, 2020

Comentário sobre a obra de Saba Mahmmod, voltado às seguintes questões: Que mundo comum é possíve... more Comentário sobre a obra de Saba Mahmmod, voltado às seguintes questões: Que mundo comum é possível compartilhar? Ou, como disse Achille Mbembe: “Como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante, o excedente e o em comum?”

Research paper thumbnail of O Mal e os Amores Difíceis: tecidos relacionais habitados por homens condenados por estupro de vulnerável e mulheres a eles vinculadas

Revista Anthropológicas, 2019

Neste artigo, resultado de uma etnografia que tem como inter-locutores homens condenados por tere... more Neste artigo, resultado de uma etnografia que tem como inter-locutores homens condenados por terem cometido estupro de vulnerável e pessoas a eles vinculadas afetivamente, descreverei os efeitos das sentenças condenatórias em tecidos relacionais, dando especial atenção ao problema do mal, causador de sofrimento, e às formas de engajamento com o outro que perpassam, sobretudo, mas não exclusivamente, a prática do amor. O trabalho-a um só tempo afetivo, burocrático, moral e narrativo-ao qual os meus interlocutores se devotam sugere a necessidade de produção de relações em que os sentenciados possam habitar como homens injustiçados, vinculados a pessoas que os amam em atos e junto a eles combatem a substância do mal. A minha aposta mais abran-gente é a de que devemos entender esse trabalho como um ativida-de relacional de cunho ético. Busco, ao fim, descortinar uma série de nexos entre emoções, moralidade, Estado e gênero. Estupro, Amor, Moralidade, Mal, Estado.

Research paper thumbnail of Brazilian dancers: corpos exibíveis em um circo norte-americano

Cadernos Pagu, 2018

Resumo Neste trabalho, analiso o processo de materialização de corpos que se dá no interior de um... more Resumo Neste trabalho, analiso o processo de materialização de corpos que se dá no interior de um regime estético circense, cujo pilar é a celebração de diferenças. Em outras palavras, chamo atenção às normas de exibição, veiculadas por um dos maiores e mais tradicionais circos dos Estados Unidos, enquanto constitutivas de corpos nacionalizados para fins de comercialização. Exploro, por meio de uma abordagem interseccional, os discursos sobre o Brasil veiculados em catálogos publicitários vendidos durante quinze anos; delimito práticas de recrutamento levadas a cabo durante uma audição para bailarinos e bailarinas que aconteceu no Rio de Janeiro em 2013; e, por fim, descrevo agenciamentos individuais no sentido da fabricação de corpos belos e virtuosos, isto é, sujeitos que se identificam com as normas de exibição em questão. Argumento que se, por um lado, o exibível é o corpo enérgico brasileiro, por outro, o treino em modalidades técnicas de dança e a semelhança a ícones da indústria pop norte-americana são condições de produtividade determinantes. Vejo emergir assim um nexo entre a noção de energia brasileira como potência para excitabilidade de plateias e a constituição de uma força de trabalho eficaz porque criada em consonância a padrões estéticos e técnicos globalizados. Palavras-chave: Brasil, Corpo, Insterseccionalidade, Dança, Circo.

Research paper thumbnail of Resenha. "O monstro contemporâneo: a construção social da pedofilia em múltiplos planos", de Laura Lowenkron (2015).

Revista Mana, 2015

Resenha do livro "O monstro contemporâneo: a construção social da pedofilia em múltiplos planos".

Research paper thumbnail of Resenha. "Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias", de Gabriel Feltran (2011).

Revista Mana, 2013

Resenha do livro "Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias".

Research paper thumbnail of Entre pecados e mercados: gênero, religião e práticas pedagógicas no consumo de artigos eróticos

(Des)Prazer da Norma, 2018

Research paper thumbnail of (Des)Prazer da Norma

As tensões que se entrelaçam nas fronteiras entre o público e o privado nestas nossas sociedades ... more As tensões que se entrelaçam nas fronteiras entre
o público e o privado nestas nossas sociedades modernas
ensejam inúmeras teorias e modelos interpretativos. Muitos deles se entrecruzam nesta coletânea, votada a perseguir, com base em pesquisa empírica sistemática, as vozes, ecos, ressonâncias, que instituem, desafiam, soerguem e abatem os sujeitos, na prática desse
“paradoxo da subjetivação” e dessas “artes da existência” a que se referiu Foucault – e que perpassam a filigrana dos artigos aqui reunidos.
A ambiguidade do título remete justamente aos jogos complexos em que a norma e o desejo se engatam – redivivo Jano – pelas vias fascinantes das experimentações com a vida e suas pulsões multiformes. Não à toa têm preeminência na obra os temas da sexualidade e do gênero, cada vez mais aguçados numa cosmologia que, por um lado, procura petrifica-los em fórmulas normativas naturalizadas e, por outro, exalça as virtudes da liberdade, da criatividade, da singularidade – da transgressão, no limite.
A categoria de dissidência, que atravessa parte das contribuições, certamente permite apontar para esse impulso ambivalente, trabalho contínuo da experiência vital, em que a autoafirmação enfrenta o
desafio inquietante da Esfinge. Ali onde mais viva reponta a desordem
ou a anti-ordem, também se desenha uma ordem, mais reveladora do
que a aparente, que se expressa no senso comum cotidiano.
A coletânea é ainda testemunho da eficiência desse coletivo dinâmico que é o NuSEX – Núcleo de Estudos em Corpos, Gênero e
Sexualidade, lócus universitário de enfrentamento das adversidades que nunca cessam de crescer neste país, instado a avançar na produção de um conhecimento sobre as dimensões mais invisíveis, sutis – subterrâneas tantas vezes – da vida social; essencial para argumentar com propriedade e autoridade na defesa de uma “sociedade livre de discriminações de raça, gênero, classe, sexualidade, entre outras formas de injustiça social” – como dizem os organizadores, de forma mais que oportuna.
Luiz Fernando Dias Duarte
Museu Nacional/UFRJ

Research paper thumbnail of Curso: Antropologia do Gênero e da Sexualidade (PPGAS/MN/UFRJ, 2017)

Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel Ementa: C... more Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel

Ementa: Curso de formação em questões de gênero e sexualidade na antropologia e em diversas vertentes das ciências sociais. Em um primeiro momento, com o uso de uma literatura canônica, o curso pretende discutir a importância do gênero como categoria analítica – oferecendo centralidade à teoria da performatividade – e da sexualidade como construção social e dispositivo de poder. A invenção histórica dos perversos será uma chave para discutirmos sobre práticas sexuais vistas como abjetas e/ou dissidentes, e também para discutirmos como risco e consentimento simultaneamente se amalgamam e se configuram em determinados desejos e prazeres.
Por meio da leitura de diversas autoras feministas que descentraram a teoria e chamaram a atenção para diversos modos de existência e agência social, o curso dará especial atenção às maneiras em que o gênero e a sexualidade operam sempre em interseção a outros marcadores da diferença, como raça e classe. Interessa-se, igualmente, por debater as tecnologias que desafiam a binaridade dos corpos e os modos de regulamentação do gênero e da sexualidade que, por sua vez, evidenciam o caráter instável dos mesmos. A sedimentação e a desestabilização de feminilidades e masculinidades, bem como a produção de corpos, hierarquias e fronteiras ocupam lugar relevante no curso.
As potências e ambivalências da crítica social e/ou feminista serão pensadas a partir de proposições e contextos políticos diversos. As condições de produção do trabalho antropológico no que se refere ao gênero e a sexualidade, embora não somente, serão objeto de discussão.

Research paper thumbnail of Curso: Antropologia da Sexualidade (PPGAS/MN/UFRJ, 2020)

Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel Ementa: E... more Docentes: Profa. María Elvira Díaz-Benítez, Profa. Barbara Pires, Prof. Everton Rangel

Ementa: Este curso busca introduzir alunas e alunos ao debate sobre sexualidade na antropologia. Pretende-se fomentar uma reflexão sobre a sexualidade como construção social e dispositivo de poder, bem como os modos com que o sexo e a sexualidade traduzem questões sobre raça, classe, gênero e imaginários de nação.
O curso discorrerá também sobre erotismo, práticas sexuais, e sobre os modos com que risco e consentimento simultaneamente se amalgamam e se configuram em determinados desejos e prazeres. Igualmente, se debruçará na produção tanto reflexiva quanto teórica sobre transexualidade, lesbianidade, intersexualidade e teoria queer. Neste último caso, analisaremos textos que têm tensionado paradigmas estabelecidos no campo da sexualidade, assim como continuam a elaborar críticas produtivas frente a um saber que ainda está mais ou menos estabelecido no Norte Global.
É interesse do curso debater sobre as condições de produção do trabalho antropológico no que se refere ao gênero e à sexualidade, refletindo criticamente sobre os modos de abordagem, as perguntas que são levadas ao campo, as formas de escrita, as implicações políticas e as ferramentas conceituais que marcam essa temática complexa.