Victor Aversa | Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (original) (raw)
Papers by Victor Aversa
Último Andar, 2018
O objetivo desta pesquisa é investigar a morte na visão da doutrina espírita estruturada por Alla... more O objetivo desta pesquisa é investigar a morte na visão da doutrina espírita estruturada por Allan Kardec no século XIX, baseando-nos no sistema de “invariantes culturais” proposto por Maurice Godelier, sendo as “invariantes culturais” características comuns entre diferentes religiões, podendo aplicá-las a fim de obter uma melhor compreensão comparativa entre as tradições. Dessa forma buscamos, não só compreender a temática da morte na obra de Kardec, como também aplicar o modelo de “invariantes culturais” à uma religião que ainda não havia sido abordada a partir dessa ótica.
Religião, laicidade e democracia - Anais do 33º Congresso da Soter, 2022
A pandemia trouxe consigo uma série de discussões em relação à vida e à morte, além de ter expost... more A pandemia trouxe consigo uma série de discussões em relação à vida e à morte, além de ter exposto feridas que há muito não davam as caras. Entre essas feridas, talvez a que mais salta aos nossos olhos, é a importância da existência de um Estado que atue em prol da saúde, da segurança, da diversidade, da tolerância e de outros direitos básicos dos ser humano, mas não se ter isso no país em que se vive. Em meio ao descaso com a saúde, ao grave negacionismo a que fomos expostos
e a terrível propaganda anticientífica, ainda temos que lidar com a morte batendo a todo instante em nossa porta. Um familiar, um conhecido próximo, uma pessoa querida, não se sabe por quanto tempo contaremos com a presença desta pessoa. O medo da morte, a desesperança de um amanhã agradável de se viver e a falta de empatia com o próximo se misturam em um cenário onde, mais do que nunca, dependemos do próximo para ficarmos seguros deste vírus. Propomos, então, uma reflexão que nos leva para outro lado; que pode nos fazer enxergar a existência e a morte de uma forma diferente a que estamos nos habituando. A visão de mundo zulu que ficou conhecida como ubuntu, nos coloca dentro de uma rede complexa de existências interligadas, conectadas e dependentes entre si. Sob o lema “eu sou porque nós somos”, podemos considerar que, se vivemos conectados, e nossa existência influencia e é influenciada pelas outras, a morte de um indivíduo me impacta de maneira direta, pois o “nó” que sustentava a sua existência dentro dessa complexa rede fora desfeito com a sua partida. Se considerarmos a ideia de que em toda pessoa existe algo próprio apenas dela, que se perdido não se pode mais recuperar, aliada a visão ubuntu de que, não só os vivos dependem um dos outros, mas também os mortos dependem de nós, chegamos à conclusão de que o cuidado com o outro, vivo ou morto, é uma forma de cuidarmos de nós mesmos. E,
por fim, quando morre uma pessoa, toda a nossa rede de existências perde algo de único que havia nela; fica evidente, portanto, que cada morte é, também, a minha.
O presente artigo traz a análise de uma prática da Umbanda conhecida como "cruzamento", que é um ... more O presente artigo traz a análise de uma prática da Umbanda conhecida como "cruzamento", que é um tipo de consagração feita por um "guia espiritual" sobre um amuleto ou qualquer tipo de objeto material, conferindo a este um status de "sagrado". A análise a seguir foi feita a partir da perspectiva da cultura material, tomando como ferramenta teórica a fenomenologia heideggeriana que, a partir de uma contemplação teorética dos entes mundanos, se preocupa em abordar a relação entre esses entes e os indivíduos (o Dasein) no mundo. Por fim, foi possível observar, a partir desta análise, que esta relação do indivíduo com os fenômenos religiosos estudados se dá por meio do corpo, ou seja, da materialidade. São conhecimentos e tradições que se perpetuam por meio, não de uma escritura, mas pela cultura oral e pela materialidade do corpo do adepto.
The current article analyzes the Umbanda practice known as “crossing”, which is a type of consecration made by a “spiritual guide” on an amulet or any type of material object, giving it a status of “sacred”. The following analysis was made from the perspective of material culture, using Heidegger’s phenomenology as a theoretical tool, which, based on a theoretical contemplation of worldly entities, is concerned with addressing the relationship between these entities and individuals (Dasein) in the world. Finally, it was possible to observe from this analysis that this relationship between the individual and the religious phenomena studied occurs through the body, that is, through materiality. They are knowledge and traditions that are perpetuated, not through scripture, but through oral culture and the materiality of the adept’s body.
A presente pesquisa tem por objeto de estudo os desdobramentos da atual política brasileira, part... more A presente pesquisa tem por objeto de estudo os desdobramentos da atual política brasileira, partindo da ideia de um "tripé do poder" − que se constitui da soberania, da violência e da religião −, onde este é utilizado para a manutenção de determinadas dinâmicas da política brasileira. O ator central deste "tripé do poder" seria o presidente Jair Bolsonaro que, como demonstrado no presente artigo, tem sua figura construída a partir da instrumentalização religiosa efetuada pela Frente Parlamentar Evangélica. Como fundamentação teórica utilizamos os conceitos de "Necropolítica" de Achille Mbembe e o "Cristofascismo", trabalhado por Fábio Py. Concluímos que, para além de Bolsonaro, a instrumentalização da religião e da violência se apresenta como projeto ideológico para parcela dos políticos brasileiros, visando a manutenção da soberania e, enfim, do poder. Palavras-chaves: necropolítica, cristofascismo, soberania, religião.
Introducao – O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relacao aos ideais higieniz... more Introducao – O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relacao aos ideais higienizadores da modernidade. A morte e condenada a permanecer no anonimato enquanto o ser humano sai em busca de uma forma de se completar por meio dos sonhos materiais, sendo fadado, mais cedo ou mais tarde, a se encontrar com o seu inevitavel fim. Visto que muitos problemas sociais estao ligados a impossibilidade do ser humano em admitir e assimilar a sua condicao de ser mortal, um “saber morrer” se mostra urgente, por meio de uma educacao para a morte. A doutrina espirita de Allan Kardec surge com a promessa de que por meio dela seria possivel ao individuo obter o conhecimento racional das questoes ainda obscuras do universo e afirma a existencia de uma alma imortal, tornando assim o ser humano um ser imortal na sua essencia. Seria o Espiritismo uma possibilidade viavel para um “saber morrer” a partir de um vies religioso? Objetivo – A partir da ideia de uma “qualidade existencial”, baseada...
Introdução–O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relação aos ideais higienizad... more Introdução–O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relação aos ideais higienizadores da modernidade. A morte é condenada a permanecer no anonimato enquanto o ser humano sai em busca de uma forma de se completar por meio dos sonhos materiais, sendo fadado, mais cedo ou mais tarde, a se encontrar com o seu inevitável fim. Visto que muitos problemas sociais estão ligados à impossibilidade do ser humano em admitir e assimilar a sua condição de ser mortal, um “saber morrer” se mostra urgente, por meio de uma educação para a morte. A doutrina espírita de Allan Kardec surge com a promessa de que por meio dela seria possível ao indivíduo obter o conhecimento racional das questões ainda obscuras do universo e afirma a existência de uma alma imortal, tornando assim o ser humano um ser imortal na sua essência. Seria o Espiritismo uma possibilidade viável para um “saber morrer” a partir de um viés religioso? Objetivo–A partir da ideia de uma “qualidade existencial”, baseada no “ser-para-a-morte” heideggeriano e na ideia de morte enquanto libertação em Léon Denis, investigar se a doutrina espírita se apresenta como uma possibilidade viável de um “saber morrer” em viés religioso, fazendo o indivíduo assimilar a sua própria condição mortal e, dessa maneira, viver melhor para si e para o outro. Métodos–Fora feita a leitura das obras de Allan Kardec que compõe a chamada “Codificação Espírita” em um primeiro momento a fim de apresentar o tema da morte sob a visão da doutrina espírita. Em um segundo momento, apresentamos a ideia de “qualidade existencial” expondo o tema da morte em Martin Heidegger e Léon Denis, fazendo o contraponto e as convergências entre esses pensamentos. Por fim, fora abordada a problemática envolvida na falta de uma educação para a morte nos dias atuais e como que esse ato educativo poderia ser viabilizado nos baseando na obra “Educação para a morte” do pensador espírita brasileiro Herculano Pires. Resultados–Concluímos que a doutrina espírita de Allan Kardec se apresenta como uma grande auxiliadora ao “saber morrer” sob um viés religioso e uma clara possibilidade de fazer o indivíduo a assimilar a sua condição. No entanto, é preciso que se tome cuidado com o proselitismo, visto que tanto Allan Kardec, como Léon Denis e o próprio Herculano Pires tendem à colocar o Espiritismo sob uma égide salvacionista, apresentando-o como uma doutrina “científica” que oferece explicações “racionais” para os fenômenos que a religião costuma tratar a partir dos mitos.
Reflexões sobre o ensino religioso no Brasil, principalmente no período republicano até o ano de ... more Reflexões sobre o ensino religioso no Brasil, principalmente no período republicano até o ano de 1985
Estudo acerca da Angústia e do Medo nas visões de Raul Seixas, Kierkegaard, Heidegger e Bauman.
Último Andar, 2018
O objetivo desta pesquisa é investigar a morte na visão da doutrina espírita estruturada por Alla... more O objetivo desta pesquisa é investigar a morte na visão da doutrina espírita estruturada por Allan Kardec no século XIX, baseando-nos no sistema de “invariantes culturais” proposto por Maurice Godelier, sendo as “invariantes culturais” características comuns entre diferentes religiões, podendo aplicá-las a fim de obter uma melhor compreensão comparativa entre as tradições. Dessa forma buscamos, não só compreender a temática da morte na obra de Kardec, como também aplicar o modelo de “invariantes culturais” à uma religião que ainda não havia sido abordada a partir dessa ótica.
Religião, laicidade e democracia - Anais do 33º Congresso da Soter, 2022
A pandemia trouxe consigo uma série de discussões em relação à vida e à morte, além de ter expost... more A pandemia trouxe consigo uma série de discussões em relação à vida e à morte, além de ter exposto feridas que há muito não davam as caras. Entre essas feridas, talvez a que mais salta aos nossos olhos, é a importância da existência de um Estado que atue em prol da saúde, da segurança, da diversidade, da tolerância e de outros direitos básicos dos ser humano, mas não se ter isso no país em que se vive. Em meio ao descaso com a saúde, ao grave negacionismo a que fomos expostos
e a terrível propaganda anticientífica, ainda temos que lidar com a morte batendo a todo instante em nossa porta. Um familiar, um conhecido próximo, uma pessoa querida, não se sabe por quanto tempo contaremos com a presença desta pessoa. O medo da morte, a desesperança de um amanhã agradável de se viver e a falta de empatia com o próximo se misturam em um cenário onde, mais do que nunca, dependemos do próximo para ficarmos seguros deste vírus. Propomos, então, uma reflexão que nos leva para outro lado; que pode nos fazer enxergar a existência e a morte de uma forma diferente a que estamos nos habituando. A visão de mundo zulu que ficou conhecida como ubuntu, nos coloca dentro de uma rede complexa de existências interligadas, conectadas e dependentes entre si. Sob o lema “eu sou porque nós somos”, podemos considerar que, se vivemos conectados, e nossa existência influencia e é influenciada pelas outras, a morte de um indivíduo me impacta de maneira direta, pois o “nó” que sustentava a sua existência dentro dessa complexa rede fora desfeito com a sua partida. Se considerarmos a ideia de que em toda pessoa existe algo próprio apenas dela, que se perdido não se pode mais recuperar, aliada a visão ubuntu de que, não só os vivos dependem um dos outros, mas também os mortos dependem de nós, chegamos à conclusão de que o cuidado com o outro, vivo ou morto, é uma forma de cuidarmos de nós mesmos. E,
por fim, quando morre uma pessoa, toda a nossa rede de existências perde algo de único que havia nela; fica evidente, portanto, que cada morte é, também, a minha.
O presente artigo traz a análise de uma prática da Umbanda conhecida como "cruzamento", que é um ... more O presente artigo traz a análise de uma prática da Umbanda conhecida como "cruzamento", que é um tipo de consagração feita por um "guia espiritual" sobre um amuleto ou qualquer tipo de objeto material, conferindo a este um status de "sagrado". A análise a seguir foi feita a partir da perspectiva da cultura material, tomando como ferramenta teórica a fenomenologia heideggeriana que, a partir de uma contemplação teorética dos entes mundanos, se preocupa em abordar a relação entre esses entes e os indivíduos (o Dasein) no mundo. Por fim, foi possível observar, a partir desta análise, que esta relação do indivíduo com os fenômenos religiosos estudados se dá por meio do corpo, ou seja, da materialidade. São conhecimentos e tradições que se perpetuam por meio, não de uma escritura, mas pela cultura oral e pela materialidade do corpo do adepto.
The current article analyzes the Umbanda practice known as “crossing”, which is a type of consecration made by a “spiritual guide” on an amulet or any type of material object, giving it a status of “sacred”. The following analysis was made from the perspective of material culture, using Heidegger’s phenomenology as a theoretical tool, which, based on a theoretical contemplation of worldly entities, is concerned with addressing the relationship between these entities and individuals (Dasein) in the world. Finally, it was possible to observe from this analysis that this relationship between the individual and the religious phenomena studied occurs through the body, that is, through materiality. They are knowledge and traditions that are perpetuated, not through scripture, but through oral culture and the materiality of the adept’s body.
A presente pesquisa tem por objeto de estudo os desdobramentos da atual política brasileira, part... more A presente pesquisa tem por objeto de estudo os desdobramentos da atual política brasileira, partindo da ideia de um "tripé do poder" − que se constitui da soberania, da violência e da religião −, onde este é utilizado para a manutenção de determinadas dinâmicas da política brasileira. O ator central deste "tripé do poder" seria o presidente Jair Bolsonaro que, como demonstrado no presente artigo, tem sua figura construída a partir da instrumentalização religiosa efetuada pela Frente Parlamentar Evangélica. Como fundamentação teórica utilizamos os conceitos de "Necropolítica" de Achille Mbembe e o "Cristofascismo", trabalhado por Fábio Py. Concluímos que, para além de Bolsonaro, a instrumentalização da religião e da violência se apresenta como projeto ideológico para parcela dos políticos brasileiros, visando a manutenção da soberania e, enfim, do poder. Palavras-chaves: necropolítica, cristofascismo, soberania, religião.
Introducao – O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relacao aos ideais higieniz... more Introducao – O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relacao aos ideais higienizadores da modernidade. A morte e condenada a permanecer no anonimato enquanto o ser humano sai em busca de uma forma de se completar por meio dos sonhos materiais, sendo fadado, mais cedo ou mais tarde, a se encontrar com o seu inevitavel fim. Visto que muitos problemas sociais estao ligados a impossibilidade do ser humano em admitir e assimilar a sua condicao de ser mortal, um “saber morrer” se mostra urgente, por meio de uma educacao para a morte. A doutrina espirita de Allan Kardec surge com a promessa de que por meio dela seria possivel ao individuo obter o conhecimento racional das questoes ainda obscuras do universo e afirma a existencia de uma alma imortal, tornando assim o ser humano um ser imortal na sua essencia. Seria o Espiritismo uma possibilidade viavel para um “saber morrer” a partir de um vies religioso? Objetivo – A partir da ideia de uma “qualidade existencial”, baseada...
Introdução–O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relação aos ideais higienizad... more Introdução–O tema da morte se apresenta cada vez menos benquisto em relação aos ideais higienizadores da modernidade. A morte é condenada a permanecer no anonimato enquanto o ser humano sai em busca de uma forma de se completar por meio dos sonhos materiais, sendo fadado, mais cedo ou mais tarde, a se encontrar com o seu inevitável fim. Visto que muitos problemas sociais estão ligados à impossibilidade do ser humano em admitir e assimilar a sua condição de ser mortal, um “saber morrer” se mostra urgente, por meio de uma educação para a morte. A doutrina espírita de Allan Kardec surge com a promessa de que por meio dela seria possível ao indivíduo obter o conhecimento racional das questões ainda obscuras do universo e afirma a existência de uma alma imortal, tornando assim o ser humano um ser imortal na sua essência. Seria o Espiritismo uma possibilidade viável para um “saber morrer” a partir de um viés religioso? Objetivo–A partir da ideia de uma “qualidade existencial”, baseada no “ser-para-a-morte” heideggeriano e na ideia de morte enquanto libertação em Léon Denis, investigar se a doutrina espírita se apresenta como uma possibilidade viável de um “saber morrer” em viés religioso, fazendo o indivíduo assimilar a sua própria condição mortal e, dessa maneira, viver melhor para si e para o outro. Métodos–Fora feita a leitura das obras de Allan Kardec que compõe a chamada “Codificação Espírita” em um primeiro momento a fim de apresentar o tema da morte sob a visão da doutrina espírita. Em um segundo momento, apresentamos a ideia de “qualidade existencial” expondo o tema da morte em Martin Heidegger e Léon Denis, fazendo o contraponto e as convergências entre esses pensamentos. Por fim, fora abordada a problemática envolvida na falta de uma educação para a morte nos dias atuais e como que esse ato educativo poderia ser viabilizado nos baseando na obra “Educação para a morte” do pensador espírita brasileiro Herculano Pires. Resultados–Concluímos que a doutrina espírita de Allan Kardec se apresenta como uma grande auxiliadora ao “saber morrer” sob um viés religioso e uma clara possibilidade de fazer o indivíduo a assimilar a sua condição. No entanto, é preciso que se tome cuidado com o proselitismo, visto que tanto Allan Kardec, como Léon Denis e o próprio Herculano Pires tendem à colocar o Espiritismo sob uma égide salvacionista, apresentando-o como uma doutrina “científica” que oferece explicações “racionais” para os fenômenos que a religião costuma tratar a partir dos mitos.
Reflexões sobre o ensino religioso no Brasil, principalmente no período republicano até o ano de ... more Reflexões sobre o ensino religioso no Brasil, principalmente no período republicano até o ano de 1985
Estudo acerca da Angústia e do Medo nas visões de Raul Seixas, Kierkegaard, Heidegger e Bauman.