Alberto Guerreiro | Universidade de Évora (original) (raw)
Papers by Alberto Guerreiro
Advances in science, technology & innovation, 2022
Anais Leirienses, 12, 2022
Trata-se de uma proposta de visita guiada ao acervo do Museu do Vinho de Alcobaça (Museu Nacional... more Trata-se de uma proposta de visita guiada ao acervo do Museu do Vinho de Alcobaça (Museu Nacional do Vinho), com uma contextualização e reflexão sobre a história da vitivinicultura e percurso de constituição do museu e sua problemática
A presente publicação decorre do recente Colóquio Iberoamericano de Património Cultural do Vinho,... more A presente publicação decorre do recente Colóquio Iberoamericano de Património Cultural do Vinho, intitulado “Enomemórias & Enoturismo: Os Territórios Culturais do Vinho. Paisagem, Museus, Comunidade", que teve lugar no dia 10 de novembro de 2018 na Adega dos Vinhos Tintos do Museu do Vinho de Alcobaça, onde partindo de uma abordagem multidisciplinar foram apresentados casos relevantes dentro do contexto ibero-americano com exemplos que permitem a identificação de expressões paradigmáticas sobre a patrimonialização do vinho cuja conservação da memória possui uma feição contemporânea.
Em Portugal, a extinção das ordens religiosas ocorreu em 1834, sendo que o facto de os bens patri... more Em Portugal, a extinção das ordens religiosas ocorreu em 1834, sendo que o facto de os bens patrimoniais construídos pela Ordem de Cister se terem mantido durante mais de sete séculos sob a sua alçada, não pôde constituir garantia de salvaguarda. Depois da desocupação do Mosteiro de Alcobaça, gerou-se um movimento de revolta da população, por ter sofrido alegados excessos por parte da comunidade religiosa. Este conjunto de fatores prejudicou a conservação dos edifícios da Ordem de Cister, precipitando nalguns casos, a destruição quase completa das instalações, a utilização arbitrária das estruturas edificadas e de material que foi empregue em construções. Na perspetiva da salvaguarda de um conjunto significativo da obra cisterciense no património cultural português, analisou-se do ponto de vista arquitetónico, o que subsiste das estruturas das suas granjas, quintas e outras construções agrícolas (Fig. 1). Muitas delas estão em estado precário de conservação, nomeadamente as mais ant...
Quem é Quem na Museologia Portuguesa, 2022
Manuel Augusto Paixão Marques [1922-2009], delegado de Leiria da Junta Nacional do Vinho, viria a... more Manuel Augusto Paixão Marques [1922-2009], delegado de Leiria da Junta Nacional do Vinho, viria a cumprir um desígnio nacional ao concretizar e fundar aquele que é o Museu Nacional do Vinho em Alcobaça. O Dicionário é um projeto editorial inédito integrado no Grupo de Investigação Museum Studies (MuSt), que conta com o apoio da Direção-Geral do Património Cultural. Teve como objetivo fundamental facultar uma visão abrangente, um conhecimento preciso e uma valorização atualizada das personalidades associadas à Museologia Portuguesa, que exerceram a sua atividade entre o século XVIII e os anos 1960, e atuantes em diferentes tipologias científicas (Arte, Ciência, Antropologia, Arqueologia, História, Etnologia).
Quem é Quem na Museologia Portuguesa, 2022
Bernardino Lopes de Oliveira [1832-1907], figura proeminente da sociedade alcobacense (sec. XIX-X... more Bernardino Lopes de Oliveira [1832-1907], figura proeminente da sociedade alcobacense (sec. XIX-XX), viria a constituir uma coleção e um gabinete (Museu de Zoologia) que o posicionam como um dos percursores da museologia do seu tempo. O Dicionário é um projeto editorial inédito integrado no Grupo de Investigação Museum Studies (MuSt), que conta com o apoio da Direção-Geral do Património Cultural. Teve como objetivo fundamental facultar uma visão abrangente, um conhecimento preciso e uma valorização atualizada das personalidades associadas à Museologia Portuguesa, que exerceram a sua atividade entre o século XVIII e os anos 1960, e atuantes em diferentes tipologias científicas (Arte, Ciência, Antropologia, Arqueologia, História, Etnologia).
Um Mosteiro Entre os Rios: o Território Alcobacense, 2020
A prática do colecionismo e a ideia de museu constituem-se como expressões de uma urbe que se vai... more A prática do colecionismo e a ideia de museu constituem-se como expressões de uma urbe que se vai impondo numa vila alcobacense localizada em meio rural. Tal como outros equipamentos que vão surgindo na transição do século XIX-XX, a atividade colecionista e museológica integra a aspiração de uma elite “esclarecida” que pugna pelo progresso social e cultural da vila e, nele, a sua legitimação pela via do conhecimento da história local ancorada na grandeza do legado cisterciense. Este progresso iria potenciar vivências mundanas inscritas, ao longo do tempo, em contornos de diferentes amplitudes e latitudes socioculturais. Do colecionismo “curioso” de Bernardino Lopes de Oliveira ao gabinete de arqueologia e etnografia proveniente da investigação sistematizada de Manuel Vieira Natividade, passando pelas exposições temáticas estimulando vários anseios museológicos (ex. Museu Municipal), colecionadores e coleções reunidas enquadram o movimento pioneiro da museologia portuguesa. Acresce que esse pioneirismo não se confirmaria no decorrer do século XX, constatando-se antes uma anomia recorrente na sua materialização, multiplicando um panorama de iniciativas por cumprir ou não-museus (Museu do Mosteiro, Museu Municipal, Casa Museu Vieira Natividade, Museu dos Coutos, Museu da Cerâmica Artística e outros esboços museológico com e sem coleções a suportá-los) ou de outras, materializadas mas fora da cercadura da história local (Museu Nacional do Vinho que mesmo assim viveu e vive vicissitudes próximas das não materializadas). Este repetido vazio museológico alcobacense viria a manifestar um sentimento de “terra sem museu”, mas cujos desafios do novo milénio (séc. XXI) poderá vir a corrigir e até potenciar novas e inovadoras realizações. Até lá, questiona-se até quando por cumprir velhos desejos museológicos, como o Museu no e do Mosteiro.
Resumo / Abstract Os museus contemporâneos abarcam uma dinâmica social e economica de desenvolvim... more Resumo / Abstract Os museus contemporâneos abarcam uma dinâmica social e economica de desenvolvimento integrado que se baseia, na sua essencia, na melhoria da “qualidade de vida” da sociedade. Dinâmica essa potencializada, em primeira instância, por recursos endogenos. Em Cabo Verde, os museus podem vir a ter um papel decisivo num quadro de estimulo da economia local que ganha, por um lado, em permanecer singular (identitario) e, por outro, em se tornar multifacetado (diversificado em relacao ao contexto global). No presente texto sao contextualizadas tres tentativas historicas de materializacao museologica, pioneiras em Africa, que perspectivam ja a angariacao de um mercado que se anima, sobretudo, a partir da atraccao externa (estrangeiro). No entanto, apesar da caracteristica de referencia internacional destes projectos, a etnopaisagem das ilhas permanece ainda em grande medida por se concretizar e com ela a afirmacao plena dos museus no contexto cultural do arquipelago cabo-verd...
PASOS Revista de turismo y patrimonio cultural
Cadernos De Sociomuseologia, Apr 25, 2012
PASOS Revista de turismo y patrimonio cultural
ENOMEMÓRIAS & ENOTURISMO O Património Secular do Vinho HISTÓRIA, TRADIÇÃO, IDENTIDADES , 2021
Parece persistir hoje um contra-senso fundamental relativamente a uma boa parte dos processos de ... more Parece persistir hoje um contra-senso fundamental relativamente a uma boa parte dos processos de territorialização do Portugal vinícola. Este contra-senso consiste precisamente na existência de um equilíbrio instável (senão mesmo, um desequilíbrio) entre o que são os princípios de salvaguarda do património secular do vinho e as práticas de produção e de comercialização que têm esse mesmo património como elemento valorativo da sua denominação de origem. O uso recorrente de epítetos como o de “vinhas velhas”, enquanto nota substantiva do produto comercializado, entra muitas vezes em contradição com as práticas (in)existentes de preservação da realidade vitícola e dos processos de produção tradicionais aplicados nas regiões em causa. Em certa medida, quando debatemos os “vinhos históricos” talvez devêssemos corrigir a sua designação para “vinhos com história” uma vez que apesar de manterem o lastro histórico e sociocultural e a sua expressão patrimonial, o terroir de origem foi-se perdendo e transformando, dando lugar a um agro-sistema reestruturado e renovado. A ideia de “autenticidade” destes vinhos, difícil de manter por via das sucessivas mutações operadas no mundo agrícola português, parece incorrer agora, sobretudo, na noção de “singularidade” imposta inevitavelmente pela vitivinicultura contemporânea. Partindo do ponto de situação atual, o presente texto propõe contribuir para o debate sobre o que parecem ser os princípios estruturantes das ações associadas ao património cultural do vinho em Portugal no que toca à salvaguarda e promoção dos denominados “vinhos históricos”, subentendendo o enoturismo enquanto fator de desenvolvimento, tanto dos valores associados à preservação da memória, como dos mecanismos de promoção dirigidos à sustentabilidade.
Revista Pedra & Cal, 2020
Em tempo de decreto-lei concretizando o processo de transferência de competências para as autarqu... more Em tempo de decreto-lei concretizando o processo de transferência de competências para as autarquias locais na área da cultura, a responsabilidade orienta-nos para o indeclinável debate sobre os constrangimentos que afetam o sector do Património Cultural. Entre eles, os inevitáveis temas do subfinanciamento da Cultura, da necessidade de reforço de meios (técnicos e financeiros) e de recursos humanos especializados, da inadequação dos equipamentos e dos edifícios postos ao serviço dos bens patrimoniais.
Estudo histórico, patrimonial e turístico sobre o museu do vinho de Alcobaça
ENOMEMÓRIAS & ENOTURISMO: OS TERRITÓRIOS CULTURAIS DO VINHO., 2019
Desde a ideia longínqua de formação do Museu do Vinho Português (1938) e a abertura do Museu do V... more Desde a ideia longínqua de formação do Museu do Vinho Português (1938) e a abertura do Museu do Vinho de Alcobaça (1984), acompanhando a proliferação e dinamização de novos espaços
museológicos em pleno século XXI, a realidade da museologia do vinho em Portugal viveu mudanças significativas, sobretudo na ligação à dinâmica cultural, onde ganha especial expressão a sua potenciação
turística. Partindo do percurso histórico precedente e do ponto de situação atual, a presente análise propõe descortinar o que parecem ser os princípios estruturantes das ações associadas aquele que
ficou conhecido como o Museu Nacional do Vinho. São evocadas nesta abordagem analítica, em forma de report, as vicissitudes históricas e as soluções programáticas encontradas ao longo dos seus
trinta e seis anos de percurso no contexto museológico português. É neste ambiente de mutação e de difusão no seio da contemporaneidade da museologia portuguesa, que o Museu do Vinho de Alcobaça se apresenta com uma feição agregadora onde o património cultural surge como indutor de regeneração territorial com repercussão no devir social e económico.
O colóquio visa debater a noção atual do território do vinho associado à sua memória secular, que... more O colóquio visa debater a noção atual do território do vinho associado à sua memória secular, quer no que toca à sua identidade histórica, cultural, imaterial e material, cujos simbolismos têm vindo a evoluir com o passar do(s) tempo(s). Como se estabelece hoje essa fronteira entre o passado e o devir da memória vinhateira. De que falamos hoje, quando falamos do(s) património(s) histórico(s) do vinho?
Cister. Tomo III – Espiritualidade | Agricultura e Indústria | Turismo Cultural, 2019
O presente texto propõe uma abordagem analítica e critica sobre as potencialidades da “marca” cul... more O presente texto propõe uma abordagem analítica e critica sobre as potencialidades da “marca” cultural e turística de Alcobaça que é Cister. Tem como objectivo identificar a dimensão do território enquanto elemento que, para além de fundador, se torna estratégico para a preservação da herança patrimonial e para o próprio desenvolvimento integrado da região. Aborda o entendimento destas duas dimensões: herança (de feição imaterial) e território (de compleição material), e como estas determinam a constituição de um modelo que assume o património cultural como o seu principal vínculo. É, finalmente, proposto tratar os temas associados ao património cisterciense e à sua inscrição no território através da noção de desenvolvimento em função do turismo numa lógica de oportunidades e riscos.
O Museu do Vinho de Alcobaça, originalmente denominado Museu Nacional do Vinho, é o maior e mais ... more O Museu do Vinho de Alcobaça, originalmente denominado Museu Nacional do Vinho, é o maior e mais completo museu do vinho português. É também o único com enfoque nacional uma vez que é nele que está conservado o riquíssimo espólio vitivinícola da antiga Junta Nacional do Vinho (J.N.V.) e do actual Instituto da Vinha e do Vinho (I.V.V.). Esta herança dá-lhe uma centralidade inequívoca no panorama nacional. Igualmente a sua dimensão arquitectónica (cinco edifícios técnico-funcionais) e coleccionista (mais de 10.000 peças dos mais variados contextos e tipologias) confere a este museu uma diferenciação qualitativa, não somente relativamente ao contexto nacional mas, inclusivamente, a nível internacional. É seguramente um dos maiores e mais completos do mundo. Um compósito da cultura material e imaterial do vinho português que atravessa vários conceitos de museu: museu etnográfico, museu industrial, museu histórico, museu do trabalho, museu de arte, museu da arquitectura. O museu, concebido com uma matriz muito completa e abrangente, vai muito além da simples documentação dos processos e das técnicas de produção, configurando a sua organização museológica num verdadeiro repositório popular da cultura do vinho português. A sua grande vitalidade baseia-se deste modo na autenticidade do seu património histórico, que por sua vez vai da máquina e das alfaias agrícolas às expressões mais sociais, culturais e artísticas. É precisamente esta matriz popular associada à sua dimensão patrimonial de grande escala e qualidade intrínseca que fazem deste museu uma referência obrigatória para todos aqueles que se interessem pelo património do vinho em Portugal. Estamos perante um museu de identidade cujo cunho lhe é conferido pelo produto agrícola de maior expressão nacional: o vinho.
Advances in science, technology & innovation, 2022
Anais Leirienses, 12, 2022
Trata-se de uma proposta de visita guiada ao acervo do Museu do Vinho de Alcobaça (Museu Nacional... more Trata-se de uma proposta de visita guiada ao acervo do Museu do Vinho de Alcobaça (Museu Nacional do Vinho), com uma contextualização e reflexão sobre a história da vitivinicultura e percurso de constituição do museu e sua problemática
A presente publicação decorre do recente Colóquio Iberoamericano de Património Cultural do Vinho,... more A presente publicação decorre do recente Colóquio Iberoamericano de Património Cultural do Vinho, intitulado “Enomemórias & Enoturismo: Os Territórios Culturais do Vinho. Paisagem, Museus, Comunidade", que teve lugar no dia 10 de novembro de 2018 na Adega dos Vinhos Tintos do Museu do Vinho de Alcobaça, onde partindo de uma abordagem multidisciplinar foram apresentados casos relevantes dentro do contexto ibero-americano com exemplos que permitem a identificação de expressões paradigmáticas sobre a patrimonialização do vinho cuja conservação da memória possui uma feição contemporânea.
Em Portugal, a extinção das ordens religiosas ocorreu em 1834, sendo que o facto de os bens patri... more Em Portugal, a extinção das ordens religiosas ocorreu em 1834, sendo que o facto de os bens patrimoniais construídos pela Ordem de Cister se terem mantido durante mais de sete séculos sob a sua alçada, não pôde constituir garantia de salvaguarda. Depois da desocupação do Mosteiro de Alcobaça, gerou-se um movimento de revolta da população, por ter sofrido alegados excessos por parte da comunidade religiosa. Este conjunto de fatores prejudicou a conservação dos edifícios da Ordem de Cister, precipitando nalguns casos, a destruição quase completa das instalações, a utilização arbitrária das estruturas edificadas e de material que foi empregue em construções. Na perspetiva da salvaguarda de um conjunto significativo da obra cisterciense no património cultural português, analisou-se do ponto de vista arquitetónico, o que subsiste das estruturas das suas granjas, quintas e outras construções agrícolas (Fig. 1). Muitas delas estão em estado precário de conservação, nomeadamente as mais ant...
Quem é Quem na Museologia Portuguesa, 2022
Manuel Augusto Paixão Marques [1922-2009], delegado de Leiria da Junta Nacional do Vinho, viria a... more Manuel Augusto Paixão Marques [1922-2009], delegado de Leiria da Junta Nacional do Vinho, viria a cumprir um desígnio nacional ao concretizar e fundar aquele que é o Museu Nacional do Vinho em Alcobaça. O Dicionário é um projeto editorial inédito integrado no Grupo de Investigação Museum Studies (MuSt), que conta com o apoio da Direção-Geral do Património Cultural. Teve como objetivo fundamental facultar uma visão abrangente, um conhecimento preciso e uma valorização atualizada das personalidades associadas à Museologia Portuguesa, que exerceram a sua atividade entre o século XVIII e os anos 1960, e atuantes em diferentes tipologias científicas (Arte, Ciência, Antropologia, Arqueologia, História, Etnologia).
Quem é Quem na Museologia Portuguesa, 2022
Bernardino Lopes de Oliveira [1832-1907], figura proeminente da sociedade alcobacense (sec. XIX-X... more Bernardino Lopes de Oliveira [1832-1907], figura proeminente da sociedade alcobacense (sec. XIX-XX), viria a constituir uma coleção e um gabinete (Museu de Zoologia) que o posicionam como um dos percursores da museologia do seu tempo. O Dicionário é um projeto editorial inédito integrado no Grupo de Investigação Museum Studies (MuSt), que conta com o apoio da Direção-Geral do Património Cultural. Teve como objetivo fundamental facultar uma visão abrangente, um conhecimento preciso e uma valorização atualizada das personalidades associadas à Museologia Portuguesa, que exerceram a sua atividade entre o século XVIII e os anos 1960, e atuantes em diferentes tipologias científicas (Arte, Ciência, Antropologia, Arqueologia, História, Etnologia).
Um Mosteiro Entre os Rios: o Território Alcobacense, 2020
A prática do colecionismo e a ideia de museu constituem-se como expressões de uma urbe que se vai... more A prática do colecionismo e a ideia de museu constituem-se como expressões de uma urbe que se vai impondo numa vila alcobacense localizada em meio rural. Tal como outros equipamentos que vão surgindo na transição do século XIX-XX, a atividade colecionista e museológica integra a aspiração de uma elite “esclarecida” que pugna pelo progresso social e cultural da vila e, nele, a sua legitimação pela via do conhecimento da história local ancorada na grandeza do legado cisterciense. Este progresso iria potenciar vivências mundanas inscritas, ao longo do tempo, em contornos de diferentes amplitudes e latitudes socioculturais. Do colecionismo “curioso” de Bernardino Lopes de Oliveira ao gabinete de arqueologia e etnografia proveniente da investigação sistematizada de Manuel Vieira Natividade, passando pelas exposições temáticas estimulando vários anseios museológicos (ex. Museu Municipal), colecionadores e coleções reunidas enquadram o movimento pioneiro da museologia portuguesa. Acresce que esse pioneirismo não se confirmaria no decorrer do século XX, constatando-se antes uma anomia recorrente na sua materialização, multiplicando um panorama de iniciativas por cumprir ou não-museus (Museu do Mosteiro, Museu Municipal, Casa Museu Vieira Natividade, Museu dos Coutos, Museu da Cerâmica Artística e outros esboços museológico com e sem coleções a suportá-los) ou de outras, materializadas mas fora da cercadura da história local (Museu Nacional do Vinho que mesmo assim viveu e vive vicissitudes próximas das não materializadas). Este repetido vazio museológico alcobacense viria a manifestar um sentimento de “terra sem museu”, mas cujos desafios do novo milénio (séc. XXI) poderá vir a corrigir e até potenciar novas e inovadoras realizações. Até lá, questiona-se até quando por cumprir velhos desejos museológicos, como o Museu no e do Mosteiro.
Resumo / Abstract Os museus contemporâneos abarcam uma dinâmica social e economica de desenvolvim... more Resumo / Abstract Os museus contemporâneos abarcam uma dinâmica social e economica de desenvolvimento integrado que se baseia, na sua essencia, na melhoria da “qualidade de vida” da sociedade. Dinâmica essa potencializada, em primeira instância, por recursos endogenos. Em Cabo Verde, os museus podem vir a ter um papel decisivo num quadro de estimulo da economia local que ganha, por um lado, em permanecer singular (identitario) e, por outro, em se tornar multifacetado (diversificado em relacao ao contexto global). No presente texto sao contextualizadas tres tentativas historicas de materializacao museologica, pioneiras em Africa, que perspectivam ja a angariacao de um mercado que se anima, sobretudo, a partir da atraccao externa (estrangeiro). No entanto, apesar da caracteristica de referencia internacional destes projectos, a etnopaisagem das ilhas permanece ainda em grande medida por se concretizar e com ela a afirmacao plena dos museus no contexto cultural do arquipelago cabo-verd...
PASOS Revista de turismo y patrimonio cultural
Cadernos De Sociomuseologia, Apr 25, 2012
PASOS Revista de turismo y patrimonio cultural
ENOMEMÓRIAS & ENOTURISMO O Património Secular do Vinho HISTÓRIA, TRADIÇÃO, IDENTIDADES , 2021
Parece persistir hoje um contra-senso fundamental relativamente a uma boa parte dos processos de ... more Parece persistir hoje um contra-senso fundamental relativamente a uma boa parte dos processos de territorialização do Portugal vinícola. Este contra-senso consiste precisamente na existência de um equilíbrio instável (senão mesmo, um desequilíbrio) entre o que são os princípios de salvaguarda do património secular do vinho e as práticas de produção e de comercialização que têm esse mesmo património como elemento valorativo da sua denominação de origem. O uso recorrente de epítetos como o de “vinhas velhas”, enquanto nota substantiva do produto comercializado, entra muitas vezes em contradição com as práticas (in)existentes de preservação da realidade vitícola e dos processos de produção tradicionais aplicados nas regiões em causa. Em certa medida, quando debatemos os “vinhos históricos” talvez devêssemos corrigir a sua designação para “vinhos com história” uma vez que apesar de manterem o lastro histórico e sociocultural e a sua expressão patrimonial, o terroir de origem foi-se perdendo e transformando, dando lugar a um agro-sistema reestruturado e renovado. A ideia de “autenticidade” destes vinhos, difícil de manter por via das sucessivas mutações operadas no mundo agrícola português, parece incorrer agora, sobretudo, na noção de “singularidade” imposta inevitavelmente pela vitivinicultura contemporânea. Partindo do ponto de situação atual, o presente texto propõe contribuir para o debate sobre o que parecem ser os princípios estruturantes das ações associadas ao património cultural do vinho em Portugal no que toca à salvaguarda e promoção dos denominados “vinhos históricos”, subentendendo o enoturismo enquanto fator de desenvolvimento, tanto dos valores associados à preservação da memória, como dos mecanismos de promoção dirigidos à sustentabilidade.
Revista Pedra & Cal, 2020
Em tempo de decreto-lei concretizando o processo de transferência de competências para as autarqu... more Em tempo de decreto-lei concretizando o processo de transferência de competências para as autarquias locais na área da cultura, a responsabilidade orienta-nos para o indeclinável debate sobre os constrangimentos que afetam o sector do Património Cultural. Entre eles, os inevitáveis temas do subfinanciamento da Cultura, da necessidade de reforço de meios (técnicos e financeiros) e de recursos humanos especializados, da inadequação dos equipamentos e dos edifícios postos ao serviço dos bens patrimoniais.
Estudo histórico, patrimonial e turístico sobre o museu do vinho de Alcobaça
ENOMEMÓRIAS & ENOTURISMO: OS TERRITÓRIOS CULTURAIS DO VINHO., 2019
Desde a ideia longínqua de formação do Museu do Vinho Português (1938) e a abertura do Museu do V... more Desde a ideia longínqua de formação do Museu do Vinho Português (1938) e a abertura do Museu do Vinho de Alcobaça (1984), acompanhando a proliferação e dinamização de novos espaços
museológicos em pleno século XXI, a realidade da museologia do vinho em Portugal viveu mudanças significativas, sobretudo na ligação à dinâmica cultural, onde ganha especial expressão a sua potenciação
turística. Partindo do percurso histórico precedente e do ponto de situação atual, a presente análise propõe descortinar o que parecem ser os princípios estruturantes das ações associadas aquele que
ficou conhecido como o Museu Nacional do Vinho. São evocadas nesta abordagem analítica, em forma de report, as vicissitudes históricas e as soluções programáticas encontradas ao longo dos seus
trinta e seis anos de percurso no contexto museológico português. É neste ambiente de mutação e de difusão no seio da contemporaneidade da museologia portuguesa, que o Museu do Vinho de Alcobaça se apresenta com uma feição agregadora onde o património cultural surge como indutor de regeneração territorial com repercussão no devir social e económico.
O colóquio visa debater a noção atual do território do vinho associado à sua memória secular, que... more O colóquio visa debater a noção atual do território do vinho associado à sua memória secular, quer no que toca à sua identidade histórica, cultural, imaterial e material, cujos simbolismos têm vindo a evoluir com o passar do(s) tempo(s). Como se estabelece hoje essa fronteira entre o passado e o devir da memória vinhateira. De que falamos hoje, quando falamos do(s) património(s) histórico(s) do vinho?
Cister. Tomo III – Espiritualidade | Agricultura e Indústria | Turismo Cultural, 2019
O presente texto propõe uma abordagem analítica e critica sobre as potencialidades da “marca” cul... more O presente texto propõe uma abordagem analítica e critica sobre as potencialidades da “marca” cultural e turística de Alcobaça que é Cister. Tem como objectivo identificar a dimensão do território enquanto elemento que, para além de fundador, se torna estratégico para a preservação da herança patrimonial e para o próprio desenvolvimento integrado da região. Aborda o entendimento destas duas dimensões: herança (de feição imaterial) e território (de compleição material), e como estas determinam a constituição de um modelo que assume o património cultural como o seu principal vínculo. É, finalmente, proposto tratar os temas associados ao património cisterciense e à sua inscrição no território através da noção de desenvolvimento em função do turismo numa lógica de oportunidades e riscos.
O Museu do Vinho de Alcobaça, originalmente denominado Museu Nacional do Vinho, é o maior e mais ... more O Museu do Vinho de Alcobaça, originalmente denominado Museu Nacional do Vinho, é o maior e mais completo museu do vinho português. É também o único com enfoque nacional uma vez que é nele que está conservado o riquíssimo espólio vitivinícola da antiga Junta Nacional do Vinho (J.N.V.) e do actual Instituto da Vinha e do Vinho (I.V.V.). Esta herança dá-lhe uma centralidade inequívoca no panorama nacional. Igualmente a sua dimensão arquitectónica (cinco edifícios técnico-funcionais) e coleccionista (mais de 10.000 peças dos mais variados contextos e tipologias) confere a este museu uma diferenciação qualitativa, não somente relativamente ao contexto nacional mas, inclusivamente, a nível internacional. É seguramente um dos maiores e mais completos do mundo. Um compósito da cultura material e imaterial do vinho português que atravessa vários conceitos de museu: museu etnográfico, museu industrial, museu histórico, museu do trabalho, museu de arte, museu da arquitectura. O museu, concebido com uma matriz muito completa e abrangente, vai muito além da simples documentação dos processos e das técnicas de produção, configurando a sua organização museológica num verdadeiro repositório popular da cultura do vinho português. A sua grande vitalidade baseia-se deste modo na autenticidade do seu património histórico, que por sua vez vai da máquina e das alfaias agrícolas às expressões mais sociais, culturais e artísticas. É precisamente esta matriz popular associada à sua dimensão patrimonial de grande escala e qualidade intrínseca que fazem deste museu uma referência obrigatória para todos aqueles que se interessem pelo património do vinho em Portugal. Estamos perante um museu de identidade cujo cunho lhe é conferido pelo produto agrícola de maior expressão nacional: o vinho.
III Conferência Internacional de Turismo & História , 2019
A presente comunicação tem como tema de análise os níveis de relação potenciais entre a herança a... more A presente comunicação tem como tema de análise os níveis de relação potenciais entre a herança alcobacense, fortemente suportada no legado cisterciense do Mosteiro de Alcobaça, Património da Humanidade, e a necessidade de planeamento e gestão patrimonial indutora do turismo cultural.
Enomemórias & Enoturismo, 2020
Publicação decorrente do Colóquio Internacional “A Paisagem e o Património Secular do Vinho. Os V... more Publicação decorrente do Colóquio Internacional “A Paisagem e o Património Secular do Vinho. Os Vinhos Históricos” que ocorreu no dia 9 novembro de 2019 na Adega dos Vinhos Tintos do Museu do Vinho de Alcobaça cuja organização esteve a cargo da Câmara Municipal de Alcobaça e Museu do Vinho de Alcobaça com o prestigiado patrocínio científico do Instituto Universitário da Maia, em parceria com a AMA – Associação Amigos do Mosteiro de Alcobaça. Esta obra que o Instituto Universitário da Maia (ISMAI) assume a publicação no seio da sua coleção Cadernos de Turismo, contou com alguns dos mais reputados autores especializados na cultura do vinho, nacionais e estrangeiros, que cremos irá marcar o panorama editorial do vinho em 2021.
ENOMEMÓRIAS & ENOTURISMO: OS TERRITÓRIOS CULTURAIS DO VINHO, 2019
A presente publicação decorre do recente Colóquio Iberoamericano de Património Cultural do Vinho,... more A presente publicação decorre do recente Colóquio Iberoamericano de Património Cultural do Vinho, intitulado “Enomemórias & Enoturismo: Os Territórios Culturais do Vinho. Paisagem, Museus, Comunidade", que teve lugar no dia 10 de novembro de 2018 na Adega dos Vinhos Tintos do Museu do Vinho de Alcobaça, onde partindo de uma abordagem multidisciplinar foram apresentados casos relevantes dentro do
contexto ibero-americano com exemplos que permitem a identificação de expressões paradigmáticas sobre a patrimonialização do vinho cuja conservação da memória possui uma feição contemporânea.
ENOMEMÓRIAS & ENOTURISMO: OS TERRITÓRIOS CULTURAIS DO VINHO, 2019