Caio R . Schechner | Universidade Estadual de Goiás (original) (raw)

Artigos publicados em periódicos by Caio R . Schechner

Research paper thumbnail of As limitações da perspectiva êmica

Escrita da História, 2023

A presente entrevista é uma transcrição adaptada dos episódios #13 e #13.1 –idealizados e conduz... more A presente entrevista é uma transcrição adaptada dos episódios #13 e #13.1 –idealizados e conduzidos por Caio Schechner (CS) e com a participação de Caio Féo (CF) –do podcast Translatio Cast, projeto do laboratório Translatio Studii: Grupo de Pesquisa Dimensões do Medievo, sediado na Universidade Federal Fluminense. Os episódios consistem em uma entrevista com o Dr. Mário Jorge da Motta Bastos (MJMB), professor titular da Universidade Federal Fluminense há mais de 30 anos. Ela trata das perspectivas êmica e ética de abordagem do passado, concedendo especial atenção às limitações da primeira, tema sobre o qual o autor vem se posicionando criticamente desde o seu livro Assim na Terra como no Céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média(São Paulo: EDUSP, 2013).No entender dos envolvidos, a divulgação em formato escrito justifica-se por duas principais razões. A primeira é por entender que tal tema, hoje, representa uma das principais questões, tanto no âmbito acadêmico quanto político, relativas ao estudo da História; daí a importância desta intervenção e sua difusão nos mais variados espaços. A segunda é que, pela complexidade dos temas abordados, considerou-se desejável a publicação do conteúdo em um formato que viabilizasse o seu estudo mais minucioso, no ritmo que aprouver aos interessados.

Research paper thumbnail of Panorama do estudo dos livros de cavalarias no Brasil (e algumas propostas para seu desenvolvimento)

Manduarisawa, 2022

A despeito dos indicativos da expansão do estudo dos livros de cavalarias em diversos países, não... more A despeito dos indicativos da expansão do estudo dos livros de cavalarias em diversos países, não se sabe até que ponto isto é válido para o Brasil, visto que ainda não houve nenhuma tentativa de realizar um panorama da produção sobre o tema em nosso país. Neste artigo, tentaremos preencher, ainda que muito provisoriamente, essa lacuna, tendo como recorte o início dos anos 50 até a atualidade. A partir das informações levantadas, procederemos a uma interpretação do estado da arte desses estudos para, por fim, e a partir disso, fazer propostas para seu desenvolvimento.

Research paper thumbnail of Imprimindo livros de cavalarias: dimensão externa e formas de intervenção de um gênero editorial ibérico (1501-1623)

Sæculum - Revista de História, 2023

Neste artigo, trataremos do processo de impressão dos livros de cavalarias ibéricos, tendo como d... more Neste artigo, trataremos do processo de impressão dos livros de cavalarias ibéricos, tendo como delimitação temporal os anos de 1501 a 1623, privilegiando, como aspectos analíticos, sua dimensão externa e as formas de intervenção responsáveis por sua conformação. Na primeira parte, iniciaremos com uma breve contextualização de natureza técnica da imprensa à época trabalhada, para então descrever as características físicas desse corpus, enfatizando a importância de fazê-lo para compreender de maneira mais completa o sentido que este adquiriu em sua época. Ainda na mesma seção, recorreremos ao conceito de 'gênero editorial', com o objetivo de tecer algumas reflexões sobre a relevância da dimensão externa enquanto critério de delimitação do gênero dos livros de cavalarias. Já na segunda seção, versaremos sobre as dinâmicas do universo editorial, abordando uma série de profissionais e agentes envolvidos, tanto internos quanto externos à oficina tipográfica, bem como suas respectivas funções e especificidades, a fim de assinalar as diferentes formas de intervenção do texto e do livro nelas implicadas. Palavras-chave: Livros de cavalarias ibéricos. Origens da imprensa. Formas de intervenção.

Research paper thumbnail of A religiosidade medieval na devoção à dama na 1ª parte do Palmeirim de Inglaterra: evocação, imagens, objetos

Revista de História da UFBA, 2022

Meu objetivo neste trabalho é demonstrar a presença, no livro de cavalarias Palmeirim de Inglater... more Meu objetivo neste trabalho é demonstrar a presença, no livro de cavalarias Palmeirim de Inglaterra (c. 1543), escrito pelo português Francisco de Moraes, de certas concepções religiosas medievais na relação do cavaleiro com a dama. Para tanto, analisarei diversos capítulos da primeira parte do texto supracitado. Identifiquei três maneiras a partir das quais essa presença se expressa: evocação, imagens e objetos. Minha hipótese é de que, ao perceber a expressiva influência de certas características dessa religiosidade no texto, torna-se possível verificar uma série de paralelos entre a dama e o divino no âmbito da narrativa. mais adiante, procuro desenvolver algumas implicações teóricas dessa conclusão, tanto apontando para sua potencialidade no que se refere ao endosso da tese de Longa Idade Média, de Jacques Le Goff, quanto versando sobre suas possíveis conexões com o conceito de Cultura Intermediária, tal como proposto por Hilário Franco Jr.

Research paper thumbnail of Notas sobre a posição pradiana frente à tese do feudalismo brasileiro

Revista Ágora, 2022

Este trabalho pretende expor e analisar a posição de Caio Prado Jr. frente à tese do feudalismo n... more Este trabalho pretende expor e analisar a posição de Caio Prado Jr. frente à tese do feudalismo no Brasil. Defendida pela expressiva maioria dos quadros intelectuais do Partido Comunista Brasileiro (PCB) à época da querela, essa tese buscava sustentar a existência de um certo grau de traços feudais na colonização do Brasil e, por consequência, de “restos feudais” a serem eliminados no presente. Insatisfeito com tal interpretação e suas implicações em termos de estratégia política, Prado Jr., por meio de um rigoroso estudo do passado brasileiro, chega à conclusão de que não poderia ter havido algo semelhante a um “feudalismo” em nosso processo de evolução político-econômico. Para além de revisitar o debate em sua forma original, buscarei, ao longo do texto, dialogar com diversos desdobramentos teóricos da posição pradiana. Creio que isto será útil, por um lado, para constatar a longevidade da interpretação de Caio Prado.; por outro, e mais importantemente, para discutir como suas ideias podem ser revisitadas à luz dos mais recentes desenvolvimentos nesse campo de estudos.

Research paper thumbnail of Dois modelos de ensino de História na saga 'Harry Potter'

Revista Multidisciplinar de Estudos Nerds/Geek, 2020

O presente artigo tratará de fazer alguns breves apontamentos a respeito da imagem do ensino de H... more O presente artigo tratará de fazer alguns breves apontamentos a respeito da imagem do ensino de História e, por extensão, da figura do historiador na saga de fantasia Harry Potter, da autora britânica J.K. Rowling. Identifico dois modelos de representação, com características e valoração diferentes, quase opostas, ainda que somente o primeiro seja explicitamente associado à História enquanto disciplina e campo do conhecimento. Chamei-os de modelo-Binns e modelo-Dumbledore, respectivamente. O estudo se justifica pelo fato de que, em razão de seu colossal sucesso editorial, o título em questão acabou por comportar uma das representações da história e do historiador que mais circularam entre o grande público nos últimos tempos, ainda que possuindo uma importância periférica na trama. Ademais, e partindo dessa constatação, entendo que o livro pode servir como importante plataforma de discussão de alguns aspectos importantes da História entre os fãs e conhecedores da saga.

Research paper thumbnail of O heterodiscurso como método de análise histórica do romance

Oficina do Historiador, 2020

O conceito de "heterodiscurso" (raznorétchie), tal como desenvolvido por Mikhail Bakhtin, constit... more O conceito de "heterodiscurso" (raznorétchie), tal como desenvolvido por Mikhail Bakhtin, constitui-se como uma poderosa e ainda pouco usada ferramenta metodológica para os historiadores, em particular para o estudo de fontes literárias. Entendendo-o, a princípio, como a incorporação do discurso alheio no romance, este texto pretende elaborar essa formulação mais profundamente. Isso será feito por meio do diálogo com outros tradicionais conceitos do arsenal bakhtiniano, tais como "dialogismo" e "polifonia", mas não somente. Tomando como base alguns episódios da obra Dom Quixote (1605-1615), de Miguel de Cervantes, minha intenção é elaborar e demonstrar, a partir do conceito de heterodiscurso, ferramentas de análise úteis ao historiador. Em um primeiro momento, formulo a ideia de "grau de objetificação da linguagem", buscando dar conta da complexa questão da autenticidade da representação do objeto através da linguagem. Em um segundo momento, mais importante, proponho a sistematização do heterodiscurso em progressivos níveis de distintas profundidades-o que chamei de "níveis heterodiscursivos"-, almejando abarcar as múltiplas camadas de vozes sociais presentes em um romance e melhor capturar a realidade histórica pela qual estes são circunscritos.

Research paper thumbnail of Possibilidades historiográficas de um gênero esquecido: sobre os 'libros de caballerías' ibéricos

Revista Cantareira, 2020

Os libros de caballerías ibéricos constituíram um gênero literário e editorial que gozou de amplo... more Os libros de caballerías ibéricos constituíram um gênero literário e editorial que gozou de amplo sucesso de público entre os séculos XV e XVII. A despeito disso, retrospectivamente foi dada pouca atenção a esse corpus documental no âmbito acadêmico, fenômeno para qual a explicação se tentará conjecturar no decorrer destas páginas. Em tempos recentes, mais exatamente desde o início do século, alguns estudiosos têm buscado recuperar o gênero, por vezes discutindo suas características gerais e, por outras, as particularidades de cada título que o compõe. É alarmante, contudo, que a enorme maioria desses trabalhos se aproxime dos libros pelo viés da filologia e da crítica literária. Ciente disso, a intenção deste texto é alertar para a necessidade de os historiadores dispensarem maior atenção sobre o tema, assim como enfatizar a potencialidade de um conjunto de fontes ainda pouco explorado e que, crê-se, abriga contribuição fundamental para as reflexões sobre uma Longa Idade Média.

Research paper thumbnail of Traçando paralelos entre a figura do cavaleiro nos 'libros de caballerías' e na fantasia do século XX

Revista Mosaico: Literatura, Linguística e Educação, 2019

Este trabalho pretende traçar alguns paralelos entre a figura do cavaleiro nos libros de caballe... more Este trabalho pretende traçar alguns paralelos entre a figura do cavaleiro nos libros de caballerías ibéricos, mais particularmente no paradigmático Amadís de Gaula (1508), de Garci Rodríguez de Montalvo, e na fantasia do século XX, em específico no também paradigmático O Senhor dos Anéis (1954-1955), de J. R. R. Tolkien. Tal comparação será feita a partir de dois principais eixos de análise: o valor guerreiro e a identidade.

Research paper thumbnail of Críticas ao Estruturalismo na virada do século: o debate nas páginas de “L'Homme” e “The Americas” (2001-2003)

Espacialidades: Revista dos Discentes do Programa de Pós-Graduação em História e Espaços, 2019

Em 2001, Claude Lévi-Strauss, figura central para as Ciências Sociais, publicou no periódico L'Ho... more Em 2001, Claude Lévi-Strauss, figura central para as Ciências Sociais, publicou no periódico L'Homme uma resenha do terceiro volume sobre a América do Sul da coletânea The Cambridge History of the Native Peoples of the Americas, organizado por Frank Salomon e Stuart B. Schwartz. Os organizadores responderam às críticas em duas oportunidades distintas: uma delas, assinada apenas por Schwartz, saiu em 2002 pela The Americas, enquanto a outra, já assinada por ambos autores, apareceu na mesma L'Homme em 2003. Este artigo parte do debate travado nessas páginas para abordar uma questão mais ampla: as contribuições e limitações do Estruturalismo enquanto método de análise dos povos indígenas, no campo da História e das Ciências Sociais.

Research paper thumbnail of De 'flores de oro' a 'ajos crudos': a representação do amor cortês em Dom Quixote como subversão das relações de gênero em Amadís

Dia-Logos: Revista dos Alunos de Pós-Graduação em História, 2019

Os chamados "libros de caballerías", cujo maior modelo e exemplo talvez seja o Amadís de Gaula, c... more Os chamados "libros de caballerías", cujo maior modelo e exemplo talvez seja o Amadís de Gaula, cristalizaram uma determinada representação dos papéis atribuídos aos sexos biológicos através das relações entre seus personagens, particularmente na forma do amor cortesão. Contudo, este paradigma foi profundamente contestado pela obra-prima de Cervantes, o Dom Quixote. O objetivo deste trabalho é fazer uma comparação entre trechos dessas duas obras, procurando demonstrar como o modelo de amor cortês instituído pelo Amadís é parodiado por Dom Quixote, operando uma significativa subversão das relações de gênero no âmbito dos livros de cavalarias.

Research paper thumbnail of Do Amadís de Gaula ao Quixote de la Mancha: continuidades e descontinuidades na representação do cavaleiro medieval

Humanidades em Revista, 2019

Procurando oferecer uma outra perspectiva que não a da ruptura para a interpretação de Dom Quixot... more Procurando oferecer uma outra perspectiva que não a da ruptura para a interpretação de Dom Quixote (1605-1615), proponho neste artigo uma leitura ambivalente, em moldes Bakhtinianos, do clássico Cervantino. A partir de uma breve comparação com o Amadís de Gaula (1508), de Garci Rodríguez de Montalvo, mostrarei como dialogam essas distintas abordagens da Cavalaria medieval e discutirei as simultâneas continuidades e descontinuidades no que tange à representação da Cavalaria no Quixote. Palavras-chave: História Medieval; Cavalaria; Literatura; Amadís de Gaula; Dom Quixote

Capítulos de livro by Caio R . Schechner

Research paper thumbnail of Figuras marginais, elementos não europeus e variantes de gênero em três livros de cavalarias portugueses do século XVI

História através da História (vol. 2): pesquisas do PPGH/UFF, 2023

Dissertação de mestrado by Caio R . Schechner

Research paper thumbnail of As duas faces de Dom Quixote: uma análise comparativa da representação da Cavalaria nas obras de Montalvo e Cervantes (séculos XVI-XVII)

Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa sobre a ambivalência da representação da Cavalaria... more Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa sobre a ambivalência da representação da Cavalaria em Dom Quixote (1605-1615). Determinei-me, nela, a combater aquilo que chamei de uma “leitura monovocal” do texto de Miguel de Cervantes. Por muito tempo, a crítica insistiu em seu caráter ímpar na história da literatura, cuja consequência foi o afastamento de seu contexto original, sem o qual é impossível apreender o sentido histórico da obra. Ao fazê-lo, viabilizou-se uma interpretação na qual Dom Quixote foi lido unicamente como algoz da Cavalaria, ao inverter comicamente os principais aspectos da literatura cavaleiresca, em especial os libros de caballerías, gênero de sucesso na Península Ibérica à época. Assim, a obra foi considerada como inauguradora de uma nova era – daí o título de “primeiro romance moderno” –, e, por derivação, uma negação da Idade Média.
O objetivo deste trabalho é reatar os laços históricos de Dom Quixote com esse gênero, mostrando de que maneira suas características foram apropriadas por Cervantes. Farei isso a partir de uma análise comparativa com o paradigmático livro de cavalarias Amadís de Gaula (1508), de Garci Rodríguez de Montalvo, enfocando na figura da Cavalaria, mas em particular em dois de seus aspectos ideológicos: valor guerreiro e amor cortês. Minha hipótese é de que essa representação se deu de forma ambivalente, quer dizer, que seria possível constatar a coexistência de dois discursos a respeito da Cavalaria, na narrativa. Sendo capaz de ali perceber elementos medievais de representação, estaríamos autorizados a questionar a interpretação vigente de Dom Quixote e, por consequência, sua relação de superação frente à Idade Média.

Orgs. by Caio R . Schechner

Research paper thumbnail of Dossiê "As representações da Cavalaria medieval na História do Ocidente (séculos XI-XXI)"

Manduarisawa, 2022

A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em fil... more A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em filmes, seriados ou videojogos de grande investimento e circulação, como peça central da ilusão de uma extrema direita saudosista (PACHÁ, 2020), ou ainda enquanto figura portadora de valores universais e de potencial revolucionário (LUCÍA MEGÍAS, 2008, p. 112-5), esse estrato da sociedade medieval, temporalmente tão distante, ao que parece ainda exerce grande fascínio entre nós.

Com efeito, a história das produções humanas voltadas à representação da Cavalaria é vasta e ultrapassa, em muito, as fronteiras da Idade Média tradicional. História essa que tem seu marco inicial em fins do século XI com as chamadas canções de gesta francesas, dentre as quais se destacam a Canção de Rolando e, no contexto ibérico, o Cantar de Mio Cid. Aproximadamente cinquenta anos depois, surgem os romances da chamada “Matéria de Bretanha”, que têm sua expressão máxima em Chrétien de Troyes, criador de textos tão relevantes quanto O Cavaleiro da Charrete (Lancelot) (c. 1174-81) e (c. 1175-81) e O Conto do Graal (Perceval) (c. 1179-91).

Nesse âmbito, também se destaca o nome de Robert de Boron, que para além da introdução da célebre personagem Merlin nas narrativas cavaleirescas, desenvolveu uma obra que inspirará, de maneira determinante, os chamados ciclo da Vulgata e da Pós- Vulgata. Tais textos manterão a pujança da literatura cavaleiresca no século XIII, igualmente atestada pelas inúmeras continuações do Graal de Chrétien de Troyes.

Exprimindo a força e o fascínio dos temas e dos personagens criados por esta literatura, até o final do período medieval, diversas adaptações dessas primeiras narrativas, além de novas composições, irão aparecer nas diversas línguas europeias, a exemplo da adaptação alemã do Erec e Enide, de Chrétien de Troyes, composta por Hartmann Von Aue e da composição inglesa Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, para citar apenas duas dentre várias.

Entre os séculos XV e XVII vigoram, principalmente na Península Ibérica, os chamados “livros de cavalarias”. Gênero literário e editorial esse que, apesar de seu aparente anacronismo, não deixou de cativar os mais diversos públicos. Tendo como texto-fundador o Amadís de Gaula (1496), foi composto por múltiplos ciclos narrativos de grande extensão, e somou, apenas na Espanha, mais de 60 títulos impressos e, em Portugal, 5. Isso sem contar, é claro, com o expressivo número de textos manuscritos, alguns possivelmente ainda a serem descobertos.

Por fim, e sem esquecer o revival romântico do século XIX, haveria que se considerar, também, os produtos culturais mais recentes, como os seriados Game of Thrones (2015-2020) e Os anéis de Poder (2022), além das franquias de videojogos Souls (2009-presente) e Warcraft (1994-presente), apenas para citar alguns exemplos. Produzidos na esteira do que vem se denominando medievalismo (BERNS; JOHNSTON, 2014), é razoável assumir que tais megaproduções difundiram a imagem da Cavalaria em um nível jamais visto na história.

O presente dossiê, intitulado “As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)”, reúne uma série de textos que buscam tratar de tal temática, a partir de diferentes recortes temporais, geográficos e teórico-metodológicos.

Organizadores:

Prof. Dr. Sínval Carlos Mello Gonçalves (PPGH/UFAM)

Prof. Dr. Átila Augusto Vilar de Almeida (UFAM)

Doutorando Caio Rodrigues Schechner (PPGH/UFF)

Research paper thumbnail of Chamada para dossiê "As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)”

Revista Manduarisawa, 2023

A MANDUARISAWA - Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)... more A MANDUARISAWA - Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) convida os pesquisadores (as) de todo o país a enviarem artigos inéditos para o dossiê “As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)” organizado pelos pesquisadores prof. Dr. Sínval Carlos Mello Gonçalves (UFAM), prof. Dr. Átila Augusto Vilar de Almeida (UFAM) e Doutorando Caio Rodrigues Schechner (PPGH/UFF).
A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em filmes, seriados ou videojogos de grande investimento e circulação, como peça central da ilusão de uma extrema direita saudosista (PACHÁ, 2020), ou ainda enquanto figura portadora de valores universais e de potencial revolucionário (LUCÍA MEGÍAS, 2008, p. 112-5), esse estrato da sociedade medieval, temporalmente tão distante, ao que parece ainda exerce grande fascínio entre nós.
Com efeito, a história das produções humanas voltadas à representação da Cavalaria é vasta e ultrapassa, em muito, as fronteiras da Idade Média tradicional. História essa que tem seu marco inicial em fins do século XI com as chamadas canções de gesta francesas, dentre as quais se destacam a Canção de Rolando e, no contexto ibérico, o Cantar de Mio Cid. Aproximadamente cinquenta anos depois, surgem os romances da chamada “Matéria de Bretanha”, que têm sua expressão máxima em Chrétien de Troyes, criador de textos tão relevantes quanto O Cavaleiro da Charrete (Lancelot) (c. 1174-81) e (c. 1175-81) e O Conto do Graal (Perceval) (c. 1179-91). Nesse âmbito, também se destaca o nome de Robert de Boron, que para além da introdução da célebre personagem Merlin nas narrativas cavaleirescas, desenvolveu uma obra que inspirará, de maneira determinante, os chamados ciclo da Vulgata e da Pós-Vulgata. Tais textos manterão a pujança da literatura cavaleiresca no século XIII, igualmente atestada pelas inúmeras continuações do Graal de Chrétien de Troyes.
Exprimindo a força e o fascínio dos temas e dos personagens criados por esta literatura, até o final do período medieval, diversas adaptações dessas primeiras narrativas, além de novas composições, irão aparecer nas diversas línguas europeias, a exemplo da adaptação alemã do Erec e Enide, de Chrétien de Troyes, composta por Hartmann Von Aue e da composição inglesa Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, para citar apenas duas dentre várias.
Entre os séculos XV e XVII vigoram, principalmente na Península Ibérica, os chamados “livros de cavalarias”. Gênero literário e editorial esse que, apesar de seu aparente anacronismo, não deixou de cativar os mais diversos públicos. Tendo como texto-fundador o Amadís de Gaula (1496), foi composto por múltiplos ciclos narrativos de grande extensão, e somou, apenas na Espanha, mais de 60 títulos impressos e, em Portugal, 5. Isso sem contar, é claro, com o expressivo número de textos manuscritos, alguns possivelmente ainda a serem descobertos.
Por fim, e sem esquecer o revival romântico do século XIX, haveria que se considerar, também, os produtos culturais mais recentes, como os seriados Game of Thrones (2015-2020) e Os anéis de Poder (2022), além das franquias de videojogos Souls (2009-presente) e Warcraft (1994 presente), apenas para citar alguns exemplos. Produzidos na esteira do que vem se chamando de medievalismo (BERNS; JOHNSTON, 2014), é razoável assumir que tais megaproduções difundiram a imagem da Cavalaria em um nível jamais visto na história.

Research paper thumbnail of História através da História (vol. 2): pesquisas do PPGH/UFF

História através da História (vol. 2): pesquisas do PPGH/UFF, 2023

Desde a sua fundação em 1971, o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Flu... more Desde a sua fundação em 1971, o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense foi sinônimo de excelência e compromisso com a construção do conhecimento histórico. Esta publicação é fruto da iniciativa dos próprios discentes, visando à divulgação científica e o debate com os demais alunos do Programa, além da comunidade acadêmica em geral. A coletânea apresenta uma série de textos produzidos pelos alunos de mestrado e doutorado, cada qual com o objetivo de abordar, de forma concisa, as pesquisas autorais que atualmente estão sendo desenvolvidas no âmbito do Programa.

Episódios de podcast by Caio R . Schechner

Research paper thumbnail of Translatio Cast #13.1 - Os limites da perspectiva êmica (parte 2)

Translatio Cast, 2023

Este episódio é a segunda parte do episódio 13, anteriormente lançado e que inaugurou a série “me... more Este episódio é a segunda parte do episódio 13, anteriormente lançado e que inaugurou a série “medievalistas conversam sobre teoria”. Caio Schechner e Caio Féo entrevistam o Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos sobre um tema da maior importância: as limitações da perspectiva êmica de abordagem do passado, questão sobre a qual o autor vem se posicionando criticamente desde o seu livro Assim na Terra como no Céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média (São Paulo, EDUSP, 2013).
A entrevista foi dividida em duas partes, das quais este episódio é a segunda.
Entrevistado:
Mário Jorge da Motta Bastos (http://lattes.cnpq.br/2355198543101450)
Produção e edição:
Caio Schechner (https://uff.academia.edu/CaioSchechner)
Participação:
Caio de Amorim Féo (https://independent.academia.edu/CaioDeAmorimFeo)
Música de abertura: https://www.youtube.com/watch?v=m8vBn3HPnNo&ab_channel=MiddleAges
Indicações de leitura
BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
BASTOS, Mário Jorge da Motta. Assim na terra como no céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média. São Paulo: EDUSP, 2013.
BASTOS, Mário Jorge da Motta. O desafio de significar o passado: o ensino da história medieval no Brasil. Acta Educ., Maringá, v. 43, e55177, 2021 . Disponível em . acessos em 16 mar. 2023. Epub 01-Set-2021. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v43i0.55177.
DUBY, Georges; LARDREAU, Guy. Diálogos Sobre a Nova História. Lisboa: Dom Quixote, 1989.
FRANCO JR., Hilário. O (pre)conceito de Idade Média. In: __. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992.
ROSA, M.; OREY, D. C. O campo de pesquisa em etnomodelagem: as abordagens êmica, ética e dialética. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 04, p. 865-879, out./dez. 2012. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2014.

Research paper thumbnail of Translatio Cast #13 - Os limites da perspectiva êmica (parte 1)

Translatio Cast, 2023

Este episódio inaugura a série “medievalistas conversam sobre teoria”, novo quadro do TranslatioC... more Este episódio inaugura a série “medievalistas conversam sobre teoria”, novo quadro do TranslatioCast. Caio Schechner e Caio Féo entrevistam o Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos sobre um tema da maior importância: as limitações da perspectiva êmica de abordagem do passado, questão sobre a qual o autor vem se posicionando criticamente desde o seu livro Assim na Terra como no Céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média (São Paulo, EDUSP, 2013). A entrevista foi dividida em duas partes, das quais este episódio é a primeira.
Entrevistado:
Mário Jorge da Motta Bastos (http://lattes.cnpq.br/2355198543101450) Produção e edição: Caio Schechner (https://uff.academia.edu/CaioSchechner) Participação: Caio de Amorim Féo (https://independent.academia.edu/CaioDeAmorimFeo)
Música de abertura: https://www.youtube.com/watch?v=m8vBn3HPnNo&ab_channel=MiddleAges
Indicações de leitura BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. BASTOS, Mário Jorge da Motta. Assim na terra como no céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média. São Paulo: EDUSP, 2013.
BASTOS, Mário Jorge da Motta. O desafio de significar o passado: o ensino da história medieval no Brasil. Acta Educ., Maringá, v. 43, e55177, 2021 . Disponível em . acessos em 16 mar. 2023. Epub 01-Set-2021.
https://doi.org/10.4025/actascieduc.v43i0.55177. DUBY, Georges; LARDREAU, Guy. Diálogos Sobre a Nova História. Lisboa: Dom Quixote, 1989.
FRANCO JR., Hilário. O (pre)conceito de Idade Média. In: __. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992. ROSA, M.; OREY, D. C. O campo de pesquisa em etnomodelagem: as abordagens êmica, ética e dialética. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 04, p. 865-879, out./dez. 2012. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2014.

Research paper thumbnail of As limitações da perspectiva êmica

Escrita da História, 2023

A presente entrevista é uma transcrição adaptada dos episódios #13 e #13.1 –idealizados e conduz... more A presente entrevista é uma transcrição adaptada dos episódios #13 e #13.1 –idealizados e conduzidos por Caio Schechner (CS) e com a participação de Caio Féo (CF) –do podcast Translatio Cast, projeto do laboratório Translatio Studii: Grupo de Pesquisa Dimensões do Medievo, sediado na Universidade Federal Fluminense. Os episódios consistem em uma entrevista com o Dr. Mário Jorge da Motta Bastos (MJMB), professor titular da Universidade Federal Fluminense há mais de 30 anos. Ela trata das perspectivas êmica e ética de abordagem do passado, concedendo especial atenção às limitações da primeira, tema sobre o qual o autor vem se posicionando criticamente desde o seu livro Assim na Terra como no Céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média(São Paulo: EDUSP, 2013).No entender dos envolvidos, a divulgação em formato escrito justifica-se por duas principais razões. A primeira é por entender que tal tema, hoje, representa uma das principais questões, tanto no âmbito acadêmico quanto político, relativas ao estudo da História; daí a importância desta intervenção e sua difusão nos mais variados espaços. A segunda é que, pela complexidade dos temas abordados, considerou-se desejável a publicação do conteúdo em um formato que viabilizasse o seu estudo mais minucioso, no ritmo que aprouver aos interessados.

Research paper thumbnail of Panorama do estudo dos livros de cavalarias no Brasil (e algumas propostas para seu desenvolvimento)

Manduarisawa, 2022

A despeito dos indicativos da expansão do estudo dos livros de cavalarias em diversos países, não... more A despeito dos indicativos da expansão do estudo dos livros de cavalarias em diversos países, não se sabe até que ponto isto é válido para o Brasil, visto que ainda não houve nenhuma tentativa de realizar um panorama da produção sobre o tema em nosso país. Neste artigo, tentaremos preencher, ainda que muito provisoriamente, essa lacuna, tendo como recorte o início dos anos 50 até a atualidade. A partir das informações levantadas, procederemos a uma interpretação do estado da arte desses estudos para, por fim, e a partir disso, fazer propostas para seu desenvolvimento.

Research paper thumbnail of Imprimindo livros de cavalarias: dimensão externa e formas de intervenção de um gênero editorial ibérico (1501-1623)

Sæculum - Revista de História, 2023

Neste artigo, trataremos do processo de impressão dos livros de cavalarias ibéricos, tendo como d... more Neste artigo, trataremos do processo de impressão dos livros de cavalarias ibéricos, tendo como delimitação temporal os anos de 1501 a 1623, privilegiando, como aspectos analíticos, sua dimensão externa e as formas de intervenção responsáveis por sua conformação. Na primeira parte, iniciaremos com uma breve contextualização de natureza técnica da imprensa à época trabalhada, para então descrever as características físicas desse corpus, enfatizando a importância de fazê-lo para compreender de maneira mais completa o sentido que este adquiriu em sua época. Ainda na mesma seção, recorreremos ao conceito de 'gênero editorial', com o objetivo de tecer algumas reflexões sobre a relevância da dimensão externa enquanto critério de delimitação do gênero dos livros de cavalarias. Já na segunda seção, versaremos sobre as dinâmicas do universo editorial, abordando uma série de profissionais e agentes envolvidos, tanto internos quanto externos à oficina tipográfica, bem como suas respectivas funções e especificidades, a fim de assinalar as diferentes formas de intervenção do texto e do livro nelas implicadas. Palavras-chave: Livros de cavalarias ibéricos. Origens da imprensa. Formas de intervenção.

Research paper thumbnail of A religiosidade medieval na devoção à dama na 1ª parte do Palmeirim de Inglaterra: evocação, imagens, objetos

Revista de História da UFBA, 2022

Meu objetivo neste trabalho é demonstrar a presença, no livro de cavalarias Palmeirim de Inglater... more Meu objetivo neste trabalho é demonstrar a presença, no livro de cavalarias Palmeirim de Inglaterra (c. 1543), escrito pelo português Francisco de Moraes, de certas concepções religiosas medievais na relação do cavaleiro com a dama. Para tanto, analisarei diversos capítulos da primeira parte do texto supracitado. Identifiquei três maneiras a partir das quais essa presença se expressa: evocação, imagens e objetos. Minha hipótese é de que, ao perceber a expressiva influência de certas características dessa religiosidade no texto, torna-se possível verificar uma série de paralelos entre a dama e o divino no âmbito da narrativa. mais adiante, procuro desenvolver algumas implicações teóricas dessa conclusão, tanto apontando para sua potencialidade no que se refere ao endosso da tese de Longa Idade Média, de Jacques Le Goff, quanto versando sobre suas possíveis conexões com o conceito de Cultura Intermediária, tal como proposto por Hilário Franco Jr.

Research paper thumbnail of Notas sobre a posição pradiana frente à tese do feudalismo brasileiro

Revista Ágora, 2022

Este trabalho pretende expor e analisar a posição de Caio Prado Jr. frente à tese do feudalismo n... more Este trabalho pretende expor e analisar a posição de Caio Prado Jr. frente à tese do feudalismo no Brasil. Defendida pela expressiva maioria dos quadros intelectuais do Partido Comunista Brasileiro (PCB) à época da querela, essa tese buscava sustentar a existência de um certo grau de traços feudais na colonização do Brasil e, por consequência, de “restos feudais” a serem eliminados no presente. Insatisfeito com tal interpretação e suas implicações em termos de estratégia política, Prado Jr., por meio de um rigoroso estudo do passado brasileiro, chega à conclusão de que não poderia ter havido algo semelhante a um “feudalismo” em nosso processo de evolução político-econômico. Para além de revisitar o debate em sua forma original, buscarei, ao longo do texto, dialogar com diversos desdobramentos teóricos da posição pradiana. Creio que isto será útil, por um lado, para constatar a longevidade da interpretação de Caio Prado.; por outro, e mais importantemente, para discutir como suas ideias podem ser revisitadas à luz dos mais recentes desenvolvimentos nesse campo de estudos.

Research paper thumbnail of Dois modelos de ensino de História na saga 'Harry Potter'

Revista Multidisciplinar de Estudos Nerds/Geek, 2020

O presente artigo tratará de fazer alguns breves apontamentos a respeito da imagem do ensino de H... more O presente artigo tratará de fazer alguns breves apontamentos a respeito da imagem do ensino de História e, por extensão, da figura do historiador na saga de fantasia Harry Potter, da autora britânica J.K. Rowling. Identifico dois modelos de representação, com características e valoração diferentes, quase opostas, ainda que somente o primeiro seja explicitamente associado à História enquanto disciplina e campo do conhecimento. Chamei-os de modelo-Binns e modelo-Dumbledore, respectivamente. O estudo se justifica pelo fato de que, em razão de seu colossal sucesso editorial, o título em questão acabou por comportar uma das representações da história e do historiador que mais circularam entre o grande público nos últimos tempos, ainda que possuindo uma importância periférica na trama. Ademais, e partindo dessa constatação, entendo que o livro pode servir como importante plataforma de discussão de alguns aspectos importantes da História entre os fãs e conhecedores da saga.

Research paper thumbnail of O heterodiscurso como método de análise histórica do romance

Oficina do Historiador, 2020

O conceito de "heterodiscurso" (raznorétchie), tal como desenvolvido por Mikhail Bakhtin, constit... more O conceito de "heterodiscurso" (raznorétchie), tal como desenvolvido por Mikhail Bakhtin, constitui-se como uma poderosa e ainda pouco usada ferramenta metodológica para os historiadores, em particular para o estudo de fontes literárias. Entendendo-o, a princípio, como a incorporação do discurso alheio no romance, este texto pretende elaborar essa formulação mais profundamente. Isso será feito por meio do diálogo com outros tradicionais conceitos do arsenal bakhtiniano, tais como "dialogismo" e "polifonia", mas não somente. Tomando como base alguns episódios da obra Dom Quixote (1605-1615), de Miguel de Cervantes, minha intenção é elaborar e demonstrar, a partir do conceito de heterodiscurso, ferramentas de análise úteis ao historiador. Em um primeiro momento, formulo a ideia de "grau de objetificação da linguagem", buscando dar conta da complexa questão da autenticidade da representação do objeto através da linguagem. Em um segundo momento, mais importante, proponho a sistematização do heterodiscurso em progressivos níveis de distintas profundidades-o que chamei de "níveis heterodiscursivos"-, almejando abarcar as múltiplas camadas de vozes sociais presentes em um romance e melhor capturar a realidade histórica pela qual estes são circunscritos.

Research paper thumbnail of Possibilidades historiográficas de um gênero esquecido: sobre os 'libros de caballerías' ibéricos

Revista Cantareira, 2020

Os libros de caballerías ibéricos constituíram um gênero literário e editorial que gozou de amplo... more Os libros de caballerías ibéricos constituíram um gênero literário e editorial que gozou de amplo sucesso de público entre os séculos XV e XVII. A despeito disso, retrospectivamente foi dada pouca atenção a esse corpus documental no âmbito acadêmico, fenômeno para qual a explicação se tentará conjecturar no decorrer destas páginas. Em tempos recentes, mais exatamente desde o início do século, alguns estudiosos têm buscado recuperar o gênero, por vezes discutindo suas características gerais e, por outras, as particularidades de cada título que o compõe. É alarmante, contudo, que a enorme maioria desses trabalhos se aproxime dos libros pelo viés da filologia e da crítica literária. Ciente disso, a intenção deste texto é alertar para a necessidade de os historiadores dispensarem maior atenção sobre o tema, assim como enfatizar a potencialidade de um conjunto de fontes ainda pouco explorado e que, crê-se, abriga contribuição fundamental para as reflexões sobre uma Longa Idade Média.

Research paper thumbnail of Traçando paralelos entre a figura do cavaleiro nos 'libros de caballerías' e na fantasia do século XX

Revista Mosaico: Literatura, Linguística e Educação, 2019

Este trabalho pretende traçar alguns paralelos entre a figura do cavaleiro nos libros de caballe... more Este trabalho pretende traçar alguns paralelos entre a figura do cavaleiro nos libros de caballerías ibéricos, mais particularmente no paradigmático Amadís de Gaula (1508), de Garci Rodríguez de Montalvo, e na fantasia do século XX, em específico no também paradigmático O Senhor dos Anéis (1954-1955), de J. R. R. Tolkien. Tal comparação será feita a partir de dois principais eixos de análise: o valor guerreiro e a identidade.

Research paper thumbnail of Críticas ao Estruturalismo na virada do século: o debate nas páginas de “L'Homme” e “The Americas” (2001-2003)

Espacialidades: Revista dos Discentes do Programa de Pós-Graduação em História e Espaços, 2019

Em 2001, Claude Lévi-Strauss, figura central para as Ciências Sociais, publicou no periódico L'Ho... more Em 2001, Claude Lévi-Strauss, figura central para as Ciências Sociais, publicou no periódico L'Homme uma resenha do terceiro volume sobre a América do Sul da coletânea The Cambridge History of the Native Peoples of the Americas, organizado por Frank Salomon e Stuart B. Schwartz. Os organizadores responderam às críticas em duas oportunidades distintas: uma delas, assinada apenas por Schwartz, saiu em 2002 pela The Americas, enquanto a outra, já assinada por ambos autores, apareceu na mesma L'Homme em 2003. Este artigo parte do debate travado nessas páginas para abordar uma questão mais ampla: as contribuições e limitações do Estruturalismo enquanto método de análise dos povos indígenas, no campo da História e das Ciências Sociais.

Research paper thumbnail of De 'flores de oro' a 'ajos crudos': a representação do amor cortês em Dom Quixote como subversão das relações de gênero em Amadís

Dia-Logos: Revista dos Alunos de Pós-Graduação em História, 2019

Os chamados "libros de caballerías", cujo maior modelo e exemplo talvez seja o Amadís de Gaula, c... more Os chamados "libros de caballerías", cujo maior modelo e exemplo talvez seja o Amadís de Gaula, cristalizaram uma determinada representação dos papéis atribuídos aos sexos biológicos através das relações entre seus personagens, particularmente na forma do amor cortesão. Contudo, este paradigma foi profundamente contestado pela obra-prima de Cervantes, o Dom Quixote. O objetivo deste trabalho é fazer uma comparação entre trechos dessas duas obras, procurando demonstrar como o modelo de amor cortês instituído pelo Amadís é parodiado por Dom Quixote, operando uma significativa subversão das relações de gênero no âmbito dos livros de cavalarias.

Research paper thumbnail of Do Amadís de Gaula ao Quixote de la Mancha: continuidades e descontinuidades na representação do cavaleiro medieval

Humanidades em Revista, 2019

Procurando oferecer uma outra perspectiva que não a da ruptura para a interpretação de Dom Quixot... more Procurando oferecer uma outra perspectiva que não a da ruptura para a interpretação de Dom Quixote (1605-1615), proponho neste artigo uma leitura ambivalente, em moldes Bakhtinianos, do clássico Cervantino. A partir de uma breve comparação com o Amadís de Gaula (1508), de Garci Rodríguez de Montalvo, mostrarei como dialogam essas distintas abordagens da Cavalaria medieval e discutirei as simultâneas continuidades e descontinuidades no que tange à representação da Cavalaria no Quixote. Palavras-chave: História Medieval; Cavalaria; Literatura; Amadís de Gaula; Dom Quixote

Research paper thumbnail of As duas faces de Dom Quixote: uma análise comparativa da representação da Cavalaria nas obras de Montalvo e Cervantes (séculos XVI-XVII)

Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa sobre a ambivalência da representação da Cavalaria... more Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa sobre a ambivalência da representação da Cavalaria em Dom Quixote (1605-1615). Determinei-me, nela, a combater aquilo que chamei de uma “leitura monovocal” do texto de Miguel de Cervantes. Por muito tempo, a crítica insistiu em seu caráter ímpar na história da literatura, cuja consequência foi o afastamento de seu contexto original, sem o qual é impossível apreender o sentido histórico da obra. Ao fazê-lo, viabilizou-se uma interpretação na qual Dom Quixote foi lido unicamente como algoz da Cavalaria, ao inverter comicamente os principais aspectos da literatura cavaleiresca, em especial os libros de caballerías, gênero de sucesso na Península Ibérica à época. Assim, a obra foi considerada como inauguradora de uma nova era – daí o título de “primeiro romance moderno” –, e, por derivação, uma negação da Idade Média.
O objetivo deste trabalho é reatar os laços históricos de Dom Quixote com esse gênero, mostrando de que maneira suas características foram apropriadas por Cervantes. Farei isso a partir de uma análise comparativa com o paradigmático livro de cavalarias Amadís de Gaula (1508), de Garci Rodríguez de Montalvo, enfocando na figura da Cavalaria, mas em particular em dois de seus aspectos ideológicos: valor guerreiro e amor cortês. Minha hipótese é de que essa representação se deu de forma ambivalente, quer dizer, que seria possível constatar a coexistência de dois discursos a respeito da Cavalaria, na narrativa. Sendo capaz de ali perceber elementos medievais de representação, estaríamos autorizados a questionar a interpretação vigente de Dom Quixote e, por consequência, sua relação de superação frente à Idade Média.

Research paper thumbnail of Dossiê "As representações da Cavalaria medieval na História do Ocidente (séculos XI-XXI)"

Manduarisawa, 2022

A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em fil... more A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em filmes, seriados ou videojogos de grande investimento e circulação, como peça central da ilusão de uma extrema direita saudosista (PACHÁ, 2020), ou ainda enquanto figura portadora de valores universais e de potencial revolucionário (LUCÍA MEGÍAS, 2008, p. 112-5), esse estrato da sociedade medieval, temporalmente tão distante, ao que parece ainda exerce grande fascínio entre nós.

Com efeito, a história das produções humanas voltadas à representação da Cavalaria é vasta e ultrapassa, em muito, as fronteiras da Idade Média tradicional. História essa que tem seu marco inicial em fins do século XI com as chamadas canções de gesta francesas, dentre as quais se destacam a Canção de Rolando e, no contexto ibérico, o Cantar de Mio Cid. Aproximadamente cinquenta anos depois, surgem os romances da chamada “Matéria de Bretanha”, que têm sua expressão máxima em Chrétien de Troyes, criador de textos tão relevantes quanto O Cavaleiro da Charrete (Lancelot) (c. 1174-81) e (c. 1175-81) e O Conto do Graal (Perceval) (c. 1179-91).

Nesse âmbito, também se destaca o nome de Robert de Boron, que para além da introdução da célebre personagem Merlin nas narrativas cavaleirescas, desenvolveu uma obra que inspirará, de maneira determinante, os chamados ciclo da Vulgata e da Pós- Vulgata. Tais textos manterão a pujança da literatura cavaleiresca no século XIII, igualmente atestada pelas inúmeras continuações do Graal de Chrétien de Troyes.

Exprimindo a força e o fascínio dos temas e dos personagens criados por esta literatura, até o final do período medieval, diversas adaptações dessas primeiras narrativas, além de novas composições, irão aparecer nas diversas línguas europeias, a exemplo da adaptação alemã do Erec e Enide, de Chrétien de Troyes, composta por Hartmann Von Aue e da composição inglesa Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, para citar apenas duas dentre várias.

Entre os séculos XV e XVII vigoram, principalmente na Península Ibérica, os chamados “livros de cavalarias”. Gênero literário e editorial esse que, apesar de seu aparente anacronismo, não deixou de cativar os mais diversos públicos. Tendo como texto-fundador o Amadís de Gaula (1496), foi composto por múltiplos ciclos narrativos de grande extensão, e somou, apenas na Espanha, mais de 60 títulos impressos e, em Portugal, 5. Isso sem contar, é claro, com o expressivo número de textos manuscritos, alguns possivelmente ainda a serem descobertos.

Por fim, e sem esquecer o revival romântico do século XIX, haveria que se considerar, também, os produtos culturais mais recentes, como os seriados Game of Thrones (2015-2020) e Os anéis de Poder (2022), além das franquias de videojogos Souls (2009-presente) e Warcraft (1994-presente), apenas para citar alguns exemplos. Produzidos na esteira do que vem se denominando medievalismo (BERNS; JOHNSTON, 2014), é razoável assumir que tais megaproduções difundiram a imagem da Cavalaria em um nível jamais visto na história.

O presente dossiê, intitulado “As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)”, reúne uma série de textos que buscam tratar de tal temática, a partir de diferentes recortes temporais, geográficos e teórico-metodológicos.

Organizadores:

Prof. Dr. Sínval Carlos Mello Gonçalves (PPGH/UFAM)

Prof. Dr. Átila Augusto Vilar de Almeida (UFAM)

Doutorando Caio Rodrigues Schechner (PPGH/UFF)

Research paper thumbnail of Chamada para dossiê "As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)”

Revista Manduarisawa, 2023

A MANDUARISAWA - Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)... more A MANDUARISAWA - Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) convida os pesquisadores (as) de todo o país a enviarem artigos inéditos para o dossiê “As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)” organizado pelos pesquisadores prof. Dr. Sínval Carlos Mello Gonçalves (UFAM), prof. Dr. Átila Augusto Vilar de Almeida (UFAM) e Doutorando Caio Rodrigues Schechner (PPGH/UFF).
A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em filmes, seriados ou videojogos de grande investimento e circulação, como peça central da ilusão de uma extrema direita saudosista (PACHÁ, 2020), ou ainda enquanto figura portadora de valores universais e de potencial revolucionário (LUCÍA MEGÍAS, 2008, p. 112-5), esse estrato da sociedade medieval, temporalmente tão distante, ao que parece ainda exerce grande fascínio entre nós.
Com efeito, a história das produções humanas voltadas à representação da Cavalaria é vasta e ultrapassa, em muito, as fronteiras da Idade Média tradicional. História essa que tem seu marco inicial em fins do século XI com as chamadas canções de gesta francesas, dentre as quais se destacam a Canção de Rolando e, no contexto ibérico, o Cantar de Mio Cid. Aproximadamente cinquenta anos depois, surgem os romances da chamada “Matéria de Bretanha”, que têm sua expressão máxima em Chrétien de Troyes, criador de textos tão relevantes quanto O Cavaleiro da Charrete (Lancelot) (c. 1174-81) e (c. 1175-81) e O Conto do Graal (Perceval) (c. 1179-91). Nesse âmbito, também se destaca o nome de Robert de Boron, que para além da introdução da célebre personagem Merlin nas narrativas cavaleirescas, desenvolveu uma obra que inspirará, de maneira determinante, os chamados ciclo da Vulgata e da Pós-Vulgata. Tais textos manterão a pujança da literatura cavaleiresca no século XIII, igualmente atestada pelas inúmeras continuações do Graal de Chrétien de Troyes.
Exprimindo a força e o fascínio dos temas e dos personagens criados por esta literatura, até o final do período medieval, diversas adaptações dessas primeiras narrativas, além de novas composições, irão aparecer nas diversas línguas europeias, a exemplo da adaptação alemã do Erec e Enide, de Chrétien de Troyes, composta por Hartmann Von Aue e da composição inglesa Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, para citar apenas duas dentre várias.
Entre os séculos XV e XVII vigoram, principalmente na Península Ibérica, os chamados “livros de cavalarias”. Gênero literário e editorial esse que, apesar de seu aparente anacronismo, não deixou de cativar os mais diversos públicos. Tendo como texto-fundador o Amadís de Gaula (1496), foi composto por múltiplos ciclos narrativos de grande extensão, e somou, apenas na Espanha, mais de 60 títulos impressos e, em Portugal, 5. Isso sem contar, é claro, com o expressivo número de textos manuscritos, alguns possivelmente ainda a serem descobertos.
Por fim, e sem esquecer o revival romântico do século XIX, haveria que se considerar, também, os produtos culturais mais recentes, como os seriados Game of Thrones (2015-2020) e Os anéis de Poder (2022), além das franquias de videojogos Souls (2009-presente) e Warcraft (1994 presente), apenas para citar alguns exemplos. Produzidos na esteira do que vem se chamando de medievalismo (BERNS; JOHNSTON, 2014), é razoável assumir que tais megaproduções difundiram a imagem da Cavalaria em um nível jamais visto na história.

Research paper thumbnail of História através da História (vol. 2): pesquisas do PPGH/UFF

História através da História (vol. 2): pesquisas do PPGH/UFF, 2023

Desde a sua fundação em 1971, o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Flu... more Desde a sua fundação em 1971, o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense foi sinônimo de excelência e compromisso com a construção do conhecimento histórico. Esta publicação é fruto da iniciativa dos próprios discentes, visando à divulgação científica e o debate com os demais alunos do Programa, além da comunidade acadêmica em geral. A coletânea apresenta uma série de textos produzidos pelos alunos de mestrado e doutorado, cada qual com o objetivo de abordar, de forma concisa, as pesquisas autorais que atualmente estão sendo desenvolvidas no âmbito do Programa.

Research paper thumbnail of Translatio Cast #13.1 - Os limites da perspectiva êmica (parte 2)

Translatio Cast, 2023

Este episódio é a segunda parte do episódio 13, anteriormente lançado e que inaugurou a série “me... more Este episódio é a segunda parte do episódio 13, anteriormente lançado e que inaugurou a série “medievalistas conversam sobre teoria”. Caio Schechner e Caio Féo entrevistam o Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos sobre um tema da maior importância: as limitações da perspectiva êmica de abordagem do passado, questão sobre a qual o autor vem se posicionando criticamente desde o seu livro Assim na Terra como no Céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média (São Paulo, EDUSP, 2013).
A entrevista foi dividida em duas partes, das quais este episódio é a segunda.
Entrevistado:
Mário Jorge da Motta Bastos (http://lattes.cnpq.br/2355198543101450)
Produção e edição:
Caio Schechner (https://uff.academia.edu/CaioSchechner)
Participação:
Caio de Amorim Féo (https://independent.academia.edu/CaioDeAmorimFeo)
Música de abertura: https://www.youtube.com/watch?v=m8vBn3HPnNo&ab_channel=MiddleAges
Indicações de leitura
BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
BASTOS, Mário Jorge da Motta. Assim na terra como no céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média. São Paulo: EDUSP, 2013.
BASTOS, Mário Jorge da Motta. O desafio de significar o passado: o ensino da história medieval no Brasil. Acta Educ., Maringá, v. 43, e55177, 2021 . Disponível em . acessos em 16 mar. 2023. Epub 01-Set-2021. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v43i0.55177.
DUBY, Georges; LARDREAU, Guy. Diálogos Sobre a Nova História. Lisboa: Dom Quixote, 1989.
FRANCO JR., Hilário. O (pre)conceito de Idade Média. In: __. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992.
ROSA, M.; OREY, D. C. O campo de pesquisa em etnomodelagem: as abordagens êmica, ética e dialética. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 04, p. 865-879, out./dez. 2012. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2014.

Research paper thumbnail of Translatio Cast #13 - Os limites da perspectiva êmica (parte 1)

Translatio Cast, 2023

Este episódio inaugura a série “medievalistas conversam sobre teoria”, novo quadro do TranslatioC... more Este episódio inaugura a série “medievalistas conversam sobre teoria”, novo quadro do TranslatioCast. Caio Schechner e Caio Féo entrevistam o Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos sobre um tema da maior importância: as limitações da perspectiva êmica de abordagem do passado, questão sobre a qual o autor vem se posicionando criticamente desde o seu livro Assim na Terra como no Céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média (São Paulo, EDUSP, 2013). A entrevista foi dividida em duas partes, das quais este episódio é a primeira.
Entrevistado:
Mário Jorge da Motta Bastos (http://lattes.cnpq.br/2355198543101450) Produção e edição: Caio Schechner (https://uff.academia.edu/CaioSchechner) Participação: Caio de Amorim Féo (https://independent.academia.edu/CaioDeAmorimFeo)
Música de abertura: https://www.youtube.com/watch?v=m8vBn3HPnNo&ab_channel=MiddleAges
Indicações de leitura BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. BASTOS, Mário Jorge da Motta. Assim na terra como no céu...: Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média. São Paulo: EDUSP, 2013.
BASTOS, Mário Jorge da Motta. O desafio de significar o passado: o ensino da história medieval no Brasil. Acta Educ., Maringá, v. 43, e55177, 2021 . Disponível em . acessos em 16 mar. 2023. Epub 01-Set-2021.
https://doi.org/10.4025/actascieduc.v43i0.55177. DUBY, Georges; LARDREAU, Guy. Diálogos Sobre a Nova História. Lisboa: Dom Quixote, 1989.
FRANCO JR., Hilário. O (pre)conceito de Idade Média. In: __. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992. ROSA, M.; OREY, D. C. O campo de pesquisa em etnomodelagem: as abordagens êmica, ética e dialética. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 04, p. 865-879, out./dez. 2012. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2014.